sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

1º sermão para a Epifania

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja
1º sermão para a Epifania
«Caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele»
O desígnio de Deus não foi apenas descer à terra, mas ser nela conhecido; não foi nascer, apenas, mas dar-Se a conhecer. De facto, é com vista a esse conhecimento que celebramos a Epifania, esse grande dia da Sua manifestação. Hoje mesmo, de facto, os magos vieram do Oriente em busca do nascer do Sol da Justiça (Ml 3,20), esse de quem se diz: «Eis o homem, cujo nome é Oriente» (Za 6,12). Hoje adoraram o menino nascido da Virgem, seguindo a direcção traçada por uma nova estrela. Temos pois aqui, irmãos, um grande motivo de alegria, como aliás também nas palavras do apóstolo Paulo: «A bondade de Deus nosso Salvador e o seu amor pelos homens foram-nos manifestadas» (Tt 3,4). […]Que fazeis, magos, que fazeis? Adorais um menino de colo, envolto em faixas miseráveis, num pobre casebre? Será este, então, Deus? Mas «Deus mora no seu templo santo, o Senhor tem o seu trono nos céus» (Sl 10,4), e vós, vós procurai-Lo assim, num qualquer estábulo, uma criança de colo? Que fazeis? Porque ofereceis esse ouro? Será este o rei? Mas onde está a sua corte real, o seu trono, a multidão de cortesãos? Acaso um estábulo é um palácio, acaso uma manjedoura é um trono, serão Maria e José membros da sua corte? Como podem os homens ser tolos a ponto de adorar uma simples criança, um ser assim desprezível, quer pela pouca idade, quer pela evidente pobreza de seus pais?Loucos, sim, tornaram-se loucos, para serem sábios; o Espírito Santo ensinou-lhes primeiro o que o apóstolo Paulo mais tarde proclamou: «Aquele que quer ser sábio, torne-se louco para ser sábio. Pois já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não conseguiu reconhecer Deus na sua Sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação» (1 Co 1,21). […] Prostaram-se portanto diante daquela humilde criança, prestando-Lhe homenagem como a um rei, adorando-O como um Deus. Aquele que de longe os guiou através de uma estrela fez brilhar a Sua luz no mais profundo dos seus corações.

Epifania do Senhor (Pe. Carlo)

Ressoam ainda aos nossos ouvidos as palavras dos anjos que introduziam o Senhor naquele que havia imaginado como o “seu jardim”, o mundo: «eis que vos trago uma boa-nova de grande alegria, que será para todo o povo, hoje nasceu o Salvador» (Lc 2,10-11).
È uma boa nova de grande alegria porque, definitivamente, Deus uniu-se de modo essencial à sua criatura amada, não mais somente por atos ou palavras, mas com o seu próprio ser. Uma união indissolúvel, quase que um matrimônio onde a humanidade, em Maria oferece a Deus o que é, enquanto Deus oferece uma união não menos essencial; oferece o seu ser para que todos e cada um dos homens possam trilhar definitivamente o caminho que os levará à felicidade infinita.
È uma boa nova de grande alegria justamente porque é “para todo povo”, para todos e cada um dos homens. Não existe restrição alguma. Os Evangelistas em seus escritos mostrarão como uma tal alegria se encarna historicamente na vida das pessoas mais diferentes: ricos e pobres, religiosos e pessoas afastadas, homens piedosos e pecadores, judeus e estrangeiros. Jesus veio para todos, sua oferta é universal, como bem o entenderam os Apóstolos ao continuar a missão de Jesus. Eles chamaram “católica” a comunidade onde, na história dos homens, Jesus quis estabelecer a sua presença real após a Ressurreição a fim de que a mesma “boa nova” alcançasse todos os homens em todos os tempos. Este título, “católica”, tem um dúplice significado: contemporaneamente indica a “universalidade” à qual é destinada a boa nova da Encarnação de Deus e, por outro lado, indica a missão de “reunir na unidade” (é esta a etimologia da palavra grega) quantos fizeram a experiência da presença do Senhor no meio dos homens.
