sexta-feira, 13 de julho de 2007

15° Domingo do Tempo Comum (Pe Carlo)

O episódio que hoje a liturgia nos propõe se coloca na grande perspectiva do Evangelho de Lucas que vê a vida de Jesus como uma longa viagem em direção a Jerusalém, a Cidade Santa na qual, segundo a visão messiânica dos judeus, Deus deveria mostrar todo o seu poder e instaurar definitivamente sua soberania. Naquele dia, contemporaneamente à manifestação do “dia do Senhor” seria manifestada ao mundo a “justiça” de Israel, justiça que significava para os hebreus, fidelidade à Lei dada por Moisés como diz o texto do Levitico: «Observareis todas as minhas leis e meus preceitos, por meio dos quais, qualquer um que os praticar, viverá. Eu sou o Senhor» (Lev. 18,5). Seguir e cumprir a Lei depositada nos Escritos Sagrados tornaria Israel um povo santo e capaz de realizar a sua missão: «Vocês serão santos porque Eu, o Senhor sou Santo, vos separei dos outros povos para serem meus» (Lev. 20,26).
Na visão de Lucas, indo para Jerusalém Jesus realizava, sim, o verdadeiro designo de Deus, mas não pelos caminhos que a religiosidade judia previa. Jerusalém, tanto nos escritos do Antigo Testamento, quanto nos Evangélicos, se tornou o lugar por antonomásia da definição da luta entre Deus e seu inimigo, entre o orgulho -fonte e origem do pecado- e a humilde disposição, que é a atitude de quem se sente servo de Deus. Sendo assim, as duas mentalidades são representadas pelo dialogo entre o doutor da Lei e Jesus, um que precisa de certezas e garantias, precisa saber quais são os passos para chegar a Deus, o outro que propõe uma lógica que não passa por motivações escritas.
Vejamos quanto o Evangelista quer nos sugerir.
A pergunta do doutor da Lei é tendenciosa e feita em duas etapas; em primeiro lugar ele quer garantir-se o beneplácito de Jesus que, -embora tendo restrições- considera “mestre”, para depois formular a verdadeira questão que estava cultivando dentro de si. O doutor se aproximou pronunciando a frase clássica de todos os que queriam seguir um rabi ou um novo mestre da Lei que dava a sua opinião : «O que devo fazer para herdar a vida?». Com esta expressão formal o individuo se colocava à disposição do novo mestre para fazer quanto lhe seria proposto. Jesus não respondeu ao doutor da Lei dando uma fórmula, uma solução barata, como se a salvação (que significa felicidade, plena realização) fosse um objeto de conquista para possuir o qual é preciso conhecer os meios mais eficientes. Não é assim.
Jesus colocou o doutor na condição de ser ele mesmo o parâmetro do que significa “salvação” pedindo-lhe de “ler” ele mesmo a Lei que tanto prezava e servia. “Ler” com outro ponto de vista, filtrar além daquilo que esta diz, superar os limites que toda lei carrega em si mesma; limites que Paulo chama «maldição da lei» (Gal3,13), pois somente nos dizem até que ponto somos ou não obrigados a fazer algo ou não faze-lo, e assim, apresentando a solução mais fácil, sufocam a imprevisível criatividade de um coração que sabe amar. Infelizmente aquele que conhecia tão bem a Lei não teve coragem de responder mais do que a lei dizia. Laconicamente e com uma ponta de tristeza Jesus via frustrada a sua oferta ao ouvir a repetição mecânica das palavras escritas. Para quem não tinha coragem de arriscar só podia haver uma resposta: «muito bem..faz isto e viverás», é como se Jesus lhe dissesse: “se é nisto que você acha que consiste a Vida –como dizia o Levitico acima citado- pois então faça o que a Lei te diz e terá o que esta lei te oferece”. O doutor entendeu perfeitamente quanto Jesus lhe sugeria por isso que quis «justificar-se da pergunta». É evidente que, não