quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

2° Domingo do Advento - Pe Carlo

No domingo passado a liturgia nos propôs a esperança, a virtude cristã embasada na certeza de que Deus age e que o resultado já é garantido, não pela presunção humana mas pela palavra que Deus dá. Também na segunda leitura de hoje Paulo nos convida a “manter viva a esperança”, a perseverar na esperança, pois esta não decepciona. Quando todo o nosso ser está tenso na expectativa, qualquer faculdade se torna mais sutil, mais perspicaz, mais capaz de intuir onde se encontra a resposta. A capacidade de esperar é uma manifestação de amor. Esperamos o que amamos, o que é importante par nós. Quando esperamos o essencial, Deus sempre nos oferece condições para encontrar o que buscamos, pois o desejo de Deus sempre teve a felicidade do homem como objetivo. Contudo, Ele nunca nos dá algo que não seja resultado de um esforço conjunto: mesmo que frágil e sem condições o homem deve ser participe de sua realização. Se assim não fosse o próprio Deus estaria desrespeitando a dignidade da sua melhor criatura e mais: nenhum paternalismo instaura dinâmicas de felicidade.
É nesta ótica que a leitura de hoje se coloca como uma proposta a todos os que estiverem bem dispostos. Uma proposta que, contemporaneamente, é percebida por alguns como resposta às expectativas tão fortes daquela época, já que desde há muito tempo Israel não tinha mais profetas e lideres religiosos confiáveis. A verdadeira fé havia se transformado em simples religiosidade feita de barganhas, o ritualismo triunfava sobre a bos disposição... Era naquele contexto que se apresentava, a quem o quisesse ouvir, a pessoa de João.
Finalmente um sinal. Sua postura recordava imediatamente os primórdios de Israel, povo que nasceu “no deserto”, que descobriu sua identidade caminhando “no deserto”, que conheceu seu Pai e Libertador “no deserto”. A partir daquele mesmo lugar, quase a dizer: «Lembrem-se do início», João oferecia aos que estivessem dispostos a ouvir o anuncio do início de uma nova história. Esta deveria começar exatamente por onde começou a primeira. Deus estava oferecendo uma nova identidade, uma nova vida assim como a oferecera àquele aglomerado de semitas que nem sequer tinham consciência de ser povo antes de percorrer o caminho do deserto.
Novamente, hoje, este dia de Advento vem reiterar a oferta de Deus para uma renovação. Ele quer fazer de nós pessoas novas e capazes de recomeçar sempre de novo a partir das nossas origens, daquilo que radicalmente existe no nosso ser. È como a poda da roseira na época certa, que aproxima o galho cada vez mais do tronco, da raiz, a fim de que prorrompa nele todo o poder vital, sua força de embelezar o mundo. È o que Deus quer fazer de nós para termos um mundo mais humano.
Finalmente um sinal. João, com seus trajes típicos de profetas (cfr. 2Rs.1,8), recordava a todos que a palavra de Deus é sempre viva e presente, mesmo quando por longo tempo não a percebemos. Recordava que o homem, para se encontrar, deve retornar ao essencial, ali, perto de suas raízes, principalmente quando se dá conte de ter-se perdido atrás de muitas coisas que tomaram conta de sua vida. João vinha dar uma palavra de clareza, uma palavra objetiva que ainda hoje nos ajuda a vermos o que realmente somos. Seu anúncio nos ajuda a dar o primeiro passo rumo à liberdade que vem da verdade sobre nós mesmos e da capacidade de recomeçar sempre como se fosse a primeira vez. Nos ajuda a não ter medo das mudanças que a conversão exige; seu apelo nos torna livres para seguir o caminho do Senhor, este também sempre novo e renovador.
