sexta-feira, 4 de abril de 2008

3° Domingo da Páscoa (Pe. Carlo)

Poucos trechos narrativos do Evangelho de Lucas são tão carregados de significado para a comunidade de fé como o que acabamos de ler. Sem dúvida a intenção supera de muito o fato de expor um acontecido com o intuito de fortalecer a certeza de que Jesus havia ressuscitado. Não se trata de uma narração comprobatória; pois casos semelhantes são simplesmente mencionados de passagem em outros contextos do Novo Testamento. O evangelista Marcos, por exemplo, mais sensível à dimensão existencial e pessoal do encontro com Cristo em seu Evangelho, resume o episódio de Emaús com estas breves palavras: «Depois disto, Jesus manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo. E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito.» (Mc. 16.12-13). Lucas descobriu neste evento algo que supera o próprio fato, e que se projeta no mistério. Precisaremos procurar alhures, então, o seu significado mais profundo.
Sabemos que este trecho foi usado muito na Igreja primitiva como uma das mais antigas catequeses sobre o sentido da existência da comunidade de fé após a morte de Jesus. Como em botão, aqui estão presentes fatos, sensações, atitudes, escolhas e tentações que sempre estarão presente e vivas na Igreja de todos os tempos. Ler e contemplar o trecho que a Liturgia hoje nos oferece à meditação é entrar em contato com a vida da comunidade cristã, vida que olhos estranhos não conseguem ver. Procuremos acompanhar passo a passo alguns aspectos desta narração, tendo que escolher de privilegiar somente alguns por questões obvias.
Vimos que, para o Evangelista Marcos, este encontro é casual e se dá “no campo”, ou seja nos arredores daquele vale verdejante que de Jerusalém desce para o lado norte-ocidental. A explicitação de Lucas é casual? É um simples interesse de precisão? Porque é importante mencionar a aldeia de Emaús? Podemos desde já excluir o interesse puramente descritivo e meticuloso neste caso, pois as distâncias que são referidas provocam uma certa dificuldade, tanto que se trate de 60 estádios ou de 160 estádios (como em alguns manuscritos tardios) pois, mesmo que se tratasse de 60 estádios em subida, de noite, precisariam não menos que 4 horas de caminho o que tornaria inviável a segunda parte da narração onde se diz que os discípulos voltaram «na mesma hora» para Jerusalém. Logo não se trata de um interesse descritivo. Mencionar Emaús é, para Lucas, dizer que a mesma primeira tentação que assaltou Jesus no início do seu ministério, uma proposta muito cativante do demônio, será a mesma tentação que se apresentará sempre para a comunidade cristã. Com esta tentação esta deverá sempre conviver; como Jesus fez, precisará continuamente saber escolher; ora conseguirá superar, ora se deixará atrair. Mas em todo caso, Jesus estará sempre com a sua comunidade enquanto esta olhar para Ele. Este é o sentido principal do trecho.
A decepção é o clímax que paira sobre os dois discípulos.Tristeza e outros sentimentos são decorrentes desta primeira fundamental sensação de se sentir como que traídos por Deus, por aquele Deus no qual haviam depositado suas expectativas, no qual haviam confiado sabendo dos grandes gestos do passado, um passado glorioso no qual Jahvé havia mostrado o seu poder diante de todas as nações. Como não imaginar que em seus corações não se encarnasse a mesma decepção do Samista: «De noite indago o meu íntimo, e o meu espírito perscruta. Será que o Senhor nos rejeitou para sempre? Não será mais propício conosco? A sua promessa, afinal, terá falhado? ... Esta é a minha aflição: mudou a destra do Altíssimo.» (Sal. 77). Esta sensação de fracasso; da insuficiência de Deus diante do extrapoder dos fortes; da fragilidade da fé que –assim- parece revelar-se como um conjunto de ilusões; esta sensação é um sentimento que sempre estará vivo entre os que foram capazes de aderir a Deus mesmo que por um só momento. A comunidade conviverá sempre com esta sensação. Sempre, as coisas de Deus parecem “capengar”, “agoniar” (permito-me usar uma expressão do Papa Bento XVI). Diante disto, as pessoas da comunidade poderão sempre escolher como agir: permanecer ou procurar outro caminho.