se limitar ao certo e errado, a o que devo fazer ou não fazer, é bem mais difícil do que viver cobertos pela garantia que nos oferece uma lei que me diz: “você está certo”... Afinal das contas a lei não nos envolve, simplesmente nos coloca numa ou outra situação; contudo não permite ao nosso coração de dar o melhor de si mesmo justamente porque não diz respeito à opção fundamental de nossa vida a qual, única, é capaz de dar coragem, entusiasmo, criatividade. A morte do coração é quando dizemos a nós mesmos: “a lei diz assim e é assim que eu fiz”. Isto é morte porque a vida é o amor e o amor não tem limites, o amor não mede, a norma sim! Jesus tentou ensinar ao doutor em que consiste a felicidade, a realização, a “vida”; para tanto utilizou a segunda pergunta do doutor da Lei: «quem é o meu próximo?».
Aparentemente a pergunta parece insignificante e banal, todavia esta adquire seu significado pleno se levarmos em consideração o conceito de “próximo” na mentalidade judia. Segundo esta o “próximo” é aquele que faz parte do meu grupo, da minha família, daqueles que pensam como eu etc. Esta visão, logo, induz a fracionar o mundo, a fazer distinções e até divisões; evidentemente o doutor não entendia a amplitude da idéia de “próximo” de Jesus, uma vez que Ele não fazia distinção nenhuma nem partidarismos. Ora, a pergunta tem um outro aspecto, o que interessa de verdade ao doutor e que, creio, nos induz a fazer um bom exame de consciência. Digamos que a mesma pergunta pode ser simplificada desta forma (já que o contexto e a semântica o permitem): “Afinal, quem está perto de mim? Quem vai ficar do meu lado?”
A lei sempre garante a aprovação de um grupo; mas arriscar de ultrapassar a lei, arriscar de envolver-se pessoalmente, arriscar de não ter “ninguém”, nenhum apoio de amigos ricos ou de prestigio, arriscar em seguir uma lógica que prescinde de tudo isto que os “meus” me oferecem... é bem mais complicado. Assim se compreende melhor a preocupação do doutor da Lei. Jesus responde com uma história que não temos agora como analisar em seus belíssimos particulares; me permito somente salientar alguns elementos.
A história que o homem vive confirma em sua lógica a atitude que Jesus sempre teve: não existe uma regra preestabelecida que funcione como fórmula. A solução se encontra eventualmente, nas situações imediatas que a vida oferece, pois nelas é que Deus fala.
O sacerdote estava “voltando” de Jerusalém, onde havia oficiado o culto a Deus mas... não havia se encontrado com Deus; o levita também, preso às normas de pureza ritual não entrou em contato com o infeliz ensangüentado, somente o fez um samaritano que «passava por acaso». É nas situações imprevistas, eventuais, que vem à tona o que está dentro do coração e é isto que nos dá a noção exata do que é ser “próximo” de alguém.
Àquele que perguntava a Jesus: «quem é o meu próximo» Ele respondia: “você saberá quem é teu próximo somente quando tiver sido o próximo de alguém”. Ser próximo é ter sentimentos de “com-paixão”, isto é, sofrer com o que o outro sofre, sentir o que o outro sente; não é estabelecer laços que garantem umas certezas. Aquele que terá estes sentimentos fará uma nova descoberta. Não é difícil saber em que esta consiste, se prestarmos atenção a um pequeno detalhe do Evangelho de João (8,48) pelo qual sabemos que, com ar de desprezo, Jesus era qualificado pelos próprios doutores da Lei com o epíteto de “samaritano”.
Sim, quem tiver com-paixão poderá descobrir que Jesus é seu “próximo”, Aquele que fica sempre ao lado, curando as feridas do coração com óleo e vinho. Então não haverá mais necessidade de artificiosas seguranças.
Deus te abençoe.

