sexta-feira, 15 de junho de 2007

11° Domingo do Tempo Comum


Hoje nos reunimos para uma grande festa: a celebração do amor e do perdão. Somente quem ama consegue perdoar. Deus, que é amor, nos perdoa sempre.

As leituras de nossa celebração são uma grande riqueza e nos fazem conhecer a nossa verdadeira realidade e a realidade de Deus. Nós somos pecadores e nossas quedas são contínuas. Deus não erra nunca e tem uma sensibilidade muito grande para entender nossas fraquezas e nos acolher em seu coração misericordioso.

A primeira leitura, tirada do Segundo Livro de Samuel ( 2Sm 12,7-10.13), vem nos recordar a grande coragem do Profeta Natã. Encontra-se com o Rei Davi e aponta o erro dele. Em nome de Deus é portador de uma mensagem de vida que tem duas faces: a primeira é que Deus conhece o seu pecado porque nada fica oculto aos olhos d’Ele. A Segunda é que este mesmo Deus que o conhece, o ama e está disposto a dar-lhe o perdão.

Davi se valeu de seu posto de Rei, para matar Urias e ficar com a mulher dele. A função do Rei em Israel não era essa. O Rei devia defender o direito dos pequenos. A função dos governantes hoje é a de cuidar das pessoas e propiciar que tenham vida digna, que sejam cidadãs. Também hoje autoridades nas mais diversas esferas, usam de seu posto para proveito próprio, esquecendo-se do povo.

Quando uma pessoa importante em nosso meio comete algum erro, ficamos meio sem jeito de falar com ela. Natã não teve medo. Foi até Davi e disse que o seu pecado estava diante de Deus. Onde estão os “Natãs” de hoje? Vendo o arrependimento do Rei Davi, o profeta não demorou em anunciar a misericórdia e o amor de Deus que perdoa sempre.

O Evangelho conta a história de uma outra pessoa pecadora: a mulher que entra na casa de Simão, o fariseu, para encontrar-se com Jesus.

Imaginemos o quadro: Jesus tendo a mulher a seus pés num gesto de amor, reconhecendo sua bondade. O fariseu apegado à lei, julgando internamente a Jesus e à mulher: “Se ele fosse mesmo um profeta saberia quem está lavando os seus pés, pois ela é uma pecadora.”

Jesus conta uma parábola e faz o fariseu deduzir qual é o verdadeiro significado da palavra AMOR. Acontece a mais bela lição de vida para nós hoje: quem ama perdoa. Quem é perdoado, ama.

A sentença estava dada para aquela mulher que todos já haviam condenado. Disse Jesus: “Teus pecados estão perdoados”. É isso que Ele diz para cada um de nós hoje. E, para perdoar-nos não precisa nem mesmo de nosso amor. O perdão de Deus é incondicional. Se verdadeiramente O amamos e nos amamos, sentimos o seu perdão e vivemos a liberdade de filhos e filhas. Se não experimentamos o amor verdadeiro, concreto, solidário e aberto, seremos como aquele fariseu que vê erro em tudo e não consegue se abrir à graça generosa e gratuita de Deus.

A segunda leitura coroa nossa reflexão de hoje a nos lembrar que Cristo vive em nós. Somos justificados pela fé e não pela lei. Cremos em Cristo e não desprezamos a graça de Deus que nos recoloca no caminho. Não é mérito meu estar no caminho de Cristo, no caminho do perdão e do amor. Tudo é graça de Deus presente em nossas vidas.

De uma maneira muito prática vamos fazer alguns propósitos. Hoje, nossa celebração é a grande festa do amor e do perdão. Cada um de nós precisa perdoar alguém ou a si mesmo. Cada um de nós precisa também pedir perdão.

Tome a iniciativa. Perdoe: é bom para você. Peça perdão: é muito bom também. Ouvi uma historinha da qual nunca me esqueço:

Dois irmãos eram muito unidos. Quando morreu o pai, a distribuição da herança os distanciou e ficaram inimigos. Certa vez um deles foi viajar e contratou um operário para reforçar a cerca de sua propriedade contra uma possível invasão de seu vizinho, seu irmão. Quando voltou de viagem, percebeu que o operário não tinha feito o que havia pedido. Ao invés de reforçar a cerca, acabou de derrubá-la e uniu as duas propriedades por uma ponte. Correu então para consertar o terrível erro do operário. Para sua surpresa, quando deu o primeiro passo na ponte, veio de lá seu irmão vizinho, de braços abertos correndo-lhe ao encontro: que ótima esta sua idéia de construir uma ponte. Há muito eu queria um jeito de aproximar-me de você e não sabia como.

Seja ponte, construa caminhos, derrube cercas. Quando você se aproxima de alguém que precisa do seu perdão ou a quem você precisa pedir perdão, sem sombra de dúvidas, você está se aproximando de Deus, está fazendo comunhão com Ele.

Perdoar não é fácil. Pedir perdão também não é. Mas, quem disse que ser cristão é fácil?

Lembre-se sempre da lição de hoje: Quem ama perdoa. Quem é perdoado, ama.

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