sexta-feira, 6 de março de 2009

2° Domingo do Tempo Quaresmal (Pe Carlo)

Estamos hoje na segunda etapa do caminho quaresmal que, de algum modo, quer sintetizar o inteiro caminho da vida que Deus oferece a todos nós em Cristo. O primeiro passo desta caminhada, como vimos na semana passada, consiste na adesão a Deus, adesão que passa pelo deserto e aponta para o “crer” ao Evangelho. É o primeiro momento da conversão. O texto que hoje meditamos precisa ser lido também nesta ótica; é um fato que nos reconduz à situação existencial que Deus continuamente propõe às pessoas que conseguiram dar o primeiro passo. Quanto é narrado é muito complexo e, mais complexa ainda, é a leitura em seus detalhes, fato pelo qual me permito apontar somente alguns aspectos que, espero, possam ajudar a receber com amor aquilo que Deus quer sempre nos oferecer.

A leitura que é realizada em algumas assembléias litúrgicas, infelizmente omite uma parte do versículo 2, com o qual começa a narração; é uma pena, porque esta maneira de ler não permite ao ouvinte entender o motivo, a razão da Transfiguração de Jesus, reduzindo-o assim a um simples episódio espetacular que se encerra com uma admoestação de tipo moralista. Evidentemente não era esta a intenção do Autor.

A nossa leitura começa assim: «Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João»; o episódio, então se deu no sétimo dia; seis dias depois do quê? O que acontecera seis dias antes? Bem, o leitor do Evangelho de Marcos sabe muito bem que toda a sua teologia gira em torno da profissão de fé de Pedro, isto é, daquele momento em que Pedro reconhece em Jesus o Cristo esperado. Contudo, um momento tão rico e profundo espiritualmente, ficou assombrado por uma profunda incompreensão de Pedro respeito a Jesus: para Pedro o Senhor era um Senhor vitorioso, triunfante, esquivo de todo ataque do mal. Em Pedro aconteceu (analogamente a Jesus que foi conduzido no deserto para se defrontar com o demônio), que o próprio Satanás insinuava uma visão triunfalista, a qual não condiz com a lógica de Deus. Assim, o momento de maior intimidade é, paradoxalmente, o momento de maior distância entre os dois; é assim que age o Espírito quando gera aquela unidade que vai além das opiniões. «Seis dias depois» indica um tempo no qual o homem ainda não entrou dentro da lógica de Deus (como Pedro, como muitos de nós); o sexto dia é, no simbolismo da Escritura que sempre tem como referência o texto da criação, o dia em que existe o homem natural, feito por Deus em todo a sua grande riqueza e valor natural. Mas ao homem é oferecida a possibilidade de apontar, junto com toda a criação, para o sétimo dia, para o “repouso” da alma que procura encontrar aquele infinito que sente dentro de si. É, então, o “sétimo dia”, a proposta que Deus faz; proposta que não exclui, mas leva a cumprimento o desejo infinito do homem, projetando-o naquela dimensão que eleva o que de maravilhoso já existe por natureza: o projeta na divindade para a qual aponta o desejo do Criador. Deus nunca tira o que já possuímos, bom por si mesmo, apenas oferece a possibilidade de sublimas o que já existe de bom e, assim, receber como um dom o que nenhum homem com suas condições pode alcançar.

Neste “sétimo dia” «Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João»; «somente eles» diz literalmente o texto. Trata-se, então de uma escolha precisa de Jesus; de algum modo Ele oferecia aos três algo que não ofereceu a todos os outros discípulos. Será possível encontrar uma motivação para esta escolha de Jesus? Creio que possamos descobrir certa analogia através da convicção expressa em Atos dos Apóstolos quanto a Moisés, o qual também subiu uma montanha, trazendo consigo três pessoas: Arão Nadab e Abiú (Cfr. Ex. 24,1); assim diz o trecho: «É este Moisés quem esteve na assembléia no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir» (At. 7,38). “Palavras vivas para serem transmitidas”; estamos no caminho certo! Sim, Pedro não poderia anunciar sozinho a sua profunda intuição; também os três não poderiam anunciar com autoridade, se este anúncio não passasse pelo crivo da participação, como um todo, ao mistério de Jesus. Antes da Transfiguração os três tinham “assistido” (com o olhar de quem está de “fora”) ao milagre da cura da filha de Jairo (Mc. 5,37) agora serão “envolvidos” por Deus -imagem simbólica da nuvem- mas ainda não estarão prontos para dizer “palavras vivas”; por isso Jesus lhes proibirá de falar antes de que tenham participado até o fim da história. Mas os três compreenderão Jesus muito mais profundamente algum tempo depois, no Getsêmani, quando também ficarão «somente eles» com Jesus (Mc. 14,33). “Palavras vivas” que o próprio Jesus continuará dizendo à humanidade (como um novo Moisés) por boca dos três, as «colunas da Igreja» (Gal. 2,9) –como os chamavam os primeiros cristãos. Suas palavras serão cheias de vida; não teorias ou sentimentalismos nem tampouco ideologias sobre Jesus. Será vida vivida até o fim.

