quinta-feira, 20 de setembro de 2007

25º Domingo do Tempo Comum (Pe Carlo B.)

Longe de ser uma ideologia desligada dos interesses quotidianos, longe de apresentar-se como uma doutrina que busca a tranqüila e serena felicidade através do domínio ou da extinção de paixões, a mensagem de Jesus envolve o homem inteiro, assim como é, em cada situação que vive. Jesus não dirige sua oferta do Reino a um ou outro aspecto da pessoa humana, ma a ela, a ela como um todo. È obvio que, sendo assim, no processo de educação que Jesus desenvolve com seus discípulos, não podiam faltar questões tão comuns e envolventes como a do uso do dinheiro. È este o tema da parábola e do comento de Jesus que acabamos de ler.
Para que possamos ter uma disposição quanto melhor possível para compreender o tema de hoje, creio que seja oportuno de início livrar-nos de alguns preconceitos os quais, sem dúvida alguma, não nos permitem penetrar as palavras de Jesus para pode-las aplicar à nossa vida. Freqüentemente a figura de Jesus é apresentada como a de um homem pobre, cercado por homens também necessitados que viviam de esmolas, sem dinheiro. È claro que esta imagem não corresponde à realidade, principalmente porque confunde “pobreza” com “miséria”. A miséria não é um valor, a pobreza sim. A miséria é fruto da injustiça, que reduz pessoas a viver num estado indigno, ou é resultado de decisões e atitudes erradas que a pessoa toma para a própria vida. A miséria não é quista por Deus nem direta nem indiretamente. A pobreza, pelo contrário, é um valor para Jesus e os seus discípulos. Destes, não temos indícios que fossem miseráveis, ao contrário, muitos tinham um boa condição econômica: Mateus lidava com finanças, Tiago e João tinham uma pequena empresa de pesca, Pedro também trabalhava em próprio. Jesus pertencia à categoria dos artesãos os quais faziam parte daquela que, hoje, chamaríamos “classe média”, possuía oficina própria, casa própria, enfim, ocupava a mesma posição da maioria de nós, hoje. Seus amigos pessoais, descritos nos Evangelhos também pertenciam a esta categoria de pessoas, sem contar outras pessoas que O freqüentavam as quais eram de elevada posse, José de Arimatéia, Nicodemos, Joana – mulher do administrador do Rei, etc. Isto nos diz que eram pessoas que sabiam o valor do dinheiro e também sabiam usá-lo. Sendo assim, a proposta de Jesus quanto ao uso do dinheiro, se torna possível para todos, porque não vem de pessoas que não sabem o que é o dinheiro –o que dificultaria dar crédito às suas palavras- mas que sabiam exatamente o que significa ter posses e a estas renunciar em virtude de um valor maior.
Esta é a pobreza. Grande valor para Jesus, uma proposta para todos, uma das mais difíceis ainda hoje, como era de difícil aceitação também para a grande parte dos hebreus. Para compreendermos o impacto que tal proposta tinha, é útil levar em conta a convicção dos hebreus daquela época (que também hoje se encontra em confissões religiosas, como os Calvinistas, ou outras organizações de inspiração religiosas como os Mórmons etc.) ou seja: a riqueza é o sinal que Deus dá de sua aprovação ao comportamento das pessoas. Os hebreus chamavam isto de “shalom” que indica uma mistura de paz e bem-estar, abundância e tranqüilidade. Quando Jesus diz: «não vim trazer a paz» refere-se a este tipo de “paz”; «eu vos dou a minha paz», dirá.
Jesus contradiz o “Shalom” judeu oferecendo a pobreza como desafio alternativo. Pobreza e bom uso do dinheiro são fundamentalmente associados para Jesus, pobreza não indica recusa do dinheiro, mas atitude correta, digna, bem finalizada.
