quarta-feira, 7 de novembro de 2007

32° Domingo do Tempo Comum - Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

Que será o homem depois da morte?
Na Liturgia de hoje, queremos celebrar
a esperança na Vida que não morre.

Os primeiros livros da Bíblia não falam claramente
da Ressurreição dos mortos.
Só mais tarde, começou-se a falar em Israel
de um despertar daqueles que estão dormindo no pó da terra.

Na 1a Leitura, temos a 1ª profissão de fé na Ressurreição. (2Mac 7,1-2.9-14)

A experiência da morte de muitos justos,
no tempo da perseguição do rei Antíoco,
fez nascer a esperança da Ressurreição (± 170 aC).
Nessa época, temos o belo testemunho da Mãe e os sete filhos Macabeus.
Eles são obrigados a violar a prática religiosa dos antepassados.
Fortalecidos pela esperança da ressurreição,
eles preferem enfrentar as torturas e a própria morte, a transgredir a Lei...
Vejamos as respostas corajosas dos primeiros quatro irmãos:

- Um deles, tomando a palavra em nome de todos, falou assim:
"Estamos prontos a morrer, antes de violar as leis de nossos pais".
- O Segundo, prestes a dar o último suspiro, disse:
"Tu, ó malvado, nos tiras desta vida presente . Mas o Rei do universo nos
ressuscitará para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis"
- Depois começaram a torturar o terceiro. Apresentando a língua e as mãos,
diz: "Do céu recebi estes membros... no céu espero recebê-los de novo..."
- E o quarto quase a expirar: "Prefiro ser morto pelos homens, tendo em vista
a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará.
Para ti, porém, ó Rei, não haverá ressurreição para a vida".

* São as afirmações mais claras do A.T. sobre a vida além da morte.
Assim mesmo tinham uma idéia ainda muito imperfeita.
Era apenas a idéia de uma "revivificação dos justos",
um readquirir no outro mundo uma vida semelhante a de antes.
A idéia foi se desenvolvendo, até ser completamente iluminada por Cristo.

No Evangelho, Jesus confirma nossa fé na Ressurreição. (Lc 20,27-38)

- Essa idéia imperfeita de Ressurreição ainda existia, no tempo de Jesus.
Alguns Saduceus, que não acreditavam na Ressurreição,
inventaram uma história e fizeram uma pergunta capciosa
que visava ridicularizar a doutrina da ressurreição e da vida futura:
Uma mulher viúva sem filhos... casou com 7 maridos sucessivamente ...
Com quem ficará na vida futura?







- Jesus responde:

1. Aos Fariseus (que acreditavam numa ressurreição imperfeita):
A Ressurreição não é apenas um despertar do sepulcro para retomar a vida
de antes. A vida com Deus é uma realidade completamente nova e distinta.
É um dom maravilhoso que o Pai reservou para todos os seus filhos.
Seremos imortais, glorificados, não mais sujeitos às leis da carne.
Por isso, será desnecessário o matrimônio para a conservação da espécie.

2. Aos Saduceus: Afirma a existência da vida futura:
Deus se manifestou a Moisés como o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó,
muitos anos depois de terem desaparecido deste mundo.
Isso quer dizer que eles não estão mortos, mas vivem atualmente em Deus.
Portanto, se Abraão, Isaac e Jacó estão vivos, podemos falar de Ressurreição.

A RESSURREIÇÃO:

- A Ressurreição é a esperança que dá sentido a toda a caminhada do cristão.
A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta,
pois Cristo ressuscitou e quem se identifica com Cristo nascerá com ele
para a vida nova e definitiva.
A nossa vida presente deve ser uma caminhada tranqüila, confiante, alegre,
em direção a essa nova realidade.

- A Ressurreição não é a continuação da vida que vivemos neste mundo;
mas é a passagem para uma vida nova onde, sem deixarmos de ser nós próprios, seremos totalmente outros... É a realização da vida plena.

- A certeza da Ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da Ressurreição que deve influenciar as nossas atitudes;
é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem de enfrentar
as forças da morte que dominam o mundo,
de forma a que o novo céu e a nova terra que nos esperam
comecem a desenhar-se desde já.

A Liturgia nos apresenta uma verdade consoladora:
Viemos de Deus, e com a morte, voltamos para ele.
A Morte não nos deve assustar: É o encontro maravilhoso
com os amigos e parentes, que foram na nossa frente.
E, sobretudo, vai ser o encontro com o melhor dos amigos: DEUS.
Nossa vida não termina aqui: ressuscitaremos...
"Nosso Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos..."

- Cristo nos garante: "Eu sou a Ressurreição e a Vida.
Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá". (Jo 11,25)
- "A esperança cristã é a ressurreição dos mortos: Tudo o que nós somos,
o somos na medida em que acreditamos na Ressurreição." (Tertuliano)

