quinta-feira, 12 de julho de 2007

15° Domingo do Tempo Comum.

O bom samaritano Um doutor, profundo conhecedor dos 613 mandamentos da Lei, interroga Jesus sobre o que fazer para receber a herança da Vida Eterna. O Mestre devolve a pergunta ao interlocutor: "O que está escrito na Lei? Como você lê?". Sua resposta demonstra um bom conhecimento das Escrituras. Jesus elogia sua resposta e lhe recomenda: "Faça isso e viverá!". Todavia, para alcançar a herança eterna, é preciso algo mais. O essencial na vida é viver a misericórdia para com as pessoas, não apenas saber corretamente a doutrina e praticar ritos religiosos. Não satisfeito com a palavra de Jesus e para justificar-se, o especialista nas leis pergunta: "E quem é o meu próximo?". A compreensão de Jesus é outra. É o próximo que está em necessidade, não importa ser ele o vizinho, o amigo, um parente ou alguém estranho. Jesus quer revelar ao sábio que seu conceito pelo qual o próximo era apenas a pessoa da mesma etnia estava equivocado, e recorre, sem impor sua opinião, a uma história exemplar: a parábola do bom samaritano. Certo dia, um judeu passa pelo caminho de Jerusalém para Jericó quando é assaltado, machucado e abandonado por seus agressores. Pela mesma estrada, passam, sucessivamente, um sacerdote e um levita, conhecedores das prescrições cultuais sociais (da impureza); para não interromperem seus compromissos, seguem adiante, deixando o homem caído. A estrita observância da lei os impede de praticar a caridade. Pelo mesmo caminho, passa um samaritano, livre do peso dos preceitos legais e cultuais, praticante da religião do bem. Vendo o homem ferido e abandonado, aproxima-se dele, sem se preocupar com prescrições legais ou com o relacionamento entre judeus e samaritanos. Comovido, presta-lhe auxílio: unge-o com óleo, carrega-o em sua montaria e leva-o a um lugar onde possa ser curado. Sua solidariedade vai além, pois paga-lhe as despesas até a recuperação total. Aquele que vivia a religiosidade e o culto de modo incorreto (segundo as prescrições judaicas) e era até desprezado pelos chefes religiosos oficiais revelou-se o único capaz de exercer a caridade. Nessa parábola, a tradição teológica e pastoral vê refletida a humanidade ferida e abandonada a si mesma, e o amor compassivo de Deus que, por meio de seu Filho, se inclina para resgatá-la. Essa interpretação, tão significativa e sugestiva, continua a ser válida e ensina a viver os mesmos sentimentos de Cristo, a inclinar-se, como ele, diante da humanidade ferida e violentada e a socorrer os feridos e abandonados que jazem "semimortos" nas periferias da sociedade. Em sua avaliação, Jesus marginaliza aqueles que, investidos do poder religioso, são insensíveis e não se comovem diante das necessidades e tragédias dos outros. Por outro lado, realça o protagonismo dos que, movidos pelo amor solidário, em gestos humildes e simples, com óleo, vinho e faixas, restauram a vida e as relações feridas.

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