Para explicar o significado das opções alternativas de Jesus e seus discípulos, ele usa como exemplo um fato ocorrido entre um senhor e seu administrador. Na época de Jesus, na Palestina, o administrador não era remunerado por um salário; existia um tácito acordo entre o dono dos bens e o administrador, este podia usar dos bens do dono para emprestá-los e recebe-los de volta com juros; esta seria a parte de lucro do administrador. O administrador devia simplesmente apresentar a movimentação dos bens com uma documentação que coincidisse com o estoque. Sendo assim, o administrador que fora despedido por desonestidade, pensou bem de renunciar à sua parte de lucro abaixando a movimentação do estoque, desta forma por um lado estava devolvendo ao patrão uma parte dos bens lesados, por outra parte estava diminuindo a divida daqueles que haviam pedido trigo e óleo emprestados. O dono louvou a esperteza mostrada na capacidade de renunciar ao seu lucro para melhorar sua posição diante do dono e diante dos devedores. Se não podia ser mais julgado capaz de administrar, pelo menos adquiriu amigos e estima do dono, simplesmente desapegando-se de seu lucro.
Jesus sugere esta mesma atitude nas coisas que dizem respeito à vida, ao uso dos bens. Enquanto estivermos apegados a tudo quanto possuímos, só teremos quanto possuímos, nada mais. Ora, o que se possui inevitavelmente é destinado a se tornar insignificante para nós quando intervierem situações que nos atingem bem mais. O que importa, por exemplo, o valor que recebemos de um seguro quando perdemos a pessoa amada? Quanto importa o que temos depositado no banco se uma doença irreversível nos mantém presos a uma cama? E, quanto custa uma amizade? Um dia de nossa vida? Um sorriso dado espontaneamente porque somos amados?
Tanto a busca de riqueza quanto a fuga do dinheiro são termos opostos de um desequilíbrio interior. A primeira demonstra na pessoa uma insatisfação infinita, junto com um profundo sentimento de inferioridade que é acobertado pela aparente segurança dada pelos bens. De fato, se é verdade que “precisamos do dinheiro”, todavia é licito se perguntar: até que ponto a busca é “porque precisamos para viver” ou porque precisamos preencher alguns vazios de nossa vida ? E ainda, quando termina o “precisar”?
A segunda atitude, a fuga, também demonstra não liberdade pois sempre que fugimos de alguma coisa esta sempre dominará o nosso inconsciente. È mais difícil viver com atitude de desprendimento dos bens do que viver sem eles. Jesus faz uma proposta para pessoas maduras: o uso correto, tanto na atitude quanto na finalidade. Tanto a busca sem limite, quanto o descaso ou desprezo do dinheiro mantém o homem na «escravidão», como diz o Evangelho. Ora, quem é escravo, não tem o coração livre para amar totalmente nem a Deus nem as pessoas.
Se você quiser conhecer verdadeiramente uma pessoa.... dê-lhe dinheiro nas mãos, em pouco tempo será claro a todos “quem” de fato ela é, como também será claro o significado de suas palavras e convicções. E isto Jesus o sabia muito bem.
Quanto ao uso do dinheiro, o Evangelho é claro: que sirva para fazer o bem, para aliviar o sofrimento daqueles que hoje não têm como retribuir; que sirva para criar amizade, fraternidade. Isto é bom uso dos bens.
Quanto à atitude, o Evangelho sugere o desapego. Seu significado, creio, é muito bem exposto por Paulo aos cristãos de Corinto aos quais escreve: «Irmãos: o tempo se faz breve. Por isso, ...os que compram, vivam como se não possuíssem; os que usam deste mundo, como se não usassem. Porque a figura deste mundo passa» (1Cor 7,30). Ou seja: já que o Reino de Deus é uma realidade muito perto de vocês, busquem este; quanto ao resto continuem fazendo o que faziam, mas tendo o coração projetado naquilo que é o bem maior. Se isto acontecer, vocês terão a liberdade do coração; esta vos permitirá viver “como se”, isto é, profundamente envolvidos em tudo, mas possuidores de uma realidade tão rica que vos permite superar qualquer proposta inferior, que vos amarra.