Os dois haviam escolhido o outro caminho, contrariamente aos Onze que, mesmo vivendo os mesmos sentimentos deles, continuavam «estando reunidos». Que caminho haviam escolhido? Emaús no-lo diz. Era uma aldeia-símbolo; ali Judas Macabeu em 166 derrotou Gorgia, o grande general do rei Antioco, (1Mac. 3-4) o qual havia imposto a religião e os costumes gregos sufocando no sangue as tradições e a religiosidade dos Judeus. E mais, ali, no ano 4, Athrongius comandou uma revolta contra os Romanos, revolta esta com todas as características messiânicas. É lícito supor que, aquele Bar-abbas (“Filho do Pai”, nome de batalha messiânico) que a multidão escolheu em lugar de Jesus tivesse participado da mesma revolta. Eis então a decisão a ser tomada: continuamos com Deus e com sua lógica incompreensível, que não parece surtir efeitos, que não muda nada... ou? Este era o objeto da conversa e discussão entre os dois; conversavam, discutiam, mas, bem no fundo, já haviam feito a própria escolha... Ainda: Jesus ou Bar-abbas?
Voltar a Emaús significa escolher de “agir” aonde Deus parece fracassar. É a tentação de construir com as nossas mãos o nosso mundo, já que Deus parece não resolver os nossos problemas de fome, guerras, injustiças, violência à dignidade da pessoa humana. É a tentação da proposta alternativa do homem ao agir de Deus: já que Deus não resolve com os seus projetos e caminhos, então faremos nós, de outro modo. Messianismo que reaparece ciclicamente em muitas épocas da nossa história, sob as formas mais mistificadas.
Às vezes passo diante dum monumento, escuro, dominante, que deixa um certo ar sombrio em torno de si, tanto que percebi que o “povo”, as pessoas comuns, não se sentem à vontade perto do tal monumento: este retrata o homem esculpindo a si mesmo com marreta e talhadeira. Mas então, é que é cabível se perguntar: o que esculpimos se não conhecemos sequer quem somos nós mesmos?
Emaús era a tentação dos dois e de todos os discípulos que vêem o aparente insucesso de Deus como a justificativa de se substituir a Ele. Como os dois pensavam, hoje podemos nós também dizer: “afinal, o que Jesus trouxe, se o mundo novo que prometeu não aconteceu, se as pessoas continuam se matando, se o interesse particular continua sendo a norma de tudo, se o Estado ainda se impõe com a sua injustiça “justificada” e formalizada...?”. “Façamos com as nossas mãos e deixamos que Deus fique lá onde está!”. Nós sabemos o que é bom para nós. Mas, realmente o sabemos? Quais foram os grandes resultados prognosticados pela Revolução Francesa que se apresentava como uma mudança radical de liberdade para a humanidade inteira? Ou as “grandes” revoluções, como a Industrial, a Bolchevista, a Maoísta a Capitalista, a New Age... Realmente foram capazes de trazer mais felicidade ao homem, que deve percorrer passo a passo o caminho da sua existência? Ou foram desculpas para substituir um poder com outro?
A tentação do messianismo bate sempre às portas e convive com a pessoa que não vê, mas quer resultados imediatos, pessoa cujos olhos são «como que cegos» do mesmo modo que os dois discípulos. Pessoas que andam, andam, discutem, usam até as Escrituras, encontram nelas um certo «calor», mas não conseguem dar um passo além, não são capazes de ver que, dentro da realidade que experimentam existe uma outra que caminha lado a lado, capaz de preencher o vazio que sentem.
Discutir é sempre mais fácil que contemplar.
Perceber e sentir a nova maneira com a qual o Ressuscitado está vivendo com a comunidade para a qual se dedicou sem limites não é algo tão obvio.
Contudo, mesmo que vencidos por sua tentação, Jesus não permite que a sua comunidade se perca, decide ficar até o fim, dar ainda a sua vida na comunhão e na fração do pão. Decide responder à última possibilidade que qualquer pessoa ainda tem quando está esmagada pela decepção, pedir: «fica conosco».
... e Jesus ficou.

