quinta-feira, 27 de setembro de 2007

26° Domingo do Tempo Comum (Pe Carlo B.)

A parábola que hoje o Evangelho nos propõe retrata muito bem a condição de vida nos tempos de Jesus; é bem possível que tal narração Jesus a tenha formulado inspirando-se a fatos aos quais presenciou e que não eram tão infrequentes. Sabemos que a injustiça que torna algumas pessoas ricas e outras pobres sempre foi recriminada por Jesus, contudo, é com certeza simplória e errônea a leitura desta parábola se a entendermos como exaltação da pobreza e deploração da riqueza. É obviamente uma distorção preconceituosa querer demonstrar a todo custo que Jesus foi um socialista moralizante que propunha a justiça entendida como paridade econômica. Por quanto alguns tenham se arriscado em tais hipóteses de fato os argumentos apresentados têm se demonstrado totalmente insuficientes; por isso teremos que fazer outro tipo de leitura, se quisermos nos aproximar com liberdade das palavras que o Evangelista nos oferece para a reflexão. Algumas edições da Bíblia e alguns folhetos da Missa, insinuam preconceitos moralizantes que não nos ajudam na leitura da parábola quando escrevem: “parábola do rico mau....” ou semelhantes atributos. É preciso ler o texto desvinculando-nos de tais precipitados julgamentos, pois o texto não dá nenhum indício de que Jesus esteja julgando, nem o rico nem o pobre.

Creio que seja oportuno, então, reconstruir alguns aspectos do contexto no qual Jesus fala pois, sem conhecer o meio em que Jesus vivia é fácil criar uma imagem nossa de um Jesus ideal, imagem que pode não corresponder àquilo que os Evangelistas nos transmitiram. Para podermos aplicar as palavras e gestos de Jesus à nossa época e à nossa situação particular, é preciso faze-lo tendo bases objetivas, somente assim saberemos realmente “qual” Jesus amamos e seguimos, caso contrário adoraremos uma imagem de um “alguém” criado pelo nosso sentimento ou fantasia. Vamos percorrer a parábola.

Jesus estava falando em Jerusalém. É na cidade que as diferenças econômicas e sociais se tornam mais evidentes e conflitantes, assim era também em Jerusalém; ali se concentrava a riqueza e a miséria, lado a lado: a imagem do rico e do mendigo Lázaro.

O texto narra de um homem rico, sem nome. A questão sobre a qual a parábola aponta desde o início não é centralizada sobre riqueza e pobreza, o que está em jogo é a ostentação da riqueza; podemos ver como a narração aponta mais sobre a qualificação da riqueza do que sobre a própria riqueza. O texto especifica que os trajes daquele homem eram de «púrpura e bisso» (e não “roupas finas e elegantes” como alguns traduzem); ora, o tecido cor de púrpura era muito caro; era usado pelo Sumo Sacerdote, pelos Imperiais, pelo Rei, enfim, por pessoas de alto relevo na sociedade. A narração acrescenta à púrpura o “bisso”, este era um dos tecidos de custo mais elevado ainda, era importado do Egito e de tal delicada consistência que alguns papiros o definem “de ar” (significado da palavra “bisso”). A questão, então, gira em torno do esbanjamento da riqueza usada como meio de auto-afirmação, algo que não é muito distante das nossas experiências do dia-a-dia. Na maioria dos casos a riqueza supera o natural desejo de bem-estar e se transforma em símbolo, um instrumento para afirmar a si mesmo. Afinal, não é freqüente ver casas de dois andares e um exagero de cômodos para duas pessoas? Porque? Porque é preciso usar roupas cujo valor supera amplamente a compreensível superioridade de qualidade? Até que ponto esta “melhor qualidade” é real, ou uma desculpa para não dizer a nós mesmos que precisamos usar uma grife para mostrar algo de nós mesmos que não conseguimos de outro modo? Será que não é por medo de sentirmo-nos inferiores? Será que não é por medo de não sermos aceitos em algum determinado ambiente que desejamos? Muitos destes sentimentos podem ser entrevistos na própria parábola. Na época de Jesus, mostrar riqueza era uma forma de adquirir prestígio e conseqüentemente ter acesso às camadas importantes da sociedade. Oferecer banquetes e dádivas era a ação típica para indicar a superabundância dos bens e, com isto, sugerir que o oferecente estava em condição de sustentar o custo de uma vida elitista, superior ao comum, a vida das classes dominantes. A ostentação era o símbolo próprio do poder, esbanjar riquezas significava demonstrar um poder incomensurável. O prestígio das pessoas e seu poder eram freqüentemente medidos pela capacidade de oferecer dons, assim, por exemplo sabemos que o rei Herodes, para recuperar o seu prestígio diante de Roma, ofereceu-se para construir obras e monumentos em cidades e ilhas estrangeiras, assim como em Laodicéia, Bíblos, Atenas, Damasco etc. (às custas dos impostos públicos). Banquetes e trajes requintados tinham a mesma finalidade. Vemos, portanto, que o desejo do homem era fundamentalmente voltado ao fato de ser aceito dentro de uma camada prestigiosa da cidade; ele precisava de reconhecimento, precisava não ser tido como “um qualquer”..., precisava de apreço e o buscava com os meios que considerava mais eficazes, os meios da mentalidade comum, paradoxalmente, bem enquanto queria ser diferente do “comum”. Na verdade era um rico que mendigava consideração.

