quinta-feira, 13 de março de 2008

Domingo de Ramos (Pe. Carlo)

O caminho da quaresma nos trouxe até o dia de hoje, domingo em que abrimos à meditação do nosso coração, numa forma mais intensa e comunitária, os últimos e misteriosos momentos da vida de Jesus. A celebração litúrgica de hoje se desenvolve em duas partes que dão a sensação da evidente contradição que se têm diante de Jesus. A alegria e exultação messiânica da primeira parte conflitam com a solenidade e austeridade da segunda. Os cantos e gestos de enaltecimento de Jesus parecem aos poucos dar lugar a um profundo silêncio, à ausência de comentos que a celebração desperta com a leitura da Paixão de Jesus. O barulho dos ramos que agitamos perde-se na sensação de vazio, no sentimento de inutilidade das palavras perante aquilo que só deve ser contemplado e só pode ser percebido com a inteligência do coração.
Permito-me somente acompanhar a leitura e partilhar alguns sentimentos com a esperança que possam aproximar-nos mais de Jesus.
O evangelista Mateus oferece à nossa reflexão a narração da Paixão sob o prisma do último ato da progressiva revelação de Jesus. Não é por acaso que o ingresso em Jerusalém, com o qual se dá inicio ao desfecho da vida de Jesus, começa com uma pergunta que faz a multidão: «Quem é este?». É a mesma pergunta a encontramos nos lábios dos Apóstolos, nos primórdios de sua experiência junto com Jesus; naquele dia em que estavam com medo de afundar junto com sua barca, varrida pelas ondas do mar da Galiléia. Perguntavam-se uns aos outros: «Quem é este?». Este questionamento, que acompanhou por muito tempo a vida do pequeno grupo de discípulos; agora estava na boca de toda uma multidão, dos mesmos que abanavam seus ramos, que gritavam “hosana”... sem saber para “quem”. Será a última vez, no evangelho de Mateus, que alguém vais se perguntar: «quem é este?».
A multidão que festeja acredita saber quem é Jesus, por isto O acolhe em Jerusalém como acolhia os antigos reis de Israel, estendendo seus mantos no caminho por onde ele andaria (2Rs 9,13). O gesto, por si é significativo pois o “manto” -assim chamado-, de fato era a túnica, da qual ninguém, jamais se separava. A túnica era tão ligada à pessoa que a usava, que a própria legislação judaica proibia deixar um homem sem “túnica”, nem mesmo quando este a tivesse penhorado por dinheiro.
Separar-se espontaneamente do manto, colocá-lo aos pés de Jesus, indicava assim o sentimento de renuncia, mesmo de um direito inalienável. Indicava assim a disposição em colocar a própria vida “aos pés” de alguém. Indicava a opção de renunciar aos próprios direitos. Gesto muito bonito, rico de valores. Gesto que somente pode ter sentido por causa da adesão espontânea e incondicional a Jesus. Gesto que poderíamos e deveríamos fazer de uma vez! ... e renovar dia após dia, se quisermos preparar uma entrada digna de Deus em nossa vida.
Contudo, como sempre acontece quando tentamos “enquadrar Jesus” dentro de um nosso esquema, também a multidão caiu num grave mal-entendido. É verdade que Jesus oferece todo si mesmo para nós, é verdade que Ele sempre se mostrou e continua mostrando-se atento às nossas mais profundas necessidades, mas isto não significa que Ele se sujeite às nossas exigências. Na multidão hosanante coexiste um dúplice sentimento: por uma lado a boa disposição a deitar seus mantos aos pés de Jesus, por outro, porém a expectativa de que o Rei enaltecido seja o “senhor” que resolve de uma vez os problemas. Sabemos que a multidão estava esperando, precisava de um “rei” que a libertaria da opressão estrangeira, quase um novo “Judas Macabeu”, aquele que anos antes havia congregado os israelitas num levante popular contra os estrangeiros.