Pe.Carlo
centrobiblicord@yahoo.com.br

quinta-feira, 12 de julho de 2007

O Samaritano

O Samaritano

Todos nós desejamos com segurança a Vida eterna.
Mas qual é o CAMINHO para conquistá-la.

As leituras bíblicas nos apontam o caminho.

Na 1a leitura, MOISÉS convida o Povo a aderir aos Mandamentos:
"Ouve a voz do Senhor, teu Deus, e observa todos os seus Mandamentos".
E acrescenta: "Esta lei não está acima de tuas forças... pelo contrário,
ela está bem perto de ti, está em tua boca e em teu CORAÇÃO" (Dt 30,10-14)

* Os Mandamentos de Deus:
- Não são uma coleção de prescrições e proibições impostas por um patrão,
que tolhem a nossa liberdade e prejudicam a nossa realização pessoal.
- Pelo contrário, correspondem aos anseios profundos da pessoa humana,
são o caminho seguro, que nos conduz à Felicidade eterna desejada.
E Deus inscreveu esses preceitos em nosso próprio coração.

No Evangelho, CRISTO aponta o caminho da vida eterna,
respondendo a duas perguntas de um Mestre da Lei: (Lc 10,25-37)

1. "Que devo fazer para alcançar a vida eterna"?
- Jesus o questiona: "O que diz a Lei?"
- Ele responde resumindo os 613 preceitos em dois:
o Amor a Deus e o Amor ao Próximo... (Dt 6,5; Lev 19,18)
- Jesus concorda: "Respondeste bem... FAZE isto e viverás".
- E ele insiste com a segunda pergunta:

2. "E quem é o meu próximo?"
Na época de Jesus, "próximo" era o membro do Povo de Deus;
excluíam os inimigos, os pecadores e os não praticantes...
Jesus responde não com uma definição, mas com um exemplo prático...
com a maravilhosa Parábola do BOM SAMARITANO...

- Um homem é assaltado por ladrões...
que o deixam jogado meio morto à margem da estrada.
- Ali passa um SACERDOTE, que sabe tudo sobre a Lei:
vê o homem jogado, mas vai adiante.
- Passa também um LEVITA, que trabalha diariamente no templo,
mas não sabe nada de Deus: não tem misericórdia para aquele homem.
Vê o homem e vai em frente...
- Passa também um "SAMARITANO" que não sabia tão bem a Lei de Moisés.
Esse "pagão" sente "compaixão" (sentimento próprio de Deus).
Supera a hostilidade entre judeus e samaritanos,
esquece seus negócios, seus compromissos, seu cansaço, o medo...
"Aproxima-se dele, derrama óleo e vinho nas feridas.
Depois o coloca em seu animal e completa os cuidados na pensão".

- E Jesus concluiu: "Vai e faze tu o mesmo".

15° Domingo do Tempo Comum.

O bom samaritano Um doutor, profundo conhecedor dos 613 mandamentos da Lei, interroga Jesus sobre o que fazer para receber a herança da Vida Eterna. O Mestre devolve a pergunta ao interlocutor: "O que está escrito na Lei? Como você lê?". Sua resposta demonstra um bom conhecimento das Escrituras. Jesus elogia sua resposta e lhe recomenda: "Faça isso e viverá!". Todavia, para alcançar a herança eterna, é preciso algo mais. O essencial na vida é viver a misericórdia para com as pessoas, não apenas saber corretamente a doutrina e praticar ritos religiosos. Não satisfeito com a palavra de Jesus e para justificar-se, o especialista nas leis pergunta: "E quem é o meu próximo?". A compreensão de Jesus é outra. É o próximo que está em necessidade, não importa ser ele o vizinho, o amigo, um parente ou alguém estranho. Jesus quer revelar ao sábio que seu conceito pelo qual o próximo era apenas a pessoa da mesma etnia estava equivocado, e recorre, sem impor sua opinião, a uma história exemplar: a parábola do bom samaritano. Certo dia, um judeu passa pelo caminho de Jerusalém para Jericó quando é assaltado, machucado e abandonado por seus agressores. Pela mesma estrada, passam, sucessivamente, um sacerdote e um levita, conhecedores das prescrições cultuais sociais (da impureza); para não interromperem seus compromissos, seguem adiante, deixando o homem caído. A estrita observância da lei os impede de praticar a caridade. Pelo mesmo caminho, passa um samaritano, livre do peso dos preceitos legais e cultuais, praticante da religião do bem. Vendo o homem ferido e abandonado, aproxima-se dele, sem se preocupar com prescrições legais ou com o relacionamento entre judeus e samaritanos. Comovido, presta-lhe auxílio: unge-o com óleo, carrega-o em sua montaria e leva-o a um lugar onde possa ser curado. Sua solidariedade vai além, pois paga-lhe as despesas até a recuperação total. Aquele que vivia a religiosidade e o culto de modo incorreto (segundo as prescrições judaicas) e era até desprezado pelos chefes religiosos oficiais revelou-se o único capaz de exercer a caridade. Nessa parábola, a tradição teológica e pastoral vê refletida a humanidade ferida e abandonada a si mesma, e o amor compassivo de Deus que, por meio de seu Filho, se inclina para resgatá-la. Essa interpretação, tão significativa e sugestiva, continua a ser válida e ensina a viver os mesmos sentimentos de Cristo, a inclinar-se, como ele, diante da humanidade ferida e violentada e a socorrer os feridos e abandonados que jazem "semimortos" nas periferias da sociedade. Em sua avaliação, Jesus marginaliza aqueles que, investidos do poder religioso, são insensíveis e não se comovem diante das necessidades e tragédias dos outros. Por outro lado, realça o protagonismo dos que, movidos pelo amor solidário, em gestos humildes e simples, com óleo, vinho e faixas, restauram a vida e as relações feridas.