DOMINGO 25 del Tiempo Ordinario

Las Lecturas del día de hoy nos llevan a reflexionar sobre el recto uso del dinero y de los bienes materiales. El Evangelio tiene frases muy importantes y bastante conocidas: “No se puede servir a Dios y al dinero” ... “Los hijos de las tinieblas son más sagaces que los hijos de la luz”, que en otra traducción es así: “Los que pertenecen al mundo son más hábiles en sus negocios que los que pertenecen a la luz”.
La Primera Lectura del Profeta Amós (Am. 6, 4-7) puede servir para describir la situación de corrupción en que se encuentra el mundo. El Profeta acusa y reprocha fuertemente a los que cometen fraude, a los vendedores sin escrúpulos que se enriquecen a expensas de los pobres y que suben los precios aprovechando la necesidad ajena. Y amenaza el Profeta a los que así se comportan con el castigo de Dios, diciendo que el Señor no olvidará jamás ninguna de estas acciones. Es decir: las malas acciones, los actos que van contra la Ley de Dios -y que además hacen daño al prójimo- tienen el castigo de Dios ... o pueden tener el perdón de Dios, si el pecador se arrepiente y no peca más.
El Evangelio relata la parábola del administrador infiel. En este caso también hay estafa, también hay fraude, no en daño a los pobres, sino a un rico propietario que tiene que despedir a su administrador porque le había malgastado los bienes que debía administrar. Y resulta que el administrador, al verse sin ingresos, utiliza otra maniobra fraudulenta más, con el fin de asegurarse unos amigos que lo ayuden después. La maniobra consistía en reducir arbitrariamente las deudas de los clientes de su amo.
La parábola y las palabras de Jesús pueden sonar un poco confusas si no las revisamos bien. Fíjense que el Señor no aprueba la conducta del administrador, a quien califica de “infiel”. Simplemente destaca su “sagacidad”. Y la frase esa muy conocida de Jesús -”Los hijos de las tinieblas son más sagaces que los hijos de la luz”- suena más bien a una queja del Señor.
Y la queja consiste en esto: Jesús observa que los que viven de acuerdo al mundo, los que viven en oscuridad; es decir, los que viven lejos de Dios son, en los negocios terrenos -que es lo único que les importa- más sagaces, más astutos y diligentes, que lo que son los hijos de la luz, para el negocio que más interesa a éstos: la Vida Eterna, su salvación.
Es decir: los que seguimos a Dios y queremos estar cerca de El, no somos tan sagaces para cuidar lo que el Señor llama en este Evangelio “los verdaderos bienes”.
Y ¿cuáles son los “verdaderos bienes” ? Son los bienes espirituales, aquéllos que son los únicos necesarios para llegar a nuestra meta, que es el Cielo.
Realmente los que queremos seguir a Dios y cumplir con sus mandatos, a veces somos flojos, poco inteligentes, y nada astutos, para asegurarnos los bienes que nunca se acaban, los bienes espirituales, el porvenir eterno.
En realidad este reproche del Señor nos llama a la vigilancia y al esfuerzo en lo espiritual ... Porque llegará el momento a todos y cada uno de nosotros ... -es el momento al que ninguno puede escapar, a unos nos llega más tarde, y a otros más temprano. Es el momento en que el Señor -igual que al administrador de la parábola- nos pedirá cuentas a cada uno del único negocio realmente importante.
Seamos sagaces, seamos astutos, en el único negocio que realmente vale la pena: el negocio de nuestra salvación, el negocio de asegurarnos la ganancia eterna del Cielo.
Y ¿qué significa ser astuto en la vida espiritual? Significa que debemos aprovechar todas las gracias que Dios nos da para asegurarnos el porvenir eterno. Tenemos a disposición los Sacramentos, especialmente la Confesión y la Sagrada Eucaristía.
