sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

1° Domingo da Quaresma - Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

As tentações continuam...
A Quaresma é um tempo sagrado para aprofundar
o Plano de Deus e rever a nossa vida cristã.
As TENTAÇÕES procuram nos afastar desse plano.
Somos convidados pelo Espírito a viver esse tempo
de DESERTO para nos aproximar mais de Deus.
As Leituras bíblicas nos ajudam nesse sentido...
A 1a Leitura nos apresenta a tentação de Adão e Eva: (Gen 2,7-9.3,1-7)
Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena.
No entanto o homem preferiu construir o "paraíso" a seu modo.
Rompendo com o projeto de Deus, "sentiu-se nu",
despojado dos dons de Deus, incapaz de ser feliz.
A finalidade do autor sagrado não é uma descrição histórica ou científica,
mas uma Catequese sobre a Origem do Mundo e da Vida.
- O Homem vem "da terra", no entanto recebe também o "sopro de Deus".
- Deus criou o homem para ser feliz, em comunhão com Deus
e indica-lhe o caminho da imortalidade e da vida plena.
- As escolhas erradas do homem, desde o início da história,
destroem a harmonia no mundo e é a Origem do Mal.
- "Jardim, plantas, água abundante": é o ideal de felicidade
desejado por um povo que vive os rigores do deserto árido.
- "Árvore da vida": símbolo da imortalidade concedida ao homem.
- "Árvore do conhecimento do bem e do mal": representa a auto-suficiência
de quem busca a própria felicidade longe de Deus.
- "A Serpente": representa a Religião Cananéia, que cultuava a serpente.
Por ela, os israelitas eram tentados a abandonar o caminho exigente da Lei.
É símbolo de tudo o que afasta os homens de Deus e de suas propostas.
A 2ª Leitura nos propõe dois exemplos: Adão e Jesus. (Rm 5,12-19)
Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus
e decidir, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena;
Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus.
O esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte;
o esquema de Jesus gera vida plena e definitiva.
O Evangelho nos fala das tentações de Jesus. (Mt 4,1-11)
Na sua quaresma no deserto, Jesus é tentado três vezes a abandonar
o plano de Deus e procurar outros caminhos, mas Ele se recusa.
Esse relato não é uma reportagem histórica… mas uma Catequese,
cujo objetivo é ensinar que Jesus, apesar de ter sentido as tentações,
soube pôr acima de tudo o projeto do Pai.
Mateus apresenta três quadros de tentação:
1) Tentação da Abundância:
Jesus poderia ter escolhido um caminho de realização material,
fazendo dos bens materiais a prioridade fundamental da vida.
No entanto, Jesus sabe que "nem só de pão vive o homem" e
que a realização do homem não está no acúmulo dos bens.
2) Tentação do Prestígio: Jesus poderia ter escolhido um caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espetaculares e sendo admirado e aclamado pelas multidões. Jesus responde que não está interessado em satisfazer projetos pessoais
de êxito e de triunfo humano. "Não tentarás o Senhor teu Deus".
3) Tentação do Poder e da Riqueza:
Jesus poderia ter escolhido um caminho de poder, de domínio.
No entanto, Jesus sabe que poder e domínio não são fundamentais na vida.
Por isso, responde: "Só a Deus adorarás".
As três tentações aqui apresentadas são três faces de uma única tentação:
a tentação de prescindir de Deus e
de escolher um caminho à margem das propostas de Deus.
Mas Jesus se recusou a seguir esse caminho.
Para Ele, só uma coisa é verdadeiramente decisiva e fundamental:
a comunhão com o Pai e o cumprimento obediente do seu projeto…
E para nós, seguidores de Jesus, o que é decisivo em nossa vida:
as propostas de Deus, ou os nossos projetos pessoais?
- Quando o homem esquece Deus e as suas propostas,
e se fecha no egoísmo e na auto-suficiência,
facilmente cai na escravidão de outros deuses
que estão longe de assegurar vida plena e felicidade duradoura.
Quais são os deuses que condicionam as nossas decisões e opções?
- Deixar-se conduzir pela tentação dos bens materiais, do “ter mais”...
é seguir o caminho de Jesus?
- Olhar apenas para o seu próprio conforto e comodidade, fechar-se à partilha e
às necessidades dos outros… é seguir o exemplo de Jesus?
- Usar Deus ou os seus dons para saciar a nossa vaidade,
para promover o nosso êxito pessoal, para brilhar, para dar espetáculo,
para levar os outros a nos admirar… é seguir o exemplo de Jesus?
- Procurar o poder a todo o custo e exercê-lo com prepotência,
é seguir o exemplo de Jesus?
+ E as Tentações continuam...
Qual é a nossa atitude diante delas?

1° Domingo da Quaresma - Tentação de Jesus

A Igreja inicia sua caminhada quaresmal rumo à Páscoa, atenta aos apelos que brotam da Palavra de Deus e da realidade da vida sofrida do povo. No Primeiro Domingo da Quaresma, a comunidade cristã faz memória do Filho de Deus que, conduzido ao deserto, vence as tentações e torna-se exemplo para todos os que "escolhem a vida" como caminho para as celebrações Pascais. Após seu batismo e cheio do Espírito Santo, Jesus é "conduzido ao deserto para ser tentado". É importante notar que o Messias está iniciando sua atividade missionária. Em vez de ser enviado para o meio das multidões, é "levado pelo Espírito para o deserto". O evangelista evoca o êxodo, a travessia do Povo de Deus pelo deserto por 40 anos antes de tomar posse da Terra Prometida. Lembra, ainda, a peregrinação do profeta Elias por 40 dias antes de encontrar-se com o Senhor no alto da montanha do Horeb. O deserto representa o lugar do confronto com a verdade de si mesmo e com o projeto da missão. No ambiente de total isolamento, em uma profunda experiência de despojamento, a pessoa ressurge para uma luminosa realidade de vida. Jesus "jejua 40 dias e 40 noites" e vence as tentações. As três tentações são paradigmáticas e sintetizam as provações enfrentadas por Jesus e seus seguidores ao longo da vida. O diabo personifica aqueles que têm planos e meios para corromper os planos de Deus. Ao projeto de uma vida de consumismo, vanglória e prazer, Jesus contrapõe o caminho pascal de libertação: jejum, humildade, oração, obediência à palavra de Deus e fidelidade à aliança. A exemplo do povo no deserto, Jesus é tentado pelo bem fundamental: a comida e a bebida. Mal havia atravessado o mar Vermelho, o povo começa a murmurar contra Moisés por causa da falta de água e de comida (Ex 15,22.16,1ss). "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pão". Jesus é tentado a centrar sua missão e o projeto de salvação na produção de bens materiais pelo acúmulo e lucro. "Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus". Do ponto mais alto do Templo de Jerusalém, o diabo tenta Jesus, falando-lhe: "Se és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Os anjos de Deus haverão de te proteger". Antiga tentação! Naquele tempo, os israelitas pediam sinais espetaculares para crer; ainda hoje, para mostrar que Deus está a seu lado, muitos exigem ou recorrem aos milagres. Jesus retruca: "Também está escrito: 'Não tentarás o Senhor, teu Deus'". Ele não aceita ser o Messias do espetáculo, do prestígio. Não satisfeito, mais tarde, o diabo conduz Jesus para o alto de uma montanha, de onde mostra "todos os reinos do mundo e sua glória". E diz-lhe: "Tudo isto posso te dar, se te ajoelhares diante de mim e me adorar". O povo no deserto, cansado de Deus, havia construído o bezerro de ouro. Jesus responde: "Afasta-te de mim! Só o Senhor, teu Deus, adorarás!". Ele não dobra o joelho diante dos ídolos, nem entra no esquema daqueles que esperavam um Messias rico e poderoso, forte e glorioso. Assim, vencidas as tentações, Jesus está pronto para proclamar e instaurar a justiça do Reino.

1º Domingo da Quaresma (www.ecclesia.pt)

No início da nossa caminhada quaresmal, a Palavra de Deus convida-nos à “conversão” – isto é, a recolocar Deus no centro da nossa existência, a aceitar a comunhão com ele, a escutar as suas propostas, a concretizar no mundo – com fidelidade – os seus projectos. A primeira leitura afirma que Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena. Quando escutamos as propostas de Deus, conhecemos a vida e a felicidade; mas, sempre que prescindimos de Deus e nos fechamos em nós próprios, inventamos esquemas de egoísmo, de orgulho e de prepotência e construímos caminhos de sofrimento e de morte.A segunda leitura propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus. Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decidir, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena; Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus e que vive na obediência aos projectos do Pai. O esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte; o esquema de Jesus gera vida plena e definitiva.O Evangelho apresenta, de forma mais clara, o exemplo de Jesus. Ele recusou – de forma absoluta – uma vida vivida à margem de Deus e dos seus projectos. A Palavra de Deus garante que, na perspectiva cristã, uma vida que ignora os projectos do Pai e aposta em esquemas de realização pessoal é uma vida perdida e sem sentido; e que toda a tentação de ignorar Deus e as suas propostas é uma tentação diabólica e que o cristão deve, firmemente, rejeitar.
www.ecclesia.pt