15º Domingo Comum Pe. Luiz Carlos de Oliveira (CSsR)

“Que devo fazer para ganhar a Vida?”
Um único amorUm homem versado nas Escrituras, para testar Jesus, pergunta-lhe qual é o ponto central de todo o ensinamento. Jesus responde perguntando: “O que está escrito na Lei?” Ele diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração [...] e a teu próximo como a ti mesmo” (Dt 4-5; Lv 19,18). Então, completa Jesus, “faze isso e viverás”. – “Quem é meu próximo?” Pergunta o doutor. Jesus explica com a parábola do bom Samaritano: Um homem caiu nas mãos dos assaltantes que o deixaram meio morto. Passa um sacerdote, aquele que tem por missão honrar a Deus, vê e passa adiante. Passa um homem de Igreja, vê e... Passa o samaritano, um herege, um pecador. Vê, pára, cuida do homem. Fez o serviço completo. Quem amou? O que teve compaixão e usou de misericórdia. Partimos da Palavra: Conhecemos o amor a partir da Palavra de Deus. Ela nos coloca diante da realidade do amor que é um só e completo quando amamos a Deus e as pessoas com o mesmo amor. Os dois primeiros homens eram ligados ao culto. Tinham o máximo da “religião”. Mas culto sem amor é vazio. O amor a Deus passa pelo próximo. João diz; “Quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). Há um só amor, aquele que se dirige a Deus, passando pelo irmão. E o amor ao irmão deve ser “como todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência”, como a Deus. A atitude misericordiosa do samaritano faz do herege, que teve compaixão, o modelo do amor cristão. Esse mandamento não é do passado, pois Deus diz “Este mandamento que HOJE te dou não é difícil demais [...] Está em teu coração” (Dt 30,11.14). Coração, sede do amor.Quem é meu próximoNão existe meu próximo. Existe o próximo de cada um. Jesus muda o sentido da religião para a realização da fé pelo amor, não só por ritos litúrgicos e conhecimentos intelectuais. Eu sou próximo de cada pessoa. Não existem dificuldades para saber quem necessita. Basta ter um olhar sobre o mundo. Existem muitos homens caídos, como existem muitos passando ao largo. A religião verdadeira é aquela que tem o amor como sua primeira prática. Aí sim, o culto de adoração a Deus, a liturgia, vai preencher o mandamento e trazer-nos a experiência profunda de Deus em Cristo, pois é a Ele que acolhemos em cada um. Será que nossa fé não perde seu vigor quando não temos o amor e não somos o próximo de cada homem, de cada necessidade e situação, colocando-os acima de nossos interesses, mesmo religiosos? É fácil fazer uma religião sem compromisso. Mas ouviremos a palavra: “Tive fome e não me destes de comer... pois toda vez que não o fizestes ao menor de meus irmãos, foi a mim que não o fizeste ...” (Mt 25,31-43). Jesus é o bom samaritanoCristo é imagem do Deus invisível, primogênito de toda criatura, criador com o Pai, cabeça do corpo e reconciliador do universo. Mas é ícone perfeito do Pai em sua compaixão. Ao descer de sua cavalgadura, o samaritano é imagem de Jesus que vem ao mundo e desce para curar a criatura ferida. Quando temos os mesmos sentimentos de Jesus, será ele a agir em nós (Fl 2,5). Veio ser próximo da cada pessoa: “Não se envergonha de chamá-los irmãos” (Hb 2,11). Jesus se identifica conosco quando nos inclinamos sobre as dores do mundo presentes em cada pessoa. Jesus, em mim, te ama. Os grandes homens e mulheres foram os que se perderam pelos outros, fazendo-se tudo para todos. Não deixemos de lembrar as pastorais que lutam pelas crianças, anciãos, doentes, encarcerados, lavradores etc... Leituras: Deuteronômio 30,10-14; Salmo 18,b; Colossenses 1,15-20; Lucas 10,25-37.Ficha: 1. Jesus conta a parábola do samaritano para explicar ao doutor da lei quem é seu próximo. Os dois homens que passam ao largo representam os que dedicam sua vida à ciência da fé e ao culto. Jesus mostra que o amor a Deus, que está no mandamento, passa pelo amor ao próximo. Jesus faz ver que a verdadeira religião não está no conhecimento, nem no status religioso, mas na tomada de posição pelo próximo, sobretudo o sofredor. 2. Somos os próximos de cada pessoa. Jesus, ao colocar duas pessoas da classe religiosa, cultual, mostra que a religião está na fé que acontece através do amor. Somente assim o culto toma sentido e consistência. É fácil fazer uma religião sem compromissos com o irmão. Não custa, mas não rende. 3. Cristo é imagem do Deus invisível, sobretudo imagem de sua compaixão. O Filho vem ao mundo como o bom samaritano que se inclina sobre a criatura ferida. Quando temos os sentimentos de Jesus, será Ele a agir em nós. Jesus se identifica conosco.