Y la mejor muestra de sagacidad espiritual consiste en buscar y en hacer sólo la Voluntad de Dios en nuestra vida. Y esto se hace, no solamente huyendo del pecado y confesándolo cuando sea necesario, sino buscando siempre la Voluntad de Dios para nuestra vida ... no nuestra propia Voluntad: los Planes de Dios para nuestra vida ... no nuestros propios planes.
El Evangelio trae al final la frase de Jesús: “No se puede servir a dos amos, pues odiará a uno y amará al otro ... o se apegará a uno y despreciará al otro”. Se está refiriendo el Señor específicamente al dinero, pues termina así la frase: “En resumen, no puedes servir a Dios y al dinero”.
El dinero ha de ser utilizado de tal forma que no sea obstáculo para llegar a la Vida Eterna. Porque el dinero puede ser un obstáculo para la salvación. Pero el dinero bien usado -usado sagazmente- puede servirnos para la salvación, puede ser una inversión en el único negocio importante. Esa inversión la hacemos cuando no estamos apegados al dinero y con generosidad lo compartimos, dedicando parte del mismo a las necesidades de los demás, a la limosna, a contribuciones a obras de caridad organizadas, a las necesidades de la Iglesia, etc.
No significa esto que el Cielo puede comprarse, o que actuando así tenemos asegurada la Vida Eterna. Tampoco significa que el actuar así nos exime de otras obligaciones morales y espirituales. Simplemente significa que actuando así impedimos que el dinero nos desvíe del camino al Cielo.
Muchas veces en el Evangelio el Señor advierte sobre los peligros de las riquezas, porque los hombres tendemos a apegarnos al dinero y a lo que el dinero nos puede conseguir, tendemos a hacernos “esclavos” del dinero ... Y el Señor nos advierte: o te apegas de Dios o te apegas del dinero, pero no puedes estar apegado a los dos. O tenemos confianza en Dios, o tenemos confianza en el dinero.
Y no estamos hablando aquí ya de ganancias ilícitas y pecaminosas como las que describe el Profeta Amós ... que también las hay ... y ¡muchas! Estamos suponiendo honestidad en el manejo de los bienes que poseemos. Estamos hablando -entonces- del recto uso de las riquezas obtenidas lícitamente.
Realmente, si no somos desprendidos con el dinero y con los bienes materiales que con el dinero conseguimos, éstos se nos convertirán en una tentación que puede llegar a ser inmanejable. Podríamos dejar de ser dueños y administradores del dinero para convertirnos en esclavos de éste. Y el dinero se puede convertir en un tirano que nos quita la libertad para dedicarnos al negocio verdaderamente importante: nuestra salvación, nuestro servicio a la Voluntad de Dios.
En la Segunda Lectura (1 Tim. 2, 1-8) San Pablo nos habla de la voluntad salvífica de Dios para todos: “Dios quiere que todos se salven”. Dios nos ha creado a todos para el Cielo. No quiere que ninguno se condene. Quiere tenernos a todos con El.
Para ello ha dispuesto todos los medios necesarios, los cuales debemos aprovechar para hacer bien el único negocio verdaderamente importante: nuestra salvación eterna. Depende de nosotros, entonces, el aprovechar o desaprovechar todas las gracias que Dios dispone para nuestra la salvación eterna.
Y Dios, aunque tiene su morada en el Cielo, se baja para vernos, para ayudarnos. Es lo que hemos orado en el Salmo (Sal. 112). A pesar de su grandeza y su gloria Dios está con nosotros.
Y, cuando llegó el momento, Jesús se dignó a bajarse de su condición de Dios para hacerse Hombre, para regalarnos la salvación, pagando nuestro rescate.
Nos dice San Pablo en su Carta a Timoteo: “No hay sino un solo Dios y un solo mediador entre Dios y los hombres, Cristo Jesús, Hombre El también, que se entregó como rescate por todos”.
Recordemos, entonces, los importantes consejos que nos traen las Lecturas de hoy: Recto uso de los bienes materiales ... Sagacidad en la vida espiritual para ser fieles a Dios ... El verdadero negocio es la Vida Eterna: nuestra salvación.

