quinta-feira, 13 de março de 2008

Domingo de Ramos (Frei Faustino Paludo, ofm cap.)

Hosana ao Filho de Davi!Estamos em Jerusalém, o cenário em que acontecerá a Páscoa de Jesus, a nossa Páscoa. A entrada de Jesus em Jerusalém é lembrada mediante a bênção dos Ramos e a proclamação do evangelho de Mateus. Por essa comemoração, a Igreja recorda que a entrada triunfal vai perpassar os diferentes momentos da Paixão de Cristo: da palma da vitória e do triunfo, transformada em cinzas na Quarta-feira de Cinzas, brotarão a vida e a imortalidade. Da árvore seca da cruz, brotará a vida, a vida em abundância para todos.A procissão dos ramos faz memória do senhorio de Jesus. Ele é recebido pelo povo como o Filho de Davi, o Messias. A multidão que aclama o Messias, cantando glórias ao Senhor e abanando folhas de palmeiras, evoca o desejo ser parte ativa na realização das antigas promessas. Jesus aceita a aclamação popular. Montado em um jumento, ele mantém o caráter pacífico e humilde. Mateus vê na entrada de Jesus em Jerusalém o cumprimento das antigas promessas messiânicas. "Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora anunciado pelo profeta". O Filho de Deus entra em Jerusalém como rei messiânico, humilde e pacífico. É o servo paciente que se encaminha para enfrentar pacificamente, sem violência, a humilhação e o aparente fracasso, impostos pela maldade humana. Mas Ele chega à cidade, em direção à qual peregrinou por longos dias, para ser vitorioso: vencerá pela violência da não violência do amor. O caminho do Messias e de todos os seguidores é paradoxal: pelo fracasso ao triunfo, pela derrota à vitória, pela humilhação à glória, pela morte na cruz à ressurreição. A liturgia do Domingo de Ramos revela a grande contradição entre a relação do povo e o Filho de Deus e sua missão libertadora. Ao mesmo tempo em que o aclama com: "Hosana ao Filho de Davi!", dias depois, pede sua condenação, gritando: "Crucifica-o! Crucifica-o!". A cruz e a morte despontam no horizonte da recusa do projeto messiânico: "O caminho do amor que se entrega a Deus e aos humanos, em favor da justiça e da paz, de forma mansa e humilde". A proclamação litúrgica da Paixão de Jesus, entendida por Mateus como a realização do desígnio revelado pelas Escrituras, exemplifica aos convertidos do judaísmo como superar as dificuldades no seguimento do Messias, sofredor, humilhado e assinalado pela maldição da cruz. Jesus é o que aceita o cumprimento da vontade do Pai, apesar de sua angústia e de suas humanas resistências ante a morte. Fazer a vontade do Pai é o projeto de vida para seus seguidores ao longo dos tempos. Como Jesus, eles também estão comprometidos com a libertação, sendo fiéis à Palavra de Deus até a morte.O Domingo de Ramos é marcado pelo mistério, de uma parte, do despojamento e da entrega total e, da outra parte, pelo senhorio e glória do Filho de Deus. Por isso, canta-se: "Hosana o Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor". Por outro lado, o prefácio deste domingo expressa com grandeza o mistério da Paixão do Senhor: "Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe nova vida!".

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