DOMINGO 15 del Tiempo Ordinario - Ciclo "C" -

Las Lecturas del día de hoy nos hablan del amor al prójimo, como mandamiento. Por eso trataremos sobre la Caridad Cristiana y los deberes que tenemos para con nuestros semejantes.
Lo primero que debemos tener en cuenta es el hecho de que la Caridad es una virtud infundida en nosotros por Dios. Es decir, nosotros no podemos amar por nosotros mismos, sino que Dios nos ama y con ese Amor con que Dios nos ama, podemos nosotros amar ... amarle a El y amar también a los demás. Si Dios no nos amara, el hombre sería incapaz de amar.
Podemos, entonces, amar a Dios, como nos pide el Evangelio de hoy: “con todo nuestro corazón, con toda nuestra alma, con todas nuestras fuerzas y con todo nuestro ser” (Lc. 10, 25-37). Así, con esa medida, debemos amar a Dios. Y esto no es imposible.
Nos lo asegura la Primera Lectura del Libro del Deuteronomio, que es el libro del Antiguo Testamento que explica la Ley de Dios en forma práctica. Ahí nos dice Moisés lo siguiente: “Los mandamientos no son superiores a tus fuerzas, ni están fuera de tu alcance ... Por el contrario, todos los mandamientos están muy a tu alcance, en tu boca y en tu corazón para que puedas cumplirlos”. (Dt. 30, 10-14)
O sea, que los mandamientos no son imposibles de cumplir, ni están por encima de nuestra capacidad. Hoy hablaremos de los Mandamientos, resumidos o contenidos en dos: el Amor a Dios y el amor al prójimo. Así lo refiere el Evangelio de hoy. Así lo aprendimos en el Catecismo: los 10 Mandamientos de la Ley de Dios se encierran en dos (Amar a Dios sobre todas las cosas y al prójimo como a uno mismo).
Ambos Mandamientos están unidos. Uno es consecuencia del otro. No podemos amar a nuestros semejantes sin amar a Dios. Y no podemos decir que amamos a Dios si no amamos a nuestros semejantes. Se ha comparado también esta doble dimensión del Amor con los elementos de una cruz: la línea vertical indica el amor a Dios y la horizontal el amor a los hombres ... para indicar así que ambos son inseparables.
Volvamos, entonces, al concepto de Caridad.
La Caridad es una virtud, o sea, una costumbre o un hábito de característica espiritual, que es infundida por Dios en nuestra alma, por medio de la cual amamos a Dios sobre todas las cosas, por lo que Dios es. Y por medio de la cual también amamos a los demás, porque Dios ha infundido su Amor en nuestros corazones (cf. Rom. 5, 5), para que seamos capaces de amar con el Amor con que El nos ama. Y amamos a los demás porque Dios así lo quiere y así nos lo ordena.
Y esta obligación de amar a los demás está basada en que todos los seres humanos, sin excepción, somos “imagen de Dios”.
Esto nos lo recuerda la Segunda Lectura de la Carta de San Pablo a los Colosenses, cuando nos dice: “Cristo es la imagen de Dios invisible, el primogénito de toda la creación” (Col. 1, 5-20). Cristo es el primero en todo. Y nosotros con El y después de El, somos también imagen de Dios. He ahí nuestra dignidad: la imagen de Dios está impresa en nuestra alma. Allí se basa la Ley del Amor: en el reconocimiento del valor que tiene cada ser humano. En cada persona reconocemos, estimamos y amamos la imagen de Dios.
Por eso la Caridad no puede depender del deseo, del afecto o de los lazos de sangre ... o de los lazos de raza, de nación o de religión, como bien lo indica Jesús en la parábola del Buen Samaritano que nos trae el Evangelio de hoy. Los judíos y los samaritanos no se trataban, tenían muchas diferencias, sobre todo religiosas. Pero el ejemplo del Buen Samaritano nos recuerda que la Caridad Cristiana está por encima de toda diferencia.
