quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Promulgação do Reino (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

Após as festas do Natal,
em que celebramos o Mistério da infância de Jesus,
a Liturgia nos introduz no mistério da vida pública de Jesus.
Tudo começou com o BATISMO DE JESUS,
cuja festa hoje celebramos.

A 1ª Leitura anuncia um misterioso "Servo"
escolhido por Deus e enviado aos homens
com a missão de instaurar um mundo de justiça e de paz. (Is 42,1-4.6-7)

Na 2ª Leitura São Pedro reafirma que Jesus é o "Servo de Javé"
sobre quem repousa o Espírito Santo. (At 10,34-38)

No Evangelho, temos a realização da promessa profética:
Jesus inaugura seu Ministério, com o Batismo no Rio Jordão.
É o Reino de Deus chegando... (Mt 3,13-17)

+ Jesus precisava receber o Batismo ?
É claro que não. João até não queria batizar Jesus.
- Que sentido faz então Jesus se apresentar a João
para receber este "batismo" de purificação, de arrependimento
e de perdão dos pecados?

Para Mateus, o Batismo é um momento importante,
em que Jesus manifesta a sua IDENTIDADE e a sua MISSÃO:

- Jesus é SOLIDÁRIO com o Homem limitado e pecador.
Coloca-se ao lado dos pecadores para percorrer com eles
o caminho que conduz à liberdade.
- Jesus é o "FILHO AMADO" enviado pelo Pai ao mundo
para cumprir um projeto de libertação em favor dos homens.
- Jesus é o NOVO LIBERTADOR:
O batismo de Jesus no Jordão recorda a passagem do Mar Vermelho
e estabelece um novo paralelo entre Jesus e Moisés…
Jesus é o novo Moisés, revestido do Espírito de Deus,
para conduzir o seu Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade.
- Jesus é o MESSIAS ESPERADO:
João reconhece ser apenas o precursor do Messias esperado.

Para aprofundar a Identidade e a Missão de Jesus,
Mateus recorre a três elementos simbólicos muito expressivos:
Os céus abertos, o Espírito que desce em forma de pomba e a Voz do céu:

- "Os céus se abriram...": Deus encerrou o seu silêncio...
abriu seu coração e voltou a ser amigo dos homens:
É o momento da reconciliação entre o céu e a terra, entre Deus e os homens...
- "O Espírito Santo desceu sob a forma de Pomba":
Relembra o Espírito de Deus que na Criação pairava sobre as águas...
Lembra também o Dilúvio... quando o céu estava fechado,
e a pomba com o ramo de oliveira foi o sinal
de que a paz havia sido restabelecida...
- "Ouviu-se uma voz do céu...":
Há 300 anos o povo não ouvia a voz de Deus pelos profetas...
Ao enviar o Espírito sobre Jesus, Deus quer mostrar
que voltou a falar com os homens...
* Jesus é confirmado pelo Espírito Santo e pelo Pai.

+ O Batismo de João que Jesus recebeu não é a mesma coisa do Batismo
que Jesus instituiu e mandou os apóstolos a realizarem...
O de João era apenas um rito penitencial... de purificação,
para os que aceitavam preparar-se para a vinda do Messias.
Era apenas antecipação do Batismo cristão, na "água e no Espírito".

+ O Batismo de Jesus:

- É um Sacramento instituído por Cristo e realizado hoje pela Igreja.
- Lava a mancha do pecado original...
- Dá uma Vida Nova...
- Nos torna membros do Povo de Deus e da Igreja....
Filhos de Deus e herdeiros do céu.
- É um ato de Compromisso de servir Deus com fidelidade...

+ O BATISMO é o começo
de uma caminhada como seguidores de Cristo
e nos compromete a servir Deus com fidelidade,
como membros vivos e atuantes no Povo de Deus.

Continuemos a nossa celebração:
- agradecendo o grande dom do nosso Batismo...
- e pedindo forças para sermos fiéis a esse COMPROMISSO assumido:

à CANTO: Prometi quando fui batizado...

Batismo do Senhor

João Batista anuncia a chegada do Reino de Deus e proclama "um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados". Embora não seja pecador, Jesus vai tomar parte do rito penitencial. O Batista procura impedi-lo de seu propósito, dizendo: "Sou eu que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?". Por que Jesus procura João, uma vez que não tem a necessidade de submeter-se ao rito penitencial? Mergulhando nas águas do Jordão, Jesus quer ser solidário com os pecadores, assumindo a condição de Servo Sofredor (Is 53). Ao ser impedido por João, Jesus responde-lhe: "Por enquanto deixe como está! Porque devemos cumprir toda a justiça". Observemos que Ele fala na primeira pessoa do plural (devemos). Fala de si mesmo, do Pai e do Espírito que pousará sobre Ele e de todos os que o seguirem ao longo da história. Com o gesto de se fazer batizar nas águas do Jordão, Jesus revela que aceita a vontade do Pai e cumpre seu projeto de ser Servo Sofredor, submetendo-se por inteiro à vontade de Deus. Aceita, por amor, o batismo de morte para a remissão dos pecados. Enquanto a humanidade se desvia do caminho por causa do pecado, Deus se aproxima e se faz dom de salvação. A iniciativa de Deus chegará à sua plena realização na cruz, expressão máxima do resgate da humanidade pecadora. À pronta aceitação do Filho, o Pai responde manifestando que nEle deposita toda a sua complacência. "Logo que foi batizado, saiu da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele". O "Espírito, na forma de pomba" equivale dizer que a glória do Senhor envolve Jesus, como envolveu Moisés no monte Sinai (Ex 24,15-17.18), para que conduzisse seu povo rumo à libertação. Pela força do Espírito, Jesus é investido para a missão salvadora, sendo Ele mesmo, Deus-Conosco. "E do céu veio uma voz, dizendo: 'Este é o meu Filho amado, que muito me agrada'". É a voz do Pai, que rompe o silêncio para revelar o Filho como Messias. Por seu intermédio, restauram-se os canais da comunicação entre Deus e a humanidade pecadora, convidada a um novo êxodo de libertação e de salvação. Para o evangelista Mateus, Jesus é o Servo do Senhor que não descansará nem medirá suas forças, enquanto não estabelecer o direito e a justiça neste mundo.