São Gregório Magno (c. 540-604), papa e doutor da Igreja Homilia 23

«Não vos esqueçais da hospitalidade»
Dois dos discípulos caminhavam juntos. Eles não acreditavam, e no entanto falavam sobre o Senhor. De repente Este apareceu-lhes, mas sob uns traços que não lhes permitia reconhecê-Lo. [...] Convidam-No para partilhar da sua pousada, como é costume entre viajantes [...] Põem então a mesa, apresentam os alimentos, e a Deus, que eles não tinham ainda reconhecido na explicação das Escrituras, descobrem-No quando da fracção do pão. Não foi portanto ao escutarem os preceitos de Deus que foram iluminados, mas ao cumpri-los: «Não são os que ouvem a Lei que são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei é que serão justificados» (Rm 2,13). Se quisermos compreender o que ouvimos, apressemo-nos a pôr em prática o que conseguimos perceber. O Senhor não foi reconhecido enquanto falava; Ele dignou-Se manifestar-Se quando Lhe ofereceram de comer. Ponhamos pois amor no exercício da hospitalidade, queridos irmãos; pratiquemos de coração a caridade. Diz Paulo sobre este assunto: «Que permaneça a caridade fraterna. Não vos esqueceis da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.» (He 13,1; Gn 18,1ss). Também Pedro diz: «Exercei a hospitalidade uns para com os outros, sem queixas» (1 Pe 4,9). E a própria Verdade nos declara: «Era peregrino e recolhestes-Me» [...] «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,35.40) [...] E apesar disto, somos tão preguiçosos diante da graça da hospitalidade! Avaliemos, irmãos, a grandeza desta virtude. Recebamos Cristo à nossa mesa, para que possamos ser recebidos no seu festim eterno. Dêmos neste preciso momento a nossa hospitalidade a Cristo que no estrangeiro está, para que no momento do julgamento não sejamos como estrangeiros que Ele não sabe de onde vêm (Lc 13,25), mas sejamos irmãos que em seu Reino Ele recebe.

3° Domingo da Páscoa (SOS Vocações)

Os discípulos de Emaús Depois da morte de Jesus, a comunidade dos discípulos é tomada pelo medo diante da perseguição. Em conseqüência, alguns fogem, outros se escondem. A estes, somam-se os que sentem dificuldade de aderir à fé na Ressurreição.Na perspectiva dos Domingos da Páscoa, o trajeto de Emaús é o caminho da fé. A fé deve tornar-se pascal, na convicção de que o Ressuscitado não está presente mediante fatos espetaculares, mas por meio dos eventos cotidianos, da escuta atenta de sua Palavra esclarecedora, da partilha do pão, gesto que plenifica todos os encontros. O caminho de Emaús é paradigmático, que conduz ao reconhecimento do Ressuscitado. Para os dois discípulos, esperanças e planos haviam desmoronado. O Messias esperado, glorioso e poderoso, fora derrotado. Diante do drama da vida, da vitória da injustiça sobre a honestidade, para o qual não há alternativas de resposta, as pessoas ficam imobilizadas e com o semblante triste. Eles também se sentiam desiludidos com a morte de Jesus. Por outro lado, demonstram bom conhecimento do Messias ao responder à interpelação do estrangeiro que se associou à caminhada: "O que aconteceu?". "Nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte". Porém, não chegam à fé no Cristo Ressuscitado pelo fato de não compreender a realidade da Ressurreição. O Ressuscitado, disfarçado de estrangeiro, censura os dois e "começando por Moisés e continuando por todos os profetas, explicava-lhes todas as passagens que falavam a respeito dele...". Ele lhes foi mostrando o sentido e o rumo dos acontecimentos, mas ambos estavam cegos, "duros de coração" para compreender o sentido dos fatos e suportar a idéia da cruz. Não sabiam que Jesus Ressuscitado caminhava com eles; porém, o coração deles ardia. O desconhecido aceita o convite e hospeda-se na casa dos discípulos. No rito familiar de "abençoar o pão, parti-lo e distribuí-lo", perceberam que era Jesus Ressuscitado que se juntou e havia caminhado com eles (a Palavra faz o coração arder, mas só reconhecemos o Senhor Ressuscitado quando partimos o pão). O Pão partido e repartido é o sinal mais pleno da realidade pascal: da entrega da vida, fonte de partilha, justiça e fraternidade. O episódio de Emaús representa um itinerário de vida de fé; ensina-nos que "só podem reconhecer" o Ressuscitado aqueles que percorrem solidariamente o caminho sofrido da multidão dos excluídos e marginalizados. Jesus Ressuscitado se deixa reconhecer por aquele que acolhe a luz de sua Palavra e por quem pratica a hospitalidade e a partilha do pão no cotidiano da existência!