Se na antiguidade Jahvé havia oferecido o caminho do deserto para desenvolver a identidade nova de Israel, agora estava oferecendo, com João, um novo caminho, um caminho que certamente prepara e dispõe o coração para os milagres que Deus reserva aos que forem capazes de percebê-los. Este novo “caminho do Senhor”, ainda hoje desafiador, começa com um simples ato, que talvez seja um dos mais difíceis: reconhecer quem somos. «Confessai os vossos pecados» dizia João, não com ênfase pessimista ou depressiva (que não levam a nada), mas de clareza e sinceridade para consigo mesmos. Se a vida nos leva a ter que assumir posições, imagens, até máscaras, porque as condições o exigem ou porque às vezes fica mais fácil... João vem dizer-nos que isto aos poucos vai criando uma distância cada vez maior entre o que somos, a nossa raiz, e o que pensamos de ser ou que “devemos” ser para ser aceitos. É uma progressiva desarmonia que vai se infiltrando em nosso coração e que pode estourar num terrível conflito quando qualquer circunstância imprevista vem nos dizer quem de fato somos. E se não estivermos preparados? E se não tivermos adquirido a capacidade de retornar à origem do nosso coração, de seus verdadeiros desejos, daquilo que é realmente cônsono a o que somos?
Sem dúvida não existe liberdade nem alegria –que desta é a manifestação- quando vivemos um papel, uma imagem, uma figura de nós mesmos. «Confessai», dizia o Batista, «Não tenhais medo de dizer a vos mesmos que houve erro de objetivos» (a palavra “pecado”, na linguagem militar da época, indicava “distância”, “erro de alvo”). O primeiro passo para a liberdade, para a nova identidade, passa por este “caminho do Senhor”, diferente do “caminho” da lógica comum.
É interessante perceber que, quando abrimos o nosso mundo ao outro, quando renunciamos às defesas, se estabelece com a outra pessoa um novo tipo de relação; uma nova dinâmica passa a existir, não mais aquela da competitividade, mas da solidariedade. “Tenham coragem de confessar os vossos pecados”...para começar a amar a vós mesmos e aceitarem-se entre si, pois, bem no fundo, são mais as coisas que unem as pessoas do que as que dividem, a começar pelos rumos e decisões erradas.
Alguém que aprende a amar a si mesmo pelo lado mais obscuro, é também mais capaz de acolher, é mais livre diante de tudo quanto se apresentar. È isto que significa “conversão”, colocar-se na atitude de quem está disposto a abandonar a própria imagem e enriquecer-se pelas situações novas, pelas pessoas desconhecidas que Deus quiser oferecer; conversão é a lógica da mudança.
Muitos, também entre os menos piedosos de Israel, haviam entendido o desafio de João; o gesto de “batismo” que pediam a João era o símbolo de seu desejo de mudança, transformação de vida. Belíssimo, mas ainda insuficiente para João. O batismo “na água” indicava o movimento que parte do homem o qual, modificando a si mesmo, se punha no caminho de purificação para se aproximar de Deus. Belíssimo mas insuficiente. João era portador de uma novidade: a purificação não é mais necessária como instrumento pra se aproximar de Deus quando Deus inverte esta lógica indo Ele mesmo ao encontro do homem. O “reino de Deus está perto”, próximo de cada um que já se dispôs à lógica da transformação. O verdadeiro batismo, não aquele da água, parte de pressupostos diferentes: é porque Deus está próximo de mim que eu desejo colocar-me na lógica da transformação, já que Deus é surpresa constante, proposta de superamento de limites ao infinito, bem o que no fundo cada um de nós deseja.
È um novo caminho “o caminho do Senhor”; parte da humilde e libertadora aceitação de nos mesmos e tem seu desfecho na possibilidade de “respirar” a presença de Deus, a qual, aos poucos, vai transformando, vivificando, extraindo de nós mesmos o melhor que Deus fez. João indicava o caminho enquanto se coloca ele mesmo neste caminho, como todos na esperança, aguardando Aquele que ofereceria o verdadeiro “batismo”, a transformação mais radical que acontece quando temos a sensibilidade de intuir, respirar a presença de Deus: é este o “batismo do Espírito” que Jesus vem oferecer: uma lenta, progressiva e penetrante ação que unifica o Criador à criatura amada.
A conversão à qual nos convida a liturgia de hoje, é mais um apelo que Deus nos faz para sermos livres; pessoas que, aceitando a si mesmas, aceitam o mundo, os outros e preparam o terreno propício para que Jesus esteja presente em nossa vida como principio e penhor de felicidade.

2° Domingo do Advento - Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

"Convertei-vos"

Em nossa caminhada para o Natal, a Liturgia desse domingo
nos convida a nos despir dos valores efêmeros e egoístas
que muitas vezes nos fascinam,
para dar lugar em nós aos valores do Reino de Deus.

As Leituras bíblicas apresentam duas figuras típicas do ADVENTO :
ISAÍAS e JOÃO BATISTA

Na 1ª Leitura, ISAÍAS apresenta um Enviado de Javé,
com a missão de construir um Reino de Justiça e Paz. (Is 11,1-10

É uma das maiores profecias do Antigo Testamento referentes ao Messias,
com que o profeta reaviva a esperança do seu povo,
diante das ameaças do imperialismo dos assírios. Dá as características:

- Será descendente de DAVI:
"Naqueles dias, do tronco de Jessé sairá um ramo e um broto de sua raiz".
(Jessé é Pai de Davi)

- Será cheio do ESPÍRITO do Senhor:
Sobre ele pousará o Espírito do Senhor:
Espírito de sabedoria e inteligência, de conselho e de fortaleza,
de conhecimento e de temor de Deus,(de piedade).

* É esta a origem da nossa lista dos 7 dons do Espírito Santo.

- Será portador da JUSTIÇA e da PAZ: "Trará justiça para os humildes..."
Haverá a reconciliação da Criação: voltará a harmonia perdida
entre o homem e a natureza, entre os animais selvagens e domésticos....

* Jesus é o "messias" que veio tornar realidade o sonho do profeta.
Ele iniciou esse "Reino" novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim...
Cheio do Espírito de Deus, ele passou pelo mundo convidando os homens
a se tornarem "filhos de Deus" e a viverem no amor e na partilha.
- Mas a profecia está longe de sua completa realização.
O Reino novo trazido por Jesus só poderá se estabelecer
a partir de nossa conversão pessoal, familiar e comunitária.

Na 2ª Leitura, São Paulo exorta os cristãos a viver no amor,
dando umas indicações práticas sobre o comportamento
que devem assumir para com os irmãos. (Rm 15,4-9)

O Evangelho apresenta JOÃO BASTISTA,
que prepara os homens do seu tempo para acolher Jesus. (Mt 3,1-12) :

- Personalidade: É uma figura impressionante, que fascina o povo;
Tem um estilo de vida austera: no vestir, no comer, no falar, no morar...
Vive no "DESERTO", lugar das privações, do despojamento,
mas também lugar tradicional dos encontros entre Deus e Israel.
- Mensagem: É um Apelo à CONVERSÃO
"Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo..."
"Preparai o caminho do Senhor: endireitai as veredas para ele."

- O Batismo de João: consistia na imersão na água do rio Jordão
para as pessoas que aderiam a esse apelo de conversão.
Significava o arrependimento, o perdão dos pecados e a agregação ao povo fiel.
Mas ele avisa, que aquele que vem depois dele "batizará no E.S. e no fogo..."
- Portanto o Batismo de Jesus vai muito além do batismo de João:
Confere, a quem o recebe, a vida de Deus e torna-o filho de Deus;
incorpora-o à Igreja e torna-o participante da missão da Igreja no mundo...
- É um quadro de vida completamente novo, uma relação de filiação com Deus e
de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados. É um Sacramento.

- Reação ao Anúncio:
- O Povo simples: reconhece seus erros e pede o Batismo...
- Os Fariseus e Saduceus: vão ao encontro de João por curiosidade apenas...
e são desmascarados: "Raça de cobras venenosas...
produzam frutos que a conversão exige e
não se iludam a si mesmos, dizendo:‘Abraão é nosso Pai' ".

+ A Voz de João Batista continua convidando à CONVERSÃO...

Não é possível acolher "aquele que vem" se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais.
Se quisermos celebrar a vinda do Senhor e participar do seu Reino,
devemos preparar o caminho, mudar o nosso coração.
Nesse itinerário, não há espaço para a hipocrisia.
Não bastam as aparências, apenas dizer que somos cristãos
porque recebemos o batismo.
A Conversão deve ser comprovada pela ação.

+ Os Frutos de conversão comprovam a autenticidade da nossa conversão:

Não bastam alguns sentimentos religiosos...ou algumas práticas piedosas...
Precisamos apresentar frutos de conversão: Paz, Fraternidade, Justiça...

- Quais os caminhos tortos, que devemos endireitar?

- Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós,
neste Advento, em preparação ao Natal ?

- Estamos convencidos de que, se não dermos esse passo,
nunca será Natal em nós, nem mesmo no dia 25 de dezembro?

Deus espera que tenhamos a coragem de dar esse passo!...
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

2° Domingo do Advento - Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

"Convertei-vos"

Em nossa caminhada para o Natal, a Liturgia desse domingo
nos convida a nos despir dos valores efêmeros e egoístas
que muitas vezes nos fascinam,
para dar lugar em nós aos valores do Reino de Deus.