25° Domingo do Tempo Comum (Tânia Regina da Silva)

Ao celebrarmos o 25º domingo do tempo comum somos renovados pelo amor infinito de N.S.Jesus Cristo que nos convida para repensarmos nossas opções e ações dentro da nossa história concretamente. Ser cristão e cristã no seguimento de Jesus Cristo é ter claro que o projeto do reino passa por ações que devem ser traduzidas na generosidade, na justiça e na solidariedade.
Na primeira leitura o profeta Amós grita denunciando a exploração de comerciantes gananciosos e sem escrúpulos que constroem sua riqueza à custa da miséria e do roubo dos bens alheios, principalmente dos mais pobres.É queridos irmãos e irmãs, nesta leitura, vemos o drama de milhões e milhões de brasileiros/as que sofrem à mercê da ganância dos detentores do poder político e econômico. Este deveria ser um bom texto para ser lido no Congresso nacional, serviria, talvez, para lembrar a todos os “Renans da vida” que quem lesa os pobres lesa a Deus. Pois assim, afirma o Senhor, diz Amós: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram” (Amós 8,7).
O Evangelho, em continuidade com o texto de Amós, aponta as exigências do ser cristão, não basta se declarar por hábito ou por conivência. Com um verniz de religiosidade e tornando-se participante ou patrocinador de uma sociedade desigual e injusta. Ser cristã@ implica o estabelecimento de prioridades, amadurecendo estratégias que crie novas relações sociais de justiça e fraternidade. Portanto, enganam-se aqueles/as que acham que seguir Jesus é fugir deste mundo de “trevas”, refugiando-se num simples espiritualismo. Somos convidados/as a justamente a nos mergulharmos nestas situações de ganância e exploração, criando e articulando estratégicas que modifiquem o rumo histórico, como fez o administrador infiel, que diante do perigo de perder tudo, modifica-se, passa do sistema concentrador para o sistema da partilha e da solidariedade.
Embora, sendo desonesto sua atitude é elogiada pelo patrão, pois sua força de vontade e coragem fizeram com que ele pensasse numa solução. E assim, desistindo do lucro, faz amigos e, se por acaso, precisar terá com quem contar.
Portanto, dirigido-se aos discípulos, Jesus os convida para optar decididamente pelo Reino, despreendendo-se de tudo aquilo que pode os desviar do caminho de fidelidade e partilha. “Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13)
Os bens materiais, como dinheiro, casa, terras, carro etc., são meios importantes para se viver bem, todavia, se forem adquiridos de maneira injusta, criam a acumulação, exploração e exclusão, pois impedem a partilha fraterna e solidária. Num mundo onde o ter sempre mais significa status, reconhecimento social e econômico todos nós corremos o risco de sermos seduzidos por ele, por isso, S. Paulo, na segunda leitura nos revela que a oração alimenta o empenho dos discípulos que deseja se manter fiel ao projeto de Jesus.
Assim, queridos irmãos e irmãs alimentados pela mesa eucarística nos sintamos fortes e renovados para construirmos um mundo de amor que se traduza concretamente no projeto de justiça e paz.

25° Domingo do Tempo Comum (Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsmoR.)

