sexta-feira, 10 de agosto de 2007

19° Domingo do Tempo Comum (Pe Carlo)

«Não tenhais medo», palavras tão simples e fortes que evocam paz, até num coração ferido pelas vicissitudes da vida; palavras que mantêm vivo o calor firme da mão da mãe que segura o seu filho que dá os primeiros passos. Palavras que ficam impressas em nosso inconsciente e que precisamos ouvir. Sim, todos sentimos a necessidade que alguém nos diga: “não tenha medo”; até aquele que nunca abaixou o olhar diante de alguém, aquele pelo qual quase tudo é possível, este também deve curvar-se ao medo. Palavras que nos recordam que não estamos sozinhos e que têm o poder de nos re-introduzir na solidariedade, da qual não confiamos mais quando o medo mostra o seu poder. Medos exteriores e medos interiores aprisionam aquilo que no homem é destinado ao infinito, prendem a pessoa dentro de si mesma; medo de opiniões, medo de se deixar conhecer, medo de não poder, medo de olhar para a própria limitação, para a finitude do corpo, do tempo... O medo é a razão da ganância que gera aquele desejo desenfreado de reconhecimento, de prestígio, de colocação; é a fonte da cobiça e da inveja que corroem progressivamente a paz. A leitura do domingo passado nos mostrou alguns aspectos desta doença que aflige a pessoa. Ao contrário, as palavras com as quais se abre o nosso trecho são o sintoma de um homem que se re-coloca na sua correta posição, tanto em relação à solidariedade humana quanto em relação a Deus. Esta correta relação, na linguagem bíblica é chamada “piedade”; o homem “pio” (pius, em latim) é aquele que está consciente de quem ele é, reconhece e vive a correta posição com os outros e com Deus. O homem “pio” é aquele que se deixa dizer: «Não tenha medo»; não se envergonha de que alguém tenha percebido o seu medo e lhe recorde que não está sozinho no mundo. O homem pio sabe que é «pequeno» e por isto aceita o que é.
A leitura dos Evangelhos é manifestamente expressiva de quanto Jesus se sentia livre em dizer estas palavras aos seus, e somente aos seus; principalmente nos momentos mais difíceis, nos momentos em que o projeto de Deus parecia tão estranho e incompreensível. «Não tenha medo», são palavras que aceitamos de quem nos ama e de quem nos sentimos amados; por isto Jesus se sentia livre em dize-lo ao seu «pequeno rebanho» que, embora não entendendo muito à respeito da experiência que Jesus lhes oferecia, todavia sentiam-se amados indiscutivelmente. Quando não houver uma relação anterior e íntima, estas palavras são inúteis, insignificantes, porque na verdade não comunicam aquele amor que, único, pode nos dar a força de superar o que é maior de nós mesmos. Poder dizer a alguém: «Não tenha medo» é sinal de real amizade, de comparticipação; é algo que alcança a mais profunda solidariedade humana, pois todos somos acomunados per esta mesma sensação. Os Evangelhos nos falam do medo dos Apóstolos, dos discípulos, do próprio Jesus (Mc. 14,33). Sentir medo nunca é um problema, a questão é o que fazer com ele; a arrogância impávida, esta sim é um problema.
O trecho de hoje se apresenta, nesta ótica, como resposta ao exemplo que o mesmo Jesus havia dado com a parábola do domingo passado: o que põe fim ao medo é unicamente a certeza da providência de Deus, a qual é a linguagem que somos capazes de entender para manifestar a sua firme amizade. Somente a certeza de que o Pai não O deixaria desamparado deu ao Senhor a força de continuar até às últimas conseqüências um caminho que O deixaria ainda com uma última pergunta nos lábios: «Pai, porque...?». Providência não é resposta às perguntas; mas a certeza da Providência é maior que qualquer pergunta. A providência não é a esperança de uma intervenção “mágica” de Deus, mas sim é o resultado de uma história construída juntos, lado a lado nos momentos mais complicados. Uma história que não o pode ser apagada e por isto o seu resultado é fiel até o fim. A providência é a certeza da continuidade do amor, mesmo quando isto não seja tão facilmente visível. É tudo quanto restou a Jesus no último momento de sua vida.