La Caridad Cristiana puede incluir esos lazos de afecto o de sangre, de raza o de religión, pero no depende de éstos. Jesucristo mismo nos advierte fuertemente: “Si amas a los que te aman ¿qué mérito tienes? Hasta los malos aman a los que los aman. Y si haces bien a los que les hacen bien, ¿qué mérito tienen? También los pecadores obran así” (Lc. 6, 32-34).
He aquí la diferencia entre altruismo y caridad, entre filantropía y amor. El Cristiano debe amar; no le basta hacer el bien con un escondido interés o con una motivación impura.
La Caridad es también independiente del sentimiento. Es más bien una disposición de la voluntad. Es un deseo de hacer el bien porque Dios nos ama así y desea que nosotros amemos como El nos ama. Por eso la Caridad no es egoísta; es decir, no busca la propia satisfacción, sino el servir al otro y complacer a Dios. Además la Caridad incluye a todos: buenos y malos, amigos y enemigos, familiares y extraños, ricos y pobres.
En el caso del Evangelio de hoy, es importante hacer notar esto de que la Caridad incluye a todos. Es así como el extraño, el Samaritano, el que no era del país, el que era considerado enemigo de la nación judía, fue el que ayudó al malherido por los ladrones.
Aquí es importante hacer notar, como nota de cultura bíblica, que el Mandamiento del Amor lo llamó nuestro Señor Jesucristo “el mandamiento nuevo”. ¿Y por qué era “nuevo”? Porque para los Judíos el mandato de amor a los demás era sólo para los de su misma raza y nación: era un amor entre ellos mismos. Por eso el Señor lo llama un mandamiento nuevo: porque se extendía a todos los hombres.
Y aquí vamos a la definición que pide el Doctor de la Ley del Evangelio. ¿Quién es el prójimo? El Señor le responde con la parábola del Buen Samaritano. Y con esto el Señor dice que el prójimo -que significa “próximo”, o el más cercano- puede ser alguien lejano ... como fue en este caso el extranjero.
Sin embargo, en el ejercicio de la Caridad, debemos saber que nuestro prójimo es aquél que el Señor nos presenta en nuestro camino. Puede ser un familiar, pero puede ser también un extraño.
Debemos estar atentos a las necesidades de los demás: necesidades espirituales y corporales. Las espirituales: enseñar al que no sabe, dar buen consejo al que lo necesita, corregir al que se equivoca, perdonar las injurias, consolar al triste, sufrir con paciencia los defectos de los demás, rogar a Dios por vivos y difuntos. Las corporales: dar de comer al hambriento, dar techo al que no lo tiene, vestir al desnudo, visitar a los enfermos y presos, enterrar a los muertos, redimir al cautivo, dar limosna a los pobres.
Y hacer estas cosas por servicio, no por propia satisfacción. Hacerlas por amor a Dios, no por quedar bien o por sentirnos bien nosotros mismos. Hacerlas porque vemos la imagen de Dios en quien necesita nuestro servicio. Esa es la diferencia entre altruismo o filantropía y Caridad Cristiana.
La Madre Teresa de Calcuta decía tener la gracia de ver el rostro de Cristo en los miserables que ella atendía. Es una gracia que podríamos pedir: ver la imagen de Dios, ver el rostro de Cristo en el prójimo necesitado.
Así se podrá cumplir en nosotros la promesa del Señor para el momento del Juicio Final, cuando dirá a los salvados: “Vengan benditos de mi Padre a tomar posesión del Reino que les he preparado desde el principio del mundo. Porque tuve hambre y me diste de comer; tuve sed y me diste de beber ... estuve enfermo y me visitaste ... etc.” Y los salvados dirán: “Señor ¿cuándo te vimos hambriento y sediento y enfermo, etc? Y el responderá: Cada vez que lo hicieron con alguno de estos mis hermanos, lo hicieron conmigo” (Mt. 25, 34-40).