As Leituras bíblicas apresentam duas figuras típicas do ADVENTO :
ISAÍAS e JOÃO BATISTA

Na 1ª Leitura, ISAÍAS apresenta um Enviado de Javé,
com a missão de construir um Reino de Justiça e Paz. (Is 11,1-10

É uma das maiores profecias do Antigo Testamento referentes ao Messias,
com que o profeta reaviva a esperança do seu povo,
diante das ameaças do imperialismo dos assírios. Dá as características:

- Será descendente de DAVI:
"Naqueles dias, do tronco de Jessé sairá um ramo e um broto de sua raiz".
(Jessé é Pai de Davi)

- Será cheio do ESPÍRITO do Senhor:
Sobre ele pousará o Espírito do Senhor:
Espírito de sabedoria e inteligência, de conselho e de fortaleza,
de conhecimento e de temor de Deus,(de piedade).

* É esta a origem da nossa lista dos 7 dons do Espírito Santo.

- Será portador da JUSTIÇA e da PAZ: "Trará justiça para os humildes..."
Haverá a reconciliação da Criação: voltará a harmonia perdida
entre o homem e a natureza, entre os animais selvagens e domésticos....

* Jesus é o "messias" que veio tornar realidade o sonho do profeta.
Ele iniciou esse "Reino" novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim...
Cheio do Espírito de Deus, ele passou pelo mundo convidando os homens
a se tornarem "filhos de Deus" e a viverem no amor e na partilha.
- Mas a profecia está longe de sua completa realização.
O Reino novo trazido por Jesus só poderá se estabelecer
a partir de nossa conversão pessoal, familiar e comunitária.

Na 2ª Leitura, São Paulo exorta os cristãos a viver no amor,
dando umas indicações práticas sobre o comportamento
que devem assumir para com os irmãos. (Rm 15,4-9)

O Evangelho apresenta JOÃO BASTISTA,
que prepara os homens do seu tempo para acolher Jesus. (Mt 3,1-12) :

- Personalidade: É uma figura impressionante, que fascina o povo;
Tem um estilo de vida austera: no vestir, no comer, no falar, no morar...
Vive no "DESERTO", lugar das privações, do despojamento,
mas também lugar tradicional dos encontros entre Deus e Israel.
- Mensagem: É um Apelo à CONVERSÃO
"Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo..."
"Preparai o caminho do Senhor: endireitai as veredas para ele."

- O Batismo de João: consistia na imersão na água do rio Jordão
para as pessoas que aderiam a esse apelo de conversão.
Significava o arrependimento, o perdão dos pecados e a agregação ao povo fiel.
Mas ele avisa, que aquele que vem depois dele "batizará no E.S. e no fogo..."
- Portanto o Batismo de Jesus vai muito além do batismo de João:
Confere, a quem o recebe, a vida de Deus e torna-o filho de Deus;
incorpora-o à Igreja e torna-o participante da missão da Igreja no mundo...
- É um quadro de vida completamente novo, uma relação de filiação com Deus e
de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados. É um Sacramento.

- Reação ao Anúncio:
- O Povo simples: reconhece seus erros e pede o Batismo...
- Os Fariseus e Saduceus: vão ao encontro de João por curiosidade apenas...
e são desmascarados: "Raça de cobras venenosas...
produzam frutos que a conversão exige e
não se iludam a si mesmos, dizendo:‘Abraão é nosso Pai' ".

+ A Voz de João Batista continua convidando à CONVERSÃO...

Não é possível acolher "aquele que vem" se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais.
Se quisermos celebrar a vinda do Senhor e participar do seu Reino,
devemos preparar o caminho, mudar o nosso coração.
Nesse itinerário, não há espaço para a hipocrisia.
Não bastam as aparências, apenas dizer que somos cristãos
porque recebemos o batismo.
A Conversão deve ser comprovada pela ação.

+ Os Frutos de conversão comprovam a autenticidade da nossa conversão:

Não bastam alguns sentimentos religiosos...ou algumas práticas piedosas...
Precisamos apresentar frutos de conversão: Paz, Fraternidade, Justiça...

- Quais os caminhos tortos, que devemos endireitar?

- Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós,
neste Advento, em preparação ao Natal ?

- Estamos convencidos de que, se não dermos esse passo,
nunca será Natal em nós, nem mesmo no dia 25 de dezembro?