DOMINGO 1 del Tiempo de Cuaresma - Ciclo "A"

Ya hemos comenzado la Cuaresma, ese tiempo especial de conversión y penitencia que iniciamos con la Imposición de la Ceniza el pasado Miércoles. Hoy, Primer Domingo de Cuaresma, las Lecturas nos presentan la tentación y el pecado de nuestros primeros progenitores en el Paraíso Terrenal, así como las tentaciones y el triunfo de Jesús sobre ellas en el Desierto.
En la Primera Lectura (Gen. 2, 7-9; 3, 1-7), tomada del Libro del Génesis, en el cual se relata la creación, observamos que el ser humano acaba de salir de las manos de su Creador, puro e inocente, hecho a imagen y semejanza de Dios. Viven el hombre y la mujer en total amistad con Dios. Pero el Maligno, envidioso del bien del hombre, lo busca para hacerlo caer y le plantea una tentación contra las órdenes que Dios les había dado.
Dios les había dicho: “No comerán del árbol del conocimiento del bien y del mal, ni lo tocarán, porque de lo contrario habrán de morir”. El Demonio, como siempre, contradice a Dios y le dice a la mujer: “No morirán. Bien sabe Dios que el día que coman de los frutos de ese árbol serán como Dios, que conoce el bien del mal”.
La primera parte de la tentación es de incredulidad en la palabra de Dios. La segunda parte es de orgullo y soberbia: “serán como Dios”. Estas dos primeras fases de la tentación abren camino a la parte final, que fue de desobediencia a Dios. Y precisamente en esto consiste el pecado: en desobedecer a Dios.
El hombre y la mujer no resistieron la vana ilusión de estar por encima o a la par de Dios. Pero Dios sabe que el ser humano fue engañado. Por eso, aunque lo castiga, le promete un Salvador que lo liberará del pecado y de las consecuencias de ese pecado.
De allí que en la Segunda Lectura (Rom. 5, 12-19) San Pablo nos diga: “Si por el delito de un solo hombre todos fueron castigados con la muerte, por el don de un solo hombre, Jesucristo, se ha desbordado sobre todos la abundancia de vida y de gracia de Dios ... Porque, ciertamente, la sentencia vino a causa de un solo pecado, pero el don de la gracia vino a causa de muchos pecados ... Y así como por la desobediencia de uno, todos fuimos hechos pecadores, por la obediencia de uno solo (Cristo), todos somos hechos justos”.
Quiere decir esto que por el pecado de Adán y Eva -y por todos los pecados nuestros- todos estaríamos condenados, pero por la obediencia de Cristo, todos podemos llegar a ser santos.
Es bueno enfatizar estas palabras de San Pablo, ya que podría existir la tentación del reclamo a Dios, por las consecuencias del pecado de Adán y Eva sobre cada uno de nosotros. Pero podemos preguntarnos: ¿Quién de nosotros podría lanzar la primera piedra? ¿Quién de nosotros no habría caído, igual que Adán y Eva?
Además: ¿no nos damos cuenta que la tentación del Paraíso Terrenal continúa, y los hombres y mujeres de hoy seguimos cayendo? Los hombres y mujeres de hoy queremos seguir decidiendo sobre lo que es bueno y lo que es malo, sin tener en cuenta para nada a Dios. Y también seguimos queriendo adquirir una supuesta sabiduría, que no es la verdadera Sabiduría que viene de Dios.
El Demonio, como en el Paraíso, sigue presentando la tentación como algo llamativo, apetitoso y “aparentemente” bueno. Nos dice la Escritura: “La mujer vio que era bueno, agradable a la vista, y provocativo para alcanzar sabiduría”.