“Servir a Deus ou ao dinheiro?”
O mundo dos espertosJesus, no evangelho do 21º domingo, instrui seus discípulos sobre o modo de gerir os bens materiais. A liturgia, interpretando o evangelho, apresenta-nos profeta Amós (8,4-7). Este grande profeta, rude, mas profundamente inserido em sua realidade, exerceu seu ministério no tempo do rei Jeroboão II (783-743 AC). Os problemas são os mesmos em todos os tempos. Sua época é um tempo de prosperidade e ao mesmo tempo de ganância e exploração do povo. Assim ele acusa os grandes: “Vós maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra” (Am 8,4). E o profeta recorda-lhes o que dizem: “Quando passará o sábado (feriado) para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos e adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para por à venda até o refugo do trigo?” (5.6). A ganância leva à exploração do povo, sobretudo a opressão dos pobres. Por conta dessa opressão muitos males advieram ao país. O dia de descanso sagrado torna-se um obstáculo ao enriquecimento. Parece que Amós leu nosso jornal de ontem. Agora tudo é full time para ganhar mais. A roubalheira estava instituída, falsificando os pesos e as medidas. Deus prometera dias prolongados a quem agisse com justiça. Essa atitude dos grandes levou o país à derrota e ruína. Deus não se esquece, pois lesar o pobre é lesar a Deus. “Quem ofende um pobre ultraja seu Criador” (Prov 14,3). O Evangelho continua a reflexão sobre o uso dos bens com uma parábola: O administrador corria o risco de ser despedido por lesar seu patrão. Usa, então, o direito de trabalhar com os bens como era costume então. Podendo tirar o seu lucro, ele dispensa seu direito para depois empregar-se com alguém que ele beneficiara. O patrão elogia o gerente porque soubera safar-se bem, abrindo mão de seus lucros. Assim devem os discípulos, a quem é dirigida a parábola, saber usar os bens materiais para ser administrador dos bens espirituais. Os estranhos usam os bens para lucros; os discípulos usam para ganhar os bens eternos. O mundo de DeusJesus continua sua explicação dizendo que “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amara o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro” (Lc 16,13). Não se pode dividir o coração. Não pode haver apego aos bens, mas boa administração, com fidelidade às pequenas coisas. Se não formos fiéis no dinheiro, que Jesus chama de injusto, quem confiará os bens dos Céus? Usar o dinheiro sem adorá-lo, agindo de modo que possa obter amigos, sabendo partilhar. Seremos desacreditados se fizermos uso iníquo do dinheiro. É preciso ser experto diante de Deus: Usar bem o dinheiro injusto para saber usar bem os bens verdadeiros. O profeta Amós foi perseguido pelo rei, pelos ricos e pelos sacerdotes do rei por causa de sua profecia. É um homem de sensibilidade social e divina. A oração move o mundoPaulo dá-nos um conselho muito bonito sobre a oração (1Tm 2,1-8). Manda que se “façam preces e orações, súplicas e ações de graça, por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos ter uma vida tranqüila e serena com toda piedade e dignidade Isso é bom e agradável a Deus, nosso Salvador (2-4). Não podemos dissociar as realidades sociais e materiais de nossa oração. Para resolver os problemas do “mundo” não podemos deixar de lado a oração, pedindo a Deus a solução desses males e agradecendo-lhe quando caminham bem. Isso é salvação.Leituras: Amós 8,4-7;Salmo 112; Timóteo 2,1-8;Lucas 16,1-13Ficha:1. Jesus continua a instrução dos discípulos sobre os bens materiais. No tempo do profeta Amós era grande a riqueza e maior a ganância e opressão dos pobres. Não difere de nossos tempos. Deus não se esquece, pois quem ofende um pobre, ultraja seu criador. A parábola do gerente experto dá-nos uma lição sobre como os discípulos devem usar os bens materiais.2. Jesus acentua que é impossível ser discípulo e ao mesmo tempo viver da na adoração dos bens materiais, do dinheiro (chamado de Deus Mamona). Devemos saber usar o dinheiro que nos é confiado sem corrupção (fiéis nas pequenas coisas) para conquistar os bens celestes. Amós foi perseguido por causa de sua profecia.3. Paulo dá-nos uma orientação sobre a oração que devemos fazer por aqueles que dirigem o mundo para que tenhamos vida tranqüila, com dignidade. Todos devem ser salvos. A oração não pode ficar fora da solução dos problemas sociais e econômicos.