3° Domingo do Tempo Pascal (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

"Fica conosco, Senhor"

A liturgia deste domingo nos convida a descobrir
o Cristo vivo, que acompanha os homens
pelos caminhos do mundo, muitas vezes sem ser reconhecido.
Mas onde o podemos encontrar?
Na 1ª Leitura, a COMUNIDADE CRISTÃ transformada pelo Espírito,
deixou a segurança das paredes do cenáculo e prepara-se para dar testemunho
de Jesus, em Jerusalém e até aos confins da terra. (At 2,14.22-33)
* A pregação de Pedro, no dia do Pentecostes, reproduz a catequese
que a comunidade cristã primitiva costumava apresentar sobre Jesus. (Kerigma)

A 2ª Leitura exorta os crentes a manterem a fidelidade à sua fé,
apesar da hostilidade atual e dos sofrimentos futuros. (1Pd 1,17-21)

O Evangelho aponta o caminho para descobrir o Cristo vivo,
através do episódio dos Discípulos de Emaús. (Lc 24,13-35)

- Os DISCÍPULOS estão tristes, desanimados, decepcionados, frustrados...
abandonam a Comunidade e voltam para casa, dispostos a esquecer o sonho.
Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um Vencedor e
encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na cruz.

- Aparece um PEREGRINO, que caminha com eles...
e começam a falar do assunto do momento:
JESUS, Profeta poderoso em obras e palavras,
diante de Deus e dos homens, mas que teve um fim inesperado...

- O Peregrino interpreta as ESCRITURAS, que falam do Messias...
Eles escutam com interesse... e seus corações começam a "arder".

- No final da tarde, os discípulos chegam em casa e fazem um CONVITE:
"Fica conosco". Querem prolongar a agradável companhia.
Após ter acolhido a PALAVRA do Peregrino,
lhe oferecem HOSPEDAGEM em sua casa... e Ele aceita...
não apenas para "passar a noite", mas para "ficar com eles".

- À mesa: UM GESTO CONHECIDO:
o mesmo gesto da última ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia.
Os olhos se abrem e reconhecem o Ressuscitado...
A Palavra faz "arder" , a fração do Pão faz reconhecer...
E Cristo desaparece... porque agora a Comunidade
já possui os sinais concretos de sua presença:
a sua Palavra e o Pão partilhado... Agora é só Testemunhar.

- E PARTEM LOGO para anunciar a descoberta aos irmãos
e, junto com eles, proclamam a fé: "O Senhor ressuscitou."
A Proclamação da alegria pascal não pode esperar o dia amanhecer...
Onde encontrar o Ressuscitado?
O episódio de Emaús nos aponta o caminho:

- Na PALAVRA DE DEUS, escutada, meditada, partilhada, acolhida,
Jesus nos indica caminhos, nos aponta novas perspectivas,
nos dá a coragem de continuar, depois de nossos fracassos.
Acolhem a Palavra do Peregrino e lhe oferecem hospedagem em sua casa.
- NA PARTILHA DO PÃO EUCARÍSTICO.
A narração apresenta o esquema da Missa: Liturgia da Palavra e do Pão.
É na celebração comunitária da Eucaristia, que nós fazemos
a experiência do encontro pessoal com Jesus vivo e ressuscitado.
- Na COMUNIDADE:
A Comunidade sempre foi e continua sendo o lugar privilegiado do encontro...
(Experiência dos discípulos... e de São Tomé...)

Quem são os Peregrinos de Emaús de Hoje,
que continuam andando pelos caminhos da vida, "tristes"... desanimados...

Talvez também NÓS estamos a caminho de nossa Emaús...
cansados e desiludidos...
Caíram os nossos castelos e a vida parece ter perdido sentido.
Esperávamos tanto... mas tudo terminou...
(quem sabe lá... a morte de um parente amigo,
um fracasso em nossos empreendimentos... a família desunida...)
É triste quando a esperança morre... Parece nada mais ter sentido.
Somos tentados a abandonar a luta e voltar...