Continua o texto: «os fez subir» (não: “os levou”, como se encontra em algumas traduções). Aparentemente o sentido pode ser quase semelhante, se não fosse que o verbo usado por Marcos significa contemporaneamente duas coisas: o ato de subir, isto é, um ato material, mas também o ato de oferecer, próprio do sacerdote que “sobe” ao altar para oferecer em nome do povo de Israel. Será tão difícil ver neste ato de Jesus a antecipação de sua oferta na cruz para a Ressurreição? Toda a narração do episódio está em função do mistério de morte e ressurreição, somente após o qual será possível entender o significado pleno da “oferta” que Jesus faz ao Pai. Será um forçar demais o texto se pudermos ver em Jesus uma semelhança com Abrão que oferece o filho, Jacó no monte Moriah? Eis então que se nos apresenta em Pedro, Tiago e João a revelação de como Jesus entende a sua comunidade, a sua Igreja, os seus “filhos”: uma oferta ao Pai, santificada pela presença da “nuvem” (símbolo da presença, do Espírito, de Deus). Eis que aparece assim a ação Trinitária da obra de salvação que Deus oferece ao mundo pelas «palavras vivas» dos três. È um ato de louvor ao Pai operado pela presença do Espírito numa comunidade conduzida “numa alta montanha” por Jesus.

Permito-me ainda apontar um último aspecto.

Era comum, na antiguidade, imaginar fenômenos chamados “metamorfoses”; a palavra (do verbo metamorfoomai) significa “mudar de aspecto”. É o verbo que o Evangelista usa e que nós traduzimos com: “foi transfigurado”. Durante a vida de Jesus a crença que pessoas pudessem mudar de aspecto e transformarem-se em árvores, animais, deuses etc. era muito difundida. Ovídio, um grande poeta Latino, entre o ano 2 e 8, publicava 15 livro de 256 fábulas com o título: “metamorfoses”. A motivação desta crença não é muito distante de outros refúgios que nós também usamos na nossa cultura. Tratava-se de uma maneira de expressar a insatisfação quanto ao sistema de vida, ao ambiente, às pessoas e refugiar-se num mundo diferente, acima e irreconhecível no mundo em que as pessoas viviam. Era como a expressão de um desejo inconsciente de não identificar-se com o mundo presente. Hoje temos outros tipos de manifestações, mas que se reconduzem igualmente ao mesmo ato de “fuga” da realidade. Pois bem, Pedro pregava o Evangelho em Roma, Marcos traduzia e anotava sua pregação que chegou assim até nós. É bem neste contexto em que a “transfiguração de Jesus” podia ser entendida como uma das muitas “metamorfoses” do poeta latino, que entendemos a profunda diferença entre o que é “fuga” e o que é “força e coragem” para se envolver, atitudes para as quais este episódio aponta. Assim sendo, Jesus pede para que os três nunca se esqueçam de que é lá, em Jerusalém, onde percorrerão junto com Ele o caminho da Paixão, que se encontrarão definitivamente com o mais íntimo do seu Senhor.

Por fim, gostaria de oferecer uma oração de Thomas Merton, que se inspirou muito à “montanha” do encontro com o Senhor.