A outra imagem é a do indigente, ele tem um nome: Lázaro. Não pode passar despercebida a atenção especial do Evangelista: este homem sim não é um qualquer, tem um nome, um nome perante Deus, um nome que significa “Deus ajuda”. O homem chamado “Deus ajuda” é um homem que busca o essencial em sua vida, que busca o direito de viver com dignidade e isto lhe é suficiente, que não corre atrás da consideração de outrem, afinal, parafraseando as palavras de Jesus, que não «busca a glória um dos outros» (Jo. 5,44).

O empobrecimento em época de crise era fácil, e os efeitos se sentiam principalmente na cidade. Por exemplo, sabemos que o preço do pão de uma ração diária era de 1/25 de denário (1 denário era a paga de um dia de trabalho) mas em épocas difíceis chegava a custar 16 vezes mais –segundo relata o historiador judeu Josefo Flávio-. A época de Jesus não pode ser definida propriamente de “crise econômica”, contudo sabemos do grande desemprego que havia, fato pelo qual Pilatos mandou fazer trabalhos públicos desnecessários, com a finalidade de dar emprego, como a pavimentação de ruas apenas pavimentadas (como demonstram as duas camadas de pedras de corte contemporâneo evidenciadas pelas escavações). Por questões religiosas que não vêm ao caso agora, distribuição de esmolas em Jerusalém era considerado um fato meritório pois a cidade era “santa”; dar esmolas era considerado um ato que remitia os pecados especialmente perto das festas e orações públicas. Este fato enchia a cidade de mendigos os quais disputavam entre si os lugares de arrecadação de esmolas. Cada um tinha o seu lugar próprio, como parece ser o caso de Lázaro. Um texto rabínico (Mishná Meghilla) fala de “dez mendigos e pessoas ociosas” cada cem habitantes. Moravam nas ruas; sobreviviam indo de festa em festa para mendigar, ou associando-se a enlutados nos funerais para receber algum benefício em troca de seus lamentos pelo falecido.

Pois bem, tais considerações nos ajudam a entender a atitude do rico: para ele era “normal” ver o mendigo sempre no mesmo lugar toda vez que ele dava um banquete. Ora, é bem aqui que se coloca o problema, quando tudo o que deveria ser inaceitável se torna “normal”. Quando algo nos é apresentado como “normal” não sacode mais os sentimentos mais profundos e naturais da consciência, é mais fácil dizer que algo é “normal” do que se indignar com o que os nossos olhos estão vendo. A normalidade abafa, sufoca o infinito que está presente no homem e que o manifesta como imagem de Deus. Tudo se aceita quando é apresentado como “normal”, infelizmente é quanto assistimos diariamente através dos que desejam mudar os valores mudando a leitura da realidade.