Eles também estavam angustiados por aquilo que aconteceu em Jerusalém.
Mas, na medida em que participaram da celebração da palavra e
do banquete da fração do pão, o interior deles se abriu à luz,
a vida do Ressuscitado invadiu seus corações e os fez voltar à Comunidade.

Nesses momentos, mais do que nunca, nossos lábios deverão suplicar:
"Fica conosco, Senhor".

O Caminho percorrido pelos discípulos deve ser o nosso...
Ainda hoje é ali que ele está presente e é ali que o podemos encontrar...

- Nosso Coração "arde" na Leitura da Palavra de Deus?
- Percebemos a sua presença no "Partir o Pão"?
- Partimos com alegria para anunciar o Cristo Ressuscitado,
para evangelizar ?

AL PARTIR EL PAN

El relato evangélico de hoy dice precisamente que aquellos dos discípulos que, descorazonados y desengañados, caminaban hacia Emaús, conocieron a Jesús al "partir el pan". Conocer a Jesús y cambiar el sentido de su ánimo, fue todo uno. La angustia desapareció y fueron conscientes de que, mientras caminaban con aquel desconocido que les iba explicando las Escrituras, sus corazones ardían. La reacción no se hizo esperar: se levantaron al instante y volvieron hacia Jerusalén, la misma ciudad que habían abandonado tristemente.
Los cristianos tenemos un momento en el que partimos el pan y oímos las Escrituras: es la Misa.
EU/CAMINO-EMAUS
Y ¿se han fijado ustedes en los asistentes a las Misas de la mayor parte de nuestras iglesias?
-En gran medida, llegan a la hora justa y se acomodan resignadamente, con mentalidad de acudir puntualmente para cumplir una obligación.
-Escuchan con aire distraído, y mirando sin disimulo el reloj, el sermón que toca y que difícilmente podrían repetir al salir de la iglesia, porque posiblemente han aprovechado ese momento para pensar tranquilamente en algo que les interesaba mucho más que aquello que decía el predicador de turno. En defensa de los asistentes y en honor a la verdad, habría que decir que, en demasiadas ocasiones, esta actitud está plenamente justificada, porque un gran número de sermones no dicen nada a quienes los escuchan y aquéllos que los dicen hacen gala de no poseer la mínima posibilidad de establecer contacto con el auditorio.
-Muchos no participan en la partición del pan.
-Casi todos, con la última bendición en los talones, abandonan la iglesia y cierran tranquilamente esa página dominical, para volverla a abrir el domingo siguiente, sin que, posiblemente, en sus vidas tenga la menor trascendencia.
Creo que no exagero. De esas Misas multitudinarias, que tan orgullosamente apuntamos en las estadísticas, ¿quién sale enardecido?, ¿a quién le arde el corazón?, ¿quién sale con una idea vital para rumiar en el resto de la semana y hacerla vida propia?, ¿qué profundización suponen en la vida cristiana? Y ¿cuántos se encuentran con Cristo en la fracción del pan que supone la Eucaristía? Porque esto es fundamentalmente y nada más la Misa.
Cierto que en las grandes urbes no es fácil conseguir que las Misas multitudinarias tengan sabor de comunidad, de encuentro personal con Cristo y con los hermanos. Nos acomodamos junto a personas que no conocemos y difícilmente establecemos con ellas el menor tipo de relación. Todos tenemos la experiencia de cómo la Misa vivida en comunidad tiene un talante diferente y deja de ser un rito obligado para convertirse en un gratísimo lugar de encuentro con Cristo y con los hermanos, en un sitio donde se escucha la palabra de Dios atentamente y de donde se sale fortalecido para enfrentar la dureza que, en algunos casos, puede suponer vivir en cristiano. Habría, por tanto, que intentar seriamente que el cristiano viviese el encuentro semanal con Cristo como algo trascendente en su vida religiosa, como el momento más importante del día, ese momento que deje en cada uno de nosotros la misma impresión indeleble que el encuentro con Cristo dejó en los discípulos de Emaús y por las mismas causas.
Caer en la indiferencia, y aun en el pesimismo, es algo que está al alcance de la mano. Renovar semanalmente el impulso que nos hace seguir a Jesucristo es algo importantísimo. Eso podría conseguir la Misa si la despojamos de su carácter jurídico para convertirla en un encuentro deseado y vivido que nos haga salir corriendo al mundo para contarle la gran nueva que los de Emaús dieron a los discípulos de Jerusalén: es cierto que Jesucristo ha resucitado. Y si esto es cierto, los cristianos no nos hemos equivocado al elegirlo a El como Señor de nuestra existencia y modelo de nuestra vida. Si es cierto que Jesús ha resucitado, podremos superar el pesimismo y el desaliento y encontrar, cada vez que nos encontremos con Cristo al partir el pan, la respuesta para tantas preguntas que, sin duda, se nos plantearán a nuestro alrededor y la fuerza para hacer realidad el contenido de esas respuestas.
No creo que haya un ejemplo más palpable de lo que debieran ser nuestras Eucaristías que el relato evangélico de hoy. Cualquier parecido de este relato con la realidad que vivimos los domingos la mayor parte de los cristianos es, por desgracia, pura coincidencia.

