sexta-feira, 18 de maio de 2007

Ascensão do Senhor

Jesus subiu aos céus e deixou a missão conosco
Estamos celebrando neste domingo, a Solenidade da Ascensão do Senhor. Ele sobe aos céus, despede-se dos discípulos e discípulas, mas promete que não os deixará sozinhos.
A Palavra de Deus hoje, nos lembra o tempo todo que não estamos órfãos, que Jesus nos acompanha no dia a dia.
O que significa a ascensão de Jesus para sua vida? Esta é uma pergunta que cada um pode se fazer agora. (Pausa).
Desde o Domingo da Páscoa, acompanhamos nos textos bíblicos os vários momentos do encontro de Jesus com seus discípulos e discípulas. Estiveram juntos o tempo todo.
A Primeira Leitura de hoje nos fala isso: “Jesus se mostrou vivo depois de sua paixão, com numerosas provas”. Diversos ensinamentos iam refrescando a memória da comunidade para não se esquecer de que Aquele que havia morrido na cruz estava vivo, ressuscitara.
Agora, Jesus sobe aos céus e deixa uma recomendação e a missão da vida dos discípulos.
Recomenda-lhes que não se afastem de Jerusalém. (Esta Jerusalém falada por Jesus pode ser entendida como a Comunidade.) Nela se manifesta o Espírito de Deus que a todos vem ensinar. Celebrar semanalmente a Palavra, a Eucaristia e a Vida, portanto, é muito mais do que cumprir um preceito dominical da Igreja. Reunir-se com os irmãos é acolher no coração e na vida o Espírito de Deus que se manifesta na comunhão, quando somos verdadeiramente comunidade.
Convoca-os à missão necessária da expansão do Reino de Deus para todos e os fortalece com o Espírito Santo: “Recebereis o poder do Espírito Santo para serdes minhas testemunhas até os confins da terra”.
O Evangelho de hoje toma o texto final de Lucas. Aí se dá uma mistura de memória (passado) e de projeção (futuro). O Cristo padecente é o Cristo glorioso. “Afastou-se deles e foi levado para o céu.” Antes disso, porém, deu-lhes a garantia de que iria e enviaria sobre eles o Prometido do Pai, o Paráclito, o Advogado, o Espírito Santo.
“Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto”.
A segunda Leitura (Carta aos Efésios) nos recorda a real dimensão do Cristo e nossa. Ele é a cabeça e nós somos seu corpo, a Igreja. Celebrando a sua Ascensão, celebramos também nosso caminho de vitória sobre os mecanismos de morte que nos cercam.
Tendo passado pelas três leituras que nos foram apresentadas hoje, podemos voltar ao tema da ascensão de Jesus na nossa realidade de hoje.
Vivemos há poucos dias a experiência da visita do Papa Bento XVI em nosso país, para a abertura da V Assembléia do Episcopado Latino Americano e Caribenho que reflete sobre o tema “Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nEle nossos povos tenham vida”.
O povo se encarregou de dar o calor brasileiro e latino americano a essa visita. Os jovens, os dependentes químicos na Fazenda Esperança, o povo nas ruas, nas celebrações e manifestações, foram amostras do rosto desta Igreja que caminha sob a inspiração do Espírito Santo.
Muitas outras faces tem esta Igreja da América Latina: o rosto do indígena, do negro, da mulher, do trabalhador do campo e da cidade, das comunidades eclesiais de base, das comunidades de testemunho e vida espalhadas por toda parte, dos perseguidos pelos poderosos que matam os que têm o coração inflamado pelo Espírito de Deus... Ir Dorothy (podemos lembrar de outros nomes).
Por fim e não com menos importância, lembremos-nos de que estamos na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Que o CELAM aprofunde a reflexão e traga orientações concretas para que conheçamos Jesus Cristo e para que busquemos nEle, a vida para todos os nossos povos.
Irmanados com todos os povos, estejamos atentos ao que o Espírito nos diz e inspira e lembremos que no domingo que vem, dia de Pentecostes, a chama acesa do Círio Pascal será apagada como que dizendo a nós: o Cristo que não está mais aceso no Círio, deve permanecer aceso em nós, para que sejamos seus missionários a anunciar a vida para todos e todas, principalmente para os mais pobres e desfavorecidos.
