quinta-feira, 26 de março de 2009

V Domingo da Quaresma

Morte e glorificaçãoEra chegada a festa da Páscoa. Jerusalém enchia-se peregrinos para prestar culto no Templo. Entre os judeus numerosos, estavam alguns gregos. Presumivelmente, prosélitos ou simples simpatizantes. Pessoas de todas as nacionalidades acompanham o cortejo de Jesus. Os gregos aproximam-se de Filipe e expressam seu desejo: “Senhor, queremos ver Jesus”. A pergunta vai mais além de uma simples curiosidade de conhecer a estrela do momento. Eles tomam a iniciativa de conhecê-lo e demonstram a vontade de aproximar-se do Mestre. Ter uma experiência pessoal d’Ele. Querem aproximar-se de Jesus e, para isso, recorrem a intermediários da própria cultura, Filipe e André, únicos com nomes gregos entre os apóstolos. Tal fato antecipa o que vai acontecer quando Jesus for elevado na cruz: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”.Jesus vê a densidade e a importância daquele momento: a sua hora, a hora de ser glorificado (v.23), a hora de oferecer a sua vida, a hora de ser elevado da terra para atrair todos a si (v.32), para que todos os povos tenham a vida em plenitude; a verdadeira vida, que consiste em conhecer, isso é, amar, aderir, contemplar o único verdadeiro Deus e Aquele que Ele enviou Jesus Cristo (cf. Jo 17,3). A multidão de judeus e gentios que peregrinaram para contemplar a glória no templo de Jerusalém acabou por vislumbrar a glória de Deus revelada no Filho elevado e glorificado na cruz. Quando fala do grão de trigo lançado na terra e que morre para dar vida, Jesus fala de si mesmo e mostra o caminho que leva à vida: um caminho que passa através da morte. Não se pode produzir vida sem dar a própria vida. A vida é fruto do amor e não brota se o amor não for pleno, se não for dom total. Os frutos serão os homens e mulheres de todas as culturas que, ao longo dos tempos, se unirão à nova comunidade, passando da morte à vida; pois ser discípulo consiste em aderir ao serviço total, com a possibilidade de perder tudo como Jesus. Mas esses serão glorificados pelo Pai. Jesus, no entanto, não deixa de expressar sua indignação perante a injustiça. Ele, que oferece o amor e a vida, se vê condenado à morte. Jesus não caminha em direção da morte com um sorriso nos lábios. É o homem animado pela força do amor capaz de superar toda a debilidade da realidade humana. O amor sustenta a fidelidade ao projeto do Pai. “Pai, manifesta a glória do teu nome!”. A manifestação máxima da glória acontecerá quando “o Filho for levantado da terra”. Nessa hora, aqueles peregrinos gregos que pediram para ver Jesus representam as pessoas que buscam uma vida nova. Algumas vezes, esse desejo é explícito, mas outras vezes é silencioso, sem palavras, não raro confuso e mesmo contraditório. Mas é sempre um desejo que nasce da profundidade da vida. São pessoas que clamam por vida segura, como fruto do amor e da justiça!

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