A festa que hoje celebramos é como que uma antecipação, um prelúdio do desejo de Deus e dos anjos: “para todo o povo”. A festa da Epifania e as leituras de hoje, nos explicitam também algumas dinâmicas através das quais é possível que se realize o desejo de Deus; isto porque cabe ao homem transferir em sua história, como pleno e verdadeiro autor, a nova realidade que Deus-feito-homem nos trouxe. É o mistério do qual nos fala São Paulo aos Efésios: «todos...são chamados por Jesus Cristo a participar da mesma herança, a formar um só corpo e participar das promessas do Evangelho».
Epifania é “manifestação” de Deus aos homens enquanto, ao mesmo tempo, manifesta o movimento do homem que, atraído por algo que apela a seu coração, se põe a caminho (ou deixa de fazê-lo). Mas é também a celebração do ato com o qual o homem se “deixa conhecer”, se manifesta sem medo a Deus. É a recuperação do primeiro ato que caracterizou o pecado: Adão se escondeu de Deus. Epifania é, logo, festa de encontro e de cura das feridas decorrentes de um relacionamento incorreto entre Deus e o homem.
Se o evento da Encarnação realiza o encontro em nível essencial, isto é, na raiz daquilo que somos, a Epifania celebra este encontro a nível existencial, isto é, nas decisões que o homem, livremente e integralmente toma -em sua “existência”- em favor ou contra a nova realidade que Deus ofereceu a parir do Natal.
Manifestação, então não somente de Deus aos homens e dos homens a Deus, mas também manifestação daquilo que somos, de como reagimos diante de Deus quando entra na nossa história não como uma idéia, “energia” ou “sentimento” mas enquanto pessoa viva e histórica.
Celebramos a verdade sobre a nossa reação ao evento da presença de Deus na nossa vida, reação esta que pode ser de abertura ou medo. O Evangelista contrapõe a figura de Herodes à dos Reis (da grande tribo de Magi, na Pérsia): um de perto, outros de longe, ambos são envolvidos no evento da Encarnação de Deus. Cada um tem à disposição alguns instrumentos que se originam da própria cultura, história, da maneira de ver o mundo e de se interpretar dentro do mesmo mundo.
Herodes pode contar com a longa história de Israel, povo realmente privilegiado e preparado por centenas de anos através de um paciente e cuidadoso trabalho de Deus. Tem à disposição a Escritura e seus cotados interpretes, tem um culto, uma afinidade cultural com aquele Deus que escolheu, na sua liberdade se tornar homem justamente no âmbito da cultura judaica. Mas, n’ele, ainda insistia o grave problema que fecha qualquer diálogo com Deus, o mesmo que a Escritura identificava com o “pecado de Adão” (ou seja, que está em cada homem): ver a Deus como um concorrente, alguém que disputa comigo, que limita o que eu sou. Infelizmente Herodes, quase a indicar uma certa categoria de pessoas, deu espaço e seqüência a tal sentimento. O resultado bem o sabemos: morte, lágrimas, solidão, medo. Um homem desesperadamente amarrado na tentativa de preservar o que inevitavelmente deverá deixar. Contrariamente aos Reis, suas perguntas indagatórias não eram para servir, mas para não perder o poder: se servir.
Os reis, homens de ciência e cultura –provavelmente discípulos do famoso Zoroastro, astrônomo e cientista- tentavam indagar através das estrelas o “sentido”, isto é, a “lógica” do mundo, lógica que era misteriosa para qualquer homem da antiguidade. Indagar não para se apoderar ou controlar (como na maioria dos casos fazemos hoje com os conhecimentos científicos), mas para se adequar àquela Lei maior do que eles. Sem o conhecimento do “sentido” das coisas, não poderiam se perceber como pessoas harmonizadas com o meio, com o universo e sua história.