Não era esta a visão de Jesus. Para eles, como para Judas, Jesus se demonstraria um “falido”, um traidor da causa...Tudo porque o homem espera uma coisa e Deus quer dar uma outra. É assim que inda agimos com Ele muitas vezes.
A multidão, os discípulos, todos parecem “saber” quem é Jesus, ainda Pilatos perguntará desesperadamente: «Quem és tu?». É possível saber quem é Jesus somente se formos capazes de acompanhar até o fim a Sua lógica, nunca se pararmos pela metade quando as nossas expectativas parecem não coincidir exatamente com o que imaginamos que Jesus tenha que nos dar.
Assim como é fácil “hosanar” um rei ao qual atribuímos o poder de resolver nossos problemas, igualmente é fácil esquecer, quando o Senhor não age prendendo-se aos nossos parâmetros, que um dia quisemos colocar o nosso “manto” a seus pés.
É difícil que nos recordemos que um dia demos a nossa adesão incondicional, quando Ele nos conduz por um caminho que nem sequer havíamos imaginado.
Quando isto acontece, aos poucos retomamos, um a um, nossos “direitos”, os mantos que havíamos entregado a Jesus quando esperávamos que Ele nos conduzisse aonde nós queríamos.
Se trata de pequenos gestos, pequenas atitudes; “mantos” que retomamos um a um, progressivamente, como sendo um nosso “direito”, quando Jesus se revela diferente de como O havíamos imaginado.
Eis então a imagem de como se pode e como se deve seguir a Jesus: o amor-sentimento, que conduz a fazer gestos de grande valor, mas que escondem o desejo de que Deus se comporte segundo o nosso parâmetro, deixa o seu lugar, se transforma em amor-adesão numa fé adulta, de “discípulo”. Esta exige, sem dúvida, maior maturidade e coragem. No entanto é mais comprometedora e menos cheia de sensações gratificantes... e nem todos estão dispostos a tanto.
Foi assim que o “hosana” da multidão, pouco depois se transformará no «crucifica-o» por um único motivo: Jesus não se sujeitou a deixar-se instrumentalizar nem delimitar. Ele é o que é. Jesus morrerá sem manto algum, nem aquele das multidões nem aquele que estava nas mãos dos soldados. Mostrará “quem é” revestido somente de seu mistério, tingido com o sangue, sangue de quem dá sem se importar com as definições de quem quer que seja.
Enquanto vivo ninguém pôde, entender “quem” ele era. O Evangelista, no entanto, nos indica que foi possível conhecer a Jesus; sim, mas somente após sua morte e por primeiro por alguém que a vida havia trazido perto da cruz de Jesus: um soldado, pagão. Este, livre de preconceitos, estava aberto diante do evento da cruz, que o tocou interiormente. Não há como compreender Jesus se nos esquivarmos da cruz. Jesus não faz crescer a nossa fé usando milagres e atos prodigiosos; Ele não desce da cruz para demonstrar que é Deus (como lhe haviam sugerido os seus acusadores) a fim de que não tivéssemos em nós uma fé “do prodigioso”, mas sim a fé da “participação” confiante.