Senhor Deus,
Não tenho a menor idéia de para onde estou indo,
Não enxergo o caminho à minha frente,
Não sei ao certo onde irá dar esse caminho.
Também não conheço verdadeiramente a mim mesmo,
E o fato de que penso que estou seguindo a Tua vontade
Não significa que realmente esteja seguindo a Tua vontade.
Mas acredito que o meu desejo de Te agradar
Realmente Te agrada.
E espero ter esse desejo em tudo o que fizer,
Espero nunca me afastar desse desejo.
Sei que, se assim o fizer,
Tu me guiarás pelo caminho correto
Embora eu possa nem saber que o estou trilhando.
Assim, confiarei sempre em Ti
Embora eu pareça estar perdido
E caminhando na sombra da morte.
E não temerei, porque Tu estás sempre comigo
E nunca deixarás que eu enfrente os perigos sozinho.

quinta-feira, 5 de março de 2009

2o Domingo da Quaresma (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

"Escutai-o"

Aqui estamos reunidos em assembléia para ESCUTAR
a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia.
A Escuta dessa Palavra nos revela os Planos de Deus e
nos aponta o caminho a seguir para chegar à vida plena.

As leituras bíblicas de hoje nos apresentam dois exemplos
na CAMINHADA DA FÉ: a fé de Abraão e a fé dos Apóstolos.

A 1a Leitura fala da fé de Abraão. (Gn 22,1-2.9.10-13.15-18)

A narrativa faz parte das "tradições patriarcais", sem caráter histórico.
Destina-se a apresentar Abraão como MODELO DE FÉ:
- O chamado: "Sai de tua terra, vai... farei de ti o pai de um grande povo..."
- Ele parte para o desconhecido... apoiado apenas na palavra de Deus...
- Prova sua fé, sobretudo no dramático sacrifício de Isaac...

* Ele soube ESCUTAR Deus e seguir a sua Palavra sem condições:
renunciou o PASSADO, quando deixou sua terra e sua gente;
agora estava disposto a sacrificar também o FUTURO,
oferecendo o filho Isaac, depositário das promessas.
Percebe o plano de Deus e o segue de todo o coração.
Sua obediência tornou-se uma fonte de vida
para ele, para a sua família e para todos os povos...

Na 2a Leitura, São Paulo retoma a figura de Isaac,
subindo o monte Moriá, com a lenha do sacrifício às costas,
como imagem de Cristo que também sobe o monte Calvário,
carregando às costas o lenho da Cruz. (Rm 8,31-34)

* O fundamento da nossa fé é o amor fiel e incondicional.
A obediência comprova a nossa fé.

O Evangelho fala da fé dos Apóstolos: (Mc 9,2-10)

Na caminhada para Jerusalém, o 1º Anúncio da Paixão e Morte de Jesus
abalou profundamente a fé dos apóstolos.
Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles...
subiu o Monte Tabor e "transfigurou-se…"
- Proposta de Pedro: "É bom estar aqui! Vamos fazer três tendas..."
- Proposta de Deus: "Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O!".

* Ao transfigurar-se aos discípulos, Jesus revela a glória da Ressurreição,
e atesta que ele é o FILHO AMADO DE DEUS,
apesar da Cruz que se aproxima.,
As figuras de Elias e Moisés ressaltam que a Lei e as Profecias
são realizadas plenamente em Jesus.
+ Em nossa caminhada para a Páscoa,
somos também convidados a subir com Jesus a montanha e,
na companhia dos 3 discípulos, viver a alegria da comunhão com ele.
As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar.
No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da ressurreição
e do alto daquele monte ele continua a nos gritar:
"Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O".
- Não desanimemos, os Planos de Deus não conduzem ao fracasso,
mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.

+ Vocês têm fé? O que é ter fé? O que é mesmo a fé?
É apenas uma adesão da inteligência a algumas verdades,
que decoramos na catequese? É mais...

A FÉ É:

- É a Adesão de nossa vida a Deus...
É acolher Deus que quer fazer sua história junto conosco...
É fazer a vontade de Deus... (tanto no Tabor, como no Calvário)
- É um Dom gratuito de Deus (Não foi Abraão que tomou a iniciativa)

A FÉ EXIGE:

- Uma Resposta da pessoa a uma palavra, a uma Promessa...

- Um Serviço pronto e generoso na Obra de Deus...

- Uma Ruptura: Deixar a terra dos ídolos que nos prendem…
e abraçar o desconhecido… (experiência de Abraão)

- Escutar atentamente tudo o que Jesus diz,
seguindo seus passos com confiança total,
mesmo nos momentos difíceis e incompreensíveis…

- Reconhecer esse Cristo desfigurado, presente na pessoa dos irmãos...
sobretudo nos excluídos... nos oprimidos pela violência...
É fácil reconhecer o Cristo transfigurado no Tabor…
mais difícil é reconhecê-lo desfigurado no Monte Calvário...
mais difícil é descer o monte,
ir ao encontro do Cristo desfigurado na pessoa do irmão…

- Ação: Não podemos ficar no Monte... de braços cruzados....
Devemos agir na transfiguração desses irmãos desfigurados…

+ Somos convidados a ser Missionários da Transfiguração…

O Cristo glorioso não deve ser motivo para fugir das realidades
concretas da vida, onde ele nos chama ao serviço.