O rico acostumado a ver Lázaro à porta de casa acabou entrando no pérfido jogo da “normalidade”, tornando-se ele mesmo insensível ao problema do outro, incapaz de ver o mundo do ponto de vista daquele que a vida colocava, ritualmente, à soleira de sua casa. Nota-se, na narração que existe um sentimento de comiseração quanto ao rico, não de rejeição ou condenação pois Abrão continua chamando ele de “filho”. O rico, visando somente seus objetivos, mendigando consideração, acabou desconsiderando quem mendigava dignidade. Ora, a Escritura fala de um único Direito que Deus sempre defenderá: o direito à dignidade, em qualquer condição o homem esteja, pois esta dignidade que ele possui é reflexo da dignidade do próprio Senhor. É por isso que o mendigo se chama “Deus ajuda”.
Vem, então a necessidade de perguntarmo-nos: “como, Deus ajuda?”. É preciso esclarecer imediatamente um mal entendido: a inversão da sorte no outro mundo é um mito pagão, não encontra fundamentação na Escritura a não ser como influência de uma fábula Egípcia (a viagem de Si-Osíris). O “céu” não será o oposto daquilo que vivemos aqui, como às vezes pode parecer que diga esta parábola (é uma delonga desnecessária agora mostrar que a visão da Escritura quanto à vida eterna é outra). “Ser introduzido no seio de Abrão” é uma expressão judaica que indica entrar no âmago da Aliança, participar a pleno direito da Promessa. Pois bem, “Deus ajuda”, Lázaro, receberá a justiça que tanto desejou: ser respeitado na sua dignidade, mesmo que coberto de doenças, mesmo que em condição desfavorável, não importa em que lugar o homem esteja, ele é sempre imagem de Deus e esta imagem nunca pode ser desconsiderada com a desculpa de outros objetivos que precisamos alcançar.

26° Domingo do Tempo Comum (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

Os Lázaros de Hoje
A celebração dominical é o lugar privilegiado
para ler, estudar e acolher a Palavra de Deus.
Neste Dia da Bíblia, a Palavra de Deus
nos convida a ver os bens desse mundo,
como dons que Deus colocou em nossas mãos,
para que administremos, com gratuidade e amor.
Na 1ª Leitura: o Profeta AMÓS denuncia severamente
os ricos e poderosos do seu tempo,
que viviam no luxo e na fartura, explorando os pobres,
insensíveis diante da miséria e da desgraça de muitos.
O Profeta anuncia que Deus não aprova essa situação.
O castigo chegará em forma de exílio em terra estrangeira. (Am 6,11-16)
* As denúncias de Amós são ainda hoje atuais!
- Quantos vivem na abundância, enquanto muitos morrem de fome e na miséria.
- Quantos para satisfazem seus caprichos, sacrificando até seus familiares...
- Quantos vendem o próprio corpo para obterem privilégios...
A 2ª Leitura denuncia a cobiça pela riqueza,
como causa de todos os males. (1Tm 6,11-16)
O Evangelho apresenta a Parábola do Rico e do pobre Lázaro,
em que aparece o julgamento de Deus
sobre a distribuição da riqueza no mundo. (Lc 16,19-31)
- 1a cena: O Rico banqueteando-se... insensível à fome de Lázaro,
sem partilhar nem mesmo as migalhas ou sobras de sua mesa.
- 2a cena: Um DIÁLOGO entre o rico e Abraão,
> Proposta: "Pai Abraão, se alguém entre os mortos for avisar meus irmãos,
certamente vão se converter..."
> Resposta: "Se não escutam a Moisés, nem aos profetas,
mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão..."
A MORTE de ambos reverte a situação e troca as posições:
quem vivia na riqueza está destinado aos "tormentos",
quem vivia na pobreza se encontra na paz de Deus
* Na Parábola, Jesus fala de um rico que é condenado, não porque era mau,,
mas porque era rico, porque se isolava no seu mundo e não partilhava os bens com que estava passando necessidades
+ "Que Escutem Moisés e os profetas!":
Essa advertência tem um significado todo especial no DIA DA BÍBLIA.
A expressão "Moisés e os Profetas", no tempo de Jesus,
significava toda a Sagrada Escritura.
Jesus quer dizer, que não estamos precisando de aparições duvidosas do além, de videntes ou prodígios milagrosos...
A BÍBLIA é a única Revelação segura que todo cristão deve acreditar...
Ela é suficiente para iluminar o nosso caminho.
Seguindo essa Luz, encontraremos, aqui na terra, a solidariedade, a fraternidade e, na outra vida, acolhida na casa de Deus, um lugar junto de Abraão.
Essa Palavra de Deus, podemos encontrá-la:
Na Catequese... na Liturgia... na Leitura orante da Bíblia...
nos Grupos de Reflexão, nos Cursos de formação... na Leitura pessoal...
+ Quem são os LÁZAROS hoje?
Ainda hoje quantos ricos esbanjam na fartura, enquanto pobres "Lázaros" continuam privados até das migalhas que sobram...
Creio que os vemos diariamente nas ruas e na televisão...
Escutar Moisés, os Profetas, o Evangelho
favorece o desapego e abre os olhos às necessidade dos irmãos.
O Documento de Santo Domingo afirma:
"O crescente empobrecimento a que estão submetidos
milhões de irmãos nossos, que chega a intoleráveis estremos de miséria,
é o mais devastador e humilhante flagelo que vive a América Latina" (179).
No Brasil: O Salário mínimo irrisório... A aposentadoria miserável...
enquanto outros recebem supersalários... e inúmeros desvios...
No Brasil, milhões de Lázaros nos indicam o caminho da salvação...
- Se nos abrirmos ou não a eles...
- Se nos colocarmos ou não a serviço de sua libertação.
"Deus destinou os bens criados para uso de todos os homens e povos". (GS 69)
+ E conclui com uma ADMOESTAÇÃO:
"Há um abismo que nos separa... e não haverá mais volta..."
Após a morte, a situação se torna irreversível.
+ Como superar esse abismo que nos separa?
Abismo que não foi construído por Deus, mas pelos homens...
abismo que começa agora... e se prolonga no além...?
A EUCARISTIA é um grande meio para vencer esse abismo,
desde que seja sempre uma verdadeira COMUNHÃO...
- que inicia AGORA (na Igreja, na família, na sociedade) e
- se prolonga por toda a ETERNIDADE junto de Deus.
Que assim seja!...