Domingo de Ramos (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS.

A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM,
com a procissão de Ramos... num clima de alegria...
como GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.

- O INÍCIO DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor,
na missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.
= Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...

As Leituras Bíblicas nos ajudam a viver o clima dos mistérios que celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus
a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação.
Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e
concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)

* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carte, que oferece a sua vida
para trazer a salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte,
a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com humildade
a condição humana, para servir, para dar a vida,
para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus,
segundo São Mateus. (Mt 26,14-27,66)

A morte de Jesus deve ser entendida no contexto daquilo que foi a sua vida:
Anunciar um mundo novo de justiça, de paz e de amor para todos os homens.

Para concretizar este projeto,
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o bem" e anunciando
um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos,
não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e
aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os instalados), de que o egoísmo,
o orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.

è O projeto libertador de Jesus entrou em choque
com a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia
de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos
que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e
a aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam Jesus, julgaram-no, condenaram-no e
pregaram-no numa cruz. A morte de Jesus é a conseqüência lógica do anúncio do "Reino":
resultou das tensões e resistências, que a proposta do "Reino" provocou
entre os que dominavam o mundo.
Podemos, também, dizer que a morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida;
é a afirmação mais radical e mais verdadeira daquilo que Jesus pregou
com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Aprofundemos alguns dados que são exclusivos
da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:
- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo...
por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote...
O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.

- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e
deixa clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos.
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de Jesus e
o próprio povo o rejeita.

- Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus:
"O véu do Templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e
as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais que mostram que, apesar do aparente fracasso de Jesus,
Deus está ali, para se manifestar como o salvador e libertador do seu Povo.

• Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda" do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado.






+ Concluindo: O que é CELEBRAR A PAIXÃO E A MORTE de Jesus?
- É contemplar a mais espantosa história de amor.
Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades,
experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações,
tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai;
e, estendido no chão, atraiçoado, abandonado, incompreendido,
continuou a amar.

+ O que significa para nós hoje CONTEMPLAR A CRUZ,
onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus?
- Significa assumir a mesma atitude e
solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo:
os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos,
os que são privados de direitos e de dignidade…

- Significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo;
significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens;
significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor…

Viver deste jeito pode conduzir à morte,
mas o cristão sabe que o amor gera vida nova e
introduz na nossa carne os dinamismos da Ressurreição...

Estamos dispostos nessa Semana Santa abrir o coração
para acolher o mistério do infinito amor de Deus,
que doa sua vida por amor a nós?
Ele quer um espaço em nosso coração...

Domingo de Ramos (Frei Faustino Paludo, ofm cap.)

Hosana ao Filho de Davi!Estamos em Jerusalém, o cenário em que acontecerá a Páscoa de Jesus, a nossa Páscoa. A entrada de Jesus em Jerusalém é lembrada mediante a bênção dos Ramos e a proclamação do evangelho de Mateus. Por essa comemoração, a Igreja recorda que a entrada triunfal vai perpassar os diferentes momentos da Paixão de Cristo: da palma da vitória e do triunfo, transformada em cinzas na Quarta-feira de Cinzas, brotarão a vida e a imortalidade. Da árvore seca da cruz, brotará a vida, a vida em abundância para todos.A procissão dos ramos faz memória do senhorio de Jesus. Ele é recebido pelo povo como o Filho de Davi, o Messias. A multidão que aclama o Messias, cantando glórias ao Senhor e abanando folhas de palmeiras, evoca o desejo ser parte ativa na realização das antigas promessas. Jesus aceita a aclamação popular. Montado em um jumento, ele mantém o caráter pacífico e humilde. Mateus vê na entrada de Jesus em Jerusalém o cumprimento das antigas promessas messiânicas. "Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora anunciado pelo profeta". O Filho de Deus entra em Jerusalém como rei messiânico, humilde e pacífico. É o servo paciente que se encaminha para enfrentar pacificamente, sem violência, a humilhação e o aparente fracasso, impostos pela maldade humana. Mas Ele chega à cidade, em direção à qual peregrinou por longos dias, para ser vitorioso: vencerá pela violência da não violência do amor. O caminho do Messias e de todos os seguidores é paradoxal: pelo fracasso ao triunfo, pela derrota à vitória, pela humilhação à glória, pela morte na cruz à ressurreição. A liturgia do Domingo de Ramos revela a grande contradição entre a relação do povo e o Filho de Deus e sua missão libertadora. Ao mesmo tempo em que o aclama com: "Hosana ao Filho de Davi!", dias depois, pede sua condenação, gritando: "Crucifica-o! Crucifica-o!". A cruz e a morte despontam no horizonte da recusa do projeto messiânico: "O caminho do amor que se entrega a Deus e aos humanos, em favor da justiça e da paz, de forma mansa e humilde". A proclamação litúrgica da Paixão de Jesus, entendida por Mateus como a realização do desígnio revelado pelas Escrituras, exemplifica aos convertidos do judaísmo como superar as dificuldades no seguimento do Messias, sofredor, humilhado e assinalado pela maldição da cruz. Jesus é o que aceita o cumprimento da vontade do Pai, apesar de sua angústia e de suas humanas resistências ante a morte. Fazer a vontade do Pai é o projeto de vida para seus seguidores ao longo dos tempos. Como Jesus, eles também estão comprometidos com a libertação, sendo fiéis à Palavra de Deus até a morte.O Domingo de Ramos é marcado pelo mistério, de uma parte, do despojamento e da entrega total e, da outra parte, pelo senhorio e glória do Filho de Deus. Por isso, canta-se: "Hosana o Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor". Por outro lado, o prefácio deste domingo expressa com grandeza o mistério da Paixão do Senhor: "Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe nova vida!".