CREEMOS EN LA RESURRECCIÓN DE LOS MUERTOS.-

Muchas de nuestras dificultades para aceptar el misterio de la resurrección son de tipo saduceo. Interpretamos resucitar como revivir, en el sentido de volver otra vez a este vida. La experiencia defectuosa y unidimensional de esta vida y la falta de imaginación nos han llevado a entender la resurrección como un paso atrás -volver a esta vida- en vez de interpretarla como un paso adelante, como un adentrarnos en la vida, sin determinismos ni condicionamientos. Entender la resurrección en el sentido saduceo no sólo es difícil de creer, sino que resulta estúpido, ¿para qué volver otra vez a las andadas? Otra serie de dificultades, más serias acaso, pero no menos debidas a nuestra falta de imaginación y a la miopía humana derivada de la exacerbación seudocientífica, nace de la pretensión de querer reducir la muerte a un simple hecho que sucede al final de la vida. Nos imaginamos que la vida es un continuo entre dos extremos: el nacimiento, que le da origen, y la muerte que sería su límite. En realidad, cuando así pensamos, no hacemos sino engañarnos, pretendiendo alejar el fantasma de la muerte hasta el fin. Igual podemos decir que vivimos hasta la muerte, como que nos estamos muriendo desde que nacemos. Está claro que, con tan canijas ideas acerca de la muerte y de la vida, se nos haga difícil creer que, terminada la vida con la muerte, quede algo más que hacer.
Más cierto es -y más de acuerdo con el Evangelio- que la vida y la muerte, por paradójico que parezca, son dos modos de una misma realidad. En realidad, según Jesús, vivir consiste en ir dando la vida hasta la oblación total en eso que vulgarmente llamamos muerte, pero que, según Jesús, es el acto supremo de la vida (paso de "ésta" a la "otra"); mientras que, según el evangelio, morir es querer vivir mi vida cerrándome a los demás, que es lo que vulgarmente llamamos "aprovechar la vida". Está claro que el que vive dando la vida, no la pierde, la da. Mientras que el que vive sin querer darla, la pierde con la muerte.

32° Domingo do Tempo Comum - Sobre a Ressurreição

Sobre a ressurreição
Neste 32º domingo, somos convidados a experimentar e celebrar um dos dados fundamentais da fé cristã: a vida eterna pela ressurreição da carne. Como batizados, inseridos na história e nas atividades temporais, "esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir". Vida em plenitude que começa neste mundo pela prática do amor fiel a Deus e pela perseverança em Cristo Jesus, engajados na construção do Reino.Em Jerusalém, Jesus entra em conflito com os promotores de uma sociedade excludente. A Palavra do Evangelho para este domingo revela a discordância entre Jesus e os saduceus. Estes se originavam da descendência sacerdotal de Sadoc e se autodenominavam "justos". Constituíam um partido influente na época, composto pelos chefes dos sacerdotes e pelos nobres anciãos da sociedade. Eles negavam a ressurreição dos mortos. Afirmavam que a vida era um estágio no tempo e que tudo terminava com a morte. Como materialistas dialéticos, mais que elucidar a realidade da vida além-morte, inventando um caso ideal de uma mulher, querem ridicularizar do ensinamento de Jesus sobre a vida eterna e seu prestígio junto do povo. Os saduceus apresentam a Jesus uma questão que envolvia a lei judaica do levirato. "Mestre, Moisés prescreveu-nos: se algum casado morrer e deixar mulher, mas não deixar filhos, case-se com ela o irmão dele e dê descendência a seu irmão" (v. 28). A lei do levirato, implantada na época do pós-exílio por Esdras e seus sacerdotes e escribas, previa que toda mulher casada que ficasse viúva, sem filhos, passasse a ser esposa de seu cunhado mais velho ou do parente mais próximo, a fim de que o falecido pudesse dar à esposa descendência (cf. Dt 25,5-10). Mais que descendência, a preocupação recaía sobre os bens. Se a viúva se casasse com um homem fora da parentela do falecido marido, os bens investidos no casamento passariam para outros. Jesus, percebendo a malícia dos interlocutores aristocratas e conservadores, não se atém à lei do levirato e responde enfaticamente que, na outra vida, as realidades são diferentes. Casamento, descendência, bens e herança são preocupações, questões desta vida, não da eternidade (v. 33-34). Lá não haverá marido ou mulher, nem herança para ser discutida. Para a eternidade, essas realidades são inúteis. O futuro não é uma reprodução da sociedade criada pela burguesia.Jesus mostra que ela??? se fundamenta na própria revelação de Deus, que se deu a conhecer como o "Deus dos vivos e não dos mortos, pois todos vivem para ele" (v. 38). A vida dos ressuscitados é totalmente diferente da vida neste mundo. É livre das limitações da vida terrena. Obviamente, isto não significa que, para a eternidade, a vida presente não conte. Ao contrário, o que foi semeado e cultivado nesta terra, no sentido do amor autêntico, da amizade, da fraternidade, da justiça, nada desaparecerá. Tudo encontrará plenitude e máxima realização. O Deus da vida tem a última palavra, não a morte: "Por vossa ordem, nós nascemos; por vossa vontade, somos governados, e, por vossa sentença, retornamos à terra por causa do pecado. Mas, salvos pela morte de vosso Filho, ao vosso chamado, despertamos para a ressurreição" (Prefácio dos fiéis defuntos, IV)

Orígenes (c. 185-243), padre e teólogo - Comentário sobre a epístola aos Romanos

«São filhos de Deus, sendo herdeiros da ressurreição»
No último dia, a morte será vencida. A ressurreição de Cristo, após o suplício da cruz, contém misteriosamente a ressurreição de todo o Corpo de Cristo. Tal como o corpo visível de Cristo é crucificado, amortalhado e depois ressuscitado, assim o Corpo inteiro dos santos de Cristo é com ele crucificado e já não vive em si mesmo. Mas quando chegar a hora da ressurreição do verdadeiro Corpo de Cristo, do seu Corpo total, então os membros de Cristo, hoje semelhantes a ossos secos, juntar-se-ão, articulação com articulação (Ez 37, 1s), cada um encontrando o seu lugar e «todos juntos constituirão um homem perfeito à medida da plenitude do corpo de Cristo» (Ef 4,13). Então a multidão de membros será um corpo, pois todos pertencem ao mesmo corpo (Rm 12, 4).