26° Domingo do Tempo Comum

O rico e o Lázaro
Enquanto a caravana de Jesus e seus discípulos segue o caminho para a Jerusalém, os fariseus e mestres da lei andam pela mesma trilha, observando tudo e contestando a conduta de Jesus. O Filho de Deus, concentrado em sua missão, continua alertando sobre os riscos e as exigências do ser discípulo. Em meio às riquezas, corre-se o perigo da insensibilidade diante dos sofrimentos dos pobres, e a perda do rumo que conduz à vida plena.A parábola do rico e do indigente Lázaro, no primeiro momento, mostra o rico opulão banqueteando-se e esbanjando os bens adquiridos à custa da miséria dos pobres personificados no indigente Lázaro, a quem não lhe é permitido sequer alimentar-se das migalhas que caem da farta mesa (Lc 16,20-21). A morte nivela ambos, mas o destino é diferente. Lázaro, em vida ferido no corpo e na dignidade, é levado pelos anjos junto de Abraão (Lc 16,22); e o rico, que viveu sem se importar com a eternidade, mergulha nos tormentos do inferno (Lc 16,23). A realidade se inverte. Aquele que não dera ouvidos às súplicas do pobre Lázaro agora clama para que Abraão diga a Lázaro que lhe suavize seus sofrimentos (Lc 16,24) e alerte, em tempo, seus irmãos sobre o modo de viver, para que não caiam na mesma desgraça (Lc 16,30). Todavia, para quem já tem Moisés e os Profetas, e mesmo assim é surdo à palavra deles e insensível aos pobres que o cercam, nem mesmo um fato miraculoso o fará tomar consciência da necessidade de mudar seu modo de viver (Lc 16,29-30). A história do rico e do pobre Lázaro pode ser vista gratuita e diariamente nos palcos da vida social. Esse relato explicita a pedagogia de Deus em favor dos menos favorecidos da história e se constitui em uma severa advertência, para quem possui bens, a respeito do uso correto da riqueza.A palavra de Jesus acena para o modo de agir no tempo presente, em meio aos bens materiais, a fim de que não comprometa a realidade futura. Pois é aqui na terra que se decide o destino eterno. Não adianta esperar para depois. Após a morte, a situação se torna irreversível. A parábola proclamada - do rico e do pobre Lázaro -, além de convidar ao discernimento sobre a coerência de vida que garanta o futuro, questiona os discípulos a respeito dos valores em que eles depositam sua confiança. Lázaro, vivendo a situação de indigente, suportou a situação de penúria e encontrou a compaixão de Deus. Em contrapartida, o rico, que em vida recebeu tudo e se banqueteava lautamente, não teve a mesma sorte. Foi excluído do Reino não porque roubou, praticou injustiças ou simplesmente por ser rico, mas por ter passado a vida centrado em sua riqueza, em seu bem-estar, a ponto de tornar-se incapaz de pensar em Deus e de demonstrar insensibilidade para com o pobre morrendo de fome à porta de sua casa. Seus bens podiam ter sido sinais de compaixão; no entanto, a atitude gananciosa do rico criou um abismo intransponível entre ele e o irmão indigente. Embora ambos estivessem fisicamente próximos, seu coração estava a quilômetros de distância! O rico está tão alienado em sua riqueza, que é incapaz de fazer um pequeno gesto de solidariedade. O discípulo de Jesus deve ser alguém sábio, que deposita sua confiança em algo sólido para não comparecer à presença do Senhor de mãos vazias, a exemplo do rico opulento. A escuta atenta da Palavra é o meio privilegiado que ilumina o discernimento sobre a vontade de Deus e a fidelidade ao seu projeto. Quem se distancia da Palavra de Deus corre o perigo de se tornar insensível e incapaz de fazer gestos gratuitos de solidariedade. Conseqüentemente, cava um abismo entre ele, Deus e os irmãos. Escutar Moisés, os Profetas e o Evangelho favorece o desapego e abre os olhos às necessidades do próximo. Que o Dia da Bíblia, que hoje celebramos, nos incentive, mediante o conhecimento das Sagradas Escrituras e sua vivência, a ter o coração aberto e generoso para com todos os nossos irmãos!