Sabemos que o maior drama do homem antigo era o fato de se perceber abstrato, isolado, em discrepância com o seu povo e com o cosmo. Ora, sabemos que os reis eram personalidades corporativas, isto é, resumiam em si o inteiro povo, deste modo, encontrar aquilo que uma “lei” maior indicava, era uma questão que superava seu interesse privado: Eles não foram para si mesmos,mas para os seus povos (como nos sugerem os dons que trouxeram). Indagar, logo, para se adequar, para obedecer. A verdadeira atitude do encontro dominava seu coração, foi por isto que decidiram agir conforme o que sentiam e com aquilo que tinham à disposição. Haviam encontrado, naquele dia, o “sentido” das coisas para si e para seu povo: Deus-feito-homem.
O Evangelho nos descreve a grande alegria que os envolveu ao ver diante de seus olhos o objeto de tantas expectativas almejadas. Aquela alegria que os anjos prenunciavam para “todo o povo” de Israel, na verdade estava se realizando também para eles e seus povos, estrangeiros, de regiões longínquas. Ali em Belém, como num prelúdio da inteira história humana, se antecipava a grande alegria que pode alcançar todo homem, independentemente das raças, culturas, condições, quando este se abre ao encontro; quando humildemente busca de Deus e o acolhe do modo como Ele se deixa encontrar.
Até que usarmos a religiosidade identificando-a com a cultura e só com a nossa cultura, qualquer esta for, somente haverá divisões e a alegria não poderá alcançar “todos os povos”. O superamento destas posições pode-se dar unicamente quando, na humildade, soubermos reconhecer Deus como ele é: uma pessoa que ama o homem em sua história pessoal e coletiva.
Eis então que o Evangelho nos apresenta um ulterior passo que faz parte do “encontro” com Deus: a necessidade intrínseca de responder, não por obrigação mas como movimento espontâneo da alma. Foi assim que a alegria dos Reis se transformava em resposta, reciprocidade de dom: ouro, a cor que só se encontra na natureza no metal dos deuses; o incenso, o perfume que enche os ambientes sagrados e se eleva aos deuses como oração, culto, respeito dos homens; e a mirra, perfume usado para a confecção do óleo que servia para consagrar (como nos atesta também a prática descrita em Ex 30,22ss). Eis, então simbolizados todos os elementos que compõem o verdadeiro encontro com Deus. O três dons são expressão da tríplice resposta que o homem pode dar: reconhecimento, oração, consagração.

La Epifanía del Señor

La Epifanía del Señor

La Iglesia en su liturgia considera la obra de la Redención más en su sentido místico que en su sentido demasiado realístico. Más que el simple hecho histórico, le interesa el sacramento, el misterio. En cierto modo, la Iglesia podría decir con San Pablo: "Si conocimos a Cristo según la carne, ahora ya no le conocemos". En el sentido: que ahora vemos la razón y el fin de todas sus obras. ¡Cuántas veces confiesan los mismos evangelistas que mientras vivió Jesús no comprendieron el alcance y significación de sus actos! Y el mismo Cristo dice: "Lo que yo hago no lo comprendes ahora, lo verás después".
En esta concepción de la obra de Cristo es donde encuentran muchos fieles la mayor dificultad para vivir liturgia. Atados a la letra, a la historia, al hecho concreto , quedan desorientados ante las visiones panorámicas, totales, completas de la liturgia. Si la fiesta de Navidad está ya llena de contrastes de la visión total del misterio, pues Aquel mismo que considera en el pesebre, se le aparece llevando sobre sus hombros las insignias del poder; esto se acentúa más en la fiesta de la Epifanía.
Al fin y al cabo el objeto de la fiesta de Navidad, de origen occidental, romano concretamente, es único y claro como su mismo nombre latino: "Nativitas". En cambio, en la Epifanía no sólo el nombre griego de esta fiesta - aparecida en Oriente - es misterioso, sino que su mismo objeto es complejo. No es extraño que si Navidad para muchos no pasa de ser una feliz nochebuena con cánticos al Niño Jesús, Epifanía quede reducida a "la fiesta de los Reyes".
Es una tendencia espontánea de los pueblos activos de Occidente el convertir los misterios en devociones que a veces no expresan más que aspectos muy secundarios de los mismos, pero que hablan más al sentimiento que a la razón.
