sábado, 12 de maio de 2007

Espírito Santo e paz.

6º DOMINGO DE PÁSCO A
Evangelho Jo 14,23-29
1ª Leit.: At 15,1-2.22-29
Sl 66 (67)
2ª Leit.: Ap 21,10-14.22-23
Espírito Santo e paz.
As primeiras comunidades cristãs iluminadas pela luz da experiência pascal, aos poucos, pelo testemunho dos apóstolos e dos discípulos, foram recordando tudo o que Jesus havia dito antes de sua morte. Movidas pelo Espírito Santo, estas começaram a entender que o "sonho de Jesus" - a nova sociedade - tinha se iniciado pela prática do mandamento do amor e pelo testemunho do amor de Deus à humanidade. O Evangelho deste domingo faz parte do sermão de despedida. Jesus avisa que, se alguém o ama, vai praticar a sua Palavra, e o Pai também vai amá-lo, e ambos estabelecerão nessa pessoa a sua morada. Não significa que as duas pessoas da Santíssima Trindade vão invadir o espaço de um determinado indivíduo. Mas que, quem depois de ter escutado a Palavra da Boa-Nova, recebe a vida de Deus e se torna apto a realizar as mesmas obras de Jesus e do Pai. A morada de Deus na pessoa que escuta a Palavra de Jesus cria uma nova relação entre Deus e o ser humano. No culto da nova aliança, mais que em templos materiais e em altares de pedra, Deus habita de forma íntima e profunda na comunidade de fé e em cada um de seus membros. Jesus, o Pai e o Espírito Santo moram em quem ama a Cristo mediante a escuta e a prática de sua Palavra. A pessoa humana é o templo da presença de Deus. Por isso, na perspectiva da nova aliança e do culto em espírito e verdade, o lugar sagrado por excelência neste mundo é a própria pessoa humana, objeto do amor de Deus, revelado em Cristo, que assumiu a condição humana em comunhão solidária com todos os seres humanos. Jesus promete aos discípulos enviar o Espírito Santo, pois "ele lhes ensinará todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse". É graças à atuação do Espírito Santo enviado pelo Pai que os discípulos poderão compreender o sentido da Palavra e assimilá-la existencialmente. A missão do Espírito Santo é resumida em dois verbos: ensinar e recordar. O ensinamento do Paráclito consistirá em reavivar a lembrança das palavras de Jesus. Ensinar tem ainda o sentido de "interpretar" autenticamente a Palavra das Sagradas Escrituras diante de questões complexas, próprias de cada tempo. Jesus tem presente as tensões e os conflitos que o testemunho e o anúncio da Boa-Nova podem suscitar. Nesses momentos, o Espírito do Pai ensinará a vocês o que falar (cf. Mt 10,20). Por isso, João chama o Espírito de Advogado.No curso da história e em meio à diversidade de culturas, o Espírito age nos discípulos para recordar a Palavra de Jesus. Só o Espírito nos permite compreender, aprofundar e assimilar a verdade da Boa-Nova de Jesus. Sem sua ajuda, ninguém poderá penetrar no íntimo de sua Palavra. O Espírito Santo é o verdadeiro pedagogo da Igreja. Sua ação torna possível a vida em plenitude no amor.Jesus despede-se de seus amigos com os augúrios típicos de um israelita: "Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz". E acrescenta: "A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá". A paz de Cristo é distinta. A Morte e a Ressurreição, a entrega e a vitória de Jesus, geram paz e alegria. Por isso, nada deve perturbar ou inquietar os discípulos.

Nenhum comentário: