quinta-feira, 28 de junho de 2007

13° Domingo Tempo Comum - São Pedro e São Paulo

Apóstolos de Jesus, Colunas da Igreja

Este domingo está cercado por muita alegria. Anuncia um mês de férias e termina um mês de festas populares. Junho teve festas com fogos, quadrilhas, comes e bebes em todo o Brasil. Quatro santos são festejados de maneira bem popular nesse mês. Santo Antônio, grande doutor, é comemorado como santo milagreiro e casamenteiro. São João, que chamou à conversão e anunciou Jesus, transformou-se no festeiro do forró com pipoca e quentão. São Pedro, responsável pela primeira organização da Igreja, passou a ser visto como o manda chuva e o porteiro do céu. São Paulo, apóstolo, missionário e escritor, é tido como grande comunicador e em muitos lugares como o protetor contra picadas de cobras.
Para completar o clima festivo desse tempo, hoje, na festa de São Pedro e São Paulo, comemora-se o dia do Papa. Para nós brasileiros o Papa é uma figura popular, como demonstrou a recente visita de Bento XVI ao nosso país. O Papa é referência universal da unidade e catolicidade da Igreja. Mais ainda, ele aproxima de nós a imagem do próprio Jesus, pastor supremo que delegou sua missão àquele que carinhosamente chamamos de Papa, como uma espécie de papai da humanidade.
No Evangelho de hoje, Jesus nomeia Simão Pedro como pedra. A declaração de Jesus “tu és Pedro” é a resposta à declaração de Pedro “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. E sobre esta pedra, que é a profissão de fé no Cristo filho de Deus, é edificada a Igreja de Jesus. A referência mais importante da Igreja é a fé em Jesus Cristo. Pedro proclama essa fé. Faz uma adesão pessoal, mas também comunitária. Em sua resposta, Pedro representa os demais discípulos, a quem Jesus pergunta “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Na declaração de Jesus segue-se a promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja”. Significa que a Igreja deve ser um baluarte de resistência contra o poder da morte e as forças da injustiça. Jesus concede também “as chaves do Reino dos Céus”. Quer dizer que a Igreja tem o poder de integrar ou desligar pessoas da comunidade dos discípulos de Jesus. O reino do Céu ou de Deus refere-se ao projeto de Deus que é de justiça e paz para todos.
A resposta à primeira pergunta de Jesus aponta para essa missão profética. O Mestre realiza uma espécie de pesquisa de opinião entre os discípulos: “Que dizem os homens ser o Filho do Homem?” A opinião popular nomeia João Batista, Elias, Jeremias, ou um dos profetas. Jesus era identificado, portanto, como um dos grandes profetas de Israel. Sua atuação estava na linha da denúncia das injustiças e na proclamação de uma nova realidade. Visava a conversão de vida e a mudança das estruturas sociais para implantar a fraternidade sonhada pelo criador.
Mas esta era a opinião geral, quanto à identidade social de Jesus. Ele quer uma resposta pessoal. A mesma pergunta dirigida aos discípulos continua sendo endereçada a cada qual de nós: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Será que estamos prontos a fazer coro à resposta de Pedro “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”?
E mais, será que estamos prontos a assumir as conseqüências de nossa resposta, como o próprio Pedro? A primeira leitura mostra justamente Pedro liberto da prisão. Significa que declarar a fé em Jesus não é simples questão de palavras. Leva a comprometer a própria vida. Implica, não raro, em ser perseguido e preso. A leitura demonstra, sem dúvida, que o anjo de Deus garante a libertação. O modo como é descrita a saída de Pedro da prisão lembra bastante a saída dos escravos do Egito, no Êxodo. Essa realidade de escravidão e libertação é uma constante na vida cristã. Como Jesus, Pedro passou pelo sofrimento e perseguição. Mas, como Jesus, também foi libertado e tornou-se exemplo para os demais.
A segunda leitura mostra processo semelhante com Paulo. Ele também declarou seu amor apaixonado por Jesus. Ele também foi preso, perseguido e libertado. Nas palavras dessa leitura, ele coloca sua vida nas mãos de Deus. Garante que foi fiel. Aplica a si as imagens do soldado que luta sem tréguas e do atleta que corre até a vitória. Sua linguagem é de sacrifício. Mas assegura que vale a pena. Procura prolongar em sua vida a paixão de Jesus, sabendo que isso é fonte de vida para a comunidade.
As leituras apresentam Pedro e Paulo, discípulos que professaram sua fé em Jesus e pagaram com a própria vida essa profissão de fé. Por isso são apresentados como modelos de discípulos.
Pedro e Paulo eram pessoas muito diferentes. Em alguns momentos tiveram fortes conflitos por causa do ardor pelo Evangelho. Tanto um quanto outro eram pessoas decididas e ousadas. Tinham temperamento forte. Superaram seus limites pelo compromisso de fé que assumiram. Mostram para nós a fraqueza e a força de quem adere a Jesus Cristo.
Que a festa dos dois grandes apóstolos, colunas da Igreja, nos anime para sermos discípulos corajosos e fiéis.

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