DOMINGO 3 del Tiempo de Pascua - Ciclo "A" -

Hoy, Domingo 3 de Pascua, continúa la Liturgia en tono de júbilo, porque Cristo ha resucitado. El “Aleluya” sigue resonando como un grito de celebración victoriosa, pues Jesús ha vuelto de la muerte a la Vida, para comunicarnos esa Vida a nosotros.
Esta es la tónica de la Primera Lectura (Hch.2, 14.22-23), tomada de los Hechos de los Apóstoles, la cual nos narra el discurso de Pedro el día de Pentecostés. Después de haber recibido el Espíritu Santo, San Pedro irrumpe en palabras que explicaban el triunfo de Jesús sobre la muerte, discurso que estaba lleno de alegría porque Cristo, quien había sido entregado a la muerte en la cruz, había resucitado.
El Salmo 15 es un Salmo del Rey David, que San Pedro recuerda en su discurso, el cual nos llena de esperanza en nuestra propia resurrección. Hemos cantado: “Se me alegra el corazón ... porque Tú no me abandonarás a la muerte”. Y en él le hemos pedimos al Señor que nos enseñe el camino de la vida, para poder ser saciados del gozo de su presencia en alegría perpetua junto a El. Hemos repetido en el Salmo: “Enséñanos, Señor, el camino de la Vida”.
En la Segunda Lectura (1 Pe.1, 17-21), San Pedro nos habla también de camino, de “nuestro peregrinar por la tierra”, pidiéndonos que vivamos en esta vida “siempre con temor filial”. Es decir, siempre con el respeto y el amor que debemos a Dios nuestro Padre, porque hemos sido rescatados, no pagando con algo efímero, como pueden ser el oro y la plata, sino el precio de nuestro rescate ha sido ¡nada menos! que la vida de su Hijo, “la sangre preciosa de Cristo”.
En el Evangelio (Lc. 22, 13-35) vemos el famoso pasaje de un camino, el camino entre Jerusalén y un poblado situado a unos once kilómetros de distancia, llamado Emaús. Por ese camino iban dos discípulos de Jesús, que hacían este recorrido tres días después de los sucesos de la muerte del Señor, precisamente el día en que Cristo había resucitado. Y mientras iban caminando y comentando todo lo que acababa de suceder en Jerusalén, el mismo Jesús Resucitado se les apareció haciéndose pasar por un viajero más que iba caminando en la misma dirección.
Nos dice el Evangelio que los ojos de los discípulos estaban “velados” y no pudieron reconocer a Jesús. (Lc. 24, 13-35). Jesús se hace el desentendido, el que no sabía nada de lo sucedido, y ellos se impresionan: “¿Serás tú el único forastero que no sabe lo que ha sucedido estos días en Jerusalén?”.
Jesús sigue haciéndose el desentendido, con lo que logra que ellos expresen exactamente qué piensan de Jesús: “Nosotros esperábamos que él sería el libertador de Israel, y sin embargo, han pasado ya tres días desde que estas cosas sucedieron.”
Luego le contaron que algunas mujeres de su grupo los habían dejado “desconcertados”, pues habían ido esa madrugada al sepulcro y llegaron contando que no habían encontrado el cuerpo y que se les habían aparecido unos ángeles que les habían dicho que Jesús estaba vivo. Le refirieron que también los hombres, los Apóstoles, habían constatado lo del sepulcro vacío, pero añadían incrédulos que a Jesús no lo habían visto.
Varias cosas resaltan en esta primera parte del relato evangélico: ¿Por qué estaban “velados” los ojos de Cleofás y de su compañero, quienes no pudieron reconocer a Jesús Resucitado cuando se les incorporó en el camino hacia Emaús? Más aún, ¿por qué estaban “desconcertados” ante la información dada por las mujeres que fueron al sepulcro?