25° Domingo do Tempo Comum (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

Dois Senhores

Vivemos numa sociedade globalizada,
em que o dinheiro parece mandar em tudo e é procurado
sem nenhum escrúpulo, em prejuízo da maioria.
Para muita gente, ter dinheiro significa poder e prestígio...
Qual deve ser a atitude cristã diante das riquezas?

Na 1a Leitura, Amós denuncia os ricos comerciantes do seu tempo,
que exploravam os pobres camponeses, alterando os pesos,
vendendo mercadorias estragadas, levantando o preço.
O Profeta os adverte que Deus não ficará impassível diante disso:
"Não esquecerei nenhum de vossos atos..." (Am 8, 4-7)

* Essa exploração descrita por Amós não é um fato apenas do passado,
É uma realidade que os pobres conhecem muito bem ainda hoje.
Deus não aprova esses atos...

Na 2ª Leitura, São Paulo lembra o discípulo Timóteo,
que não se pode rezar com "mãos impuras",
isto é, com as mãos que prejudicam os irmãos. (1Tm 2,1-8)

No Evangelho, Cristo conta a Parábola
do ADMINISTRADOR DESONESTO. (Lc 16,1-13)

À primeira vista, poderia dar a impressão de que Jesus
elogia a desonestidade e a corrupção do administrador.
Para compreender o ensinamento do Mestre, devemos nos situar no tempo.
Naquela época, os administradores deviam entregar ao empresário
uma determinada quantia; o que conseguissem a mais ficava com eles.
O que fez o administrador? Renunciou ao que lhe cabia nos negócios.
Ele entendeu que, no futuro, mais do que dinheiro, precisava de amigos.
Por isso, renunciou ao dinheiro, para conquistar amigos.
O dinheiro poderia perder seu valor e por isso apostou tudo nos amigos.
Esta é a escolha prudente que Jesus aconselha a fazer:
saber renunciar coisas lícitas para conseguir o melhor (o Projeto de Deus).

A Busca desenfreada pelo dinheiro continua...
No mundo em que vivemos, o dinheiro é o deus fundamental e
tudo deixa de ter importância, desde que faça crescer a conta bancária.
- Para ganhar mais dinheiro, há quem trabalhe
doze ou quinze horas por dia, num ritmo de escravo,
e esqueça até de Deus, da família, dos amigos e de saúde;
- por dinheiro, há quem venda a sua consciência e
renuncie a princípios em que acredita;
- por dinheiro, há quem não tenha escrúpulos
em sacrificar a vida ou o nome dos seus irmãos;
- por dinheiro, há quem seja injusto, explore os operários,
se recuse a pagar um salário justo...

Talvez não cheguemos nunca a estes casos extremos;
mas, até onde seríamos capazes de ir, por causa do dinheiro? A aposta obsessiva no "deus dinheiro" não é o caminho mais seguro
para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade.

* O que é mais importante para nós?
- Os valores do Reino ou o Dinheiro?
- Na nossa atividade profissional, o que é que nos move: o dinheiro,
ou o serviço que prestamos aos irmãos?
- O que é que nos torna mais livres, mais humanos e mais felizes:
a escravidão dos bens ou o amor e a partilha?Jesus não quer dizer que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral,
do qual devamos fugir a todo o custo.
O dinheiro é necessário para uma vida com qualidade e dignidade…
Mas ele não pode se tornar uma obsessão, uma escravidão,
pois não nos assegura (e muitas vezes até perturba)
a conquista dos valores duradouros e da vida plena.

+ Jesus conclui com sentenças sobre o bom uso das riquezas:

- "Ninguém pode servir a DOIS SENHORES... a Deus e ao Dinheiro..."
* Deus e o dinheiro representam mundos contraditórios...
Os discípulos são convidados a fazer a sua escolha
entre o Mundo do DINHEIRO (egoísmo, interesses, exploração, injustiça) e
o Mundo do AMOR, da doação, da partilha, da fraternidade.

