sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

1º sermão para a Epifania

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja
1º sermão para a Epifania
«Caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele»
O desígnio de Deus não foi apenas descer à terra, mas ser nela conhecido; não foi nascer, apenas, mas dar-Se a conhecer. De facto, é com vista a esse conhecimento que celebramos a Epifania, esse grande dia da Sua manifestação. Hoje mesmo, de facto, os magos vieram do Oriente em busca do nascer do Sol da Justiça (Ml 3,20), esse de quem se diz: «Eis o homem, cujo nome é Oriente» (Za 6,12). Hoje adoraram o menino nascido da Virgem, seguindo a direcção traçada por uma nova estrela. Temos pois aqui, irmãos, um grande motivo de alegria, como aliás também nas palavras do apóstolo Paulo: «A bondade de Deus nosso Salvador e o seu amor pelos homens foram-nos manifestadas» (Tt 3,4). […]Que fazeis, magos, que fazeis? Adorais um menino de colo, envolto em faixas miseráveis, num pobre casebre? Será este, então, Deus? Mas «Deus mora no seu templo santo, o Senhor tem o seu trono nos céus» (Sl 10,4), e vós, vós procurai-Lo assim, num qualquer estábulo, uma criança de colo? Que fazeis? Porque ofereceis esse ouro? Será este o rei? Mas onde está a sua corte real, o seu trono, a multidão de cortesãos? Acaso um estábulo é um palácio, acaso uma manjedoura é um trono, serão Maria e José membros da sua corte? Como podem os homens ser tolos a ponto de adorar uma simples criança, um ser assim desprezível, quer pela pouca idade, quer pela evidente pobreza de seus pais?Loucos, sim, tornaram-se loucos, para serem sábios; o Espírito Santo ensinou-lhes primeiro o que o apóstolo Paulo mais tarde proclamou: «Aquele que quer ser sábio, torne-se louco para ser sábio. Pois já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não conseguiu reconhecer Deus na sua Sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação» (1 Co 1,21). […] Prostaram-se portanto diante daquela humilde criança, prestando-Lhe homenagem como a um rei, adorando-O como um Deus. Aquele que de longe os guiou através de uma estrela fez brilhar a Sua luz no mais profundo dos seus corações.

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