Se, às vezes, imaginamos a providência de Deus como o ato com o qual Ele resolve o nosso problema imediato, evidentemente alguma coisa precisa ser mudado em nós, esta é irresponsabilidade, leviandade. Ao contrário, a Providência é uma atitude responsável e livre de Deus que responde a uma recíproca relação de entrega. Somente quando souber de ter realmente consignado a minha vida a Deus poderei ter realmente conhecer e ter a certeza da Sua providência; foi assim que fizeram os Santos. Enquanto mantivermos a nossa vida em balanço entre as seguranças dos bens e “o Bem”, não haverá como experimentar que Deus provê. É por isto que ouvimos de Jesus: «Coloquem à venda os vossos bens... Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.»; «Que vossos rins estejam cingidos» (o que significa: “estejam prontos a partir”). É claro que aqui Jesus não nos impõe uma obrigação, o patrimônio é um direito natural -no entender da Escritura-; trata-se de um “conselho” (como é chamado pela tradição da Igreja e no Magistério que diz respeito à Vida Religiosa), é o conselho que Jesus dá para podermos assim fazer experiência da bondade do Pai, que não deixa sozinho quem a Ele se entrega. É a possibilidade de estabelecer um laço sempre mais profundo e forte, de amorosa e livre dependência, de entrega e pertença, como num matrimônio no entender dos Profetas (por exemplo Os. 2). É a possibilidade de conhecer até onde vai a “benevolência” que Deus tem para conosco e, esta, é tanto mais profundamente percebida por nós quanto mais estrita for a relação de reciprocidade, bem como lapidariamente descreve a Escritura: «A benevolência do Senhor é assegurada aos homens piedosos. O seu favor os torna alegres e felizes» (Eclo. 11,17). Como aqui, também nos lábios de Jesus certeza da Providência é associada a um conceito de grandíssimo relevo e de longa história que ressoa assim: «Foi do agrado de Deus dar a vocês...». Conhecer a providência de Deus é por um lado fruto da correta posição na qual o homem se coloca, por outro, não se pode esquecer que nasce da certeza de um amor privilegiado por parte do Senhor. Ao ser anunciada ao mundo a vinda do Salvador, os anjos o fazem com estas palavras: «Glória a Deus no mais alto dos céus e paz aos homens objeto da benevolência de Deus» (Lc. 2,14) ora, aqui Jesus usa o mesmo verbo (eudokhsen) quando diz: «foi do agrado do Pai». Literalmente significa “decidir em favor de....”, “se agradar com...” e indica a plena liberdade de Deus quando escolhe. Pois bem, estamos diante de uma inexplicável atitude de Deus com a qual Ele escolhe um caminho, um instrumento, antes que outro para implantar o seu Reino. O «pequeno rebanho» é, então o instrumento que Deus escolheu com a sua profunda liberdade, -sem precisar dar explicações a alguém- para que a salvação entre a fazer parte da vida da humanidade na sua história. Jesus usa esta mesma expressão quando se alegra pelo fato de o Pai ter «revelado aos simples» (Lc. 10,22) o Reino; é a mesma que o povo ouve o Pai dizer de Jesus em seu batismo (Lc. 3,22). O verbo expressa a absoluta escolha que Deus pode fazer quanto aos caminhos que a Salvação percorrerá enquanto estiver sendo oferecida aos homens. Porque Deus “se agradou” com a oferenda de Abel e não da de Caim? Porque «O Senhor se agradou com Ele pelas suas dores» (Is. 53,10)? Porque «Foi do agrado de Deus salvar o mundo com a loucura da pregação» (1Cor.1,21)?
Deus escolhe e escolhe com a sua absoluta liberdade.
É evidente como as nossas tentativas de dar respostas sejam totalmente insuficientes e, não obstante, nós procuramos ainda explicações atribuindo a Deus qualquer uma delas. Foi assim que nasceram entre os hebreus as categorias de pessoas “abençoadas” e “amaldiçoadas” por Deus (o que se repete hoje numa certa teologia da prosperidade pregada pelas seitas religiosas): pobreza e doença são, nesta ótica, resultado do castigo de Deus ou da culpa cometida. Jesus mostrou claramente como isto é totalmente inconsistente (cfr. Jo.9,3).
Aquele Deus que «escolheu o que é fraco para confundir os fortes» é o mesmo que escolheu o «pequeno rebanho» para levar a cumprimento o seu projeto e a sua oferta a toda a humanidade. Nota-se, no entanto um certo desconforto, um certo sentido de embaraço generalizado, em levar a serio esta “decisão em favor de” expressa pelas palavras de Jesus. É comum entre os cristãos a atitude de evitar o assunto do “privilégio”, mais ainda quando se trata de um cristão que se manteve fiel àquela comunidade de fé que Jesus desejou. Quão é estranha esta atitude! E pensar que foi justamente a consciência de possuir um tesouro dado gratuitamente, um privilégio não concedido a todos, a força que impulsionava a missão da Igreja primitiva!