- As riquezas não devem ser obstáculo à Salvação,
mas um meio para fazer amigos "nas moradas eternas."
- Honestidade tanto nos grandes como pequenos negócios,
porque quem é fiel no pouco, também é fiel no muito,
quem é infiel no pouco, também é infiel no muito.

Qual é a nossa atitude diante dos bens terrenos?
Só Deus é o dono de tudo o que existe...
Nós somos apenas administradores...

A qualquer momento, Cristo poderá também nos questionar:
"Presta conta da tua administração!"
- E nós, como estamos administrando?
Já garantimos a nossa morada eterna?

25° Domingo do Tempo Comum

Parábola do administrador infiel
A viagem de Jesus e seus discípulos à cidade de Jerusalém segue seu curso. As dificuldades de seguir o Mestre revelam-se sob diferentes ângulos. Difícil é tomar a decisão de abandonar tudo. Por isso, ele se mostra preocupado com as questões concernentes à riqueza e sua administração que envolvem o poder econômico. Na época de Jesus, não faltavam maus administradores, como não faltam hoje entre nós. A parábola do administrador infiel (Lc 16,1-13) tem como destinatários todos quantos seguem o Mestre na caminhada para Jerusalém. Ele os alerta sobre obstáculos, desafios e exigências do discipulado, tentando incentivar os indecisos e alienados. Permanecendo nessa situação, arriscam-se a ser demitidos.O administrador era alguém muito esperto nas questões econômicas e em suas negociatas. Diante da suspeita de má administração e da possibilidade de ser demitido (Lc 16,2-3), ele não entra em pânico. Sem perder tempo, para não ficar à mercê da sorte, muda de estratégia. Abre mão de seus lucros para captar a benevolência dos devedores que garantirão seu futuro (Lc 16,4-6). Sua força de vontade e sua coragem fizeram com que pensasse em uma solução prática. A atitude é desonesta, mas ele não quer morrer à beira do caminho, como mendicante. Usa sua inteligência e sua sagacidade para resolver a própria situação. O patrão elogia a esperteza do administrador (Lc 16,8). Habilmente, ele resolve sua crítica situação. "E eu lhes declaro: usem o dinheiro injusto para fazer amigos" (Lc 16,9). Dinheiro aí diz respeito à fortuna, aos bens adquiridos em prejuízo dos outros. Jesus manda os discípulos usarem dos bens materiais para, por meio de esmolas e boas obras, conquistar amigos que os recebam nas moradas eternas quando o dinheiro faltar, isto é, no momento da morte. Em seguida, o evangelista faz uma aplicação da parábola. Ele joga com três tipos de conceitos duplos: pouco/muito (Lc 16,10), dinheiro injusto/verdadeiro (Lc 16,11), bens alheios/ próprios (Lc 16,12). O primeiro termo refere-se aos bens materiais, e o segundo aos espirituais. E conclui com a interrogação: a quem o discípulo deseja pertencer? Servir a dois senhores não é possível (Lc 16,13). Jesus, embora elogie o comportamento do administrador infiel, não aprova sua atitude fraudulenta. Elogia a inteligência e a habilidade com que ele agiu criativamente diante da situação que lhe era desfavorável. Ele não desanima nem se deixa abater cruzando seus braços. O Mestre pede que,mesmo em situações desfavoráveis, os discípulos usem a inteligência e sejam criativos em tudo aquilo que os transforme em filhos da luz e no trato de tudo aquilo que dignifica a vida da comunidade. Os discípulos receberam a inteligência e as condições para solucionar questões embaraçosas. É a tenacidade e a astúcia dos filhos das trevas que eles devem imitar, não a forma moral de sua conduta.Neste domingo, o Senhor renova em nós o seu amor, para tornar-nos ativos, criativos e competentes na administração dos bens que nos confiou. O Senhor nos ilumina e alimenta para que, fazendo bom uso das riquezas e sendo solidários, colhamos os frutos que nos tornam participantes do Reino dos Céus.