DOMINGO DE RAMOS- Ciclo "A"

Hoy, Domingo de Ramos, celebramos la entrada triunfal de Jesús a Jerusalén. Se llama también este domingo, Domingo de Pasión, pues en este día damos inicio a la Semana de la Pasión del Señor.
Este Domingo de Ramos ha tenido lugar la ceremonia de la bendición de las palmas y hemos escuchado la narración de la entrada triunfal de Jesús a Jerusalén.
Y ¿qué significan las palmas que con tanto interés vienen todos a recoger? Las palmas benditas recuerdan las palmas y ramos de olivo que los habitantes de Jerusalén batían y colocaban al paso de Jesús, cuando lo aclamaban como Rey y como el venido en nombre del Señor. Las palmas benditas no son cosa mágica. Las palmas benditas que hoy se recogen simbolizan que con ellas proclamamos a Jesús como Rey de Cielos y Tierra, pero -sobre todo- que lo proclamemos como Rey de nuestro corazón. ¡Jesús, Rey y Dueño de nuestra vida!
Sin embargo, si bien con las palmas benditas hemos aclamado a Cristo como Rey, las lecturas de la Misa de hoy son todas referidas a la Pasión y Muerte de nuestro Señor Jesucristo.
En efecto, las Lecturas de hoy son todas referidas a la Pasión y Muerte de nuestro Señor Jesucristo.
La Primera Lectura del Profeta Isaías (Is. 50, 4-7) nos anuncia cómo iba a ser la actitud de Jesús ante las afrentas y los sufrimientos de su Pasión: no opuso la más mínima resistencia a todo lo que le hacían. “No he opuesto resistencia, ni me he echado para atrás. Ofrecí la espalda a los que me golpeaban, la mejilla a los que me tiraban la barba. No aparté mi rostro de los insultos y salivazos.”
En el Salmo (Sal. 21) repetiremos las palabras de Cristo en la cruz, justo antes de expirar:" Dios mío, Dios mío. ¿Por qué me has abandonado? ... " Jesús cargó con todo el peso de nuestros pecados, al punto de sentir el abandono de Dios en que nos encontramos cuando pecamos y damos la espalda a Dios.
Nunca, salvo en su entrada triunfal a Jerusalén, Jesús quiso dejarse tratar como Rey ... Siempre lo evitó ... Como nos dice San Pablo en la Segunda Lectura (Flp. 2, 6-11): Cristo nunca hizo alarde de su categoría de Dios, sino que más bien se humilló hasta parecer uno de nosotros. Y -como si fuera poco- se dejó matar como un malhechor.
En el Evangelio (Mt. 26, 14 - 27) hemos oído la Pasión según San Mateo. La lectura de la Pasión nos invita en este Domingo de Ramos, inicio de la Semana Santa, a acompañar a Jesús en su sufrimiento, en las torturas a las que fue sometido, para darle gracias por redimirnos, por rescatarnos, por salvarnos y abrirnos las puertas del Cielo.
Pero volvamos al tema de la entrada triunfal de Jesús a Jerusalén a pocos días de su Pasión y Muerte, el cual nos invita a reflexionar sobre si Jesús es Rey, y si lo es ¿qué clase de Rey es? Porque ... ¿no es extraño un Rey montado en un burrito? ¿Por qué no vino sentado en una carroza o cabalgando un caballo blanco bien aperado?
La verdad es que Jesús, aun siendo el Mesías, siempre huyó de la idea que la gran mayoría del pueblo de Israel tenía del Mesías: ellos esperaban un Mesías poderoso, de acuerdo a criterios humanos y políticos, que los libertara del colonialismo romano. Jesús, por el contrario, va dejando bien claro que su misión es diferente. Por ejemplo, cuando después del milagro de la multiplicación de los panes, la multitud quiere aclamarlo como rey, sencillamente desaparece.
Sin embargo, sólo en la ocasión de su entrada a Jerusalén se deja aclamar como Mesías y como Rey de Israel, como “el Rey que viene en nombre del Señor” (Lc. 19, 38). Pero entonces observamos la paradoja del Rey montado en un burrito, con lo que se cumple lo anunciado por el Profeta Zacarías (9,9): “He aquí que tu Rey viene a tí, apacible y montado en un burro, en un burrito”.