Assim, poderemos fazer o que nos sugere o salmo de hoje: Povos todos do universo batei palmas, gritai a Deus aclamações de alegria.
Só podemos usar nossas mãos para bater palmas para Jesus em sua ascensão, se usamos estas mesmas mãos para levantar o caído e restabelecer a esperança e a utopia do Reino de Deus entre nós, concretamente.

A solenidade da Ascensão (Pe Carlo Battistone)

A solenidade da Ascensão, que hoje celebramos, coloca-se como momento central entre a Ressurreição de Jesus e o início do caminho da Igreja. O fato é mencionado somente por um dos quatro Evangelistas, Lucas e, ainda mais, é narrado em duas maneiras diferentes em seu Evangelho e no livro de Atos dos Apóstolos. Na primeira das duas narrações a Ascensão é apresentada no mesmo dia da Ressurreição, na segunda é posta no findar dos quarenta dias que seguem a Ressurreição. Esta dúplice colocação por parte do mesmo autor obviamente nos aponta para o caminho correto de leitura. Não procuraremos simplesmente a descrição de um fato como numa crônica mas seu sentido teológico; sentido este que media a vida de Jesus de Nazaré e a vida do Senhor Ressuscitado, o qual age definitivamente no mundo dos homens superando as barreiras e os limites culturais do mundo Palestinense. Trata-se também do marco que delimita a experiência de salvação em nível pessoal –como fizeram os Apóstolos na convivência com Jesus- e a abertura à missão universal. Nos Apóstolos que presenciaram o fato, poderemos ver a nós mesmos naquele momento que vai entre o encontro pessoal com Jesus e a necessidade de projetar o que vivemos além do nosso mundo privado. Caberá à nossa reflexão contemplar mais o significado da Ascensão do que se admirar com a unicidade do evento e sua espectacularidade.
O texto de hoje é precedido por algumas indicações importantes que o Evangelista dá com estas palavras: «... Então abriu suas mentes para compreenderem as Escrituras dizendo:“Assim está escrito..”». Ao deixar os Apóstolos, a preocupação de Jesus é que eles compreendam “como” interpretar as Escrituras, com que ótica intuir o sentido profundo de todo história passada. Antes de entrar na glória Jesus entrega, consigna aos Doze a chave de leitura de toda a história a qual aponta diretamente e imediatamente a Cristo, passado e futuro. É essencial para Jesus que as Escrituras sejam usadas e interpretadas de modo que corresponda à Verdade. Um uso das Escrituras sem critério é um abuso delas, é uma manipulação para finalidades às vezes escusas; isto é bem possível, pois estas se prestam muito bem a qualquer tipo de leitura; afinal, o demônio não havia feito a mesma coisa quando das tentações no deserto? Não havia ele usado as Escrituras para suas particulares finalidades? Antes de ser elevado à glória, Jesus consignou à sua comunidade a «inteligência das Escrituras» uma inteligência que não se origina na arbitrária leitura mas na conformidade à vida que Jesus viveu e, especialmente, no evento da Páscoa como fato que dá sentido ao passado e ao futuro. Note-se a ligação direta que Jesus fez entre os profetas e os Apóstolos; de fato com a expressão «começando por Jerusalém», lugar de onde os Apóstolos começariam sua jornada, o Senhor dava continuidade ao oráculo de Isaías que anunciava a realização de uma nova era com estas palavras: «De Sião sairá a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor» (Is.2,3). Os profetas anteciparam o Salvador, os Apóstolos levarão a presença do Salvador a todos os povos.
Desde sempre a Igreja sentiu-se responsável por esta herança que o Senhor lhe havia entregado. Sabemos como desde o início a atividade principal dos Apóstolos foi aquela de anunciar a pessoa de Cristo e acompanhar este anúncio com a leitura e interpretação das Escrituras, tendo sempre o Senhor como ponto de referência, sua vida, seus atos seus sentimentos. Assim, por exemplo, Filipe com o funcionário de Candace (At. 8,26-40), Paulo aos Judeus de Antioquia (At. 13,16) e muitos outros. A leitura e interpretação da Escritura são tidas como coisas “sagradas”, em todo o livro de Atos dos Apóstolos; a Epístola de S.Pedro também se coloca na mesma linha: «Primeiramente saibam isto: que nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação privada» (2Pd.1,21); e assim também o Concílio Vaticano II: “A Escritura deve ser lida e interpretada no mesmo espírito com a qual foi escrita. A maneira de interpretar a Escritura, em última instância está sujeita ao juízo da Igreja, a qual exerce o divino ministério de guardar e interpretar a Palavra” (DV 12). O amor à Escritura é amor à herança de Jesus.
Continuando na leitura percebemos como Jesus indicou ao Apóstolos a maneira com a qual a Salvação será levada ao conhecimento de todos os povos. Ele, de antemão, exclui qualquer atitude que demonstre proselitismo, propaganda, desejo de expandir uma ideologia nova. A ação da comunidade de fé, contrariamente a um proselitismo barato, é ligada estritamente ao testemunho, nada mais do que isto. Não são as obras, não são os instrumentos que anunciam, mas o testemunho o qual está diretamente ligado à fidelidade a tudo quanto os apóstolos “viram e ouviram”. Poderíamos nos perguntar sobre o quê eles dariam testemunho, segundo este trecho do Evangelho. Pois bem, evidentemente “testemunhar”, aqui não tem sentido de “relatar” fatos, narrar acontecimentos etc. Jesus não pediu que eles “testemunhassem”; Ele afirmou o que já estava presente nos Apóstolos: «disto sois testemunhas». Ou seja: suas vidas mostrariam o que significa “estar com Jesus”, permanecer com Ele mesmo quando tudo parece perdido, quando acontece a rejeição e tudo o que o «Cristo teve que padecer», quando se verificou o absurdo da morte e a inimaginável Ressurreição. Os Apóstolos seriam testemunhas para o mundo da fidelidade de Deus à promessa feita ao homem o qual, ao constatar quanto e “como” Ele nos ama, poderá sempre se abrir a este amor e acolher a proposta de abandonar o caminho do pecado isto é, o caminho que busca a felicidade e a realização de modo auto-suficiente. Aos seus, Jesus entregava a missão de dizer com a própria vida o que significa “conversão”. De fato foi a conversão o valor que eles tiveram que aprender convivendo, dia após dia, passo após passo, com o Nazareno. O amor ao Senhor os havia conduzido ao longo daquele caminho que, pela humildade, faz com que as pessoas sejam capazes de mudar suas posições particulares, seus pontos de vista privados e fazer “convergir” toda a sua vida na vida do Senhor. Disto também eles seriam testemunhas, da conversão que acontece quando se têm familiaridade com Jesus, quando se vive “em seu nome”! Era esta a missão que Jesus entregava aos seus antes de ser arrebatado de sua presença. Ora, uma missão tão grande não pode ser alcançada com meios humanos, como acontece com todas as coisas de Deus. Sendo assim, Jesus prometeu o Espírito de santidade o qual manteria sempre viva, nos corações da Igreja, a percepção forte da presença do Senhor em sua comunidade, mesmo experimentando uma aparente ausência já que, agora, o Senhor precisa assumir o lugar que Lhe cabe, ao lado do Pai.
O Evangelista, nos oferece nos últimos versículos como que um ícone gravado para sempre na comunidade de fé; uma imagem mais explicita da maneira com a qual o Senhor estaria sempre presente em sua comunidade.