Pelo contrário, o Cristo desfigurado na pessoa de tantos oprimidos
aguarda ser transfigurado pela nossa ação.

DOMINGO 2 del Tiempo de Cuaresma (http://www.homilia.org/)

Las Lecturas de este Segundo Domingo del Tiempo de Cuaresma nos hablan de cómo debe ser nuestra respuesta al llamado que Dios hace a cada uno de nosotros ... y cuál es nuestra meta, si respondemos al llamado del Señor. En la Primera Lectura del día de hoy vemos a Abraham siendo probado en su fe y en su confianza en Dios. En el Evangelio se nos narra la Transfiguración del Señor.
En la Primera Lectura se nos habla de Abraham, nuestro padre en la fe. Y así consideramos a Abraham, pues su característica principal fue una fe indubitable, una fe inconmovible, una fe a toda prueba. Por eso se le conoce como el padre de todos los creyentes. Y esa fe lo llevaba a tener una confianza absoluta en los planes de Dios y una obediencia ciega a la Voluntad de Dios.
A Abraham Dios comenzó pidiéndole que dejara todo: “Deja tu país, deja tus parientes y deja la casa de tu padre, para ir a la tierra que yo te mostraré” (Gen. 12, 1-4). Y Abraham sale sin saber a dónde va.
Ante la orden del Señor, Abraham cumple ciegamente. Va a una tierra que no sabe dónde queda y no sabe siquiera cómo se llama. Deja todo, renuncia a todo: patria, casa, familia, estabilidad, etc. Da un salto en el vacío en obediencia a Dios. Confía absolutamente en Dios y se deja guiar paso a paso por El. Abraham sabe que su vida la rige Dios, y no él mismo.
¿Cuántos de nosotros nos parecemos a Abraham? Sería un buen programa durante esta Cuaresma tratar de parecernos a Abraham: confianza absoluta en Dios, entrega incondicional a su Voluntad, renuncia de uno mismo, aceptación total de los planes de Dios …
A Abraham Dios le había prometido que sería padre de un gran pueblo. Y Abraham cree, a pesar de que todas las circunstancias parecen contrarias a esta promesa. Por un lado, su esposa Sara es estéril y él ya cuenta con la edad de 75 años para el momento de la promesa. Pero Abraham cree por encima de las circunstancias humanas.
Pasa el tiempo ... pasa bastante tiempo, desde que Dios le hizo su promesa a Abraham ... pasan ¡24 años! ... Ya Abraham tiene 99 años ... y Sara sigue estéril. En esas condiciones y en ese momento tiene lugar una visita del Señor a la tienda de Abraham. Al final de la visita le dice: Cuando vuelva a verte, dentro del tiempo de costumbre, Sara habrá tenido un hijo.
Y, como para Dios no hay nada imposible, así fue: al año siguiente, a un hombre de 100 años y a una mujer estéril de 90, les nace un hijo (Isaac), el hijo por el cual la descendencia de Abraham será tan numerosa como las estrellas del cielo, el hijo por el cual será Abraham padre de un gran pueblo, padre de todos los creyentes.
Han sido 24 años de larga espera. Y cuando lo que era difícil parecía ya imposible, Dios cumple su promesa. La lógica de Dios es distinta a la lógica humana. Los planes de Dios son diferentes a los planes de los hombres. Los planes de Dios no se realizan como el hombre quiere, sino como Dios quiere. Los planes de Dios no se realizan tampoco cuando el hombre quiere o cree, sino cuando Dios quiere.
A veces nos es más fácil hacer lo que Dios quiere, que hacer las cosas cuando Dios quiere. A veces nos es más fácil cumplir la Voluntad de Dios, que tener la paciencia para esperar el momento en que Dios quiere hacer su Voluntad.
Abraham creyó y esperó: creyó contra toda apariencia, esperó contra toda esperanza ... y también esperó el momento del Señor.
Dios le exigió mucho a Abraham, pero a la vez le promete que será bendecido y que será padre de un gran pueblo.
Sin embargo, comienza a crecer Isaac, el hijo de la promesa. Cuando ya todo parece estar estabilizado, Dios interviene nuevamente para hacer una exigencia “ilógica” a Abraham: le pide que tome a Isaac y que se lo ofrezca en sacrificio.
Este tal vez sea uno de los episodios más conmovedores de la Biblia (Gen. 22, 1-2.9-18). Dios vuelve a exigirle todo a Abraham. Ahora le pide la entrega de lo que Dios mismo le había dado como cumplimiento de su promesa: Isaac debe ser sacrificado. Abraham obedece ciegamente, sin siquiera preguntar por qué. Sube el monte del sacrificio para cumplir el más duro de los requerimientos del Señor. Y en el momento que se dispone a sacrificar a su hijo, Dios lo hace detener.