Con todo, fundamentalmente, Navidad y Epifanía celebran un mismo hecho: el advenimiento de Dios en este mundo; solo que la primera de estas festividades lo celebra sobre todo bajo el punto de vista histórico, y la segunda bajo el punto de vista teológico e ideológico. Cuando, a fines del siglo IV, Roma aceptó la fiesta oriental del 6 de enero y el Oriente la romana del 25 de diciembre, ambas pudieron conservar su propio carácter y se completaron mutuamente.
Epifanía representa el desarrollo completo del misterio de Navidad. "El que aquel día nació de la Virgen - dice San León -, hoy ha sido reconocido por el mundo entero". Dios ha aparecido en el mundo no solamente tomando carne mortal, sino manifestándose a los hombres, mostrando sus obras y su poder, y tomando posesión de su: Pueblo al modo que los antiguos reyes la tomaban solemnemente de sus ciudades. Todo esto ha significado en el decurso del tiempo la palabra epifanía – o más tarde teofanía – y algo de esto se encuentra en la rica liturgia de esta festividad. En la adoración de los Magos han visto todos los Santos Padres la manifestación de Cristo a los paganos y al mundo en general, en el milagro de las Bodas de Caná la manifestación de su poder y en el Bautismo del Jordán, la purificación y toma de posesión de su Iglesia y de cada una de las almas.
Este es el triple misterio de la Epifanía, que resume admirablemente la antífona del Benedictus de la fiesta que, al mismo tiempo, nos hace ver la vida sacramental de la Iglesia: "Hoy la Iglesia se ha unido al Esposo celestial, pues en el Jordán Él la lavó de sus crímenes. Los Magos corren con sus presentes a las nupcias reales y los invitados se regocijan del agua convertida en vino".
En esta antífona se nos presenta la aparición de Dios en el mundo bajo el símbolo nupcial, tan usado en el Antiguo y Nuevo Testamento para expresar la unión de Dios con su pueblo. Yavé es el esposo; el pueblo de Israel, la esposa. Cristo el esposo, y la Iglesia la esposa. La esposa de Yavé fue infiel y, por lo tanto, repudiada por Dios. La esposa de Cristo, lavada de sus iniquidades en el Jordán - bautismo - como reina, sin arruga ni mancilla, avanza con los Magos, que son sus primicias, hacia el convite real que le prepara su esposo, y se sienta a su lado en la mesa, donde se alimenta de su cuerpo y se llena de gozo con el vino de su sangre. Todavía quedaba subrayada esta idea de las nupcias reales en la Eucaristía con el milagro de la multiplicación del pan y de los peces, que durante muchos siglos se conmemoraba asimismo el día de la Epifanía.
¡He aquí la idea de la manifestación de Dios en el mundo en toda su extensión y profundidad! Dios, que como esposo divino sale de los tálamos eternos para darse a conocer a la humanidad con su presencia, con su poder y con su gracia sacramental, con la cual penetra en lo más profundo del alma, a la que se une más íntimamente que el esposo a la esposa, encarnándose en cierto modo en ella. Esta unión y transformación son el último desplegamiento de la gracia de Navidad.
No basta celebrar Navidad con alegría, entusiasmo y fervor. Para sacar todas las consecuencias del misterio, hay que vivirlo en lo más íntimo del corazón, meditándolo, revolviéndolo, como lo hacía María en estos días: "María, nos dice San Lucas, conservaba todas estas palabras, meditándolas en su corazón". Como lo hace la Iglesia, que a medida que va alejándose de la festividad parece descubrir más profundas y nuevas perspectivas de aquel "grande y admirable sacramento" de "aquel maravilloso comercio". Todo lo que va de Navidad a Epifanía no es en la liturgia otra cosa que un engolfarse en el misterio.
Imposible exponer aquí todo el riquísimo oficio de la Epifanía; pero sí que tenemos que comentar brevemente la solemne y grandiosa misa de la fiesta que litúrgicamente es de lo mejor que posee nuestro misal romano. En ella encontramos como estereotipada aquella grandeza, aquella sobriedad y aquel orden y lógica de la antigua Roma, pero envuelto todo ello con el carisma de la unción cristiana.
