quinta-feira, 17 de abril de 2008

5° Domingo da Páscoa (Frei Faustino Paludo, ofm cap.)

Caminho para o Pai
O Evangelho de João, neste domingo, integra o "discurso da despedida", em que nos é apresentado o diálogo de Jesus com os discípulos durante a Última Ceia. O Mestre dirige sua palavra a seus seguidores, perturbados pelo anúncio de sua partida - a Paixão e Morte. Ele concentra sua atenção nos discípulos inquietos diante do anúncio de sua partida e os tranqüiliza. "Não fique perturbado o coração de vocês". Exorta-os à adesão perseverante em Deus, pois Ele e o Pai são uma única realidade. "Acreditem em Deus e acreditem também em mim". Ele afirma que vai percorrer um caminho difícil, conhecido muito bem por eles (os discípulos). Passando por esse trajeto, Jesus conduzirá os discípulos "à casa do Pai".Outrora os discípulos perguntaram: "Mestre, onde moras?". Agora, eles passarão a viver onde Jesus vive. Ele os acolherá em seu lar. "Levarei vocês comigo, para que, onde eu estiver, estejam vocês também". O Evangelista ressalta a nova relação entre os discípulos e a comunidade com Deus. Na nova morada, Deus não surge mais como o "Senhor de tremenda majestade, de presença perturbadora, perante a qual os homens são súditos"; Ele aparece como Pai, onde as pessoas são filhos, irmãos de Jesus, partilhando de sua intimidade, isto é, identificados com o Filho único, pela ação do Espírito Santo, os discípulos mergulham na comunhão divina. Por sua Morte e Ressurreição, Jesus abre, de fato, caminho e se faz caminho que conduz ao Pai. Ele é o meio, a porta para a Vida, pois é a revelação do Pai, no qual estão a fonte e o horizonte de toda a caminhada humana. A comunidade dos discípulos, animada pelo dom do Espírito, seguirá o trajeto proposto por Jesus, doando a vida na realização dos projetos do Pai. Viver Jesus-Verdade é fazer concretamente, no cotidiano da existência, a vontade do Pai; edificar seu Reino. É ser fiel, como Jesus, ao projeto de Deus, empenhando-se pela verdade e, ao mesmo tempo, denunciando as mentiras enganosas da sociedade atual. A identificação com Jesus e o conhecimento do Pai não é algo dado de uma vez para sempre. É realidade dinâmica partilhada por quem se põe a caminho, na busca da verdade e da vida. Felipe revela sua falta de compreensão e não entende que Jesus é a presença do próprio Deus no mundo. Os longos anos de convivência e os ensinamentos recebidos não abriram nem ampliaram os horizontes do discípulo. Mas será após a Ressurreição de Jesus que os discípulos compreenderão que Ele é o novo santuário onde habita a glória de Deus. O evangelista ressalta que a presença do Pai em Jesus é dinâmica, pois, por meio de sua pessoa e de suas exigências, Ele exerce sua ação criadora e seu projeto salvífico. Jesus, por sua vez, insiste na total sintonia com o Pai: "Acreditem em mim. (...) Quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará maiores que essas...". A obra de Jesus foi o começo. O discípulo poderá repeti-la ou executar ainda mais. A meta máxima é a prática do amor solidário para com o próximo, no qual o discípulo realiza o projeto do Pai.

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