Ahora bien, ¿nos damos cuenta de todos los engaños que se nos presentan en nuestros días, tan parecidos a los del Paraíso Terrenal? ¿No seguimos los hombres y mujeres de hoy tratando de “ser como dioses”, al buscar una supuesta sabiduría a través del ocultismo, del espiritismo (ahora llamado “canalización de espíritus”), del control mental, de todas las formas de esoterismo oriental, de la adivinación, la astrología, la brujería, etc., etc., etc.?
Y fijémonos en algo ... El pecado nunca se nos presenta como lo que es: rebeldía y desobediencia a Dios, sino más bien como una afirmación de nuestra personalidad, o como el uso de la libertad a la que tenemos derecho, o también para llegar a alcanzar una “supuesta” sabiduría o auto-realización, etc.
Y ante las tentaciones -que siempre estarán presentes- nos quedan dos opciones: seguir nuestro propio camino ... o seguir en fe el camino que Dios nos presenta para nuestra vida. Y para seguir el camino de Dios hay que seguir lo que Dios quiere, como El lo quiere, cuando El lo quiere y porque El lo quiere. De lo contrario, estamos actuando como Adán y Eva. Y ... ¿es eso lo que queremos, realmente?
Jesucristo nos muestra en el Evangelio (Mt. 4, 1-11) cómo actuar ante la tentación.
Es cierto que El es Dios, y en Dios no hay pecado, pero quiso someterse a la tentación, para compartir con nosotros todo, menos el pecado. Veamos qué nos muestra Jesucristo en esta lucha que tuvo con el Demonio al terminar su retiro de cuarenta días en el desierto.
El Demonio lo tienta, primero, con el poder (Haz que estas piedras se conviertan en pan); luego, con el triunfo (Lánzate hacia abajo que Dios mandará a sus Angeles a que te cuiden) y, finalmente, con la avaricia (Te daré todos los reino de la tierra, si me adoras).
Y tuvo la osadía el Demonio de tentar a Jesucristo con palabras tomadas de la Sagrada Escritura. Y más osadía aún fue el tratar de desviar a Jesucristo de la misión que el Padre le había encomendado.
De acuerdo a esa misión, el Mesías no iba a ser un triunfador, ni un poseedor de reinos terrenos, sino que era enviado a salvar a los hombres, pero en humildad, en pobreza, en obediencia y en el sufrimiento.
Vemos, entonces, que -ante la tentación- Jesucristo no se aparta ni un milímetro del camino que Dios Padre le había señalado. La victoria que el Demonio había obtenido en el Paraíso se revierte ahora en el Desierto con una total derrota. Y así debe ser nuestra actitud ante las tentaciones: derrotar al Maligno con la gracia que Jesucristo nos obtuvo.
Sabemos por enseñanza de la Sagrada Escritura (cf. 1 Cor. 10, 13 y 2 Cor. 12, 7-10) que nunca seremos tentados por encima de nuestras fuerzas, lo que equivale a decir que ante cualquier tentación tenemos todas las gracias necesarias para vencerla.
Y si caemos, ¡qué gran consuelo el poder arrepentirnos y confesar nuestro pecado al Sacerdote! ¡Qué más podemos pedir! Es como un negocio o un juego en el cual nunca podemos perder, porque siempre, no importa cuán grave sea la falta, Dios nuestro Padre está dispuesto a perdonarnos y a acogernos como sus hijos que somos. ¿Qué más podemos pedir?
La Cuaresma nos invita a todos a aprender a vencer las tentaciones, como Jesucristo en el Desierto, con la ayuda de la gracia que Dios siempre nos da. Nos invita también a reconocernos pecadores, a arrepentirnos de nuestras faltas y a confesarlas cuando sea necesario, porque la Cuaresma es tiempo de volvernos a Dios y de acercarnos más a El.