Reunidos espiritualmente en la Basílica de San Pedro - la basílica de la catolicidad - vemos entrar el Papa con toda la esplendidez de ministros, mientras el coro canta la antífona del Introito, canto hoy verdaderamente de entrada. "He aquí cómo viene el Señor dominador y en su mano están el reino, el poder y el imperio".
¿No hemos clamado durante todo el Adviento con aquel fervoroso e impetuoso "ven, Señor"? "He aquí que viene", se nos dice hoy. Y con la fe: en el Papa que entra en la iglesia de la cristiandad, en el obispo que hace su entrada en la catedral, en el párroco en su parroquia o cualquier sacerdote en su iglesia. recibimos nosotros la visita, la concreta epifanía del Señor para cada uno de nosotros. El salmo entero del Introito, cuyos versículos se cantan al avanzar el sacerdote hacia el altar, nos descubre todo el valor profético de la entrada del Señor en este mundo y en su Iglesia.
Como los Magos por la estrella, así nosotros somos conducidos por la fe hacia Dios. Pero la fe debe terminar en la visión de la magnificencia de Dios en su gloria. Es lo que pide la Colecta. La fe fue la primera aparición de Dios en nuestra alma; la fe es la estrella que nos hace hallar a Cristo en nuestra vida - como se lo hizo hallar a los Magos en la suya - y la fe es la que nos conducirá a su plena posesión en la gloria. He aquí la aparición de Cristo en toda su dimensión que nos hace implorar la Colecta.
Esta magnífica aparición de Dios a la humanidad había sido preparada desde todos los siglos y frecuentemente anunciada por los profetas del Antiguo Testamento. La epístola de hoy es una de las más bellas de estas profecías. Con frases de una fuerza y colorido incomparable, nos describe aquí Isaías la gloria y grandeza de la Jerusalén ideal, que espiritualmente se realizan en la Iglesia. La Iglesia ha considerado esta profecía como un himno a su gracia, a su riqueza y a su gloria. Y por eso durante la Edad Media se cantaba esta epístola con una adornada melodía y su canto era envuelto de un rico ceremonial. Si la epístola nos presenta la profecía, el evangelio nos relata su histórica realización.
Como lazo de unión entre las dos lecturas está el canto del gradual y del aleluya. El gradual de hoy es un eco de la epístola, recoge unas frases características de la misma y las medita cantando. El aleluya, en cambio, anticipa, preparándolo, el evangelio, subrayando la idea principal de la fiesta: aparición y adoración, o luz y dones, que es también lo que expresa en otra palabras el gradual.
En el evangelio de hoy se ve claramente el sentido que la Iglesia da a la lectura de la palabra de Dios en la misa. No se trata solamente de escuchar una historia, una doctrina o una exhortación de labios del Señor. Es decir, el evangelio en la misa no es una lección de exégesis, de dogma o de moral, sino una presencia del Señor, el cual, por el sacramental de su palabra, nos prepara al Sacramento de su cuerpo, donde todo lo leído cobra eficacia y una realidad sobrenatural en nuestras almas. "'No digas - decía San Agustín - bienaventurados los que le vieron, oyeron, tocaron..., pues tú lo ves, lo oyes y tocas en su Evangelio". La lectura del evangelio en la misa es una verdadera epifanía del Señor. Por eso la liturgia envuelve esta lectura con un ceremonial tan Solemne como si acompañara al mismo Señor: ministros, incienso, velas, beso y canto solemne.
Hoy no sólo escucharnos la historia de los Magos como sí fuera la de nuestra vocación, sino que con ellos y como ellos nos arrodillamos para adorar al Señor.
Ellos le adoraron en el pesebre, envuelto en pañales, y nosotros le adoramos en el cielo reinando y cubierto de gloria. Y así damos pleno sentido a su adoración y a la nuestra.
Con toda verdad podemos, por lo tanto, cantar en el Ofertorio que no sólo los reyes de Tarsis y de las islas, y los reyes de Arabia o de Saba presentan dones y ofrendas, sino que todos los reyes de la tierra le adoran y las gentes le sirven. Entre esta multitud cósmica, nuestra adoración cobra una proporción y un sentido insospechado. ¡Qué bello seria expresar esta adoración y consagración ofreciendo hoy los dones al altar! Dones - el pan y el vino del sacrificio que, como dice admirablemente la Secreta de hoy, no son ya oro, incienso o mirra, sino los dones de la Iglesia en los cuales Cristo, juntamente con ella, será ofrecido e inmolado para entregarse luego como alimento de su esposa. He aquí el don perfecto.
