sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Solenidade de Cristo Rei do Universo

O último julgamento No último Domingo do Ano Litúrgico, temos uma parábola retirada da vida cotidiana dos pastores. O Senhor será nosso juiz agindo como o pastor que, ao anoitecer, separa as "ovelhas dos cabritos". Tal passagem nos faz recordar a parábola do joio e do trigo que crescem juntos, mas na hora da colheita são separados (Mt 13,24-30). Ou dos pescadores que na praia separam os peixes bons dos ruins (Mt 13,47-50). O Filho do Homem, juiz da história, reconhecido como Rei, faz a declaração final: salvação para uns e condenação eterna para outros. O critério de avaliação final surpreende tanto os bons quanto os maus: "Senhor, quanto foi que te vimos...". A prática do amor e da misericórdia para com os irmãos é o critério de participação ou de exclusão do Reino de Cristo. O Rei chamará de "abençoados por meu Pai" (benditos) aqueles que, como Ele, foram em busca dos pecadores, curaram as feridas de tantos desalentados, restituíram a saúde a quem precisava e zelaram pelos enfraquecidos, famintos, desabrigados e oprimidos. Segundo o evangelista Mateus, seremos julgados por nossa capacidade de praticar a justiça e a misericórdia, sendo fiéis e criativos em traduzir o amor em gestos concretos de solidariedade. Notemos que Jesus, o Senhor do universo, fala de realidades bem concretas e vitais: comer, beber, vestir, visitar etc., ou seja, se nos dedicamos a criar condições favoráveis à justiça e à vida digna. O que qualifica a nossa vida não é tanto o que dizemos, mas aquilo que praticamos, em nosso dia-a-dia. O julgamento que acontecerá com Deus, na realidade é o ápice do encontro com Deus que veio e que vem em Jesus na pessoa de irmão, especialmente nos mais pequeninos e excluídos. Jesus identifica-se com os necessitados: famintos, sedentos, forasteiros, nus, enfermos, encarcerados. "Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes" (Mt 25,40). "Amor a Deus e amor ao próximo fundem-se num todo: no mais pequenino, encontramos o próprio Jesus e, em Jesus, encontramos Deus" (Bento XVI, Deus Caritas est, 15). O Evangelho de Mateus (25,31-44) é, pois, um alerta para a sociedade que cada vez mais cultua o mercado, a propriedade, o dinheiro aplicado, o crescimento do PIB, o aumento das exportações, o rigor fiscal, o consumo de bens etc., sem a menor preocupação com as pessoas (salvo algumas exceções), com os sem-escola, os sem-saúde, os sem-terra, os sem-teto e os sem-identidade. Isto é uma sociedade que descuida daqueles que têm fome, sede e são imagens vivas de Cristo. Serão premiados com o Reino definitivo aqueles que na existência se ocuparam na promoção e na defesa da dignidade de quem passava fome e sede e soube acolher os peregrinos etc. Proclamemos a realeza de Cristo Ressuscitado pela vivência do amor misericordioso para com todos, particularmente os pobres e excluídos. Sejamos gratos pelo litúrgico que se encerra!

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