Deus espera que tenhamos a coragem de dar esse passo!...
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

Mensagem de João Batista

João Batista entra em cena e aponta o caminho para quem se dispõe a acolher o novo: "Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia". É interessante notar que ele não se apresenta na cidade, mas no deserto. Os novos tempos que estão por chegar requerem ruptura com os paradigmas da sociedade tradicional. Do deserto, ressoa a voz: "Convertam-se, porque o Reino dos Céus está próximo". Pelo modo de se vestir e pela alimentação frugal, João Batista confunde os membros sociedade que visam tirar proveito e lucrar à custa da fome e da miséria do povo. Anuncia a aurora de uma nova "Terra Prometida". Aquele que vai chegar inaugurará um Reino onde prevalecerá a justiça. Vamos imaginar João Batista andando, hoje, por nossas cidades, observando as vitrines, passeando pelos shoppings, assistindo a TV ou navegando na internet: quais os clamores que ele faria ecoar em favor de uma vida digna? O Batista pede: "Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas". Isto é, quem deseja ser aliado do projeto de Deus precisa mudar o coração. A conversão se traduz no abandono dos antigos hábitos e na abertura ao Reino, que será revelado na pessoa de Jesus, o Deus-Conosco. João Batista, ao mesmo tempo que se faz arauto da Boa Notícia da chegada do Messias, insiste no fato de que a restauração de Israel não é apenas fruto da intervenção de Deus, mas requer a colaboração dos concidadãos. A voz de João não ecoa em vão no deserto. O povo explorado e que sonhava havia séculos com uma nova realidade adere à proposta do pregador, às margens do Jordão. Provenientes de diversas regiões, todos se mostram dispostos a deixar o passado de injustiças e a recomeçar uma nova vida. Pois a acolhida a ser dada ao Messias pede conversão. Fariseus e saduceus são impiedosamente censurados por João. "Raças de cobras venenosas, quem lhes ensinou fugir da ira que vai chegar?". Embora participem do rito da conversão, não corrigem sua conduta, isto é, aderem ao movimento messiânico sem estabelecer vínculos com a nova realidade de vida. "Não são suficientes ritos externos para acolher o reinado de Deus. Urge mudança de vida". Além disso, ele alerta: "Cuidado! O machado já está posto na raiz da árvore", ou seja, a hora da salvação ou da condenação se aproxima.João compara seu batismo com o do Messias: "Eu os batizo com água para a conversão". Reconhece que o batismo do Messias é superior. "Ele vai batizá-los com o Espírito Santo e com o fogo". Será um batismo superior pela procedência divina e pela atividade santificadora e transformadora. Ele vai separar o trigo da palha: trigo são todos aqueles que de coração sincero preparam os caminhos do Senhor, abrindo caminhos para a paz e agindo em favor da justiça. Bons frutos produzem aqueles que, mudando de postura de vida, sepultam um passado para recomeçar uma vida diferente!

Segundo Domingo do Advento

A liturgia deste domingo convida-nos a despir esses valores efémeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e a realizar uma revolução da nossa mentalidade, de forma a que os valores fundamentais que marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”.Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos. No Evangelho, João Baptista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um baptismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.