Lo del burrito nos indica la profunda humildad de ese Rey, que -como nos dice la Segunda Lectura (Flp. 2, 6-11) de la Carta de San Pablo a los Filipenses- nunca quiso hacer alarde de su categoría de Rey, ni de su condición de Dios, sino que más bien se humilló hasta hacerse uno como cualquiera de nosotros ... y menos aún, pues se consideró y actuó como servidor obediente, llegando a la mayor deshonra y al mayor sufrimiento posible: morir torturado y crucificado como malhechor y -por si fuera poco- como blasfemo (cfr. Flp. 2, 6-11 y Mt. 21, 65).
Cuando ya comienza el proceso que llevaría a su Pasión y Muerte, Jesús, interrogado por Pilatos “¿Eres el Rey de los Judíos?”, no niega que lo sea, pero precisa: “Mi Reino no es de este mundo” (Jn. 18, 36). Ya lo había dicho antes a sus seguidores: “Mi Reino está en medio de vosotros”(Lc.17, 21).
Y es así, pues el Reino de Cristo va permeando paulatinamente en medio de aquéllos -y dentro de aquéllos- que acogen la Buena Nueva, es decir, su mensaje de salvación para todo el que crea que El es el Mesías, el Hijo de Dios, el Rey de Cielos y Tierra.
Y si el Reino de Cristo no es de este mundo ¿de qué mundo es? ¿cuándo se instaurará? Ya lo había anunciado El mismo en el momento en que fuera juzgado por Caifás: “Verán al Hijo del Hombre sentado a la derecha del Dios Poderoso y viniendo sobre las nubes” (Mt. 26, 64).
El Reino de Cristo, aunque ya comienza a estar dentro de cada uno de los que siguen la Voluntad de Dios, se establecerá definitivamente con el advenimiento del Rey a la tierra, en ese momento que el mismo Jesús anunció durante su juicio; es decir, en la parusía (al final de los tiempos) cuando Cristo venga a establecer los cielos nuevos y la tierra nueva, cuando venza definitivamente todo mal y venza al Maligno. Será un Reino en el que habiten la justicia, la paz y el amor. (cfr. Catecismo de la Iglesia Católica # 671-677)
Y ¿quiénes son los súbditos de ese Rey? ¿quiénes son su pueblo? Todos los que hayan sido -como El- siervos de Dios, es decir todos los que hayan cumplido la Voluntad de Dios, todos los santos, todos los salvados por la sangre de ese Rey derramada en la cruz.
Por todo esto, Jesús nos enseñó a orar así en el Padre Nuestro: “venga a nosotros tu Reino”. Y por eso en la Santa Misa, después de que el pan y el vino son transformados en el Cuerpo y la Sangre de Cristo, toda la asamblea anuncia la muerte de Jesús, proclama su resurrección gloriosa y terminamos la Aclamación Eucarística diciendo todos a una voz: “Ven Señor Jesús”. Y con esta frase, que es la última de toda la Sagrada Escritura, estamos pidiendo la pronta venida de Jesús para instaurar su Reino definitivo, en el que seguirá siendo el Rey.
Eso simbolizan las palmas benditas, no otra cosa. Con ellas proclamamos a Jesús como Rey de Cielos y Tierra, pero -sobre todo- como nuestro Rey, Rey de nuestro corazón. Dueño y Señor de nuestra vida y de nuestra voluntad. Si no es así, no tiene sentido recoger palmas.
Y ¿cómo es ese Reinado de Jesús en nuestro corazón? Significa que lo dejamos a El reinar en nuestra vida; es decir, que lo dejamos a El regir nuestra vida. Significa que entregamos nuestra voluntad a Dios, para hacer su Voluntad y no la nuestra. Significa que lo hacemos dueño de nuestra vida para ser suyos. Así el Reino de Cristo comienza a estar dentro de nosotros mismos y en medio de nosotros. Así nos preparamos adecuadamente para cuando Cristo venga glorioso entre las nubes a establecer su Reinado definitivo: la morada de Dios entre los hombres. Que así sea.