El Señor apareció en nuestra carne mortal para transe inmortalizarla. Siempre que recibimos la Eucaristía somos restaurados "con la nueva luz de su inmortalidad", como dice el Prefacio. Gracias a la misa, hoy tendrá una realidad sublime para cada uno de nosotros la Epifanía del Señor; aquí no sólo la celebramos y la meditamos. sino que la vivimos. ¡Qué significación tiene así la antífona de la Comunión: "Hemos visto su estrella en Oriente y venimos con dones a adorar al Señor"!
Nuestro corazón - después de la Sagrada Comunión - es el pesebre y el trono del Señor a la vez, allí hemos de ofrecerle el oro de nuestro amor, el incienso de nuestra adoración y la mirra de nuestra mortificación.
"Viene", "aparece", "hemos visto", "venimos", son las palabras que se repiten en la misa de hoy y que suponen una sublime realidad.
Pero para poder ver esta luz, y darse cuenta de esta realidad, se necesita tener los ojos claros.
Moisés temblaba ante la presencia de Dios. Isaías exclamaba: "¡Ay de mí, Señor, que soy hombre de labios impuros!"
Los misterios del Señor exigen la pureza de nuestro corazón. Sólo así podemos comprenderlos y vivirlos en una perpetua epifanía allá en lo íntimo de nuestra alma purificada por la gracia de Dios.
Este es el fruto que nos hace pedir la Poscomunión de hoy "que purificado nuestro espíritu, tengamos la inteligencia del misterio que celebramos".
¡Bienaventurados los limpios de corazón, porque ellos verán a Dios!
ADALBERTO M. FRANQUESA, O.S.B.

Solemnidad de la Epifania del Señor Tiempo de Navidad - Ciclo "A" -

¡Qué pintoresca y atractiva es la historia de los Reyes que vienen de oriente para “adorar” al Rey de Israel! Es lo que celebramos en “Epifanía”. Significa esta palabra griega: “manifestación de Dios”. En efecto, de manera misteriosa -por medio de una estrella milagrosa- Dios se manifiesta a tres reyes, los cuales llegan a Belén para adorar al Rey de reyes, Jesucristo.
El viaje no fue fácil. El inicio tampoco. Debían haber tenido una gran fe y también mucha humildad. Ellos eran también reyes, pero buscaban a un “Rey” que era mucho más que ellos. Esta supremacía del recién-nacido “Rey” deben haberla conocido por revelación divina. Deben haber sabido que el Reino de este Rey que nacía era mucho más importante y grande que sus respectivos reinos. De otra manera ¿cómo podrían estarlo buscando con tanto ahínco? Y lo buscaban, no para un simple saludo o sólo para brindarle presentes, sino -sobre todo- para adorarlo.
El Profeta Isaías (Is. 60, 1-6) que leemos en la Primera Lectura, ya anunciaba esta inusitada visita y nos da detalles que completan el escenario descrito en el Evangelio: “Te inundará una multitud de camellos y dromedarios procedentes de Madián y de Efá. Vendrán todos los de Sabá trayendo incienso y oro, y proclamando las grandezas del Señor”.
Esta visita pomposa en la cueva de Belén, que sin duda contrasta la fastuosidad de los reyes con la humilde presencia de los pastores, nos indica que Dios se revela a todos: ricos y pobres, poderosos y humildes, judíos y no judíos. Eso sí: está de nuestra parte responder a la revelación que Dios hace a cada raza, pueblo y nación ... y a cada uno de nosotros.
Y Dios se revela en su Hijo Jesucristo, que se hace hombre, y nace y vive en nuestro mundo en un momento dado de nuestra historia. Sí. Jesucristo es la respuesta de Dios a nuestra búsqueda de El. Todos los seres humanos de una manera u otra, en un momento u otro, buscamos el camino hacia Dios. Y ¿cómo nos responde Dios? Mostrándonos a su Hijo Jesucristo, quien es el Camino, la Verdad y la Vida para llegar a El.