2° Domingo do Advento - Caminhar em direção ao Natal

Caminhar em direção ao Natal

Na rodoviária de São Paulo, alguém comprou passagem para Belo Horizonte, mas, quando percebeu, estava chegando em Curitiba. Que tristeza! Embarcou no ônibus errado. O que fazer então? Comprar passagem de volta, trocar de ônibus, voltar a São Paulo e tomar outro ônibus para Belo Horizonte. Este movimento de retorno, para pegar outro rumo, é o que a Bíblia chama de conversão. Quanto caminho errado, quem sabe, estamos tomando na vida! É hora de retornar. Nosso país, neste momento, parece perdido em seus descaminhos. Tem a chance de voltar ao seu verdadeiro caminho.
Na voz de João Batista, ecoa o grito de Isaías “preparai o caminho do Senhor”. A preparação é intensa, nestas alturas do ano. Mas o que é que estamos preparando? Presentes? Comida e bebida? Viagens de férias? Visitas a parentes e amigos? Tudo isso pode levar a um destino errado, ilusório e frustrante.
A voz de João Batista é forte “arrependei-vos porque o Reino dos Céus está próximo”. Este arrependimento é a mudança de mentalidade ou, mais concretamente, a retomada de um novo caminho. Advento nos aproxima da vinda de Jesus. Essa chegada exige preparação.
A atitude de João Batista oferece algumas pistas para o tempo do advento. Roupa de couro, alimento de gafanhotos e mel silvestre. Era o estilo dos grandes profetas de Israel. Vivia a simplicidade em plena secura do deserto. Essa atitude atraía as pessoas. Vinham para ser batizadas e confessavam seus pecados. Mas esse gesto tinha conseqüências na vida das pessoas. Daí as palavras duras a quem não vivia de maneira coerente com o batismo. São chamados de cobras venenosas, e ameaçados com a ira divina. Eram as pessoas que queriam manter seus privilégios, detendo o poder político, econômico e religioso. Subjugavam os pobres e consideravam-se puros, apenas porque cumpriam a lei.
A ameaça de João Batista remete ao julgamento de Deus. Com duas imagens da roça, ele apresenta o critério de julgamento, que é produzir bons frutos. Como um agricultor, Jesus está pronto para cortar as árvores que não produzem bom fruto. Quem sabe não sou uma árvore seca, estéril, pronta para ser cortada e lançada ao fogo? Com sua pá na mão, o mesmo agricultor está peneirando o trigo bom e jogando fora a palha seca. Será que eu não corro o perigo de ser uma palha à toa, para ser jogada fora e queimada? O Evangelho adverte a mudar de direção.
A caminhada do advento tem direção certa, pois aponta para o Natal. A primeira leitura, do profeta Isaías, apresenta um retrato do sonho natalino. Aplica a Jesus as qualidades do messias esperado, o Deus conosco, Emanuel. Ele será como um broto que nasce de um tronco seco. Mas é vivificado pelo espírito do Senhor. Repleto do espírito, ele trará novos ares ao seu povo.
Quanto se faz necessário este personagem, hoje, mais do que ontem, pois “a justiça será o cinto dos seus lombos”. Mas a justiça desse novo messias davídico tem um critério próprio, isto é, “julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará sentença em favor dos pobres da terra”. A justiça de Deus é para recuperar o direito dos pobres. Ela visa fortalecer os fracos, a fim de que haja condições de igualdade.
O sonho dessa nova justiça é descrito de maneira paradisíaca, em forma de harmonia de toda a criação. Esse mundo é idealizado na convivência pacífica entre lobo e cordeiro, onça e cabrito, leão e bezerro. Para tanto é necessário que o lado fraco seja reforçado, ou seja, que o cordeiro, o cabrito e o bezerro adquiram força para se igualar aos animais ferozes. Mas é mais importante que o lobo, a onça e o leão renunciem à sua violência. Só assim é possível a convivência harmoniosa entre eles e os mais fracos.
A nova vivência é representada pela imagem da criança. A paz se expressa na criancinha brincando com a serpente. O veneno se extingue. Acaba a traição. A maldade termina. É a imagem do Natal que o advento propõe preparar. Tem como centro uma criança, mensageira de paz, portadora de justiça, salvação para a humanidade.
Nossa fé nos assegura que este sonho pode se tornar realidade. Na segunda leitura, Paulo pede perseverança em vista da esperança. Ora, o cristianismo é justamente uma religião de esperança. Mas de uma esperança alegre, pois não caminhamos no vazio. Nossa espera tem uma meta segura. Na esperança, vamos construindo o futuro no qual acreditamos.
O apóstolo Paulo dá uma pista. “Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como também Cristo vos acolheu”. Enquanto nos acolhemos, como comunidade de irmãos, estamos vivendo o advento. Acolhendo a cada pessoa, nos preparamos para acolher a vinda de Jesus em seu Natal. Na acolhida, sobretudo das pessoas mais necessitadas, reforçamos a virtude da esperança, rumo à certeza do Reino dos Céus que se aproxima.



PRECES

1. Para que nos deixemos iluminar pela Palavra que acabamos de ouvir, e tenhamos força para deixar os caminhos errados de nossa vida, Rezemos ao Senhor.

2. Para que este advento seja um tempo especial para produzirmos bons frutos, de paz e de justiça, Rezemos ao Senhor.

3. Para que saibamos colaborar com outras organizações, igrejas e religiões, em vista da salvação universal, Rezemos ao Senhor.

4. Para que os esforços no combate à fome e à miséria criem de fato uma sociedade mais justa e igualitária em nosso país, Rezemos ao Senhor.

5. Por nossos governantes e pelas lideranças de nossas igrejas, para que se deixem guiar sempre pela justiça, Rezemos ao Senhor.




Valmor da Silva