quinta-feira, 20 de setembro de 2007

25° Domingo do Tempo Comum

Parábola do administrador infiel
A viagem de Jesus e seus discípulos à cidade de Jerusalém segue seu curso. As dificuldades de seguir o Mestre revelam-se sob diferentes ângulos. Difícil é tomar a decisão de abandonar tudo. Por isso, ele se mostra preocupado com as questões concernentes à riqueza e sua administração que envolvem o poder econômico. Na época de Jesus, não faltavam maus administradores, como não faltam hoje entre nós. A parábola do administrador infiel (Lc 16,1-13) tem como destinatários todos quantos seguem o Mestre na caminhada para Jerusalém. Ele os alerta sobre obstáculos, desafios e exigências do discipulado, tentando incentivar os indecisos e alienados. Permanecendo nessa situação, arriscam-se a ser demitidos.O administrador era alguém muito esperto nas questões econômicas e em suas negociatas. Diante da suspeita de má administração e da possibilidade de ser demitido (Lc 16,2-3), ele não entra em pânico. Sem perder tempo, para não ficar à mercê da sorte, muda de estratégia. Abre mão de seus lucros para captar a benevolência dos devedores que garantirão seu futuro (Lc 16,4-6). Sua força de vontade e sua coragem fizeram com que pensasse em uma solução prática. A atitude é desonesta, mas ele não quer morrer à beira do caminho, como mendicante. Usa sua inteligência e sua sagacidade para resolver a própria situação. O patrão elogia a esperteza do administrador (Lc 16,8). Habilmente, ele resolve sua crítica situação. "E eu lhes declaro: usem o dinheiro injusto para fazer amigos" (Lc 16,9). Dinheiro aí diz respeito à fortuna, aos bens adquiridos em prejuízo dos outros. Jesus manda os discípulos usarem dos bens materiais para, por meio de esmolas e boas obras, conquistar amigos que os recebam nas moradas eternas quando o dinheiro faltar, isto é, no momento da morte. Em seguida, o evangelista faz uma aplicação da parábola. Ele joga com três tipos de conceitos duplos: pouco/muito (Lc 16,10), dinheiro injusto/verdadeiro (Lc 16,11), bens alheios/ próprios (Lc 16,12). O primeiro termo refere-se aos bens materiais, e o segundo aos espirituais. E conclui com a interrogação: a quem o discípulo deseja pertencer? Servir a dois senhores não é possível (Lc 16,13). Jesus, embora elogie o comportamento do administrador infiel, não aprova sua atitude fraudulenta. Elogia a inteligência e a habilidade com que ele agiu criativamente diante da situação que lhe era desfavorável. Ele não desanima nem se deixa abater cruzando seus braços. O Mestre pede que,mesmo em situações desfavoráveis, os discípulos usem a inteligência e sejam criativos em tudo aquilo que os transforme em filhos da luz e no trato de tudo aquilo que dignifica a vida da comunidade. Os discípulos receberam a inteligência e as condições para solucionar questões embaraçosas. É a tenacidade e a astúcia dos filhos das trevas que eles devem imitar, não a forma moral de sua conduta.Neste domingo, o Senhor renova em nós o seu amor, para tornar-nos ativos, criativos e competentes na administração dos bens que nos confiou. O Senhor nos ilumina e alimenta para que, fazendo bom uso das riquezas e sendo solidários, colhamos os frutos que nos tornam participantes do Reino dos Céus.

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