1° Domingo da Quaresma

Como Jesus somos tentados a todo instante

Irmãos e irmãs celebramos hoje o primeiro domingo da quaresma. Neste tempo toda a Igreja entra num retiro de quarenta dias em preparação à Páscoa, recordando os quarenta dias que Jesus ficou no deserto orando e jejuando(cf. Mt 4, 1s), os quarenta dias que Moisés jejuou (cf. Ex 34,28) e os quarenta anos que o povo de Israel passou no deserto (cf. Dt 8,2). Neste retiro somos guiados pelo próprio Espírito de Deus e convidados a reavivar em nosso coração a disposição em seguir Jesus e a colaborar na construção do seu reinado.
Na liturgia deste domingo nos deparamos com duas cenas já bem conhecidas. No evangelho temos as tentações de Cristo e na primeira leitura a tentação de Adão e Eva. Ambos os textos mostram o ser humano diante da proposta de não assumir a vontade de Deus e a se submeter a um mundo de ilusões.
No texto de Gênesis vemos que Eva e Adão caem na tentação. Eles não são apenas dois personagens bíblicos, mas representam o povo de Deus que, embora tendo a companhia e amizade de Deus que lhe mostra o caminho a seguir para sua própria felicidade, não dá atenção a esta voz e tenta arbitrar por si próprio o que é bom e o que é mal. Esta postura do ser humano de querer ser um deus não o leva a sua realização. Ele sai de uma situação de paz e harmonia simbolizada pelo jardim do Éden, e percebe sua nudez, ou seja, sua incapacidade de dialogar com Deus e com os seus semelhantes gerando assim sofrimento e morte.
No evangelho Jesus vence as tentações. E não o faz somente por ser Deus, mas antes, por ser verdadeiramente humano. Tendo recebido o Espírito de Deus no batismo e consciente do projeto salvífico do Pai Jesus parte em missão. No caminho o Espírito o impulsiona ao deserto, que na Bíblia significa ao mesmo tempo o lugar da intimidade com Deus e lugar das dificuldades e necessidades. Jesus como qualquer um de nós, batizados, não está isento da tentação de voltar atrás, de abandonar o caminho, de “chutar o balde...”. Aquele ditado popular “quanto mais rezo mais assombração me aparece” não está também ausente da vida de Jesus. Sua comunhão com Deus não impede de experimentar as dificuldades e tentações do dia a dia, mas o impede que caia nelas. O relato das tentações não quer apenas dizer respeito a um episódio pontual da vida de Jesus mas quer mostrar que toda a sua trajetória missionária, como a de todos os cristãos é marcada pela possibilidade de voltar atrás e não seguir os apelos de Deus. Jesus vence a tentação porque se deixa guiar pela Palavra de Deus. Esta Palavra arde no coração de Jesus e o fortalece para continuar o caminho proposto pelo Pai.
Como Jesus somos tentados a todo instante a nos desviarmos do projeto de Deus e a trilharmos o nosso projeto pessoal, segundo os nossos interesses. E não poucas vezes cedemos a tentação. Nos jornais vemos a todo instante alguns dos pecados que se tornaram públicos como os escândalos com desvio de verbas de prefeituras, mensalões, devastação da Amazônia... Estes manifestam a ganância do ser humano e sua pouca preocupação com o destino de seu próximo. A estes se juntam nossos pecados que cometemos em nosso cotidiano e que na maioria das vezes não se tornam públicos.
A Palavra de Deus de hoje não vem nos condenar pelos nossos pecados, mas quer nos alertar para o triste fim que eles nos levam: a desarmonia conosco mesmos, com a natureza, com os outros e com Deus, ou seja, a morte. Pelo exemplo de Jesus e pela força que vem dele somos convidados a abandonarmos uma situação de pecado e abraçarmos a condição de filhos e filhas de Deus, daqueles que querem cada vez mais ouvir a vontade de Deus e deixar ser conduzidos por ela. A força que vem de Cristo e nos é dada vem a nós de forma muito mais intensa do que o pecado que cometemos. Esta força nos purifica dos nossos pecados e nos impulsiona a vivermos a comunhão plena com Deus que nos dá ânimo, alegria e espírito decidido. O deixar-se guiar por esta força, pelo Espírito de Cristo, nos coloca na comunhão, na intimidade com o Pai que por sua misericórdia e não por merecimento nosso não nos deixa cair em tentação, mas nos livra do mal.
Peçamos, portanto nesta celebração, assim como já fizemos no início a graça de crescermos no amor e no conhecimento de Jesus Cristo, de sermos conduzidos pela força do seu Espírito que possamos corresponder com nossas vidas este grande dom que nos é dado gratuitamente.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.


Bibliografia
Missal Dominical. Missal da Assembléia Cristã. São Paulo: Paulus, 1995.
SCHÖKEL, Luís Alonso. Bíblia do peregrino. São Paulo: Paulus, 2002.
BARBAGLIO,G; FABRIS, R; MAGGIONI, B. Os Evangelhos (I). São Paulo: Loyola, 1990.
STORNIOLO, Ivo. Como ler o evangelho de Mateus: O caminho da justiça. São Paulo: Paulus, 6 ed. 2003.