Dios requirió de Abraham una entrega total: le pidió el todo. Abraham creyó, esperó y obedeció. Así debe ser nuestra fe: inconmovible, indubitable, sin cuestionamientos, confiada en los planes y en la Voluntad de Dios, dispuesta a dar el todo a Dios. Una fe confiada en que Dios sabe exactamente lo que conviene a cada uno: una fe ciega.
Abraham respondió a un Dios desconocido para él -pues Abraham pertenecía a una tribu idólatra. Pero nosotros hemos conocido la gloria de Dios, que fue experimentada por los Apóstoles después de la Resurrección del Señor, pero aún antes, en los momentos de su Transfiguración ante Pedro, Santiago y Juan. Jesucristo lleva a estos tres Apóstoles al Monte Tabor y allí les muestra el fulgor de su divinidad. (Mc. 9, 2-10)
Si Abraham respondió con tanta confianza y tan cabalmente al llamado de Dios, un Dios desconocido para él ¡cómo no debemos responder nosotros que hemos conocido a Cristo!
Abraham fue probado en su fe y en su confianza en Dios, al exigirle que sacrificara a Isaac, el hijo de la promesa. Los Apóstoles, Pedro, Santiago y Juan fueron fortalecidos en su fe cuando Jesús se transfiguró delante de ellos. Es lo que el Evangelio nos relata: Jesucristo se los lleva al Monte Tabor y allí les muestra el fulgor de su divinidad. (Mc. 9, 2-10)

Con motivo de lo que sucedió en la Transfiguración, es bueno recordar lo que en Teología llamamos la Unión Hipostática, término que describe la perfecta unión de la naturaleza humana y la naturaleza divina en Jesús.
De acuerdo a esta verdad, el alma de Jesús gozaba de la Visión Beatífica, cuyo efecto connatural es la glorificación del cuerpo. (Es lo que sucederá a todos los salvados después de la resurrección al final de los tiempos).
Sin embargo, este efecto de la glorificación del cuerpo no se manifestó en Jesús, porque quiso durante su vida en la tierra, asemejarse a nosotros lo más posible. Por eso se revistió de nuestra carne mortal y pecadora (cf. Rm. 3, 8). Se asemejó en todo, menos en el pecado.
Pero en la Transfiguración quiso también mostrar a tres de sus Apóstoles algo su divinidad, luego de haber anunciado a los doce su próxima Pasión y Muerte.
Quiso el Señor con su Transfiguración en el Monte Tabor animarlos, fortalecerlos y prepararlos para lo que luego iba a suceder en el Monte Calvario.
En efecto, en el Tabor, Pedro, Santiago y Juan, pudieron contemplar cómo el alma de Jesús dejó trasparentar a su cuerpo un “algo” de su gloria infinita.
Los tres quedaron extasiados. Y eso que Jesús sólo les había dejado ver un poquito de su gloria, pues ninguna creatura humana habría podido soportar la visión completa de su divinidad, según sabemos de lo dicho por Yavé a Moisés (cf. Ex. 33, 20).
La gloria es el fruto de la gracia. Así, la gracia que Jesús posee en medida infinita, le proporciona una gloria infinita que le transfigura totalmente. Fue algo de lo que El quiso mostrarnos en el Tabor.
Guardando las distancias, algo semejante sucede en nosotros cuando verdaderamente estamos en gracia. La gracia nos va transformando. Pudiéramos decir que nos va transfigurando, hasta que un día nos introduzca en la Visión Beatífica de Dios.
Si esto es así, apliquemos lo mismo a lo contrario. ¿Qué efecto tiene el pecado en nuestra alma? Nos desfigura, nos oscurece. Y nos daña de tal manera que, si nos descuidamos, nos puede desfigurar tanto, que podría llevarnos a la condenación eterna.
Ahora bien, Tabor y Calvario van juntos. No hay gloria sin sufrimiento. No hay resurrección sin cruz.
Con sus enseñanzas y con su ejemplo, Jesucristo quiso decirle a los Apóstoles que han tenido la gracia de verlo en el esplendor de su Divinidad, que ni El -ni ellos- podrán llegar a la gloria de la Transfiguración -a la gloria de la Resurrección- sin pasar por la entrega absoluta de su vida, sin pasar por el sufrimiento y el dolor.
A San Pedro le gustó mucho la visión de la Transfiguración y quería quedarse allí. “¡Qué bueno sería quedarnos aquí!” (Mt. 17, 4.) Pero ese anhelo fue interrumpido por la misma voz del Padre: “Este es mi Hijo amado en Quien tengo puestas mis complacencias. Escúchenlo” (Mt. 17, 5).
Cuando Pedro pide quedarse disfrutando en el Tabor, gozando de esa pequeña manifestación de la divinidad, Dios mismo le responde, diciéndole que escuche y siga a su Hijo. No pasó mucho tiempo para que San Pedro y los demás supieran que seguir a Jesús significa subir también al Calvario.
Si en el Cielo la felicidad completa y eterna será la consecuencia de la posesión de Dios, de la Visión Beatífica, aquí en la tierra los momentos de felicidad espiritual son sólo impulsos para entregarnos con mayor generosidad a Dios y a su servicio.
Después de la Transfiguración, los tres discípulos levantaron los ojos y vieron sólo a Jesús. Ya no estaban Moisés y Elías. Ya no irradiaba el Señor su Divinidad.
No importa que nos falte todo, que se deshaga todo, que se interrumpa todo, que no tengamos consuelos espirituales, ni muchos momentos felices, o –al contrario- que tengamos muchos momentos de sufrimiento. No importa la situación, no importa la circunstancia. Puede ser en el Tabor o en el Calvario. Sólo Dios basta.
Recordemos el poema teresiano:
Nada te turbe.Nada te espante.Todo se pasa.Dios no se muda.La paciencia todo lo alcanza.Quien a Dios tiene, nada le faltaSólo Dios basta.
Volvamos a Abraham. Renuncia a sí mismo fue lo que Dios pidió a Abraham ... y Abraham dejó todo y aceptó todo. Respondió sin titubeos y sin remilgos, sin contra-marchas y sin mirar a atrás.
Esa renuncia de nosotros mismos es algo que el Señor nos pide especialmente en esta Cuaresma. Esa renuncia a nosotros mismos es lo que nos pide el Señor para poder llegar a la gloria de la Resurrección.
No hay resurrección sin muerte de uno mismo y tampoco sin la cruz de la entrega absoluta a la Voluntad de Dios.
Esa entrega requerida para llegar a la Visión Beatífica nos la muestra Abraham, padre de los creyentes, que dejó todo y aceptó todo a petición de Dios. Y nos la muestra, por supuesto, el mismo Jesucristo con su entrega absoluta a la Voluntad del Padre, hasta llegar a la muerte en la cruz, para luego resucitar glorioso y transfigurado.
Y esa resurrección la ha prometido a todo aquél que también cumpla la Voluntad de Dios.