À primeira vista a Ascensão de Jesus se apresenta como uma “subida ao céu”, o que não deixa de ser correto, contanto que “céu” não seja entendido como lugar –seja que lhe se dê figura física ou vagamente etérea-. Céu, na Escritura, é a maneira de indicar a condição permanente em que Jahvé se encontra; os “céus” são imutáveis, a terra muda; os “céus” são inalcançáveis, a terra pode ser medida, pesada... e assim por diante. “Céu” é a condição transcendente e permanente na qual Jesus entra superando todas as barreiras do tempo e do espaço. Em auxilio de uma leitura que exclui a interpretação de “departida”, existem dois fatores de relevo. O primeiro é de origem lingüística: o verbo que freqüentemente é traduzido com «se afastou deles» (do grego disthmi) significa “estar em lugar diferente”, sem com isto indicar a atitude de desligamento, afastamento. O sentido é claro: Jesus continua estando na sua comunidade mas de modo diferente, de modo mais condizente com o “céu”. O segundo elemento é dado pela reação dos discípulos; se a Ascensão fosse interpretada e sentida por eles como uma departida (como o foi, por exemplo no Evangelho de João quando Jesus fez o seu “discurso de adeus”) obviamente não se explicaria a reação descrita como «grande alegria» que os levava a “bendizer a Deus”. Não, a Ascensão de Jesus não foi entendida como um afastamento, mas ao contrário! A alegria foi gerada pela constatação de que Jesus permaneceria sempre, estavelmente, à maneira eterna de Deus, dentro da sua comunidade.
A imagem usada para descrever “como” o Senhor sempre está presente na sua comunidade é retomada da tradição bíblico-liturgica; Jesus é descrito na posição própria do sacerdote, comparada à posição do sumo sacerdote Simão, filho de Onias, em ato de abençoar Israel de braços abertos: «Então ele levantava as mãos sobre toda a assembléia de Israel para dar com seus lábios a benção do Altíssimo» (Ecli. 50,20). Aqui, neste trecho do Eclesiástico, a palavra “assembléia” corresponde à palavra igreja, comunidade reunida em nome do Senhor. Eis então o motivo da grande alegria, Jesus não se separa, continua abençoando e exercendo o seu ministério de Sacerdote Eterno, de mediação continua entre o Pai e a humanidade inteira a qual alcançará esta benção através da vida testemunhada dos Apóstolos.
Creio que esta ligação tão forte nos questione continuamente; o Senhor quer agir através da sua comunidade, através dos seus discípulos, através de quantos ainda hoje se dispõem a deixar-se envolver num projeto maior do que eles mesmos. O Ressuscitado quer continuar agindo em favor dos homens que precisam se encontrar com o Pai para serem felizes, santos. A Assunção de Jesus nos estimula a contemplar um “céu” que está tão entre nós, a ponto que sequer podemos percebe-lo, como nos acontece ao ver um quadro muito perto dos nossos olhos. Esta Solenidade nos estimula a olhar e refletir sobre a maneira de viver a presença do Ressuscitado entre nós e mais, nos questiona quanto ao espaço que deixamos ao Senhor para que Ele possa continuar exercendo o seu sacerdócio, a sua mediação salvifica em favor de tantas pessoas que ainda não conhecem o significado de sentirem-se amadas por Deus.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Ele nos introduz na vida da Trindade

A festa da Páscoa é marcante para nós. É a celebração da ressurreição de Jesus. A oportunidade leva-nos a refletir que, porque Jesus ressuscitou, somos ressuscitados e ressuscitaremos. Em primeiro lugar, podemos dizer que já somos ressuscitados: porque Jesus ressuscitou, vivemos uma vida nova. Cristo, o Filho encarnado, é o princípio, o centro, o cume do projeto da criação e da salvação. Porque ele viveu plenamente a experiência humana, nascimento, vida, morte, ressurreição, porque ele realizou-se plenamente como homem, por isso ele é a causa eficiente e eficaz de nossa própria realização como seres humanos chamados a participar da vida da Trindade. Não apenas ele tira de nós o pecado, nem apenas nos tira do