É lógico que “privilégio” não pode ser confundido com “merecimento” pois, deste modo sim estaríamos cometendo uma presunçosa injustiça. Ser objeto da benevolência específica de Deus é uma honra, uma grande responsabilidade. Não é um ato com o qual Deus, pressupostamente, reconhece a superioridade das nossas qualidades; cabe aqui lembrar que Deus escolheu realmente o que é mais fraco, o que é mais sujeito à fragilidade, e não o que é “melhor”. Em todo caso, não reconhecer a “benevolência” de Deus é desconhecer a escolha que Ele fez; é desconhecer a nossa condição de instrumento que vale justamente porque é frágil. Este delicado equilíbrio entre a consciência de ter sido escolhida gratuitamente por Deus e a própria fragilidade é parte de uma das mais bonitas composições dos textos da Escritura: o Magnificat de Maria.
Lembremos sempre e com humildade o ato de gratuito amor com o qual o Senhor quis nos envolver naquele projeto que terá um êxito de felicidade para todo homem que a este se abrir. Sejamos orgulhosos e humildes, como Maria, porque adotar a lógica de Deus e não vender-se às culturas massificadoras (como eram chamada nos anos ’60) ou “globalizantes” (com um termo mais moderno e elegante) é sinal de que o nosso coração está realmente onde está o nosso tesouro: com Deus.


Vigilância -- 19° Domingo do Tempo Comum

Vigilância
Por várias sentenças, Jesus anima os discípulos como pequeno rebanho a permanecerem firmes na fé. Na conjuntura econômica e política da sociedade mediterrânea dominada pelo Império Romano, a pequena comunidade dos discípulos (a comunidade evangelizada por Lucas) sente-se insegura e impotente diante do mal causado pelas falsas ilusões das riquezas e do bem-estar promovido por elas. "Não tenha medo, pequeno rebanho". Jesus, além de exorcizar o medo, ajuda a comunidade dos pequenos a se assumir como herdeira do Reino e a organizar um estilo novo de viver as relações econômicas e sociais. "Vendam todos os seus bens... onde está o seu coração, aí estará também seu coração". A vida e a missão são maiores que as riquezas transitórias. Por isso, elas não podem ser asfixiadas pelos bens passageiros. O que importa é fazer das riquezas um meio qualificado de vida e de serviço aos outros. Quem abandona o coração aos cuidados dos bens passageiros, vivendo em função destes e do bem-estar que proporcionam, perde a oportunidade de conquistar o Reino. Jesus incentiva ainda os discípulos à prontidão, à vigilância e ao engajamento. "Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas. Sejam como homens que estão esperando o seu Senhor voltar da festa de casamento". Ter rins cingidos significava estar em atitude de prontidão, com o ventre enfaixado ou protegido em trajes de trabalho, ou de combate, estando prontos para a luta. As lâmpadas acesas evocam estar em posição de vigilância, em condições de agir independentemente da situação. O vigiar à noite é sempre mais difícil que em pleno dia. Contudo, todo momento é tempo de vigilância. Dificilmente, alguém conhece, antecipadamente, a hora em que o ladrão chega para roubar. O discípulo caracteriza-se pela constante prontidão e vigilância. No entender de Jesus, o tempo do Reino é sempre atual, presente. Não há um cronograma para se praticar o bem ou se evitar o mal. Todo momento é tempo do Reino, e cabe ao discípulo estar preparado, vigilante e ativo. "Vocês estejam preparados" para toda a surpresa. O Senhor retornará e feliz aquela a quem ele encontrar vigilante. O dia do retorno do Senhor não deveria ser aguardado com temor, mas com a alegria do feliz reencontro. Por meio de diversos sinais, fatos e pessoas, o Senhor nos avisa que a sua vinda está próxima. O problema talvez resida no desconhecimento de sua vontade e na incapacidade de saber discernir ou perceber os sinais dos tempos. Somente quem está preparado, vigilante e ativo vai ver, ouvir e receber a auspiciosa Boa-Nova: você foi escolhido e a você será confiada a administração dos bens do Reino!