Los Reyes supieron buscarlo y lo encontraron. Respondieron con prontitud, obediencia, humildad y diligencia.
No les importó que fuera Rey de otro país. No les importó el viaje largo y molesto que les tocó hacer. No les importó que la estrella se les desapareciera por un tiempo. No les importó encontrar a ese “Rey de reyes” en el mayor anonimato y en medio de una rigurosa pobreza. Ellos sabían que ése era el “Rey” que venían a adorar. Y eso era lo que importaba.
Nos dice Isaías y nos dice el Evangelio que los Tres Reyes ofrecieron regalos al Rey de reyes: oro, que representa nuestro amor de entrega al Señor; incienso, que simboliza nuestra constante oración que se eleva al Cielo, y mirra, que significa la aceptación paciente de trabajos, sufrimientos y dificultades de nuestra vida en Dios.
Esta breve historia sobre los Reyes de Oriente (Mt. 2, 1-12), que nos trae el Evangelio de hoy, nos muestra cómo Dios llama a cada persona de diferentes maneras, sea cual fuere su origen o su raza, su pueblo o su nación, su creencia o convicción. El toca nuestros corazones y se nos revela en Jesucristo, Dios Vivo y Verdadero ante Quien no podemos más que postrarnos y adorarlo.
Como a los Tres Reyes, Dios nos llama, nos inspira para que le busquemos, se revela a nosotros en Jesucristo. A veces, inclusive, parece esconderse -como se ocultó la estrella. Y nuestra respuesta no puede ser otra que la de los Reyes: buscarlo, seguir Su Camino -sin importar dificultades y obstáculos- postrarnos y adorarlo, ofreciéndole también nuestros presentes: nuestra entrega a El, nuestra oración y nuestros trabajos.

Domingo da Epifania

O Reino de Deus se manifesta na periferia!

Estamos iniciando um novo ano em meio a situações que nos provocam, questionam, desafiam... Em nosso tempo temos o privilégio de testemunhar as mais sofisticadas tecnologias em todas as áreas da vida humana: comunicação, saúde, educação, bem estar... Vivemos um tempo em que não caberiam barbáries e escândalos envolvendo pequeninos, massacrando a vida... Talvez por isso ficamos tão chocados com as realidades de violência, guerra, morte prematura e desrespeito à vida, e sentimos a urgência de buscar um caminho alternativo...
Neste mês de janeiro, uma iniciativa mundial com atuação local nos interpela a uma tomada de posição... podemos dizer que talvez esta seja também uma “manifestação” de Deus nos convidando a arriscar empreender a viagem dos magos: É o DIA DE MOBILIZAÇÃO E AÇÃO GLOBAL.
O Dia de Mobilização e Ação Global, é uma iniciativa proposta pelo Fórum Social Mundial e se apresenta como uma alternativa atual, que vem das periferias do mundo desafiando a todos a uma tomada de posição. Assim se apresentam os organizadores: “Somos milhões de mulheres e homens, organizações, redes, movimentos e sindicatos de todas as partes do planeta, aldeias e regiões, zonas rurais e centros urbanos de todas as idades, povos, culturas e crenças unidos e unidas pela firme convicção que OUTRO MUNDO É POSSÍVEL. Com toda nossa pluralidade, diversidade e riqueza de alternativas e propostas lutamos contra o neoliberalismo, a guerra, o colonialismo, o racismo e o patriarcado que geram violência, exploração, exclusão, pobreza, fome, desastre ambiental e negação dos direitos humanos”.
Porque falar deste dia na festa da Epifania? Para responder a esta questão, precisamos ler com atenção as leituras da liturgia hoje.