pecado. Ele une-se a nós, dá-nos vida nova. Ele nos introduz na vida da Trindade, e nisso consiste nossa máxima realização pessoal, que excede todas as expectativas e exigências da nossa natureza.Por Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado, Filho encarnado de Deus, pelo seu poder e não por nossos merecimentos, somos re-erguidos (re-suscitados), passamos da morte para a vida, da imperfeição para a plena realização. Para que esse re-erguimento, essa re-suscitação aconteça, temos de aceitar nossa total dependência dele. Isso é conversão, a mais fundamental. Temos de deixar que ele opere em nós um esvaziamento. Esvaziamento que se irá manifestar em nossa vida nas renúncias, na aceitação das dificuldades, na aceitação de todos os limites, na aceitação da própria morte.Para sermos re-erguidos por ele, para vivermos a vida nova que ele nos dá, temos de aceitar que nos leve pelo caminho da entrega sempre maior nas mãos do Pai. Temos de aceitar que nos leve à plena realização de nossa filiação, num crescente processo, de tal maneira que gradualmente sejamos mais filhos e filhas, até a renúncia final, até a aceitação da morte, que deverá ser o supremo momento de nossa vida e de nossa entrega. Como Cristo ao morrer realizou-se plenamente como homem, assim também nós, ao enfrentar esse supremo momento de decisão humana, chegaremos à realização final. Porque ele ressuscitou, somos ressuscitados e haveremos de ressuscitar, e a esperança que temos de ressurreição não é a esperança de repetir ou prolongar a experiência da vida atual. Também nossa ressurreição não será a reanimação de um cadáver. Será obra muito mais sublime. Tendo passado pela morte, filialmente aceita, tendo sido batizados, isto é, mergulhados na morte de Cristo, tendo morrido com ele e como ele, estaremos maduros para a ressurreição da vida nova, da nova criação operada pelo Senhor. Será a vida na nova terra e no novo céu, dos quais fala o apóstolo Pedro; viveremos a plena participação em sua vida, quando estaremos totalmente batizados, mergulhados por ele na vida da Trindade. De modo definitivo e total, ele, o Filho encarnado, será nossa fonte de vida. Na plena ressurreição, viveremos isso, não apenas como convicção de fé, mas como realidade experimentada. O fato de dependermos dele será nossa felicidade eterna. Viver esse relacionamento com Jesus de Nazaré ressuscitado será nosso céu. Encontrar nele nosso centro será a paz, o descanso definitivo. Teremos chegado ao vértice, ao ponto mais alto para o qual convergem todas as nossas necessidades e todos os nossos anseios. Unidos a ele estaremos também afinal unidos plenamente a todos que amamos agora com amor tão limitado e insatisfatório. Será a felicidade.Sim, aleluia! Porque Jesus ressuscitou, somos e seremos ressuscitados!

7º DOMINGO DE PÁSCOA Ascensão

Evangelho Lc 24,46-53
1ª Leit.: At 1,1-11
Sl 46 (47)
2ª Leit.: Ef 1,17-23
Ascensão do Senhor Neste domingo, fazemos memória da subida do Senhor aos céus, vivendo o sentido mais profundo de sua Ressurreição e da missão que ele confiou à sua Igreja. Jesus, que passou a vida fazendo o bem a todos e sendo servo e obediente, foi glorificado pelo Pai como Senhor de tudo e de todos. Em Jesus glorificado, todo o universo encontra seu sentido e sua referência. Pela palavra do Evangelho de Lucas, vemos o Cristo Ressuscitado junto com os discípulos em Jerusalém, recordando o que antigamente tinha sido anunciado sobre ele: O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. E Jesus, olhando com afeição cada um deles, diz: E vocês são testemunhas disso. A ascensão marca o fim da missão terrena de Jesus e o início da missão cristã. Até agora, ele foi o pedagogo, o Mestre, o companheiro que em tudo tomava a iniciativa e supria as necessidades da comunidade de seus discípulos. Porém, desde momento em diante, eles (os discípulos), na qualidade de testemunhas de tudo o que aconteceu, deverão tomar os rumos da missão guiados pelo Espírito que o Pai prometeu. O poder do Espírito