quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

2° Domingo do Advento - Caminhar em direção ao Natal

Caminhar em direção ao Natal

Na rodoviária de São Paulo, alguém comprou passagem para Belo Horizonte, mas, quando percebeu, estava chegando em Curitiba. Que tristeza! Embarcou no ônibus errado. O que fazer então? Comprar passagem de volta, trocar de ônibus, voltar a São Paulo e tomar outro ônibus para Belo Horizonte. Este movimento de retorno, para pegar outro rumo, é o que a Bíblia chama de conversão. Quanto caminho errado, quem sabe, estamos tomando na vida! É hora de retornar. Nosso país, neste momento, parece perdido em seus descaminhos. Tem a chance de voltar ao seu verdadeiro caminho.
Na voz de João Batista, ecoa o grito de Isaías “preparai o caminho do Senhor”. A preparação é intensa, nestas alturas do ano. Mas o que é que estamos preparando? Presentes? Comida e bebida? Viagens de férias? Visitas a parentes e amigos? Tudo isso pode levar a um destino errado, ilusório e frustrante.
A voz de João Batista é forte “arrependei-vos porque o Reino dos Céus está próximo”. Este arrependimento é a mudança de mentalidade ou, mais concretamente, a retomada de um novo caminho. Advento nos aproxima da vinda de Jesus. Essa chegada exige preparação.
A atitude de João Batista oferece algumas pistas para o tempo do advento. Roupa de couro, alimento de gafanhotos e mel silvestre. Era o estilo dos grandes profetas de Israel. Vivia a simplicidade em plena secura do deserto. Essa atitude atraía as pessoas. Vinham para ser batizadas e confessavam seus pecados. Mas esse gesto tinha conseqüências na vida das pessoas. Daí as palavras duras a quem não vivia de maneira coerente com o batismo. São chamados de cobras venenosas, e ameaçados com a ira divina. Eram as pessoas que queriam manter seus privilégios, detendo o poder político, econômico e religioso. Subjugavam os pobres e consideravam-se puros, apenas porque cumpriam a lei.
A ameaça de João Batista remete ao julgamento de Deus. Com duas imagens da roça, ele apresenta o critério de julgamento, que é produzir bons frutos. Como um agricultor, Jesus está pronto para cortar as árvores que não produzem bom fruto. Quem sabe não sou uma árvore seca, estéril, pronta para ser cortada e lançada ao fogo? Com sua pá na mão, o mesmo agricultor está peneirando o trigo bom e jogando fora a palha seca. Será que eu não corro o perigo de ser uma palha à toa, para ser jogada fora e queimada? O Evangelho adverte a mudar de direção.
A caminhada do advento tem direção certa, pois aponta para o Natal. A primeira leitura, do profeta Isaías, apresenta um retrato do sonho natalino. Aplica a Jesus as qualidades do messias esperado, o Deus conosco, Emanuel. Ele será como um broto que nasce de um tronco seco. Mas é vivificado pelo espírito do Senhor. Repleto do espírito, ele trará novos ares ao seu povo.
Quanto se faz necessário este personagem, hoje, mais do que ontem, pois “a justiça será o cinto dos seus lombos”. Mas a justiça desse novo messias davídico tem um critério próprio, isto é, “julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará sentença em favor dos pobres da terra”. A justiça de Deus é para recuperar o direito dos pobres. Ela visa fortalecer os fracos, a fim de que haja condições de igualdade.
O sonho dessa nova justiça é descrito de maneira paradisíaca, em forma de harmonia de toda a criação. Esse mundo é idealizado na convivência pacífica entre lobo e cordeiro, onça e cabrito, leão e bezerro. Para tanto é necessário que o lado fraco seja reforçado, ou seja, que o cordeiro, o cabrito e o bezerro adquiram força para se igualar aos animais ferozes. Mas é mais importante que o lobo, a onça e o leão renunciem à sua violência. Só assim é possível a convivência harmoniosa entre eles e os mais fracos.
A nova vivência é representada pela imagem da criança. A paz se expressa na criancinha brincando com a serpente. O veneno se extingue. Acaba a traição. A maldade termina. É a imagem do Natal que o advento propõe preparar. Tem como centro uma criança, mensageira de paz, portadora de justiça, salvação para a humanidade.
Nossa fé nos assegura que este sonho pode se tornar realidade. Na segunda leitura, Paulo pede perseverança em vista da esperança. Ora, o cristianismo é justamente uma religião de esperança. Mas de uma esperança alegre, pois não caminhamos no vazio. Nossa espera tem uma meta segura. Na esperança, vamos construindo o futuro no qual acreditamos.
O apóstolo Paulo dá uma pista. “Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como também Cristo vos acolheu”. Enquanto nos acolhemos, como comunidade de irmãos, estamos vivendo o advento. Acolhendo a cada pessoa, nos preparamos para acolher a vinda de Jesus em seu Natal. Na acolhida, sobretudo das pessoas mais necessitadas, reforçamos a virtude da esperança, rumo à certeza do Reino dos Céus que se aproxima.



PRECES

1. Para que nos deixemos iluminar pela Palavra que acabamos de ouvir, e tenhamos força para deixar os caminhos errados de nossa vida, Rezemos ao Senhor.

2. Para que este advento seja um tempo especial para produzirmos bons frutos, de paz e de justiça, Rezemos ao Senhor.

3. Para que saibamos colaborar com outras organizações, igrejas e religiões, em vista da salvação universal, Rezemos ao Senhor.

4. Para que os esforços no combate à fome e à miséria criem de fato uma sociedade mais justa e igualitária em nosso país, Rezemos ao Senhor.

5. Por nossos governantes e pelas lideranças de nossas igrejas, para que se deixem guiar sempre pela justiça, Rezemos ao Senhor.




Valmor da Silva

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