Na primeira leitura o profeta Isaias convoca Jerusalém a se levantar e contemplar a glória do Senhor que se manifestou... com a glória do Senhor chega a luz, chegam os povos de longe, chega a esperança... É Deus mesmo que vem e chama a humanidade a adorá-lo e servi-lo... e esse Deus tem características muito claras: “Ele libertará o indigente que suplica e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.. Terá pena do indigente e do infeliz e a vida dos humildes salvará”(Sl 72). Na segunda leitura é Paulo que anuncia a boa Nova: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Cristo Jesus por meio do Evangelho”
Todavia, é o próprio Evangelho que justifica a convocação mundial ao grito em defesa da vida. “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Na pergunta e afirmação dos magos que vêm de longe, vemos o anseio da humanidade... A estrela vista no Oriente é uma luz que desinstala, desafia, provoca a busca a inquietação...
Em Jerusalém, a reação é de perturbação... A capital e seu Rei se assustam, pois as Escrituras revelam que o Rei – Pastor, não vem da capital, nem do palácio, nem do centro, mas vem de Belém da Judéia: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo”(Mt2,6).
Herodes, o rei forjado pelo Império opressor, sente-se ameaçado com este anúncio... Sua reação é de falsidade e malícia, quer fazer dos povos seus “informantes” para cortar pela raiz o poder do menino...
Os magos, porém, seguem em frente e reencontram a estrela na periferia... o fruto deste reencontro é uma grande alegria. Eles vêem o menino com sua mãe, ajoelham-se diante dele e o adoram... e oferecem presentes... É a oferta da humanidade ao seu Deus....
Voltemos à nossa pergunta inicial: Porque falar do DIA DE MOBILIZAÇÃO E AÇÃO GLOBAL na festa da Epifania? Talvez, o quadro que vimos ao refletir sobre as leituras nos ajude a entender o motivo: nosso Deus desde sempre fez e faz escolhas: seu Reino já está no meio de nós, já se manifestou à humanidade em Jesus de Nazaré. Ao se manifestar, nos mostrou sua escolha: Deus não está na capital – Jerusalém – mas na periferia – Belém. Não está no palácio de Herodes, mas na gruta, na manjedoura, na casa dos pobres...
Nem todos o encontram, nem todos o reconhecem... somente aqueles que não param, que continuam buscando... que continuam seu caminho, ainda que seja longo...
Já se passaram mais de 2000 mil anos da primeira manifestação de Deus na história... Naquele tempo os Magos contavam somente com sua intuição, sua leitura das estrelas e sua pesquisa na história... e eles chegaram ao Deus presente no menino... Hoje, contamos com muitos recursos: tecnologias, comunicação, um mundo que aparece em nossas telinhas... No entanto, também hoje, corremos o risco de não reconhecermos o Reino que chega do mundo dos pobres...
A organização que está se consolidando no DIA DE MOBILIZAÇÃO E AÇÃO GLOBAL, e a convocação que ela nos faz hoje, é um convite a nos colocarmos a caminho em direção à periferia, em direção à Belém de nossos dias... Ela fica perto de nossa casa, fica nas crianças mais frágeis e ameaçadas, nos rostos dos sofredores de rua, nos jovens violentados e por isso violentos, nos doentes terminais, nos “descartados” pela “sociedade do descartável” em que vivemos... nas iniciativas, aparentemente insignificantes mas com a força da semente do Reino...
A iniciativa que nos convoca a uma manifestação de nossa escolha de vida no dia 26 de janeiro torna atual a mensagem principal da festa da Epifania: manifestar o Rosto de Deus ao mundo, manifestar suas escolhas, manifestar seu sonho para a humanidade.
Na festa que celebramos neste domingo, peçamos a Deus a coragem dos Magos: sair de nossa segurança, de nossa terra, buscar o Messias e, encontrando-o, ajoelhar-nos diante dele, oferecendo o que de melhor nós temos. Os Magos ofereceram ouro, incenso e mirra... E nós, o que vamos lhe oferecer? Talvez hoje, mais do que o ouro, ele precisa de nossa adesão, mais do que o incenso, ele precisa de nosso compromisso, mais do que a mirra, ele precisa de nossa própria vida...
“As nações de toda a terra hão de adorar-vos ó Senhor!”



Ir. Luzia Ribeiro Furtado
ir.luzia@click21.com.br