Santo, que será enviado sobre cada um deles, vai iluminar a caminhada missionária. "Fiquem tranqüilos!".Como em muitas outras oportunidades, Jesus toma a iniciativa de conduzir os discípulos para fora de Jerusalém, até Betânia. Revestidos da "força do alto" a partir de Jerusalém, eles deverão tomar o caminho para expandir a Boa-Nova a todos os povos e nações. Caminhando com eles até Betânia, ele lhes assegura de que estará sempre no caminho com eles como guia no anúncio do Evangelho. Em Betânia, o Mestre despede-se dos discípulos, eleva-se aos céus, abençoando-os. Por sua vez, prostrados, eles o adoram. Lucas, em sua narrativa final, evoca o rito de envio de uma celebração litúrgica: o povo prostra-se, o sacerdote sai do lugar sagrado e pronuncia a bênção sobre os fiéis e todos voltam com grande alegria. A última imagem registrada pelos discípulos é precisamente a do Senhor glorioso que, em um gesto sacerdotal, os abençoa. Por mais paradoxal que nos pareça, Lucas realça um detalhe significativo: "Depois, voltaram a Jerusalém com grande alegria". Os discípulos celebram a despedida do Senhor, não com choro, mas com grande alegria. Com a mesma alegria, dão testemunho dele no Templo. Alegres porque vivenciaram com ele a ressurreição como a vitória de Deus, da vida sobre as forças que oprimem e mata. Na perspectiva do Evangelho de Lucas, a marca de quem der continuidade à ação libertadora de Jesus é a alegria. A comunidade cristã, revestida da "força que vem do alto" e da alegria também "recebida do alto", entende que sua missão será difundir no mundo hostil a paz, o amor e o perdão. Assim, a ação evangelizadora da Igreja, que expande por toda a parte a Boa-Notícia de Jesus, atestará, pelo testemunho de fraternidade, de solidariedade, de justiça e amor, que o Cristo Ressuscitado é verdadeiramente o Senhor da glória!

Estamos celebrando la Fiesta de la Ascensión

Estamos celebrando la Fiesta de la Ascensión de Jesucristo nuestro Señor al Cielo. Y esta Fiesta nos provoca sentimientos de alegría, pues el Señor asciende para reinar desde el Cielo (¡El es el Rey del Universo!). Pero también evoca sentimientos de nostalgia, pues Jesucristo se va ya de la tierra.
Recordemos que Jesucristo había resucitado después de su muerte, una muerte que fue ¡tan traumática! -traumática para El por los sufrimientos intensísimos a que fue sometido- ... y traumática también para sus seguidores, para sus Apóstoles y discípulos, que quedaron estupefactos ante lo sucedido el Viernes Santo...
Luego viene para ellos la sorpresa de la Resurrección. Al principio no creyeron lo que les dijeron las mujeres, luego el mismo Señor Resucitado se les apareció en cuerpo glorioso, y entonces recordaron y creyeron lo que El les había anunciado. Pero fíjense: la verdad es que los Apóstoles no entendían bien a Jesús cuando les anunciaba todo lo que iba a suceder: lo de su muerte, su posterior resurrección y luego también lo de su Ascensión al Cielo.
De muchas maneras les anunció el Señor lo que hoy celebramos: su Ascensión. Y en esos anuncios se notaban en Jesús sentimientos de nostalgia por dejar a sus Apóstoles. Fijémonos como les habló sobre esto durante la Ultima Cena: “He deseado muchísimo celebrar esta Pascua con vosotros ... porque ya no la volveré a celebrar hasta ...” (Lc. 22, 15-16). “Me voy y esta palabra los llena de tristeza”. (Jn. 16, 6)
Y en cada uno de los anuncios de su partida, Jesús trataba de consolarlos: “Ahora me toca irme al Padre ... pero si me piden algo en mi nombre, yo lo haré”. (Jn. 14, 12-13)
Inclusive, trató de convencerlos acerca de la conveniencia de su vuelta al Padre: “En verdad, les conviene que yo me vaya, porque si no me voy, no podrá venir a ustedes el Consolador. Pero si me voy, se lo enviaré ... les enseñará todas las cosas y les recordará todo lo que yo les he dicho” (Jn. 16, 7 y14, 26)
Después de su Resurrección, el Señor pasa unos cuarenta días apareciéndose en la tierra a sus discípulos, a sus Apóstoles, a su Madre, para fortalecerles la Fe.
