quinta-feira, 12 de março de 2009

3º Domingo da Quaresma (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

A Lei e o Templo

Em nossas casas, costumamos limpar todos os dias.
Assim mesmo, de vez em quando sentimos a necessidade
de uma limpeza geral... lavamos as paredes... o teto...
os vidros... para tirar o mofo que foi se acumulando...
A Quaresma também é um tempo de purificação
propício para renovar nossa vida cristã e purificar o nosso coração
daquelas impurezas que foram se acumulando ao longo do tempo.

As leituras bíblicas tratam de dois pontos fundamentais da religião judaica:
a Lei de Deus e o Templo, que, com o passar do tempo,
também estavam precisando de uma purificação...

Na 1a Leitura Deus proclama a LEI, como parte de uma Aliança. (Ex 20,1-17)

- É um momento fundamental na história da Salvação.
Deus se apresenta desde o começo como Libertador:
"Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou da escravidão do Egito"
Os 10 mandamentos brotavam do amor de um Deus "Libertador",
que depois de ter libertado seu povo da escravidão material do Egito,
queria libertá-lo também da escravidão moral das paixões e do pecado.
- O Decálogo queria explicitar aquela lei do amor,
que Deus imprimira no coração do homem desde a Criação,
mas que este depois esquecera e deturpara.
- Os Mandamentos indicavam o caminho seguro para ser feliz e
ser o Povo da Aliança, colaborador de Deus no Plano da Salvação…
- Mas Israel não foi fiel a esse compromisso:
muitos abusos e desvios esvaziaram o verdadeiro sentido do decálogo…
- Era necessário restaurar a antiga Lei, completá-la, aperfeiçoá-la…
sobretudo no sentido do amor e da interioridade…
libertando-a de todo formalismo.
Os 10 Mandamentos não são toda a Lei,
apontam apenas os primeiros passos, o mínimo indispensável.
Precisava uma NOVA ALIANÇA… É o que Cristo veio realizar:
"Não vim suprimir a Lei… mas completar, aperfeiçoar…"

Na 2ª Leitura, São Paulo sugere uma conversão à lógica de Deus.
Seu projeto de Salvação passa pela morte na cruz.
"Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e
loucura para os gentios" (1Cor 1,22-25)

No Evangelho, Jesus se apresenta como o novo TEMPLO… (Jo 2,13-25)

O Templo era um lugar muito sagrado para os judeus.

Todo judeu devia ir ao templo ao menos uma vez por ano
para oferecer um sacrifício a Deus.
Estas ofertas para os sacrifícios faziam girar muito dinheiro...
e provocavam abusos e exploração.
O gesto ousado de Cristo não é apenas zelo de purificação do templo.
É o grande sinal da morte e Ressurreição de Jesus.
É anúncio da abolição do velho templo e do culto aí celebrado.
O antigo templo já tinha concluído a sua função.
Surgirá um novo templo.
Jesus é agora o "lugar" onde Deus reside, onde se encontra com os homens.
É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida.

Nós somos pedras vivas desse Novo Templo.
- O nosso testemunho é sinal de Deus para os irmãos que caminham conosco?
- As nossas comunidades dão testemunho da vida de Deus?
- A Igreja é essa "Casa de Deus" onde as pessoas podem encontrar
a proposta de libertação e de Salvação que Deus oferece a todos?
- Qual é o verdadeiro "Culto" que Deus aprecia?
Certamente é uma vida vivida na escuta de suas propostas e traduzida em gestos
concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.
- Jesus purificou o templo de seus profanadores… e
nos convida a purificar também o templo do nosso coração…

+ Qual a nossa atitude diante da Lei de Deus,
elencada nos 10 mandamentos, resumida por Jesus em dois,
e ampliada por ele no Sermão da Montanha?
- É um tabu ou uma resposta livre ao amor de Deus?
- Cristo nos lembra: "Quem me ama, guarda os meus mandamentos…"

+ Jesus exige respeito na casa de Deus... (antes, durante, depois…)
- Se Cristo voltasse hoje às nossas igrejas… o que aconteceria?
A quem deveria expulsar com o chicote?

A Campanha da Fraternidade nos lembra outro templo sagrado,
muitas vezes profanado pela VIOLÊNCIA,
ou pela ganância dos "vendilhões" de hoje.
A Pessoa humana é esse lugar sagrado, onde Deus quer ser respeitado…

Essa celebração deve nos levar a refletir sobre o ESPÍRITO
com que vivemos a nossa religião:
diante da Lei de Deus, nas práticas religiosas de nossa religião
e no respeito à pessoa humana !…

Só assim o nosso culto será realmente agradável a Deus!

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