quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da IgrejaSermão 96 (§4-9)

«Renunciar a si mesmo, tomar a própria cruz e seguir a Cristo»
Aquilo que o Senhor ordenou – «Se alguém quer vir Comigo, renuncie a si mesmo» – parece duro e penoso. Mas não é duro nem penoso, quando Aquele que ordena ajuda a realizar aquilo que ordena. Porque, se é verdadeira a palavra do salmo que diz: «por causa das palavras dos teus lábios, segui caminhos difíceis» (Sl 16, 4), também é verdadeira a palavra de Jesus, que disse: «o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve» (Mt 11, 30). É que o amor suaviza tudo aquilo que no mandamento é árduo. Sabemos bem de que prodígios é capaz o amor. Por vezes, o amor é mau aliado, e dissoluto; mas quantas dificuldades sofrem os homens, que tratamentos indignos e insuportáveis estão dispostos a aguentar para alcançarem aquilo que amam! [...] Como o grande negócio da vida há-de ser escolher adequadamente aquilo que se deve amar, será de admirar que aquele que ama a Jesus Cristo e quer segui-Lo renuncie a si mesmo para O amar? [...]E o que significa o que vem a seguir: «Tomar a própria cruz»? Que ele suporte aquilo que é penoso e Me siga. Porque, quando um homem começa a seguir-Me, comportando-se segundo os Meus preceitos, há muito quem o contradiga, muito quem se oponha a ele, muito quem o desencoraje, também entre aqueles que afirmam ser companheiros de Cristo, que são os mesmos que impedem os cegos de gritar por Ele (Mt 20, 31). Sejam ameaças, lisonjas ou proibições, se queres seguir a Cristo, transforma tudo isso em cruz; aguenta, suporta, sem te deixares esmagar. [...]Amais o mundo; mas convém amar mais Aquele que fez o mundo. [...] Estamos num mundo que é santo, que é bom, que foi reconciliado, que foi salvo, ou antes, que tem de ser salvo, mas que é salvo, desde já, na esperança. «Porque na esperança é que fomos salvos» (Rom 8, 24). Assim, pois, neste mundo, ou seja, na Igreja, que segue a Cristo, Ele diz-nos a todos: «Se alguém quer vir Comigo, renuncie a si mesmo.»

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