Es lo que nos refiere la Primera Lectura del Libro de los Hechos de los Apóstoles: “Se les apareció después de la pasión, les dio numerosas pruebas de que estaba vivo y durante cuarenta días se dejó ver por ellos y les habló del Reino de Dios. Un día, les mandó: ‘No se alejen de Jerusalén. Aguarden aquí a que se cumpla la promesa de mi Padre, de la que ya les he hablado ... Dentro de pocos días serán bautizados con el Espíritu Santo’” (Hch. 1, 3-5).
La promesa del Padre era el Espíritu Santo, el Consolador, que vendría unos días después en Pentecostés.
Y luego de esos cuarenta días, llegó el momento de su partida. Entonces, los llevó a un sitio fuera y luego de darles las últimas instrucciones y bendecirlos, se fue elevando al Cielo a la vista de todos los presentes.
Si la Transfiguración del Señor en el Monte Tabor ante Pedro, Santiago y Juan fue algo tan impresionante, ¡cómo sería la Ascensión! Todos los presentes quedaron impresionados de la despedida del Señor, que fue ciertamente triste para ellos, pero también de alegría, pues el Señor subía glorioso para sentarse a la derecha del Padre ... Y Jesús subía y subía, refulgente, El que es el Sol de Justicia ... hasta que fue ocultado por una nube.
El impacto de este misterio fue tal, que aún después de haber desaparecido Jesús, los Apóstoles y discípulos seguían mirando fijamente al Cielo.
Fue, entonces, cuando dos Angeles interrumpieron ese éxtasis colectivo de amor, de nostalgia, de admiración al Señor, cuyo cuerpo radiantísimo había ascendido al Cielo, y les dijeron los dos Angeles al unísono:
“¿Qué hacen ahí mirando al cielo? Ese mismo Jesús que los ha dejado para subir al Cielo, volverá como lo han visto alejarse” (Hech. 1,11).
Como enseñanza de la Ascensión es importante recordar ese anuncio profético de los Angeles sobre la Segunda Venida de Jesucristo.
Fijémonos bien: Nos dicen los Angeles que Cristo volverá de igual manera como se fue; es decir, en gloria y desde el Cielo. Jesucristo vendrá en ese momento como Juez a establecer su reinado definitivo.
Así lo reconocemos cada vez que rezamos el Credo: de nuevo vendrá con gloria para juzgar a vivos y muertos, y su Reino no tendrá fin.
El misterio de la Ascensión de Jesucristo es, también, un misterio de fe y esperanza en la vida eterna. La misma forma física en que se despidió el Señor -subiendo al Cielo- nos muestra nuestra meta, ese lugar donde El está, al que hemos sido invitados todos, para estar con El.
Ya nos lo había dicho al anunciar su partida: “En la Casa de mi Padre hay muchas mansiones, y voy allá a prepararles un lugar ... Volveré y los llevaré junto a mí, para que donde yo estoy, estén también ustedes” (Jn. 14,2-3).
Que la Ascensión de Jesucristo al Cielo en cuerpo y alma gloriosos nos despierte el anhelo de ir al Cielo, nos despierte la esperanza de nuestra futura inmortalidad, en cuerpo y alma gloriosos. Que nos asegure en la fe en nuestra resurrección para no dejarnos engañar por esa patraña, esa esperanza falsa, que es la tal re-encarnación.
Recordemos que nuestra esperanza está en resucitar en cuerpo y alma gloriosos como El, para disfrutar con El y en El de una felicidad completa, perfecta y para siempre.
La Ascensión de Jesucristo nos recuerda también la promesa que hizo a los Apóstoles -y nos la hace a nosotros también- sobre la venida del Espíritu Santo.
Es el Espíritu Santo -el Espíritu de Dios- quien nos enseña y quien recuerda todo lo que Cristo nos dijo. Su venida la celebraremos el próximo Domingo.
Por eso, este tiempo previo a Pentecostés debiera ser un tiempo de oración, como lo tuvieron los Apóstoles después de la Ascensión. Ellos se reunían diariamente a orar con la Madre de Jesús, quien los consolaba y los animaba para cumplir la misión que el Señor les había encomendado.