Domingo de Ramos (Ir. Luzia Ribeiro Furtado)

“ESCOLHER A VIDA E ASSUMIR AS CONSEQUENCIAS”

Ao longo destes quarenta dias, fomos convidados a expressar nossa prática de conversão ao Senhor, a partir do convite presente no livro do Deuteronômio: “Escolhe, pois, a vida”.
A Campanha da Fraternidade 2008 encontra um contexto sócio, político e eclesial turbulento... Como os próprios bispos afirmaram em Aparecida, “hoje vivemos uma situação onde já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: a exclusão social. com ela a pertença à sociedade na qual se vive fica afetada na raiz, pois já não está abaixo, na periferia ou sem poder, mas está fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis”. (65)
O tempo em que vivemos revela-se muito mais um tempo de escolha da morte do que da vida, pois quando se considera uma pessoa e sua pertença à sociedade algo “supérfluo” ou “descartável” é sinal que esta sociedade já não privilegia a vida... Pois bem, nesta conjuntura, escolher a vida traz sérias conseqüências... Insistir na escolha da vida leva-nos a correr o risco do conflito, da intolerância, da difamação, da morte...
A liturgia de hoje nos convida a entrar no Mistério central de nossa fé: o Mistério Pascal, contemplando Jesus - o Servo de Yahweh - assumindo todas as conseqüências de sua escolha pela vida...
Desde a aclamação em ocasião de sua entrada em Jerusalém, que celebramos com ramos estendidos até sua morte pública no madeiro da cruz, percorremos, nesta celebração, o caminho feito por alguém que radicalmente escolhe a vida e não teme as conseqüências.
Já no Antigo Testamento, Isaias nos apresenta a coragem e ousadia do Servo que não teme dizer “O Senhor Yahweh abriu meus ouvidos e eu não fiz resistência nem recuei. Apresentei as costas aos que me queriam bater e ofereci o queiro aos que me queriam arrancar a barba, e nem escondi meu rosto aos insultos e escarros.. O Senhor Yahweh me ajuda, por isso não me sinto humilhado...”(Is 50, 6-7).
A atitude do Servo anunciado por Isaias, nós reconhecemos em Jesus que não recuou diante da morte iminente, conseqüência de sua coragem de defender a vida, mesmo quando esta defesa representava ameaça ao sistema sócio-político-religioso de seu tempo.
Para o livro do Deuteronômio, escolher a vida, significa obedecer a Deus, viver segundo sua vontade e seus mandamentos... Essa foi a prática de Jesus: “Sendo de condição divina, esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo fazendo-se em tudo semelhante aos homens... humilhou-se ainda mais, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz”(Fl 2,6-8).
A Semana Santa, que iniciamos com a celebração da Paixão do Senhor neste domingo de Ramos, nos permite refazer com Jesus seu caminho de fidelidade radical ao Pai e à humanidade e, por outro lado, observar os outros personagens envolvidos na trama para matar Jesus, em sua escolha medíocre, covarde e em alguns casos, não declarada pela morte.
É o Evangelho de Mateus que neste domingo nos anuncia o mistério da paixão. Ele começa narrando a atitude de Judas que procura os chefes dos sacerdotes oferecendo-se para entregar Jesus em troca do que eles puderem lhe dar... Fato certamente comum naquele tempo e não menos comum em nossos dias: a moeda compra vidas, vende vidas, destrói vidas... entrega inocentes... serviço oculto, sujo... que nos leva à recordação de uma multidão de inocentes comprados, vendidos, traídos, mortos por trinta, cinqüenta, cem moedas... até quando?