DOMINGO 26 del Tiempo Ordinario - Ciclo "C" -

En este Domingo el Señor nos vuelve a hablar -ampliando un poco más el tema del Domingo anterior- de los bienes espirituales y de los bienes materiales, de lo celestial y de lo terreno, de lo temporal y de lo eterno.
Contienen las Lecturas de hoy una grave advertencia para los que vivimos apegados a los bienes materiales, olvidándonos de compartirlos con los que carecen de esos bienes. Traen -por lo tanto- un llamado al ejercicio de la caridad, en su aspecto de compartir con los demás.
El Evangelio (Lc. 16, 19-31) nos trae la Parábola narrada por el Señor de un hombre muy, muy rico, que vivía en medio de muchos lujos y bienes superfluos, y que no era capaz de ver la necesidad de un pobre que siempre estaba en la puerta de su casa.
Y sucede que ambos personajes mueren. Nos dice el Evangelio que el pobre fue llevado por los Angeles al “seno de Abraham”. Así se nombraba el lugar donde iban los muertos antes de que Cristo muriera, resucitara y abriera las puertas del Cielo. Es decir que el destino del mendigo Lázaro fue de felicidad eterna.
¿Qué sucedió con el rico? Nos dice el Evangelio que fue al “lugar de castigo y de tormentos”. Es decir el destino del rico egoísta fue de condenación eterna.
Pero debemos ver bien ... No nos dice el texto que el rico fue al Infierno por ser rico. No ... El rico fue al Infierno por ser egoísta, por no saber compartir, por no tener compasión de los necesitados, por no usar bien su dinero, por usar su dinero solamente para sus lujos. Esto quiere decir que la riqueza en sí no es un pecado. El pecado consiste en no usar rectamente los bienes que Dios nos da. El pecado consiste en no saber compartir los bienes que Dios nos da.
La Primera Lectura del Profeta Amós (Am. 6, 1.4-7) describe a los que viven en medio de lujos y excesos, a espaldas de las necesidades de los demás. Reprende seriamente a “los que no se preocupan por las desgracias de sus hermanos”. El Profeta advierte claramente sobre el destino de los que así se comportan. Dice así: “Por eso irán al destierro”.
Y ¿qué es el “destierro”? Aunque esta profecía del destierro se cumplió para el pueblo de Israel treinta años después, a causa de su decadencia moral, el “destierro” tiene un sentido espiritual más amplio para nosotros hoy en día: es el mismo lugar de tormentos al que fue el rico del Evangelio, el Infierno.
El Infierno viene nombrado muchas veces en la Sagrada Escritura. Es uno de los Dogmas de nuestra Fe Católica que más veces se nombra en la Biblia con diferentes nombres, como hemos visto en estas Lecturas de hoy. Por cierto, es bueno insistir que el Infierno -al igual que el Cielo y el Purgatorio- son Dogmas de Fe; es decir: son de obligatoria creencia por parte de todos los Católicos.
Fíjense que en este texto evangélico vemos al mismo Jesucristo hablarnos del Infierno, y hablarnos también de la posibilidad que tenemos de condenarnos para siempre, si no obramos de acuerdo a la Voluntad de Dios. En el caso del rico de la parábola, se olvidó de la Voluntad de Dios y se regía sólo por sus apetencias. Por eso falló en caridad, generosidad, compasión, y estuvo pendiente sólo de sus gustos y lujos, olvidándose de Dios y de los demás.
Decíamos que el Señor nos hablaba con su Palabra hoy sobre los bienes espirituales y los bienes materiales. Respecto de los bienes materiales ya lo hemos expresado: hay que saber c o m p a r t i r . Hay que saber estar atentos a las necesidades de los demás. Hay que saber ayudar a quien necesita ser ayudado.
Las Lecturas de hoy nos recuerdan que la búsqueda de bienes materiales podría más bien alejarnos del camino del Cielo. La búsqueda de bienes materiales podría alejarnos de lo que San Pablo nos recuerda en la Segunda Lectura (1 Tim. 6, 11-16): “la conquista de la vida eterna a la que hemos sido llamados”. La búsqueda de bienes materiales nos puede cegar, haciéndonos creer que el dinero y las cosas que con el dinero conseguimos, es lo único verdaderamente importante y necesario. Y no es así.
Debemos recordar que los bienes verdaderamente importantes son los bienes espirituales. Estos son los bienes que no se acaban. Son los que realmente debemos buscar. Son los que nos aseguran la conquista de la vida eterna, de que nos habla San Pablo hoy.
Y ¿cuáles son esos “bienes espirituales? Son todas aquellas cosas relacionadas con la vida espiritual. No basta solamente evitar el pecado. No basta solamente venir a Misa los Domingos, que es un precepto indispensable de cumplir.
En la Misa, además, nos nutrimos de la Palabra de Dios, de la enseñanza en la Homilía, nos nutrimos también de Dios mismo al recibirlo en la Eucaristía. Pero eso no basta. Es necesario ir creciendo en las virtudes, tratar de ser cada vez mejores, especialmente a través de la oración frecuente. Aprovechando todas estas gracias, vamos procurándonos “bienes espirituales”.
Volvamos -entonces- al relato del Evangelio, que tiene dos partes bien diferenciadas. Vemos que en la primera parte el Señor nos describe cómo debe ser el uso de los bienes materiales y las consecuencias que puede tener el usarlos mal.
La segunda parte nos describe lo que es la eternidad, lo que es la otra vida. La primera cosa que debemos observar en el relato hecho por el mismo Jesucristo es que, después de la muerte, hay salvación o hay condenación.
No nos habla Jesucristo de nada que se parezca a la re-encarnación, ese mito nefasto que se nos ha estado metiendo aun entre los Católicos. Sepamos que es verdad de fe que se vive en esta tierra una sola vez y que después de esta vida terrenal hay o condenación, o salvación, y que podemos salvarnos yendo directamente al Cielo o pasando primero una etapa de purificación en el Purgatorio, para luego ir al Cielo.
Sigue relatando el Señor en esta parábola, que el rico pide desde su lugar de tormentos al menos una gota de agua para refrescarse de las llamas que lo torturan. Y Abraham le responde que eso no es posible, que ya no hay remedio. Es una descripción de lo que es el Infierno: es un lugar de tormentos y de fuego. Y además, sin remedio: quien llega allí ya no puede regresar.
Dice el texto: “entre ustedes y nosotros se abre un abismo inmenso, que nadie puede cruzar, ni hacia allá, ni hacia acá”. No estamos tratando de asustar. Simplemente estamos extrayendo del Evangelio lo que el mismo Cristo contó a sus seguidores y que nos cuenta a nosotros, que somos sus seguidores de hoy.
Insiste el rico que al menos, entonces, envíe al pobre Lázaro a avisarle a sus familiares, para que ellos no acaben en ese lugar de tormentos. Se le responde que ya Moisés y los Profetas han hablado sobre esto.
Sigue insistiendo el rico: “Pero si un muerto va a decírselos, entonces sí se arrepentirán”. Y viene, entonces, la sentencia final del Señor: “Si no escuchan a Moisés y a los Profetas” -es decir, si no escuchan la Palabra de Dios- “ni aunque un muerto resucite harán caso”.
Y ¿a qué muerto se refiere el Señor? ... Se está refiriendo a El mismo. El nos dejó su Evangelio que completa la Ley que Dios dio a Moisés y las enseñanzas de los Profetas. El murió y resucitó. Y todavía hay gente que no cree en ese muerto, en ese muerto resucitado, que es nada menos que Dios hecho Hombre.
Y -peor aún- todavía hay Cristianos que no practican sus enseñanzas. Todavía hay Católicos que se dan el lujo de llamarse así y de negar algunas verdades de la fe cristiana, como sucede cuando se niega la existencia del Infierno, o cuando se está creyendo en esa mentira de la re-encarnación, que niega la Verdad sobre la Vida Eterna.
Recordemos las lecciones de las Lecturas de hoy: el recto uso de los bienes materiales, los bienes verdaderamente importantes son los espirituales, y la Verdad sobre la Vida Eterna, que es ésta: después de la muerte no volvemos a esta vida terrena, sino que hay para nosotros salvación eterna o condenación eterna.Con el Salmo 145 alabamos “al Señor que viene a salvarnos”. Reconocemos la Divina Providencia, que “hace justicia al oprimido, da pan a los hambrientos y libera al cautivo ... premia al justo ... y trastorna los planes del inicuo ... Dios reina por los siglos”. Amén.