Realmente se nota en ellos una gran falta de fe. Si Jesús había anunciado a sus discípulos, a sus seguidores que resucitaría al tercer día ¿cómo, entonces, no iban a creer el cuento de las mujeres, si lo que ellas informaron fue justamente lo que El ya había anunciado? ¡Qué incredulidad ante el testimonio de los mismos Apóstoles quienes ratificaron lo del sepulcro vacío!
Fijémonos en el comentario completo: “Algunos de nuestro compañeros fueron al sepulcro y hallaron todo como habían dicho las mujeres, pero a El no lo vieron”. ¡Qué falta de fe! Tenían que ver para creer. Y nuestra fe ... ¿cómo es? ¿Necesita también de pruebas ... o podemos creer sin comprobaciones?
Pero no sólo había falta de fe en estos dos discípulos: había también apego a sus propios criterios. Fijémonos que ellos dicen haber esperado un Mesías diferente a lo que Jesús fue: ellos esperaban un Mesías que fuera “libertador de Israel”. ¿Y qué nos dice este comentario sobre el Mesías? Con esto nos muestran que no aceptaban del todo lo que Jesús había hecho o lo que había dejado de hacer, sino que más bien tenían su propia idea de cómo debían ser las cosas, de cómo debía actuar el Mesías.
Con razón el Señor los reprende duramente: ¡Qué insensatos son ustedes y qué duros de corazón para creer todo lo anunciado por los profetas! ¿No tendría también que reprendernos el Señor así? ¿No podría el Señor tacharnos de “insensatos”, pues también tenemos nuestros propios criterios e ideas, por cierto no muy ajustados a los criterios e ideas de Dios? ¿No podría el Señor tacharnos de “duros de corazón” también, pues somos duros para creer?
Luego de esta fuerte corrección, comienza Jesús a explicarles todos los pasajes de la Escritura que se referían a El.
Y, al sentirse ellos emocionados con estas explicaciones, le piden a Jesús que no siga de camino. “Quédate con nosotros”, le dicen.
Jesús accede y al estar dentro sentado a la mesa, nos dice el Evangelio que “tomó un pan, pronunció la bendición, lo partió y se los dio”. Fue en ese momento cuando “se les abrieron los ojos y lo reconocieron”. Al escuchar lo que Jesús les iba diciendo, su corazón se emocionaba e iban entendiendo lo que les explicaba ... Y al recibir a Cristo en la Eucaristía, pudieron reconocerlo y pudieron creer que realmente había resucitado.
¿Qué otra enseñanza podemos sacar del camino a Emaús?
Nosotros debemos escuchar a Jesús. Debemos buscarlo primeramente en su Palabra contenida en la Biblia y en las lecturas de cada domingo. Debemos estar en sintonía con El, para reconocerlo cuando se nos acerque en nuestro camino. Para estar en sintonía con el Señor, debemos buscarlo sobre todo en la oración, pero -además- recibirlo con frecuencia en la Sagrada Eucaristía.
En la Palabra de Dios, en la oración y en la Eucaristía tenemos las gracias necesarias para poder creer sin ver, para desprendernos de nuestros propios criterios y de nuestra propia manera de ver las cosas. Sólo así podremos reconocer al Señor cada vez que nos enseña su Verdad, cada vez que nos muestra sus criterios, cada vez que nos regala con la gracia de su presencia en nosotros y en medio de nosotros. Así tiene sentido pedirle: “Quédate con nosotros”.
En esto consiste nuestro camino a Emaús. En esto consiste ese “camino de la Vida”, que hemos pedido al Señor en el Salmo.