“Desceu do céu” (Credo)

São Severo de Antioquia (c. 465-538), bispo
Homilia 89
“Desceu do céu” (Credo) “Um homem descia de Jerusalém a Jericó”. Cristo não disse “alguém descia”, mas “um homem descia”, porque a passagem diz respeito a toda a humanidade. Esta, na sequência do pecado de Adão, abandonou o local elevado, repousante, maravilhoso e sem sofrimento que era o Paraíso, adequadamente chamado Jerusalém – nome que significa “a Paz de Deus” – e desceu para Jericó, local plano e escavado, onde o calor é sufocante. Jericó é a vida febril deste mundo, vida que separa de Deus. […] Assim, pois, uma vez que a humanidade se afastou do bom caminho para esta vida […], os demónios selvagens vêm atacá-la à maneira de um bando de malfeitores. Despojam-nas das suas vestes de perfeição, não lhe deixando qualquer vestígio de força de alma, de pureza, de justiça ou de prudência, ou de qualquer dos elementos que caracterizam a imagem divina (Gen 1, 26); mas, atingindo-a com os golpes repetidos dos diversos pecados, derrubam-na e abandonam-na meio morta. […]A lei dada por Moisés vigorou […], mas faltava-lhe força, não podia conduzir a humanidade a uma cura completa, não elevava aquele que jazia por terra. […] É que a Lei oferecia sacrifícios e oferendas que não podiam tornar perfeitos, em consciência, aqueles que praticavam este culto, porque “é impossível que o sangue dos touros e dos carneiros tire os pecados” (Heb 10, 4). […]Passou finalmente um samaritano. Cristo dá a Si próprio o nome de samaritano. Porque […] foi Ele mesmo quem veio, realizando o desígnio da Lei e fazendo ver, pelas suas obras, quem é o próximo e o que significa amar os outros como a si mesmo.