"Um pobre... estava deitado junto ao portão" « Gaudium et Spes », § 69

Concílio Vaticano IIConstituição sobre a Igreja no mundo do nosso tempo, « Gaudium et Spes », § 69
"Um pobre... estava deitado junto ao portão"
Deus destinou a terra com tudo o que ela contém para uso de todos os homens e povos; de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos, segundo a justiça, secundada pela caridade. Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições dos povos e segundo as diferentes e mutáveis circunstâncias, deve-se sempre atender a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa desses bens, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si mas também aos outros. De resto, todos têm o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias. Assim pensaram os Padres e Doutores da Igreja, ensinando que os homens têm obrigação de auxiliar os pobres e não apenas com os bens supérfluos. Aquele, porém, que se encontra em extrema necessidade, tem direito de tomar, dos bens dos outros, o que necessita. Sendo tão numerosos os que no mundo padecem fome, o sagrado Concílio insiste com todos, indivíduos e autoridades, para que, recordados daquela palavra dos Padres - «alimenta o que padece fome, porque, se o não alimentaste, mataste-o» - repartam realmente e distribuam os seus bens, procurando sobretudo prover esses indivíduos e povos daqueles auxílios que lhes permitam ajudar-se e desenvolver-se a si mesmos. Nas sociedades econòmicamente menos desenvolvidas, o destino comum dos bens é frequentes vezes parcialmente atendido graças a costumes e tradições próprias da comunidade, que asseguram a cada membro os bens indispensáveis. Mas deve evitar-se considerar certos costumes como absolutamente imutáveis, se já não correspondem às exigências do tempo actual; por outro lado, não se proceda imprudentemente contra os costumes honestos, que, uma vez convenientemente adaptados às circunstâncias actuais, continuam a ser muito úteis. De modo análogo, nas nações muito desenvolvidas econòmicamente, um conjunto de instituições sociais de previdência e seguro pode constituir uma realidade parcial do destino comum dos bens. Deve prosseguir-se o desenvolvimento dos serviços familiares e sociais, sobretudo daqueles que atendem à cultura e educação. Na organização de todas estas instituições, porém, deve atender-se a que os cidadãos não sejam levados a uma certa passividade com relação à sociedade ou à irresponsabilidade e recusa de serviço.