Así estamos nosotros hoy también. Tenemos una misión que nos han encomendado Jesucristo, el Papa, nuestros Obispos.
En su Carta Apostólica, Nuovo Millennio Ineunte (Al comienzo del nuevo milenio), el Papa Juan Pablo II nos pidió reforzar e intensificar la Nueva Evangelización y nos dio sus instrucciones: santidad, oración, primacía de la gracia, vida sacramental, escucha de la Palabra de Dios, para luego anunciar la Palabra de Dios.
Y tengamos en cuenta, además, lo que llama el Papa en su Carta “la primacía de la gracia”. Se refiere a nuestra respuesta a la gracia, recordándonos que “sin Cristo, nada podemos hacer”.
Y para poder vivir esa verdad tan olvidada, de que nada somos sin la gracia de Cristo, el Papa nos insiste en la necesidad de la oración.
Nadie puede dar lo que no tiene. Tenemos que llenarnos de Dios para llevarlo a los demás. Tenemos que llenarnos de la Palabra de Dios, para poder anunciarla a los demás. Bien decía Santa Teresa de Jesús: “Orar es llenarse de Dios para darlo a los demás”.
Y no tengamos la idea equivocada de que la oración nos hace perder tiempo necesario para la acción: muy por el contrario, la oración nos hace mucho más eficientes en la acción.
Tampoco debemos temer que la oración nos encierre dentro de nosotros mismos. Es también lo contrario: la verdadera oración, lejos de replegarnos sobre nosotros mismos, más bien nos impulsa a la acción. Pero sucede que, desde la oración, nuestra acción será verdaderamente guiada por el Espíritu Santo. Así estamos dando a Cristo y a su gracia la primacía que nos pide el Papa.
Que la Ascensión del Señor nos despierte, entonces, el deseo de responder a su llamado a evangelizar que nos hizo precisamente justo antes de subir al Cielo.
Los Apóstoles, discípulos y primeros cristianos realizaron la Primera Evangelización. Nosotros, los cristianos de este tercer milenio, estamos llamados a realizar la Nueva Evangelización.
Que el Espíritu Santo que esperamos nos renueve interiormente en su próxima Fiesta de Pentecostés para cumplir el mandato de Cristo y el llamado del Papa. Que así sea.

S. Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da IgrejaHomilias sobre os Evangelhos, n° 29

Que o amor nos atraia a segui-lo"O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus" (Mc 16,19). Partia assim para o lugar de onde era, regressava de um lugar onde continuava a permanecer; com efeito, no momento em que subia ao céu com a sua humanidade, unia pela sua divindade o céu e a terra. O que temos de destacar na solenidade de hoje, irmãos bem amados, é a supressão do decreto que nos condenava e do julgamento que nos votava à corrupção. Na verdade, a natureza humana a quem se dirigem estas palavras: "Tu és terra e regressarás à terra" (Gn 3,19), essa natureza subiu hoje ao céu com Cristo. É por isso, caríssimos irmãos, que temos de segui-lo com todo o nosso coração, até ao lugar onde sabemos pela fé que Ele subiu com o seu corpo. Fujamos dos desejos da terra: que nenhum dos lugares cá de baixo nos entrave, a nós que temos um Pai nos céus. Pensemos também no facto de que aquele que subiu aos céus cheio de suavidade regressará com exigência... Eis, meus irmãos, o que deve guiar a vossa acção; pensai nisso continuamente. Mesmo se estais presos na confusão dos assuntos deste mundo, lançai desde hoje a âncora da esperança para a pátria eterna (He 6,19). Que a vossa alma procure apenas a verdadeira luz. Acabamos de ouvir que o Senhor subiu ao céu; pensemos seriamente naquilo em que acreditamos. Apesar da fraqueza da natureza humana que nos retém ainda cá em baixo, que o amor nos atraia a segui-lo, porque estamos certos de que aquele que nos inspirou este desejo, Jesus Cristo, não nos decepcionará na nossa esperança.