sexta-feira, 5 de outubro de 2007

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM

A fé humilde
No Evangelho deste domingo, Jesus propõe o exemplo da semente da mostarda, que de minúscula se transforma em uma árvore. Para ele, o problema da fé não está na quantidade, mas na qualidade. A fé, ainda que pequenina como a semente de mostarda, tem a força de realizar aquilo que pareceria impossível. Esse impossível aos seres humanos é descrito na figura da amoreira com suas raízes profundas e fortes, que se arranca e se transporta para o mar (Lc 17,6). Jesus conclui os ensinamentos com a narrativa do relacionamento do servo e seu senhor. Mesmo fatigado, o servo deverá cumprir sua obrigação: servir seu senhor sem esperar retribuição especial (Lc 17,7-9). Jamais o discípulo deve agir para esperar recompensas de seus méritos. Seu dever é empenhar-se totalmente no serviço perseverante do Reino (Lc 17,10). Tal modo de agir choca a mentalidade de hoje, onde a mínima prestação de serviço exige uma específica e qualificada gratificação.Hoje os discípulos que rezam: "aumenta nossa fé" são as comunidades, os agentes de pastoral com suas crises e busca de soluções para tantos problemas da vida, onde a corrupção, a violência e a impunidade andam soltas.No emaranhado complexo da história, os discípulos e missionários de Jesus são uma pequena semente fecundada pelo Espírito de Deus: sonham com o ideal de superar os maiores impasses. Uma realidade constantemente provocada pela tentação de ser presença ostensiva. Gratificante é ser cristão na hora do show. Difícil é testemunhar a fé na crise, manter a confiança diante de tantos problemas e alimentar a esperança perante o martírio. Fascinante é aclamar Jesus no sucesso. Menos confortável é reconhecê-lo e professá-lo na dor, na opressão, na violência e na perseguição. A proclamação e a acolhida da Palavra na celebração litúrgica fazem "a pequena semente" (a comunidade, a Igreja) crescer, até se transformar em uma frondosa árvore. Pela ação do Espírito Santo, faz-nos redescobrir e recuperar a auto-estima pela pequena semente. "O dinamismo missionário da Igreja não nasce da vontade dos homens que decidem se fazer propagadores de sua fé. Nasce do Espírito que atua nas celebrações litúrgicas, particularmente na Eucaristia. A missão não é nunca proselitismo ou mero serviço humano, mas decorre sempre da aliança que se constitui e se estrutura na Eucaristia e no partir do pão que é o próprio Cristo" (dom Manuel João Francisco, Ite Missa est, da palestra proferida em Santo Domingo).O encontro com o Senhor fecunda nossa fé e reanima o propósito de fidelidade no serviço sincero e gratuito da comunidade inserida na sociedade marcada pela violência e pela opressão. O Senhor renova sua palavra: "Não tenhais medo. Eis que eu estou convoco!".

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