"O bom testemunho da fé” 19° Domingo do Tempo Comum

Uma fé vigilanteNo caminho para Jerusalém, Jesus continua a instrução dos discípulos. Reflete com eles sobre o uso dos bens e sobre a confiança. Jesus explicou o grande valor da confiança em Deus (Lc 12,32-48): Se o Pai veste e cuida das flores e dos pássaros, que são tão belos e vivem felizes, quanto mais de nós! Não precisamos nos preocupar nem ter medo, pois o Pai nos dará muito mais, o Reino. Nele deve estar nosso coração, pois é nosso tesouro (Lc 12,22-34). A fé exige despojamento para colocar no Reino nossa riqueza. O uso dos bens se faz pela caridade para que a vida seja boa para todos. Nada de cobiça e acúmulo desnecessário! Com nossos bens compramos o “tesouro” (Lc 12,32-34). Lembremo-nos da parábola do tesouro e da pérola pelos quais vale perder tudo (Mt 13,44-45). A atitude de confiança e entrega nas mãos do Pai leva-nos a estar vigilantes, quer dizer, não perder a direção de nossa escolha. A carta aos Hebreus (11,1-40) descreve como os antepassados viveram pela fé e por ela regularam suas vidas. A fé conduz a atitudes coerentes. Ela era uma força interior que os animava, mesmo sem terem chegado a conquistar a realização das promessas. A fé nos convida à vigilância, esperando o Senhor chegar a qualquer momento (Lc 12,35). Quem espera está pronto: “com os rins cingidos e as lâmpadas acesas”. A vigilância tem como fruto a comunhão com o Senhor. “Ele próprio nos fará sentar à mesa e nos servirá” pois a Sabedoria nos preparou um banquete (Pr 9,1-6). A fé vigilante espera a cada momento o Senhor. A abertura ao encontro com Deus não é um medo de um final perigoso, mas é um presente como tempo oportuno, o hoje de Deus.A unidade na mesma féA Palavra do livro da Sabedoria relata que os sofredores se uniram, fizeram uma aliança entre si, ofereceram sacrifícios e puseram seus bens em comum. Assim, mesmo sofrendo, já cantavam as vitórias de Deus (Sb 18,6-9). A fé os fortaleceu, pois tinham esperança na ação de Deus. Os antepassados foram capazes de caminhar, não só espiritualmente, mas também fisicamente, sem chegar à realização da promessa. Buscavam uma cidade que estava por vir, como Abraão (Hb 11,10); Moisés caminhava como se visse o invisível (27). Tantos justos perseguidos viviam escondidos nas tocas e desertos, eles, de quem o mundo não era digno, uniram-se em torno da mesma fé (36-38). Unidos fortaleceram sua fé e decisão pelo que esperavam. A fé nos une, pela caridade, em um único corpo que espera vigilante a vinda do Senhor. Muito será exigido dos responsáveisA Palavra do Evangelho continua a explicitar a responsabilidade dos que dirigem o povo de Deus. Pedro pergunta se a parábola se refere a eles também. Jesus afirma maior responsabilidade e conclui dizendo que “a quem muito foi dado, muito será pedido. A quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc 12,41.48). Essa Palavra aprova os bons administradores do povo de Deus e convoca a uma atitude de vigilância muito maior, pois a ele foi confiada a guarda do povo de Deus. Por essas palavras entendemos que o apóstolo, e todo aquele que tem responsabilidade sobre o povo de Deus, deve ser um homem ou mulher de fé coerente e arrojada. As palavras de Jesus, não tenhais medo, referem-se também a eles. Não é possível conduzir o povo sem uma santidade consistente e arrojada. A fé celebra a Eucaristia para viver na aliança com Deus e entre si, para suportar os sofrimentos e estar pronto para o momento que o Senhor chegar. Leituras: Sabedoria 18,6-9; Salmo32; Hebreus 11,1-2.8-12; Lucas 12,32-48Ficha:1. Jesus instrui os discípulos. Fala-lhes sobre o uso dos bens e da confiança. Orienta-nos a ter confiança, pois nos dará o Reino, nosso tesouro. O caminho da fé exige despojamento para por no Reino nossa riqueza. A confiança exige de nós a vigilância, isto é, não perder a direção de nossa escolha. O Senhor pode chegar a qualquer momento. Quem vigia tem os rins cingidos e as lâmpadas acesas, sempre pronto. Ele, quando chegar, vai nos introduzir em sua comunhão. 2. O livro da Sabedoria relata os antepassados perseguidos que se uniram em uma aliança, ofereceram sacrifícios secretamente e fizeram uma vida comum. Podiam já cantar as vitórias de Deus. A fé os fortaleceu, pois tinham esperança na ação de Deus. É necessária a união na fé. 3. A Palavra de Deus confere ao servidor do Senhor uma responsabilidade maior, pois a quem muito foi dado, muito será exigido. Ela convoca assim a uma atitude de vigilância exata, pois não é possível dirigir o povo sem uma santidade consistente e arrojada.

