quinta-feira, 20 de setembro de 2007

25° Domingo do Tempo Comum (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa)

Dois Senhores

Vivemos numa sociedade globalizada,
em que o dinheiro parece mandar em tudo e é procurado
sem nenhum escrúpulo, em prejuízo da maioria.
Para muita gente, ter dinheiro significa poder e prestígio...
Qual deve ser a atitude cristã diante das riquezas?

Na 1a Leitura, Amós denuncia os ricos comerciantes do seu tempo,
que exploravam os pobres camponeses, alterando os pesos,
vendendo mercadorias estragadas, levantando o preço.
O Profeta os adverte que Deus não ficará impassível diante disso:
"Não esquecerei nenhum de vossos atos..." (Am 8, 4-7)

* Essa exploração descrita por Amós não é um fato apenas do passado,
É uma realidade que os pobres conhecem muito bem ainda hoje.
Deus não aprova esses atos...

Na 2ª Leitura, São Paulo lembra o discípulo Timóteo,
que não se pode rezar com "mãos impuras",
isto é, com as mãos que prejudicam os irmãos. (1Tm 2,1-8)

No Evangelho, Cristo conta a Parábola
do ADMINISTRADOR DESONESTO. (Lc 16,1-13)

À primeira vista, poderia dar a impressão de que Jesus
elogia a desonestidade e a corrupção do administrador.
Para compreender o ensinamento do Mestre, devemos nos situar no tempo.
Naquela época, os administradores deviam entregar ao empresário
uma determinada quantia; o que conseguissem a mais ficava com eles.
O que fez o administrador? Renunciou ao que lhe cabia nos negócios.
Ele entendeu que, no futuro, mais do que dinheiro, precisava de amigos.
Por isso, renunciou ao dinheiro, para conquistar amigos.
O dinheiro poderia perder seu valor e por isso apostou tudo nos amigos.
Esta é a escolha prudente que Jesus aconselha a fazer:
saber renunciar coisas lícitas para conseguir o melhor (o Projeto de Deus).

A Busca desenfreada pelo dinheiro continua...
No mundo em que vivemos, o dinheiro é o deus fundamental e
tudo deixa de ter importância, desde que faça crescer a conta bancária.
- Para ganhar mais dinheiro, há quem trabalhe
doze ou quinze horas por dia, num ritmo de escravo,
e esqueça até de Deus, da família, dos amigos e de saúde;
- por dinheiro, há quem venda a sua consciência e
renuncie a princípios em que acredita;
- por dinheiro, há quem não tenha escrúpulos
em sacrificar a vida ou o nome dos seus irmãos;
- por dinheiro, há quem seja injusto, explore os operários,
se recuse a pagar um salário justo...

Talvez não cheguemos nunca a estes casos extremos;
mas, até onde seríamos capazes de ir, por causa do dinheiro? A aposta obsessiva no "deus dinheiro" não é o caminho mais seguro
para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade.

* O que é mais importante para nós?
- Os valores do Reino ou o Dinheiro?
- Na nossa atividade profissional, o que é que nos move: o dinheiro,
ou o serviço que prestamos aos irmãos?
- O que é que nos torna mais livres, mais humanos e mais felizes:
a escravidão dos bens ou o amor e a partilha?Jesus não quer dizer que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral,
do qual devamos fugir a todo o custo.
O dinheiro é necessário para uma vida com qualidade e dignidade…
Mas ele não pode se tornar uma obsessão, uma escravidão,
pois não nos assegura (e muitas vezes até perturba)
a conquista dos valores duradouros e da vida plena.

+ Jesus conclui com sentenças sobre o bom uso das riquezas:

- "Ninguém pode servir a DOIS SENHORES... a Deus e ao Dinheiro..."
* Deus e o dinheiro representam mundos contraditórios...
Os discípulos são convidados a fazer a sua escolha
entre o Mundo do DINHEIRO (egoísmo, interesses, exploração, injustiça) e
o Mundo do AMOR, da doação, da partilha, da fraternidade.

- As riquezas não devem ser obstáculo à Salvação,
mas um meio para fazer amigos "nas moradas eternas."
- Honestidade tanto nos grandes como pequenos negócios,
porque quem é fiel no pouco, também é fiel no muito,
quem é infiel no pouco, também é infiel no muito.

Qual é a nossa atitude diante dos bens terrenos?
Só Deus é o dono de tudo o que existe...
Nós somos apenas administradores...

A qualquer momento, Cristo poderá também nos questionar:
"Presta conta da tua administração!"
- E nós, como estamos administrando?
Já garantimos a nossa morada eterna?

Nenhum comentário: