sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

1° Domingo da Quaresma - Tentação de Jesus

A Igreja inicia sua caminhada quaresmal rumo à Páscoa, atenta aos apelos que brotam da Palavra de Deus e da realidade da vida sofrida do povo. No Primeiro Domingo da Quaresma, a comunidade cristã faz memória do Filho de Deus que, conduzido ao deserto, vence as tentações e torna-se exemplo para todos os que "escolhem a vida" como caminho para as celebrações Pascais. Após seu batismo e cheio do Espírito Santo, Jesus é "conduzido ao deserto para ser tentado". É importante notar que o Messias está iniciando sua atividade missionária. Em vez de ser enviado para o meio das multidões, é "levado pelo Espírito para o deserto". O evangelista evoca o êxodo, a travessia do Povo de Deus pelo deserto por 40 anos antes de tomar posse da Terra Prometida. Lembra, ainda, a peregrinação do profeta Elias por 40 dias antes de encontrar-se com o Senhor no alto da montanha do Horeb. O deserto representa o lugar do confronto com a verdade de si mesmo e com o projeto da missão. No ambiente de total isolamento, em uma profunda experiência de despojamento, a pessoa ressurge para uma luminosa realidade de vida. Jesus "jejua 40 dias e 40 noites" e vence as tentações. As três tentações são paradigmáticas e sintetizam as provações enfrentadas por Jesus e seus seguidores ao longo da vida. O diabo personifica aqueles que têm planos e meios para corromper os planos de Deus. Ao projeto de uma vida de consumismo, vanglória e prazer, Jesus contrapõe o caminho pascal de libertação: jejum, humildade, oração, obediência à palavra de Deus e fidelidade à aliança. A exemplo do povo no deserto, Jesus é tentado pelo bem fundamental: a comida e a bebida. Mal havia atravessado o mar Vermelho, o povo começa a murmurar contra Moisés por causa da falta de água e de comida (Ex 15,22.16,1ss). "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pão". Jesus é tentado a centrar sua missão e o projeto de salvação na produção de bens materiais pelo acúmulo e lucro. "Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus". Do ponto mais alto do Templo de Jerusalém, o diabo tenta Jesus, falando-lhe: "Se és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Os anjos de Deus haverão de te proteger". Antiga tentação! Naquele tempo, os israelitas pediam sinais espetaculares para crer; ainda hoje, para mostrar que Deus está a seu lado, muitos exigem ou recorrem aos milagres. Jesus retruca: "Também está escrito: 'Não tentarás o Senhor, teu Deus'". Ele não aceita ser o Messias do espetáculo, do prestígio. Não satisfeito, mais tarde, o diabo conduz Jesus para o alto de uma montanha, de onde mostra "todos os reinos do mundo e sua glória". E diz-lhe: "Tudo isto posso te dar, se te ajoelhares diante de mim e me adorar". O povo no deserto, cansado de Deus, havia construído o bezerro de ouro. Jesus responde: "Afasta-te de mim! Só o Senhor, teu Deus, adorarás!". Ele não dobra o joelho diante dos ídolos, nem entra no esquema daqueles que esperavam um Messias rico e poderoso, forte e glorioso. Assim, vencidas as tentações, Jesus está pronto para proclamar e instaurar a justiça do Reino.

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