quarta-feira, 7 de novembro de 2007

32° Domingo do Tempo Comum - Sobre a Ressurreição

Sobre a ressurreição
Neste 32º domingo, somos convidados a experimentar e celebrar um dos dados fundamentais da fé cristã: a vida eterna pela ressurreição da carne. Como batizados, inseridos na história e nas atividades temporais, "esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir". Vida em plenitude que começa neste mundo pela prática do amor fiel a Deus e pela perseverança em Cristo Jesus, engajados na construção do Reino.Em Jerusalém, Jesus entra em conflito com os promotores de uma sociedade excludente. A Palavra do Evangelho para este domingo revela a discordância entre Jesus e os saduceus. Estes se originavam da descendência sacerdotal de Sadoc e se autodenominavam "justos". Constituíam um partido influente na época, composto pelos chefes dos sacerdotes e pelos nobres anciãos da sociedade. Eles negavam a ressurreição dos mortos. Afirmavam que a vida era um estágio no tempo e que tudo terminava com a morte. Como materialistas dialéticos, mais que elucidar a realidade da vida além-morte, inventando um caso ideal de uma mulher, querem ridicularizar do ensinamento de Jesus sobre a vida eterna e seu prestígio junto do povo. Os saduceus apresentam a Jesus uma questão que envolvia a lei judaica do levirato. "Mestre, Moisés prescreveu-nos: se algum casado morrer e deixar mulher, mas não deixar filhos, case-se com ela o irmão dele e dê descendência a seu irmão" (v. 28). A lei do levirato, implantada na época do pós-exílio por Esdras e seus sacerdotes e escribas, previa que toda mulher casada que ficasse viúva, sem filhos, passasse a ser esposa de seu cunhado mais velho ou do parente mais próximo, a fim de que o falecido pudesse dar à esposa descendência (cf. Dt 25,5-10). Mais que descendência, a preocupação recaía sobre os bens. Se a viúva se casasse com um homem fora da parentela do falecido marido, os bens investidos no casamento passariam para outros. Jesus, percebendo a malícia dos interlocutores aristocratas e conservadores, não se atém à lei do levirato e responde enfaticamente que, na outra vida, as realidades são diferentes. Casamento, descendência, bens e herança são preocupações, questões desta vida, não da eternidade (v. 33-34). Lá não haverá marido ou mulher, nem herança para ser discutida. Para a eternidade, essas realidades são inúteis. O futuro não é uma reprodução da sociedade criada pela burguesia.Jesus mostra que ela??? se fundamenta na própria revelação de Deus, que se deu a conhecer como o "Deus dos vivos e não dos mortos, pois todos vivem para ele" (v. 38). A vida dos ressuscitados é totalmente diferente da vida neste mundo. É livre das limitações da vida terrena. Obviamente, isto não significa que, para a eternidade, a vida presente não conte. Ao contrário, o que foi semeado e cultivado nesta terra, no sentido do amor autêntico, da amizade, da fraternidade, da justiça, nada desaparecerá. Tudo encontrará plenitude e máxima realização. O Deus da vida tem a última palavra, não a morte: "Por vossa ordem, nós nascemos; por vossa vontade, somos governados, e, por vossa sentença, retornamos à terra por causa do pecado. Mas, salvos pela morte de vosso Filho, ao vosso chamado, despertamos para a ressurreição" (Prefácio dos fiéis defuntos, IV)

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