Prossegue Mateus narrando a celebração dos Ázimos na qual Jesus, no pão e no vinho, preanuncia sua entrega em favor de muitos... Neste contexto, Jesus alerta Judas mas este não tem coragem de recuar... Alerta também Pedro e os outros discípulos, mas provavelmente eles não compreendem o que estão vivendo, não mergulham na gravidade da situação em que Jesus, o Mestre se encontra.
Como todas as pessoas que escolhem a vida e assumem com coerência esta escolha, Jesus vive uma experiência de profunda solidão... Nunca compreenderemos suficientemente a experiência que Jesus viveu entre o cenáculo, o Getsemani e o lugar do julgamento... Sua solidão e angústia assume a solidão e angústia de todos aqueles e aquelas que na história viveram e vivem a perseguição e a morte por força de sua fidelidade ao Pai e à vida.
Na calada da noite, enquanto ele reza e seus discípulos dormem, chega o exército dos chefes dos sacerdotes... Ação de emboscada... Talvez em nossas cidades já ouvimos falar como funcionam estes exércitos da noite: humilhação, invasão de privacidade, violência, tortura... O Filho de Deus se submete a esta experiência, passa de sujeito livre a objeto preso nas mãos da lei como um malfeitor... aquele que não cometeu pecado!
Poderíamos parar aqui com nossa reflexão, mas Mateus quer nos convidar a ir com Jesus até o limite de sua entrega, e o vemos levado de um tribunal a outro: Caifás, Pilatos, a multidão...
As últimas palavras de Jesus fazem dele um réu confesso: “Vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Todo Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu”. Pecado de blasfêmia que merece a morte... Sim, porque assumir a condição de Messias, Filho de Deus e Filho do Homem é crime. É impressionante como a arrogância do poder humano é grande! “É réu de morte!” afirma o Sumo Sacerdote...
Desde então Jesus é levado de um lado a outro, submetido a torturas, tratado como um condenado, malfeitor, maldito...
Agora é momento de silêncio... e Mateus narra, neste momento, até onde vai a crise: o Governador Pilatos lava as mãos diante da condenação do inocente... o que indica que a morte de Jesus não foi um ato assumido pelo poder como um todo, mas foi tolerado pela mediocridade e omissão...
Quantos de nós hoje não fazemos como Pilatos, diante das discussões sobre aborto, sobre as políticas públicas de assistência social, sobre violência e pena de morte? Muitas vezes lavamos as mãos por não termos coragem de concordar nem discordar... tentamos nos omitir, justificando-nos em nossa ambigüidade...
A paixão e morte de Jesus são redentoras e são desafiadoras para nós. Ele assumiu até o extremo seu amor e defesa da vida, tornando-se solidário com todos os que na história morrem prematuramente.. Desde sua entrega na cruz, ninguém pode ser considerado “descartável”, somos todos filhos amados nEle, o FILHO AMADO. Por outro lado, desde sua paixão e morte, todos nós somos chamados a tomar posição nos conflitos da história.
Cristo continua morrendo hoje, e ainda hoje nos interpelando... Podemos reagir como Judas, Pedro e os discípulos, Pilatos, Herodes, o Sumo Sacerdote, Maria Madalena...
Que esta Semana Santa seja para nós um convite à conversão: “Ponho então à tua frente dois caminhos diferentes. Vida e morte, e escolherás. Sê sensato, escolhe a vida, parte o pão, cura as feridas, sê fraterno, e viverás!

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