2o Domingo da Quaresma (vocacoes.com.br

A transfiguração
O evangelista Marcos situa a transfiguração de Jesus logo após o diálogo com Pedro e os discípulos, no caminho de Cesareia de Felipe. Nesse trecho do Evangelho, Jesus revela que, mesmo passando pelo suplício da cruz, não será derrotado pelas forças da morte. Diante dos apóstolos escolhidos, é mostrada a condição divina do Senhor, compatível com o anúncio da Paixão que lhes acabava de fazer (8,31s). Jesus convida, de fato, Pedro, Tiago e João e retira-se com eles a um lugar à parte. Sem dúvida, a prática era conhecida. Os mestres da época, quando desejavam comunicar algo particular aos discípulos, retiravam-se para lugares isolados que favorecessem a intimidade. Jesus encontra-se com os discípulos em uma alta montanha, num ambiente favorável à manifestação e ao encontro com o divino. O Mestre transfigura-se diante deles. Suas vestes ficam brancas, isto é, a glória de Deus, manifestam-se aos olhos dos discípulos. Cheios de alegria e felicidade, eles contemplam Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas, conversando com Jesus. Ele está em perfeita continuidade com as Escrituras e seu caminho está de acordo com a vontade do Pai. Contudo, Jesus será perseguido e rejeitado, a exemplo dos antigos personagens da Lei e dos Profetas, mas Deus será seu amparo. Em um verdadeiro momento de arrebatamento, Pedro propõe a Jesus a edificação de três tendas, pois, no seu pensar, era chegado o tempo do descanso e da festa perene em que todos os povos se encontrariam em Jerusalém (cf. Zc 14,16-19). O discípulo ainda não tinha entendido que isso seria possível só pelo caminho da cruz. O Cristo desfigurado da cruz brilhará na glória da ressurreição. A transfiguração de Jesus lembra-nos de que na vida só é possível transformar-nos e sonharmos com um mundo onde reinam a segurança, a justiça e a paz se tivermos bem presente a meta do que desejamos alcançar, sem nunca perdermos de vista o horizonte de um futuro melhor. A transfiguração de Jesus é uma Boa-Nova de encorajamento diante das desfigurações cotidianas provocadas pela indústria do medo e da violência que geram a insegurança. Enquanto aguardamos esse tempo, precisamos descer da montanha e enfrentar os conflitos e tensões da planície. O mistério da cruz revela o significado mais profundo do amor!

2º Domingo da Quaresma (Santo Ambrósio)

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja Comentário sobre o Evangelho de Lucas, VII, 9s (trad. Brésard, 2000 ans B, p. 92 rev.)
«Transfigurou-Se diante deles. As Suas vestes tornaram-se resplandecentes.»
Foram três os escolhidos para subir à montanha, dois para aparecer com o Senhor. [...] Sobe Pedro, ele que recebeu as chaves do Reino dos Céus, sobe João, a quem será confiada a Mãe de Jesus, e sobre Tiago, que será o primeiro a ascender à dignidade de bispo. Em seguida, aparecem Moisés e Elias, a lei e a profecia, com o Verbo. [...] Subamos, também nós, à montanha, imploremos ao Verbo de Deus que nos apareça em todo o Seu esplendor e em toda a Sua beleza, que seja forte, que avance pleno de majestade e que reine. [...]Pois, se não subires ao cume de um saber mais elevado, a Sabedoria não te aparecerá, nem te aparecerá o conhecimento dos mistérios. Não conhecerás o esplendor e a beleza que estão contidos no Verbo de Deus; não, o Verbo de Deus há-de aparecer-te num corpo «sem figura nem beleza» (Is 53, 2). Aparecer-te-á como um homem abatido, capaz de sofrer as nossas enfermidades (5); aparecer-te-á como uma palavra nascida do homem, tapada pelo véu da letra, que não resplandece com a força do Espírito (2Cor 3, 6-17). [...]No sopé da montanha, as Suas vestes são diferentes do que são no alto. As vestes do Verbo são talvez as palavras das Escrituras, vestindo por assim dizer o pensamento divino; e, assim como apareceu a Pedro, a Tiago e a João com outro aspecto, com vestes resplandecentes de brancura, assim também, aos olhos do teu espírito se ilumina já o sentido das Escrituras. As palavras divinas tornam-se como uma neve, as vestes do Verbo «de tal brancura que lavadeira alguma da terra as poderia branquear assim». [...] «Formou-se, então, uma nuvem que os cobriu com a sua sombra», sombra que é a do Espírito divino, que não vela o coração dos homens, antes revela aquilo que está oculto. [...] Bem vês que, não só para os principiantes, mas também para os perfeitos, e mesmo para todos os habitantes do céu, a lei perfeita consiste em conhecer o Filho de Deus.

2* Domingo da Quaresma

No segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projectos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projecto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão como paradigma de uma certa atitude diante de Deus. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total (mesmo quando os planos de Deus parecem ir contra os seus sonhos e projectos pessoais). Nesta perspectiva, Abraão é o modelo do crente que percebe o projecto de Deus e o segue de todo o coração.A segunda leitura lembra aos crentes que Deus os ama com um amor imenso e eterno. A melhor prova desse amor é Jesus Cristo, o Filho amado de Deus que morreu para ensinar ao homem o caminho da vida verdadeira. Sendo assim, o cristão nada tem a temer e deve enfrentar a vida com serenidade e esperança.
cf.www.ecclesia.pt