quarta-feira, 23 de abril de 2008

6° Domingo da Páscoa (Frei Faustino Paludo, ofm cap.)

O Espírito da VerdadeO Evangelho deste domingo, que faz parte do discurso de despedida de Jesus, é o testamento que o Mestre deixa à comunidade antes de partir. Os discípulos se mostram abalados e tristes. Jesus, porém, declara que eles não ficarão órfãos. Ele estará presente por meio de seu Advogado, o Espírito Santo.O amor mútuo é a forma de superar o medo, a tristeza da separação e a morte. "Se me amam, vocês obedecerão a meus mandamentos". Vivendo no amor, os discípulos estarão amando Jesus e observando os seus mandamentos. O amor para com Jesus é condição para poder cumprir seus mandamentos, da mesma forma que cumpri-los será prova do amor para com Ele. "Eu lhes dou um novo mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem amar uns aos outros" (Jo 13,34). O amor consiste em assumir os mesmos valores vividos por Jesus. O Pai, por sua vez, considera como filho aquele que procura amar da mesma forma que Jesus, o qual o vê como irmão. Na antiga aliança, Deus se manifestava por meio de sinais. Hoje, revela-se no discípulo que escolhe e assume o caminho de seu Filho. Jesus revela que exercerá uma atividade mediadora junto do Pai. "Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre". Pela mediação dEle, a comunidade dos discípulos recebe o Espírito Santo, que advogará e zelará em favor do povo cristão em todas as circunstâncias. Quem sustenta a ação libertadora de Jesus no curso dos tempos é o Advogado, o Espírito da Verdade que permanece para sempre na comunidade dos discípulos. Assim, realmente, esta força mantém viva a memória da fidelidade de Jesus entre os discípulos: animada pelo Espírito, a comunidade não caminha em direção ao vazio ou à derrota, pois o caminho de Jesus conduz à Vida. O Mestre oferece aos discípulos toda a segurança. "Eu não os deixarei órfãos"; isto é, Jesus promete que não os deixará desamparados ou à mercê daqueles que cometem todo tipo de injustiças. Quem acredita na força do Espírito da Verdade não se deixa abater pela perseguição nem pelas dificuldades surgidas no interior da comunidade. Pela Ressurreição, Jesus está totalmente presente no Pai e, ao mesmo tempo, totalmente presente na comunidade dos discípulos. "Nesse dia, vocês conhecerão que eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês". Jesus nos tranqüiliza e nos garante a assistência: sua Ressurreição não é ausência, mas sim possibilidade de viver em intensa comunhão com o Pai e o Filho, pelo Espírito da Verdade que nos é dado, como dom da Páscoa. O Espírito alimenta o senso de comunhão e o discernimento para buscar a verdadeira vida: cabe a cada um de nós e à comunidade cristã acolher e fazer frutificar sua presença misteriosa e restauradora!

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