Batismo e Missão: “Este é o meu Filho amado...”

Com solenidade da festa do Batismo do Senhor encerramos liturgicamente o Tempo de Natal e iniciamos um novo Tempo litúrgico lembrando o compromisso que se inicia com o nosso batismo, algo que nos é bem frisado na letra de um antigo canto entoado em nossas comunidades eclesiais: “Pelo batismo recebi uma missão vou trabalhar para o reino do Senhor, vou anunciar o Evangelho para os pobres, vou ser profeta, sacerdote, rei e pastor”. Canto este enraizado na proposta do Concílio Vaticano II que afirma o compromisso batismal de todo o povo de Deus. Ser batizado é assumir em sua própria vida a proposta de Jesus.
Os capítulos 3 e 4 de Mateus são a parte narrativa do chamado “primeiro livrinho (caps. 3-7)” que descreve a chegada do Reino de Deus através da missão de Jesus. O episodio de hoje destaca o diálogo entre João Batista e Jesus (vv. 14-15) e a manifestação de Jesus como Filho de Deus (vv. 16-17). O centro está nas palavras de Jesus: “Devemos cumprir toda a justiça” (v.15). Ele, portanto, é aquele que vem trazer para dentro de nossa sociedade e história a justiça que constrói o Reino. Jesus ao deixar-se batizar por João Batista se solidariza com toda criatura humana. Submete-se ao batismo de João como forma de cumprir a vontade (=justiça) do Pai, de assumir o projeto do Pai, que é, justamente, o de solidarizar-se com a humanidade que sofre. Por outro lado, sua atitude nos indica que não podemos fazer a missão sem o reconhecimento do Pai. O projeto é Deus. Somente após a confirmação do Espírito de Deus sobre Ele é que Jesus declara e assume para o que veio. “Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado” (Mt 3,16-17).
A plena revelação-comunicação de Deus se concretiza no ato de Jesus assumir o projeto do Pai. O Espírito, que desce sobre Jesus e faz dele a presença permanente de Deus na terra, constitui a origem divina da sua missão e pessoa. O simbolismo da pomba seria alusão ao princípio da criação: “o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2). A criação em Jesus torna-se completa e a voz do alto é como que o eco de Is 42,1 que fala do Servo de Javé. Mateus quer assim opor-se a idéia de um Messias triunfalista e mostrar que a missão de Jesus se caracterizará pela solidariedade com os marginalizados.
Como ungido do Pai é que Jesus assume sua missão, o que nos é confirmado pela primeira leitura tirada do livro do profeta Isaías “Eis o meu eleito – nele se compraz minha alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações” (Is 42, 1). E seu julgamento terá como base à justiça. “Eu, o Senhor, te chamei para justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (vv.6-7). O servo não emprega os critérios nem os meios que os poderosos utilizam para obtê-la: “Não gritará, não falará alto...”(vv.2-3). Não é massacrando o povo, nem o frustrando, nem o enganando com propaganda ilusória e falsa que o servo consolidará o projeto de Deus, mas animando e mantendo viva a esperança.
Assim, também, deve ser nossa ação missionária (convocada com tanta ênfase pela V Conferência de Aparecida) baseada na justiça, buscando não fazer acepção de pessoas ou nação como nos convoca a segunda leitura retirada dos Atos dos apóstolos “Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”. Ela está baseada no fazer o bem sem olhar a quem, como diz um velho ditado popular. Que assim seja, caríssimos irmãos e irmãs neste novo ano de 2008. Que nossa ação seja uma corrente do bem espalhada por esse Brasil a fora, desejosos de ser sinal de Deus para um mundo tão conturbado e sedento de paz.
Portanto, celebrar a festa do batismo do Senhor é ter a certeza de que não somos regidos pelo mercado financeiro, mas pela ação do Espírito de Deus que nos move para buscar saídas e alternativas que inclua, principalmente os mais pobres e desvalidos de nosso país. Somos convocados/as a não sermos apenas ingênuos diante da vida, nos conformando somente com praticas piedosas e religiosas, mas sobretudo, assumir a missão de Jesus, confirmada pelo Pai e pelo Espírito Santo: libertar os pobres, devolver a vista aos cegos, fazer os coxos andarem, libertar os cativos, fazer com que a justiça e o direito jorrem generosos para todos. Se assim vivermos nosso Batismo, estaremos realmente sendo servidores da missão de Cristo. E ouviremos do Pai a consoladora confirmação de que somos seus filhos/as muito amados/as. E sentiremos o Espírito movendo-nos e dando-nos força para realizar proezas que pareciam impossíveis, mas que serão colocadas ao nosso alcance porque as realizaremos juntamente com Jesus.

Tânia Regina da Silva

Festa do Baptismo do Senhor

A liturgia deste domingo tem como cenário de fundo o projecto salvador de Deus. No baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Ele fez-se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, para que pudéssemos chegar à vida em plenitude.A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Investido do Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus.No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética: Jesus é o Filho/“Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito, e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-se pessoa, identificou-se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projecto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.
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