quinta-feira, 12 de julho de 2007

15º Domingo Comum Pe. Luiz Carlos de Oliveira (CSsR)

“Que devo fazer para ganhar a Vida?”
Um único amorUm homem versado nas Escrituras, para testar Jesus, pergunta-lhe qual é o ponto central de todo o ensinamento. Jesus responde perguntando: “O que está escrito na Lei?” Ele diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração [...] e a teu próximo como a ti mesmo” (Dt 4-5; Lv 19,18). Então, completa Jesus, “faze isso e viverás”. – “Quem é meu próximo?” Pergunta o doutor. Jesus explica com a parábola do bom Samaritano: Um homem caiu nas mãos dos assaltantes que o deixaram meio morto. Passa um sacerdote, aquele que tem por missão honrar a Deus, vê e passa adiante. Passa um homem de Igreja, vê e... Passa o samaritano, um herege, um pecador. Vê, pára, cuida do homem. Fez o serviço completo. Quem amou? O que teve compaixão e usou de misericórdia. Partimos da Palavra: Conhecemos o amor a partir da Palavra de Deus. Ela nos coloca diante da realidade do amor que é um só e completo quando amamos a Deus e as pessoas com o mesmo amor. Os dois primeiros homens eram ligados ao culto. Tinham o máximo da “religião”. Mas culto sem amor é vazio. O amor a Deus passa pelo próximo. João diz; “Quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). Há um só amor, aquele que se dirige a Deus, passando pelo irmão. E o amor ao irmão deve ser “como todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência”, como a Deus. A atitude misericordiosa do samaritano faz do herege, que teve compaixão, o modelo do amor cristão. Esse mandamento não é do passado, pois Deus diz “Este mandamento que HOJE te dou não é difícil demais [...] Está em teu coração” (Dt 30,11.14). Coração, sede do amor.Quem é meu próximoNão existe meu próximo. Existe o próximo de cada um. Jesus muda o sentido da religião para a realização da fé pelo amor, não só por ritos litúrgicos e conhecimentos intelectuais. Eu sou próximo de cada pessoa. Não existem dificuldades para saber quem necessita. Basta ter um olhar sobre o mundo. Existem muitos homens caídos, como existem muitos passando ao largo. A religião verdadeira é aquela que tem o amor como sua primeira prática. Aí sim, o culto de adoração a Deus, a liturgia, vai preencher o mandamento e trazer-nos a experiência profunda de Deus em Cristo, pois é a Ele que acolhemos em cada um. Será que nossa fé não perde seu vigor quando não temos o amor e não somos o próximo de cada homem, de cada necessidade e situação, colocando-os acima de nossos interesses, mesmo religiosos? É fácil fazer uma religião sem compromisso. Mas ouviremos a palavra: “Tive fome e não me destes de comer... pois toda vez que não o fizestes ao menor de meus irmãos, foi a mim que não o fizeste ...” (Mt 25,31-43). Jesus é o bom samaritanoCristo é imagem do Deus invisível, primogênito de toda criatura, criador com o Pai, cabeça do corpo e reconciliador do universo. Mas é ícone perfeito do Pai em sua compaixão. Ao descer de sua cavalgadura, o samaritano é imagem de Jesus que vem ao mundo e desce para curar a criatura ferida. Quando temos os mesmos sentimentos de Jesus, será ele a agir em nós (Fl 2,5). Veio ser próximo da cada pessoa: “Não se envergonha de chamá-los irmãos” (Hb 2,11). Jesus se identifica conosco quando nos inclinamos sobre as dores do mundo presentes em cada pessoa. Jesus, em mim, te ama. Os grandes homens e mulheres foram os que se perderam pelos outros, fazendo-se tudo para todos. Não deixemos de lembrar as pastorais que lutam pelas crianças, anciãos, doentes, encarcerados, lavradores etc... Leituras: Deuteronômio 30,10-14; Salmo 18,b; Colossenses 1,15-20; Lucas 10,25-37.Ficha: 1. Jesus conta a parábola do samaritano para explicar ao doutor da lei quem é seu próximo. Os dois homens que passam ao largo representam os que dedicam sua vida à ciência da fé e ao culto. Jesus mostra que o amor a Deus, que está no mandamento, passa pelo amor ao próximo. Jesus faz ver que a verdadeira religião não está no conhecimento, nem no status religioso, mas na tomada de posição pelo próximo, sobretudo o sofredor. 2. Somos os próximos de cada pessoa. Jesus, ao colocar duas pessoas da classe religiosa, cultual, mostra que a religião está na fé que acontece através do amor. Somente assim o culto toma sentido e consistência. É fácil fazer uma religião sem compromissos com o irmão. Não custa, mas não rende. 3. Cristo é imagem do Deus invisível, sobretudo imagem de sua compaixão. O Filho vem ao mundo como o bom samaritano que se inclina sobre a criatura ferida. Quando temos os sentimentos de Jesus, será Ele a agir em nós. Jesus se identifica conosco.

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