DOMINGO 19 del Tiempo Ordinario - Ciclo "C" -

La Fe es un don de Dios. Es cierto. La Fe es una virtud. También es cierto. La Fe es un acto de la voluntad. Cierto también. Pero la Fe es, además, de acuerdo a las Lecturas de hoy, una actitud muy inteligente, porque por medio de la Fe recibimos por adelantado lo que esperamos poseer. ¿Que ... cómo es esto?
Nos dice San Pablo en la Segunda Lectura: “La fe es la forma de poseer, ya desde ahora, lo que se espera y de conocer las realidades que no se ven” (Hb. 11, 1-2.8-19). Y ¿qué es lo que esperamos? Nada menos que el Reino de Dios. Y eso tendremos ... si creemos ... y si actuamos de acuerdo a esa Fe. Jesús mismo nos lo ha prometido al comienzo del Evangelio de hoy: “No temas, rebañito mío, porque mi Padre ha tenido a bien darte el Reino” (Lc. 12, 32-48).
En las Lecturas de este domingo vemos, entonces, la conexión entre la Fe y la Esperanza. Esperamos porque creemos, ya que lo que esperamos no lo vemos ... al menos no claramente. Por la Fe creemos, entonces, en lo que no se ve. Creemos en lo que, sin comprobar, aceptamos como verdad. Creemos, además, en lo que esperamos recibir en la Vida que nos espera después de esta vida, aunque no lo veamos y aunque no lo podamos comprobar.
Es decir, por la Fe podemos comenzar a gustar desde aquí lo que vamos a recibir Allá. Podemos comenzar a recibir por adelantado lo que luego tendremos en forma perfecta. Podemos comenzar a disfrutar en forma velada lo que se llama la “Visión Beatífica”, el ver a Dios “cara a cara” (1 Cor. 13, 12), “tal cual es” (1 Jn. 3, 2). De allí que la Iglesia Católica se atreva a decirnos en el Catecismo: “La Fe es, pues, ya el comienzo de la Vida Eterna” (CIC # 163).
“Ahora, sin embargo, caminamos en la Fe, sin ver todavía” (2 Cor. 5, 7), y conocemos a Dios “como en un espejo y en forma opaca, imperfecta, pero luego será cara a cara. Ahora solamente conozco en parte, pero entonces le conoceré a El como El me conoce a Mí” (1 Cor. 13, 12-13). (cf. CIC #164)
Hay que vivir en Fe, aunque por ahora no podamos ver claramente, sino en forma opaca, imperfecta. A veces la Fe puede hacerse muy oscura. Puede ser puesta a prueba. Las circunstancias de nuestra vida pueden tornarse difíciles y entonces lo que creemos por Fe y lo que esperamos por Esperanza, podría opacarse, podría hasta esconderse. Es el momento, entonces, de afianzar nuestra Fe.
De allí que mucha gente exclame ante ciertas situaciones: ¿Cómo se puede vivir sin Fe? ¿Cómo hubiera hecho si no tuviera Fe?
Sabemos que la Fe es un regalo de Dios. Y eso significa que tenemos toda su ayuda para que creamos en lo que esperamos y para que nuestra Fe no desfallezca nunca, aún en medio de las más complicadas situaciones.
Entonces nos toca imitar la Fe de la Santísima Virgen María que tuvo Fe en el momento increíble, pero gozoso, de la Anunciación. Y esa Fe suya no desfalleció jamás, ni siquiera en los momentos más dolorosos del sufrimiento de su Hijo, ni en el momento de su ausencia cuando lo colocó en el sepulcro.
Nuestra Fe tiene que ser como la de la Virgen. La Fe no puede ser una actitud momentánea o de algunos momentos. La Fe no puede ir en marcha y contra-marcha. La Fe tiene que ir acompañada de la perseverancia ... hasta el final. Bien lo dice Jesucristo en el Evangelio de hoy: “Estén listos con la túnica puesta y las lámparas encendidas ... También ustedes estén preparados, porque a la hora que menos lo piensen vendrá el Hijo del hombre” (Lc. 12, 32-48).
Es seria esta advertencia del Señor: a la hora que menos pensemos vendrá Jesucristo, bien porque nos llegue el día de nuestra muerte, bien porque El mismo venga en gloria a juzgar a vivos y muertos. Y tenemos que estar preparados. Tenemos que vivir cada día de nuestra vida en la tierra como si fuera el último día de nuestra vida. Es la recomendación de ese gran Santo de la Iglesia, San Francisco de Sales.
En el Evangelio, además de las advertencias mencionadas, el Señor nos propone una parábola relativa a ese requerimiento de perseverancia y de preparación constante que debemos tener. Nos habla de dos administradores: uno honesto y diligente, y otro descuidado y desleal. Nos dice que será dichoso aquél a quien el jefe lo encuentre cumpliendo su deber. Pero el otro, el incumplido, parrandero e irresponsable, “recibirá muchos azotes”, porque, conociendo la voluntad de su amo, no la cumplió.
Y luego Jesucristo hace la salvedad con respecto de aquéllos que, sin conocer la voluntad de su amo hacen algo digno de castigo. Y nos informa que ésos también recibirán azotes, pero serán pocos. ¿Qué significa esto?
Jesús está refiriéndose al conocimiento que podemos tener los seres humanos sobre lo que es bueno y lo que es malo. Los que no saben lo que es la Voluntad de Dios, lo que es la Ley de Dios ¿por qué serán castigados también? Nos dice que recibirán poco castigo, pero también serán castigados.
Veamos ... Todo hombre o mujer sabe por su conciencia lo que es bueno y lo que es malo. De hecho lo que llamamos “conciencia” es la conexión que hay entre la Ley de Dios y nuestros actos. Y esa Ley de Dios está inscrita en el corazón de cada uno de nosotros. Es lo que se llama “Ley Natural”. La “conciencia” es, entonces, la aplicación de esa “Ley Natural” -que Dios ha inscrito en cada corazón humano- a los pensamientos, palabras y obras que realizamos los seres humanos.
Ahora bien, el hecho de que tengamos una “conciencia”, no hace que esa conciencia sea necesariamente correcta. ¡Es un error pensar así! Podemos tener una conciencia correcta o podemos tener una conciencia equivocada.
La conciencia equivocada es aquélla que, por ejemplo, considera que es permitido robar o fornicar. Como la conciencia nuestra se va formando por demasiadas informaciones contrapuestas -desde una propaganda en televisión inmoral o una noticia mal interpretada, hasta una Encíclica del Papa- es fácil ver cómo nuestra conciencia es capaz de errar. Todo esto para decir que nuestra conciencia no siempre es infalible.
El caso que menciona Jesús en el Evangelio de hoy podría ser el de una conciencia, que sin llegar a ser totalmente errónea, podría ser catalogada como una conciencia “laxa”. Este tipo de conciencia es aquélla que es permisiva, que juzga como no tan ilícito lo ilícito, o como leve lo que es grave.
Y ¿cómo puede llegarse a esto? Pues la persona comienza por permitirse faltas no muy graves, con lo cual va haciendo que su conciencia se haga algo insensible a ciertos pecados. También puede ser que lleve una vida muy mundana, frívola y sensual, o que haya descuidado la oración y los Sacramentos. La lujuria, por ejemplo, es un gran oscurecedor de la recta conciencia.
De allí que toda persona tenga la obligación de formarse una conciencia recta que esté de acuerdo a la verdad y a la Ley Divina, y no dejar que su conciencia se haga “laxa” o se desvíe completamente hacia el error.
¿Cómo lograr esto? Haciendo todo lo contrario a lo que son causas de una conciencia “laxa”: Evitar la mundaneidad, la frivolidad, la sensualidad. Evitar la lujuria. Orar con perseverancia y llevar una vida sacramental frecuente. Como mínimo la Misa de los domingos, pero no limitarnos a ese requerimiento.
Concluye Jesús diciéndonos en este Evangelio que “al que mucho se le da, se le exigirá mucho, y al que mucho se le confía, se le exigirá mucho más”.
Esto es muy justo y muy lógico, y no hay que tener temor a las exigencias que nos vienen con las muchas gracias que nos da el Señor cuando comenzamos a ponerlo a El en el primer lugar, cuando comenzamos a “acumular tesoros que no se acaban para el Cielo, allá donde no llega el ladrón, ni carcome la polilla”.
Cuando verdaderamente nos dedicamos a las cosas de Dios, a los “tesoros para el Cielo”, Dios nos regala muchas más cosas. Y, ciertamente, nos exigirá según todas esas cosas que nos ha dado. Pero ... ¿qué importa que nos exija? Es como el alumno, bien preparado en una materia, a quien no le importa que lo interroguen en cosas difíciles, pues está bien preparado.
La Primera Lectura del Libro de la Sabiduría (Sb. 18, 6-9) nos habla también de la Fe. Nos presenta la noche de la liberación del pueblo elegido, cautivo en Egipto.
Los egipcios no creyeron la palabra de Dios y, tal como había anunciado Yavé a través de Moisés, vieron morir a todos sus primogénitos. En cambio los hebreos, que sí creyeron en Dios, fueron preservados de esta amenaza y pudieron salir en libertad hacia el desierto, donde Yavé los guiaba para establecer su alianza con ellos, el pueblo elegido.
Sabemos que no siempre ese pueblo suyo le creyó y le fue fiel a Dios, pero toda la historia de Israel en el desierto es una historia basada en la fe o falta de fe de ese pueblo en Yavé, su Dios.
En la Segunda Lectura San Pablo desarrolla el tema de la Fe en varios momentos del pueblo elegido: desde Abraham hasta Isaac, hijo de éste. Y este recuento de San Pablo nos debe llevar a que, en los momentos de dudas y de exigencias, imitemos esa fe de Abraham.
No en vano Abraham es considerado nuestro padre en la Fe, porque creyó “esperando contra toda esperanza” (Rom. 4, 18) y, en confianza absoluta en Dios, “sin saber a donde iba, partió hacia la tierra que habría de recibir como herencia”.
Y cuando Dios lo puso a prueba, se dispuso a sacrificar a Isaac, su hijo único, con el cual se debía cumplir la promesa que Dios mismo le había hecho: una inmensísima descendencia que llevaría su nombre y que sería tan grande como las estrellas del cielo.
A Abraham no le importó lo que Dios le estaba pidiendo: simplemente confió en que si Dios se lo pedía, El sabría lo que iba a hacer.
Así debe ser nuestra fe: confiada, tan confiada como la de Abraham, quien confiaba hasta en que Dios podía cambiar su plan, podía revertir su promesa.
Con el Salmo 32 celebramos lo que Dios hace con su pueblo escogido, con nosotros, su Iglesia, con cada uno de nosotros. Somos dichosos porque El nos eligió. Y confiamos en que cuida a los que confían en su bondad ... aunque haya épocas de hambre. No importa. El Señor nos salva de la muerte, pues en El está nuestra esperanza. Si confiamos en El, nada importa.

S. Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir "Estai preparados"

O Senhor pensava no nossso tempo ao dizer: "O Filho do homem, quando voltar, encontrará fé sobre a terra?" (Lc 18,8) Vemos que esta profecia se está a realizar. O temor de Deus, a lei da justiça, a caridade, as boas obras, já ninguém acredita nisso... Tudo o que a nossa consciência havia de temer, se em tal acreditasse, não o teme, porque não acredita. Porque, se acreditasse, estaria vigilante; e, se estivesse vigilante, salvar-se-ia. Despertemos pois, irmãos, enquanto somos capazes. Sacudamos o sono da nossa inércia. Vigiemos observando e praticando os preceitos do Senhor. Sejamos tal qual Ele nos prescreveu que fôssemos quando disse: "Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor ao voltar da boda, para lhe abrirem a porta quando ele chegar e bater. Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes!" Sim, permaneçamos em traje de serviço com receio de que, quando vier o dia da partida, ele não nos encontre embaraçados e imobilizados. Que a nossa luz brilhe e irradie de boas obras, que ela nos encaminhe da noite deste mundo para a luz e para a caridade eternas. Esperemos com cuidado e prudência a chegada súbita do Senhor a fim de que, quando Ele bater à porta, a nossa fé esteja desperta para receber do Senhor a recompensa pela sua vigilância. Se observarmos estes mandamentos, se guardarmos estas advertências e estes preceitos, as manhas enganadoras do Acusador não poderão destruir-nos durante o sono. Mas, reconhecidos como servos vigilantes, reinaremos com Cristo triunfante.

19° Domingo do TC "Vós também, ficai preparados!"

Dia dos pais! Semana da família! Mês vocacional! E ao nosso redor... situações que nos desafiam a pensar sobre o momento presente como chance única para viver „nossa fé como modo de já possuir o que esperamos“ e como ocasião de ver onde está nosso coração. Sim, notícias repetidas do acidente aéreo em São Paulo e de situações de violência nos levam a nos perguntar como estamos vivendo o convite da liturgia deste domingo: „Vós também, ficai preparados“.
Neste domingo, Jesus nos dirige uma palavra de esperança, de desafio e de ameaça.
Ele começa dizendo a seus discípulos: „Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino“. Que palavra de esperança! Em um contexto em que o medo parece nos dominar, em que pais se sente inseguros na educação dos filhos, em que famílias parecem ruir... esta palavra nos enche de esperança. O Reino que o Pai quer nos dar é de vida, mais forte que a morte que nos rodeia; é de justiça, mais firme que a injustiça que parece prevalecer; de paz, mais serena que a guerra que ceifa em nossos dias tantas vidas.... O Reino que o Pai quer nos dar pede uma urgência em nossas opções... a urgência de discernir e assumir o essencial: „Vendei vossos bens e daí esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça roi“.
A palavra de esperança que brota dos lábios de Jesus é dita de maneira particular àqueles que hoje são festejados: os pais. Pais que se desgastam de trabalhar para dar aos seus filhos tudo do bom e do melhor e que no final passam pela vergonha de ver os próprios filhos agressivos, exigentes e violentos; pais que estão perplexos com uma geração sem perspectivas mas carregada de desejos e de resistências a atitudes de comunhão e solidariedade; pais que são pais antes da hora e que aprendem sua vocação/missão já com filhos que esperam sua pensão, sua presença, sua atenção...
É uma palavra de esperança que vem acompanhada de um desafio: „Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento para lhe abrirem, imediatamente a porta logo que ele chegar e bater“. Jesus nos desafia a viver neste tempo como quem cuida, como quem ama, como quem serve. O desafio de cuidar da vida, como algo que nos é dado mas não nos pertence é urgente e vem carregado de apelos concretos. Jesus menciona em que consiste o cuidado: ficar acordados, cuidar daqueles que estão sob a nossa responsabilidade, não agredir, agir conforme a vontade daquele que nos chamou...
Desafiados a cuidar e proteger da vida, percebemos o quanto estamos ainda longe de realizar esta tarefa, basta pensarmos na quantidade de filhos e filhas que já não têm uma referência significativa em sua história... crianças sem pai, sem mãe... jovens sem heróis... casas vazias, ruas cheias, mercado saturado de ofertas... a natureza destruida, o descartável como palavra de ordem.... Desafiados a administrar o dom que nos foi entregue ao nascermos numa sociedade de alto avanço tecnológico, acordamos para nossa pobreza: as traças estão roendo, os ladrões estão roubando, as catástrofes naturais estão destruindo... e nós, impotentes nos perguntamos: porque?
A esperança e o desafio que Jesus nos apresenta neste domingo é um apelo à conversão que pode e deve ser respondido a partir de nossas casas em atitudes novas que se alargam envolvendo vizinhos, cidade, estado, país... é a esperança do Reino entre nós se manifestando na coragem e na condição de cuidarmos uns dos outros, que o próprio Deus colocou em nós...
É aqui que se situa a terceira palavra de Jesus: ameaça. Jesus não quer nos aterrorizar, mas nos mostrar quais as conseqüências de nossa omissão, indiferença e porque não dizer, conivência com os abusos contra a vida: „O Senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista... e o fará participar do destino dos infiéis“. Jesus não esconde as conseqüências de nossas atitudes desumanas: desumanidade gera desumanidade... Se nós deixarmos nossos filhos entregues a si mesmos e ao mercado desumanizante, o que podemos esperar? Que desumanos, eles herdem de nós não o dom de cuidar da vida, mas o limite de usurpar da vida; não o dom de serem solidários com os menores, mas o pecado do individualismo que isola e elimina os fracos; não a força que vem da atenção aos que mais precisam, mas a fraqueza da embriaguez das ofertas que seduzem no momento presente...
Jesus pergunta: „Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa?“ Uma pergunta que nos desafia à conversão, uma pergunta que pode nos ajudar a ler o momento atual, uma pergunta que chama pais e mães de família a reassumir com coragem e ousadia a dificil e gratificante tarefa de gerar, cuidar e fazer crescer a vida na vida dos próprios filhos...
Nesta semana da família que hoje se inicia, queremos pedir a Jesus Palavra e Pão da vida que nos ajude a viver na fé a esperança e o desafio que ele nos coloca no Evangelho, e que nos permita acolher, não como ameaça, mas como incentivo sua palavra firme e exigente: „A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido“.
Assim seja.


Ir. Luzia Ribeiro Furtado