quinta-feira, 2 de abril de 2009

Entrada em Jerusalém

A Igreja inicia a Semana Santa com a Missa dos Ramos, na qual recorda a entrada de Jesus em Jerusalém. Ele entra para a vitória sobre as forças da morte. O esperado das nações, contradizendo as expectativas messiânicas da multidão, montado num burrinho, chega a Jerusalém e é aclamado por discípulos e pessoas que tomam conta da cidade. O povo de Israel estava ansioso pela chegada do Messias, “o ungido” que realizaria a tão esperada libertação. Em Jerusalém, Ele é recebido e aclamado por aqueles que estão abertos aos projetos de Deus. Os discípulos e muitos anônimos, com incontido entusiasmo, aclamam Jesus como Messias e Rei, gritando: “Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor! Bendito seja o Reino que vem, o reino de nosso pai Davi”.A palavra “hosana” servia para o povo pedir que Deus o ajudasse. Mais tarde, converteu-se numa oração de súplica e num grito de louvor. A multidão imaginava que o reino de Davi estava sendo restaurado. Jesus permanece reservado como servo humilde. Aceita as manifestações do povo. Todavia, mantém-se fiel à perspectiva do serviço, simbolizado pela montaria num jumentinho. A entrada triunfal em Jerusalém traduziu-se no triunfo da humildade, da simplicidade e da paz, não da vitória conquistada pelo poder. As conquistas do Messias são aquelas alcançadas pela força do amor feito serviço, não do poder guerreiro que vem montado em um cavalo puro-sangue. Na Homilia do Domingo de Ramos de 2007, o papa Bento XVI afirmou: “Na procissão do Domingo de Ramos, nós nos unimos à multidão de discípulos que, com alegria festiva, acompanhou o Senhor em sua entrada em Jerusalém. Com eles, louvamos o Senhor elevando a voz por todos os prodígios que vimos. Sim, também nós, vimos e continuamos vendo os prodígios de Cristo: como ele leva homens e mulheres a renunciar às comodidades da própria vida para colocar-se totalmente ao serviço dos que sofrem. Como ele introduz homens e mulheres a fazer o bem aos outros, a suscitar a reconciliação onde há ódio, gerar a paz onde reina a inimizade”. A Paixão de Jesus proclamada na liturgia deste Domingo de Ramos estabelece um contraste com a entrada triunfal. Após ser aclamado rei, Jesus é preso, acusado e condenado a morrer como “um fora-da-lei”. O evangelista Marcos relata, de modo realista, Jesus morrendo pendente na cruz, gritando como um abandonado. Contudo, nessa morte profundamente humana e sofrida, emerge a força divina que está n’Ele e se traduz no começo de um novo caminho, de ressurreição e de vida. A pergunta que perpassou o Evangelho de Marcos obtém resposta da boca do oficial romano: “De fato, esse homem era mesmo o Filho de Deus!” (Mc 15,39). Mais que uma afirmação histórica, esta exclamação é uma “profissão de fé” que Marcos também convida a apresentar: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro da humanidade para realizar a Boa-Nova da salvação!

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