O amor que nos torna próximos dos outros

Uma pequena historinha pode nos ajudar a compreender melhor a Palavra de Deus de hoje: “Um rabbino perguntou um dia a seus discípulos: quando termina a noite e começa o dia? Um respondeu: quando vendo de longe um animal sei dizer se é um cão ou um gato. O mestre disse: não! Outro tentou: quando de longe posso dizer se uma árvore é um pêssego ou uma figueira. O mestre disse de novo: não! Então – perguntaram os discípulos – quando? O mestre disse: até que, olhando nos olhos de uma outra pessoa, não vê que ela é teu irmão ou tua irmã, no teu coração será sempre noite!”
A Palavra de Deus dirigida a nós neste domingo através do Evangelho de São Lucas, leva-nos a refletir que a construção de um mundo melhor passa primeiro pelo reconhecimento do valor do outro/a em nossa vida. Nós não nos fazemos sozinhos, nos tornamos gente na medida que nos relacionamos e nos fazemos seres de relação.
Jesus ao ser interpelado por um mestre da lei que o questiona sobre como deve fazer para herdar a vida eterna leva-o a reconhecer que não basta apenas saber de cor a lei, mas que à vontade de Deus deve ser concretizada no chão da vida concreta. Logo, o amor para se fazer visível deve ser traduzido em ações que nos tornam próximos uns dos outros.
Entretanto, falta aos doutores da lei e tantos cristãos/as hoje a sensibilidade para a prática do amor que se traduz em misericórdia, assim como fez o samaritano. A parábola do “bom samaritano” é própria de Lucas e apresenta um caso típico para prática da misericórdia. A pessoa que caiu nas mãos dos assaltantes encontra-se à beira da morte. Passa um sacerdote, preocupado com o culto e com o risco de se contaminar, passa adiante, pelo outro lado. A mesma coisa faz outro homem religioso, o levita, porque sua preocupação está em saber “quem é o meu próximo” e não em saber aproximar-se a fim de ser próximo de quem passa necessidade. Por último passa um samaritano, um impuro, um inimigo, membro de um povo marginalizado e ridicularizado pelos judeus através de seu código da lei, ele consegue perceber que antes de tudo é preciso prestar um serviço de amor (Cf. vv. 31-33). Por isso, age simplesmente a partir do que sente e do que vive. Compadece, pois, sente na pele a dureza de ser marginalizado. Ele “teve compaixão”, gesto eminentemente divino, que se traduz na solidariedade plena com os deserdados da vida. Na parábola contada por Jesus, vemos como a misericórdia, ou seja a paixão-com, se torna eficaz na medida que faz a vida renascer. E por isso mesmo, afirma aproximidade entre as pessoas. Pois próximo, confirma o mestre da lei ao final do Evangelho, é aquele que usou de misericórdia. Não foi no Templo, no culto ou nos ritos que o samaritano encontrou Deus, mas no inimigo à beira da morte. Sua atitude nos revela a lei que deve estar gravada no coração, ou seja, a lei da vida, como nos convida a primeira leitura tirada do livro do Deuteronômio.
Moisés ao convocar o povo para cumprimento da lei de Deus insiste que esta não se pode encontrar fora das pessoas, fora da vida “Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir” (V. 14). Portanto, qualquer lei só se torna justa e verdadeira à medida que promove a vida e, nela e por ela, se traduz a sua eficácia .
Neste sentido, nos diz Paulo através de sua Carta a comunidade de Colossenses, Deus se fez presente no meio de nós. Em Cristo, centro da revelação de Deus, temos a verdadeira imagem de Deus. E é unicamente com Ele e por Ele é conseguiremos herdar a vida eterna
Portanto, queridos irmãos e irmãs ao celebrarmos o mistério pascal, neste domingo, somos convidados a revermos os caminhos de nossa prática pastoral. Em que se apega as nossas opções? Nas doutrinas moralistas e legalistas ou nos apelos da vida e do coração? Por outro lado, sabemos que trilhar a proposta de Jesus é um processo que exige conversão e abertura para reconhecermos que sua presença no meio de nós nos convoca e nos envia para construirmos a verdadeira religião, aquela que se coloca ao lado dos que são privados de ter uma vida com dignidade: “vá e faça a mesma coisa”. E neste sentido, podermos sonhar e lutar para que o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, possa ser futuramente o lugar onde a vida se realize em abundância, não somente lugar preparado para sediar competições de campeonato Pan-americano ou outro, mas que seja campeão de não violência, e, que nossas crianças não morra por falta de alimentação, saúde ou educação. E assim, irmos no fazendo próximos daqueles que nos são colocados no caminho.

Tânia Regina da Silva